segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Keep walking...
É um medo horroroso de ter feito as escolhas erradas, de estar aqui parada no mesmo lugar pra sempre e pra sempre e amém. Uma indecisão que não é minha, uma dificuldade de viver, de seguir, de ir, mas eu vivo, eu sigo, eu vou. É uma escada rolante que não chega a lugar nenhum, uma esteira na qual eu corro, corro e não saio do lugar, é a sensação de andar em círculos num parque sem chegar a lugar nenhum, e já tendo decorado a paisagem. Não dá vontade de nada, a não ser me esconder, num mundo à parte, ocupar a cabeça e tentar não pensar. Eu não sei sair sozinha dessa esteira, dessa escada, desse parque. Eu achei que podia ficar aqui andando pra sempre, mas era mentira, eu não posso, não. E eu achava também que poderia ser feliz assim, mas também era mentira, eu não posso, não. E achei também que não precisava de ninguém pra sair dessa, mas é mentira. Eu preciso, sim.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Pra ninguém.
Eu tenho vontade de escrever um monte de coisas das quais tenho vontade, mas o problema é que sempre quem lê associa a uma pessoa. E eu juro, isso não é associado a nenhuma pessoa, pelo menos a nenhuma que eu conheça. Eu queria que um monte de coisas acontecessem comigo, mas ainda não conheci a pessoa com quem eu queria que todas essas coisas acontecessem. E são coisas tão simples. Juro. Nada de casamento, nada de filhos. Só um pouco de risadas, de caminhadas pela praia de noite, de filmes assistidos debaixo de edredons, um pouco de música e conversa jogada fora numa tarde de domingo lagarteando, queria ensinar umas coisas que eu sei, queria aprender umas coisas que preciso, queria dividir várias cervejas e alguns segredos, alguns, porque eu já aprendi que tem coisas que eu não posso contar pra ninguém. Queria um pouco de verde, um pouco de branco, um pouco de janela grande com vidro e um pouco de vento. Queria a desobrigação de telefonemas e torpedos e satisfações, e também queria a surpresa de tudo isso quando vem sem ser obrigação. Queria paz, leveza. Só. Acho que só.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Talking to the moon
E aqui estou eu, com 16 anos de novo, ouvindo mil vezes a mesma música, olhando pra uma lua cheia pra caralho no céu. A única diferença é que com 16 anos eu não fumava. E tinha tipo uns 20 quilos a menos, mas ainda assim era insegura quanto à minha aparência. É, eu acho que eu vou morrer com 16 anos, acho que sempre vou me sentir assim. Por qualquer besteirinha, por qualquer par de olhos que fixe o olhar no meu, por qualquer possibilidade, eu fico assim. Puxo a cadeira pra poder olhar a lua, a música fica no repeat e eu fico aqui toda emocionada. Merda.
Por que, heim??? Por que tinha que me olhar desse jeito? Que merda, isso não se faz com uma pessoa na minha situação. Ainda mais se não for pra nada. Que quase sempre é pra nada. A última vez que isso dos olhos aconteceu, até rolou, mas não era nada. Eu devia ter só ficado olhando.
Mas agora, dessa vez, eu não tenho vontade só de olhar. Porque, quando você me olha fundo daquele jeito, eu tenho vontade de olhar mais de perto.
Mas, ó, quer um conselho? Vem logo. Não demora, não, que eu desisto. A graça passa. Vem logo. Vem essa semana. E, se não for vir, pare de me olhar desse jeito. Caralho!
Por que, heim??? Por que tinha que me olhar desse jeito? Que merda, isso não se faz com uma pessoa na minha situação. Ainda mais se não for pra nada. Que quase sempre é pra nada. A última vez que isso dos olhos aconteceu, até rolou, mas não era nada. Eu devia ter só ficado olhando.
Mas agora, dessa vez, eu não tenho vontade só de olhar. Porque, quando você me olha fundo daquele jeito, eu tenho vontade de olhar mais de perto.
Mas, ó, quer um conselho? Vem logo. Não demora, não, que eu desisto. A graça passa. Vem logo. Vem essa semana. E, se não for vir, pare de me olhar desse jeito. Caralho!
sábado, 18 de junho de 2011
Festa Junina de escola meu cu
Acabei de chegar da festa junina do meu sobrinho. Primeira festinha dele, ele tem 2 aninhos e meio, entrou na escolinha esse ano. Daí já viu: família inteira na festinha pra ver o pivetinho lindo de caipira. Antes que me chamem de amarga e pensem mal de mim (não que eu ligue muito), deixa eu explicar: eu adoro. Faço questão de estar lá, porque amo esse pestinha.
Mas daí eu chego lá e tem coisa que me dá nos nervos.
Bom, em primeiro lugar, eu preciso dizer que o meu sobrinho é uma criança de personalidade. Claro, sangue de Palermo corre nas veias do moleque. Oliveira Palermo, o que é ainda pior/melhor. E ele é pequeno, porra. Então ele não quer colocar chapéu. A gente coloca chapéu nele, ele fica puto e joga no chão. Adoro. Deixa ele sem chapéu, caralho. Ele não quer pintar a cara com lápis de olho e rolha queimada. Deixa ele sem pintura, porra. Vai ficar aquela merda toda borrada na cara, pra quê? Ele não quer dançar. Deixa ele, merda. Não tem que dançar só porque é festa junina e tá todo mundo dançando. Ele não tem nem 3 anos ainda. Ele não sabe que tem que fazer a parte dele e dançar pra gente tirar foto e ficar babando depois. Não sabe que o papel da criança nessas festas é ir pro meio da quadra e fazer a dancinha ridícula que a professora inventou pras mães e avós chorarem de orgulho. Não sabe que não dá pra fazer depois, que só tem aqueles 2 minutos de música. Ele olha pra gente do outro lado da corda e quer ficar com a família. Quer brincar com o cavalinho que a vovó deu. Quer sentar no chão e brincar, só. Deixa o menino.
Deus sabe o que faz. Eu não sou mãe.
Porque, se eu fosse, eu ia ficar muito de bode de forçar meu filho a fazer essas coisas. Eu sempre dancei no colégio. Minha mãe diz que, na minha primeira festinha, com menos de 3 anos, eu dancei um pouco, depois fiquei de bode com alguma coisa e emburrei. Tão típico. Vai ver que eu fiquei de bode por não estar na primeira fileira, hehehe. Enfim, cada um é um. Eu dancei e sempre adorei as apresentações, adoro aparecer desde pequena (segundo meu pai, desde criança eu sou sem-vergonha - palavras dele). Mas se o moleque não tá a fim, ele não tá a fim e pronto.
Daí vem a turminha dos um pouco mais velhos, crianças de uns 4 anos. Fazem uma rodinha no centro da quadra, com as "professoras", e começam a "dançar" uma "música" dessas de sertanejo universitário, falando de "amor" ou de coração partido ou qualquer merda dessas, e as crianças fazem corações com as mãos e apontam o dedinho e dão voltinhas ao som dos sertanejos do momento. Eu fico puta. Minha irmã pergunta "Mas, Ju, é festa junina, você queria que eles dançassem rock?". Claro que não. Eu queria que eles dançassem músicas típicas de festa junina. Coloca aí uma sanfona, porra. "O balão vai subindo, vai caindo a garoa", qualquer coisa assim. Mas não me faça essas crianças pagarem o mico de dançar a "música" que a "professora" delas e as mães gostam, aquela do sertanejo da modinha, pra divertir os adultos que gostam de ver as crianças como "gente em miniatura" dançando a música que fala do amor dos cantores sertanejos. Por favor, não.
E daí tem também o desfile das mães. Cada mãe vai com uma roupa que chame mais a atenção do que a outra mãe. Elas colocam as camisas e os vestidos com estampa xadrez que compraram semana passada porque estava na moda. Elas competem pra ver quem vai com o salto mais alto, pra ficar com dor no pé o dia inteiro depois e fazer o marido ir comprar pastel e guaraná pra elas, porque as belezas não conseguem nem ficar em pé com os tais saltos. Ah, guaraná diet, claro, que elas não querem ficar gordas (Deus me livre, ficar gorda, né, pior que morrer).
E daí tem também a guerra entre as avós, pra ver quem compra o brinquedo mais legal, o maior. Tem as vacas das mães que entram na frente de todo mundo pra tirar foto dos filhos. Não importa se você está ali tentando ver a criança da sua família pagando mico na quadra. O filho delas é mais importante. E tem as "professoras", "pedagogas" berrando no microfone, aproveitando o momento de glória. E tem o bingo que é vendido pra arrecadar fundos pra própria escola, e a vaca fica berrando no microfone que só falta vender 8 cartelas pro jogo começar (mas não começa nunca, pra desespero da minha irmã, e, quanto mais demora, mais você compra as coisas das barraquinhas, mais dinheiro pra escola).
Eu já trabalhei muito com educação infantil. Eu dava aulas de inglês pra crianças de 0 a 8 anos. E eu sei muito bem o que essas "pedagogas" fazem. Por trás de toda aquela conversa furada de desenvolvimento da coordenação motora fina e o caralho a quatro, elas estão mesmo é enchendo a criança de massinha e de palito de sorvete e esperando dar a hora de ir embora. Eu sei que elas preenchem as fichas de avaliação individual da criança que nem o cu delas. Eu sei. Então não vem fazer papel de pedagoga pra mim, por favor. Claro, estou generalizando, de acordo com a experiência que eu vivi. De todas as professoras de criança com as quais eu já trabalhei, teve umas duas que escapavam desse esteriótipo. O resto era tudo burra. Eu pensava, juro que pensava assim: "Eu jamais deixaria uma criança nas mãos dessas negas".
No meu primeiro ano de trabalho, eu dava aula pra uma quarta série no SESI de Indaiatuba. Eu tinha 17 anos, e meus alunos tinham 8, 9. Quando chegou a festa junina, eu me recusei a trabalhar em equipe e montar com as outras duas 4as séries a coreografia daquela merda "Hoje é sexta-feira, dia de cerveja". Crianças, caralho! Eu peguei a versão da Cássia Eller de Coroné Antônio Bento, coloquei metade da turma vestida de roqueiro e metade de caipira, fiz uma coreô que misturava passos de quadrilha com passos de rock, coloquei os pares trocados, menina roqueira com menino caipira, menino roqueiro com menina caipira. Foi a sensação da festa. Deu um trabalho da porra. Mas ficou o máximo.
Dá pra inovar, né, gente? Basta querer. Quer dizer, tem que pensar, também. E daí, infelizmente, tem gente que não consegue.
Enfim. Festa junina vai ter todo ano. E eu vou estar lá, com o meu pequeno sobrinho, que vai ser cada vez menos pequeno a cada ano. E, assim que eu puder, eu vou tentar ensinar pra ele o que eu sei. O pouco que eu sei. Pra que ele aprenda a pensar por si próprio. Já tá bom demais.
Odeia chapéu.
Amo. De paixão.
domingo, 5 de junho de 2011
O desconcerto do mundo ou Camões mais atual que nunca
Camões fica batendo na minha porta. Discuti esse poema esta semana com meus alunos. E, ontem, uma amiga disse que não suporta ver o ex dela com outra pessoa e ela ainda estar sozinha, porque, segundo ela, um cara tão filhadaputa assim está "bem", e ela está "mal" (sozinha).
Bom, tem milhares de coisas que eu podia falar sobre isso, e algumas eu disse pra ela ontem. Sobre o conceito de estar "bem" ou "mal" e qual a relação entre isso e estar ou não acompanhado (que, pra mim, estar sozinha nunca foi tão bom). Mas o que me pegou foi essa sensação do desconcerto do mundo, de a gente achar que "os maus se dão bem e os bons se dão mal" (e olha que rica a nossa língua e que beleza esses advérbios e adjetivos!). Quem é mesmo mau? Quem é mesmo bom? O que é se dar mal? O que é se dar bem? Acredito que isso tem a ver com um sentimento característico do ser humano, de se colocar sempre na pior situação do mundo, de achar que os outros sempre estão melhores do que a gente, de que estamos sempre na pior, de não olhar pra vida como ela é de verdade, de não reconhecer o que temos de legal, de ter se acostumado com o que a nossa cultura nos empurra goela abaixo, de achar que a gente tem que ter alguém pra ser feliz, porque no último capítulo da novela todo mundo acha seu parzinho.
People, todo mundo se acha o cocô do cavalo do bandido às vezes, todo mundo acha que é o maior sofredor da face da terra, de vez em quando. Essa semana eu dei uma dessas, e até por isso o poema se fez presente de novo, 3 vezes na mesma semana, para tudo, post no blog. Pensei exatamente isso, em outro contexto: sempre fui boazinha, agora vou botar pra fuder, como todo mundo faz - e não deu certo. Hahahahahaha. Enfim, não sei se isso é destino, se é coincidência, se são os deuses rindo da gente e jogando xadrez, se está tudo na nossa mente. Mas esse sentimento não é nada novo, não é nada particular. Taí Camões, que escreveu, há mais de 500 anos, a mesma coisa, a mesmíssima coisa.
Ao Desconcerto do Mundo
de Luís Vaz de Camões
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.
Pois é. Não é assim, não. O mundo não anda concertado só pra mim. Eu sei disso, embora às vezes pareça difícil acreditar.
Bom, tem milhares de coisas que eu podia falar sobre isso, e algumas eu disse pra ela ontem. Sobre o conceito de estar "bem" ou "mal" e qual a relação entre isso e estar ou não acompanhado (que, pra mim, estar sozinha nunca foi tão bom). Mas o que me pegou foi essa sensação do desconcerto do mundo, de a gente achar que "os maus se dão bem e os bons se dão mal" (e olha que rica a nossa língua e que beleza esses advérbios e adjetivos!). Quem é mesmo mau? Quem é mesmo bom? O que é se dar mal? O que é se dar bem? Acredito que isso tem a ver com um sentimento característico do ser humano, de se colocar sempre na pior situação do mundo, de achar que os outros sempre estão melhores do que a gente, de que estamos sempre na pior, de não olhar pra vida como ela é de verdade, de não reconhecer o que temos de legal, de ter se acostumado com o que a nossa cultura nos empurra goela abaixo, de achar que a gente tem que ter alguém pra ser feliz, porque no último capítulo da novela todo mundo acha seu parzinho.
People, todo mundo se acha o cocô do cavalo do bandido às vezes, todo mundo acha que é o maior sofredor da face da terra, de vez em quando. Essa semana eu dei uma dessas, e até por isso o poema se fez presente de novo, 3 vezes na mesma semana, para tudo, post no blog. Pensei exatamente isso, em outro contexto: sempre fui boazinha, agora vou botar pra fuder, como todo mundo faz - e não deu certo. Hahahahahaha. Enfim, não sei se isso é destino, se é coincidência, se são os deuses rindo da gente e jogando xadrez, se está tudo na nossa mente. Mas esse sentimento não é nada novo, não é nada particular. Taí Camões, que escreveu, há mais de 500 anos, a mesma coisa, a mesmíssima coisa.
Ao Desconcerto do Mundo
de Luís Vaz de Camões
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.
Pois é. Não é assim, não. O mundo não anda concertado só pra mim. Eu sei disso, embora às vezes pareça difícil acreditar.
Eu não tenho 3 cotovelos!
E daí que rolou a marcha das vagabundas em Sampa. E eu fiquei pensando em tudo isso, olhando as fotos (que estão aqui). Eu sei que o babado começou lá no Canadá, quando um policial sugeriu às mulheres que parassem de se vestir de forma provocante para evitar estupros. Tem também o bafo do Rafinha Bastos fazendo piada com estupro, dizendo que tem um monte de mulher feia que deveria agradecer ser estuprada. Enfim, coisas que acontecem quando idiotas dizem o que pensam sem pensar (caso do polícia besta), ou coisas em que pensaram muito e acharam que seria engraçado, mas não é (caso do pseudo-humorista besta). Até aí, beleza. Apoio, nesse sentido, a marcha contra a violência e a discriminação.
Mas, aí que tá: qual a repercussão disso, qual o sentido e a finalidade disso? Na prática, o que muda? Os caras (e algumas mulheres), ao verem a marcha, só reforçam o pensamento que ainda têm, "tá vendo, são mesmo um bando de biscates". Eu acho que o direito de dar pra qualquer um, de usar a roupa que quiser e tudo o mais não se adquire saindo na rua com cartazes. Não sei, não estou dizendo que sou contra a marcha (antes que me botem na cruz), mas pra mim parece aquele lance de apelido, saca? Se te dão um apelido na escola e você odeia e demonstra, aí é que caem matando, mesmo. Se você não liga, ou finge que não liga, o lance não continua, porque não teve graça. A mim, me parece que sair na rua dizendo "não sou vagabunda" é ligar pro fato de ser chamada de biscate, e dar crédito pra quem diz isso. É colocar uma lupa em cima da situação, é chamar a atenção pro fato. Então, o que deveríamos fazer? Continuar quietas, ouvindo e engolindo e fingindo? Não sei, realmente, mas não sei também até que ponto reclamar na rua ajuda.
Uma vez, um amigo meu fez uma enquete na Unicamp sobre os xingamentos que mais feriam as mulheres. Ele perguntava o que incomodava mais: ser chamada de biscate, de burra ou de feia. Ser chamada de biscate ganhou de longe: a maioria das minas respondeu que era o pior xingamento. Desculpem, mas pra mim não funciona assim. Se o cara me chama de burra, eu não vou ligar, porque tenho a plena consciência de que não sou burra; eu tenho isso muito bem resolvido dentro de mim, e não vai ser a opinião alheia que vai mudar o que penso. Se o cara me chama de biscate, eu rio na cara dele, porque não me acho biscate; o mesmo processo: não me incomoda. Agora, se o cara me chama de feia, isso mexe comigo, porque a beleza é uma coisa subjetiva, a gente sabe, e a minha auto-estima não é tão bem resolvida assim pra eu não ligar pra esse tipo de comentário. Eu posso pensar "será que não sou mesmo tão bonita quanto eu achava que era?". Jamais pensaria "será que sou burra mesmo? Será que sou vagabunda mesmo?".
Claaaro que os outros conceitos também são subjetivos, no sentido de você responder à pergunta: o que é ser biscate? E claaaro que a resposta para isso passa por séculos de discriminação, de preconceito e de machismo. Mas, para mim, isso é uma questão resolvida. Você acha que eu sou vagabunda, amor? Beleza. Falou. Que que tá passando no cinema hoje? Não me incomodo com esse tipo de rótulo, não mesmo. Não preciso provar pra ninguém que não sou algo que não sou. E, por isso, não preciso ir às ruas protestar. Pra mim, é a mesma coisa do que eu protestar pra dizer "não tenho três cotovelos, juro que não tenho, parem de dizer isso!!". É óbvio que eu não tenho três cotovelos, e se você acha isso, a besta é você. Não preciso me dignar a responder a algo tão sem cabimento. Deu pra entender meu ponto de vista? E, se não deu, tudo bem também, cada um dá o que tem. E tudo bem.
Mas o que motivou meu post foi que vi, nas fotos da marcha, uma menina com um cartaz dizendo "Acredite, minha saia curta não tem nada a ver com você". Peralá, aí também não. Vamos parar de ser hipócritas? Pra mim, não é possível dizer que uma pessoa se veste sem se preocupar com o que o outro vai pensar. As pessoas se arrumam pras outras pessoas. Até quem se veste "de qualquer modo", está dando um recado pras outras pessoas, e o recado é "I don't care". Mas está se importando a ponto de mandar o recado. A gente vive em sociedade, convive com os outros, e não dá pra dissociar isso. Quando a gente está em casa, de boa, relaxando, a gente não está com as roupas que usa na rua (na maioria dos casos). Se precisa sair, a gente vai dar um tapa no visu, porque vai cruzar com outros seres humanos e, de novo, no geral, não dá pra não ligar pra isso. Ninguém se arruma toda pra ficar em casa sozinha. Ninguém acorda, passa maquiagem, arruma o cabelo, veste uma roupa X e acessórios e sapato de salto se for passar o dia sozinha em casa. A gente se veste pro outro, claro que sim. E, quando escolhemos uma saia curta ou uma roupa "provocante", estamos nos vestindo pros outros, sim! Logicamente, isso não justifica os comentários machistas e medievais de que merecemos ser estupradas por isso. Mas também não dá pra dizer que colocamos saias curtas ou decotes ou roupas coladas e não pensamos que as pessoas vão olhar. Historicamente falando, eu acho. Pode ser que hoje, no momento de colocar uma saia curta, você não pense "Hum, tô gostosa". Mas, quando comprou a saia, você pensou que ela iria te deixar bonita. E bonita pra quem? Pro seu espelho? Pro seu sofá? Não, né? Pros outros. Então não dá pra declarar que a roupa que vestimos não tem nada a ver com os outros, porque tem tudo a ver. Nos vestimos pros outros. Compramos a saia curta e a blusa decotada pensando em ficar lindas, pros outros. Nos olhamos no espelho pra ver como os outros vão nos perceber. Então, minha saia curta tem, sim, tudo a ver com você. Não que isso signifique que você pode me estuprar por isso, ou que sou "biscate" por isso (seja lá o que isso for hoje em dia), mas eu coloquei essa roupa pensando nos olhares que iriam cair nela. Mulherada, dá pra assumir isso, ou eu estou louca??
Agora, quanto ao conceito de vagabunda, isso é algo muito mais complexo. E quanto à questão do que a roupa representa nesse balaio, isso também é complicadinho. Tô cansada de ficar no bar tomando cerveja com meus amigos e ver o que é que eles olham nas mulheres que passam. Ver como reagem aos decotes e às bundas e às pernas. Ver o que eles dizem sobre as mulheres que são gostosas e as que são bonitas, ver que eles adorariam comer a gostosa, mas só comer, e levar pra casa a bonita. E, até aí, machismo ou não, eu acho que tudo bem. Porque quem é que disse que a gente quer ser levada pra casa, mesmo? Quem é que disse que o cara é cretino porque só quer comer, sendo que às vezes a gente só quer dar? E qual o problema nisso? Se estivermos todos de acordo, bora cada um fazer o que quiser.
Acho que escolher um determinado tipo de roupa diz muito sobre quem a gente é. Aquele lance do recado que a gente manda pros outros. As roupas hoje em dia não servem somente pra proteção do corpo, aliás, estão muito longe disso. As pessoas, principalmente as mulheres, não escolhem as roupas porque são quentes ou porque abrigam o corpo dos agentes do clima, mas porque são bonitas, porque caem bem, porque realçam ou escondem determinados aspectos do corpo. E toda mulher sabe que, ao escolher uma saia curta, uma roupa justa, um decote profundo, vai atrair olhares e pensamentos dos homens, e das outras mulheres também. Não sejam hipócritas de negar isso. Escolher uma roupa que vai atrair olhares tem a ver com o que você quer mostrar pros outros. "Olha como eu sou bonita, olha como minha bunda está malhada pela academia, apreciem meu esforço com os abdominais, olhem como eu emagreci, olhem como meus peitos são lindos, olhem como minhas pernas estão bem". E isso tem a ver com o que você quer mostrar pro mundo. O que eu acho é que as mulheres que se vestem o tempo todo dessa forma parecem estar querendo mostrar como o corpo delas é divino, e se a pessoa precisa desse esforço pra mostrar isso, parece que não tem nada mais pra mostrar. Porque, quando você passa na rua, a pessoa que te vê não tem como saber seus livros preferidos, suas crenças religiosas, suas preferências políticas, sua concepção de mundo, mas tem como saber que seu corpo é bonito, e que você está querendo chamar a atenção pra isso. E eu me sinto um pedaço de carne, e só isso, se usar roupas assim o tempo todo. Eu não sou só bonita ou gostosa. Eu sou outras coisas, e você só vai descobrir se vier conversar comigo. E, se você não vier conversar comigo porque pela roupa não deu pra ver meus peitos ou minha bunda, então você não serve pra mim. Fica aí de boa.
Ai, isso é tão complicado que me arrependo de ter começado a fuçar nesse aassunto. Porque minhas opiniões sobre o assunto causam polêmica entre alguns amigos. Mas eu ainda acredito nas coisas que estou colocando aqui. E isso envolve outra palavrinha, a "moda". O status de ter um sapato de 7 mil reais, o da sola vermelha (estávamos conversando sobre isso ontem, entre amigos). A merda de todo mundo usar xadrez porque "está na moda". O fato de você ter dificuldade pra encontrar um tipo de roupa que você quer e que "não está na moda". Aquela coisa de entrar em uma loja e ter 300 vestidos P, 150 vestidos M e 3 vestidos G, e você perguntar pra dona da loja porque não tem mais G, e ela dizer que vendeu tudo, e você responder pra ela que ela deveria comprar mais G, se é o que está vendendo, se ela não percebe que aqueles vestidos P vão ficar encalhados forever e depois ela vai ter que fazer promoção de todas as calças tamanho 36. A questão de que, antes, a gente comprava roupa e levava na costureira pra arrumar, e hoje a gente arruma o corpo pra caber na roupa. Enfim, são tantas coisas, e eu tenho mais o que fazer nesse domingo (apesar de não parecer).
Eu só queria dizer isso, mesmo: não negue que a sua saia curta tem a ver com os outros, sim. Ela pode não significar que você quer dar, que você merece ser estuprada, que você é vagabunda (de novo, seja lá o que isso for), ou coisa que o valha. Mas tanto a sua saia curta quanto o seu vestido decotado ou a sua calça jeans ou a sua roupa de academia ou o seu vestido de gala ou a sua berma têm a ver com os outros. O que isso significa, é outra história. Mas que tem a ver com o mundo, tem. Taí Miranda, que não me deixa mentir. Eu não sou "da modinha", longe de mim. Mas não dá pra negar a influência que isso tem hoje na nossa sociedade, quer sejamos contra ou a favor.
Pra esclarecer e evitar mal-entendidos, again: não estou dizendo que sou contra a marcha das vagabundas. Acho que não resolve nada, pra mim é a história dos 3 cotovelos, que coloquei lá em cima. Mas meu comentário aqui foi mais a respeito do fato de negarmos que as roupas que usamos têm a ver com os outros, sim. Dá pra reconhecer isso, gente? Obrigada. Beijo.
Mas, aí que tá: qual a repercussão disso, qual o sentido e a finalidade disso? Na prática, o que muda? Os caras (e algumas mulheres), ao verem a marcha, só reforçam o pensamento que ainda têm, "tá vendo, são mesmo um bando de biscates". Eu acho que o direito de dar pra qualquer um, de usar a roupa que quiser e tudo o mais não se adquire saindo na rua com cartazes. Não sei, não estou dizendo que sou contra a marcha (antes que me botem na cruz), mas pra mim parece aquele lance de apelido, saca? Se te dão um apelido na escola e você odeia e demonstra, aí é que caem matando, mesmo. Se você não liga, ou finge que não liga, o lance não continua, porque não teve graça. A mim, me parece que sair na rua dizendo "não sou vagabunda" é ligar pro fato de ser chamada de biscate, e dar crédito pra quem diz isso. É colocar uma lupa em cima da situação, é chamar a atenção pro fato. Então, o que deveríamos fazer? Continuar quietas, ouvindo e engolindo e fingindo? Não sei, realmente, mas não sei também até que ponto reclamar na rua ajuda.
Uma vez, um amigo meu fez uma enquete na Unicamp sobre os xingamentos que mais feriam as mulheres. Ele perguntava o que incomodava mais: ser chamada de biscate, de burra ou de feia. Ser chamada de biscate ganhou de longe: a maioria das minas respondeu que era o pior xingamento. Desculpem, mas pra mim não funciona assim. Se o cara me chama de burra, eu não vou ligar, porque tenho a plena consciência de que não sou burra; eu tenho isso muito bem resolvido dentro de mim, e não vai ser a opinião alheia que vai mudar o que penso. Se o cara me chama de biscate, eu rio na cara dele, porque não me acho biscate; o mesmo processo: não me incomoda. Agora, se o cara me chama de feia, isso mexe comigo, porque a beleza é uma coisa subjetiva, a gente sabe, e a minha auto-estima não é tão bem resolvida assim pra eu não ligar pra esse tipo de comentário. Eu posso pensar "será que não sou mesmo tão bonita quanto eu achava que era?". Jamais pensaria "será que sou burra mesmo? Será que sou vagabunda mesmo?".
Claaaro que os outros conceitos também são subjetivos, no sentido de você responder à pergunta: o que é ser biscate? E claaaro que a resposta para isso passa por séculos de discriminação, de preconceito e de machismo. Mas, para mim, isso é uma questão resolvida. Você acha que eu sou vagabunda, amor? Beleza. Falou. Que que tá passando no cinema hoje? Não me incomodo com esse tipo de rótulo, não mesmo. Não preciso provar pra ninguém que não sou algo que não sou. E, por isso, não preciso ir às ruas protestar. Pra mim, é a mesma coisa do que eu protestar pra dizer "não tenho três cotovelos, juro que não tenho, parem de dizer isso!!". É óbvio que eu não tenho três cotovelos, e se você acha isso, a besta é você. Não preciso me dignar a responder a algo tão sem cabimento. Deu pra entender meu ponto de vista? E, se não deu, tudo bem também, cada um dá o que tem. E tudo bem.
Mas o que motivou meu post foi que vi, nas fotos da marcha, uma menina com um cartaz dizendo "Acredite, minha saia curta não tem nada a ver com você". Peralá, aí também não. Vamos parar de ser hipócritas? Pra mim, não é possível dizer que uma pessoa se veste sem se preocupar com o que o outro vai pensar. As pessoas se arrumam pras outras pessoas. Até quem se veste "de qualquer modo", está dando um recado pras outras pessoas, e o recado é "I don't care". Mas está se importando a ponto de mandar o recado. A gente vive em sociedade, convive com os outros, e não dá pra dissociar isso. Quando a gente está em casa, de boa, relaxando, a gente não está com as roupas que usa na rua (na maioria dos casos). Se precisa sair, a gente vai dar um tapa no visu, porque vai cruzar com outros seres humanos e, de novo, no geral, não dá pra não ligar pra isso. Ninguém se arruma toda pra ficar em casa sozinha. Ninguém acorda, passa maquiagem, arruma o cabelo, veste uma roupa X e acessórios e sapato de salto se for passar o dia sozinha em casa. A gente se veste pro outro, claro que sim. E, quando escolhemos uma saia curta ou uma roupa "provocante", estamos nos vestindo pros outros, sim! Logicamente, isso não justifica os comentários machistas e medievais de que merecemos ser estupradas por isso. Mas também não dá pra dizer que colocamos saias curtas ou decotes ou roupas coladas e não pensamos que as pessoas vão olhar. Historicamente falando, eu acho. Pode ser que hoje, no momento de colocar uma saia curta, você não pense "Hum, tô gostosa". Mas, quando comprou a saia, você pensou que ela iria te deixar bonita. E bonita pra quem? Pro seu espelho? Pro seu sofá? Não, né? Pros outros. Então não dá pra declarar que a roupa que vestimos não tem nada a ver com os outros, porque tem tudo a ver. Nos vestimos pros outros. Compramos a saia curta e a blusa decotada pensando em ficar lindas, pros outros. Nos olhamos no espelho pra ver como os outros vão nos perceber. Então, minha saia curta tem, sim, tudo a ver com você. Não que isso signifique que você pode me estuprar por isso, ou que sou "biscate" por isso (seja lá o que isso for hoje em dia), mas eu coloquei essa roupa pensando nos olhares que iriam cair nela. Mulherada, dá pra assumir isso, ou eu estou louca??
Agora, quanto ao conceito de vagabunda, isso é algo muito mais complexo. E quanto à questão do que a roupa representa nesse balaio, isso também é complicadinho. Tô cansada de ficar no bar tomando cerveja com meus amigos e ver o que é que eles olham nas mulheres que passam. Ver como reagem aos decotes e às bundas e às pernas. Ver o que eles dizem sobre as mulheres que são gostosas e as que são bonitas, ver que eles adorariam comer a gostosa, mas só comer, e levar pra casa a bonita. E, até aí, machismo ou não, eu acho que tudo bem. Porque quem é que disse que a gente quer ser levada pra casa, mesmo? Quem é que disse que o cara é cretino porque só quer comer, sendo que às vezes a gente só quer dar? E qual o problema nisso? Se estivermos todos de acordo, bora cada um fazer o que quiser.
Acho que escolher um determinado tipo de roupa diz muito sobre quem a gente é. Aquele lance do recado que a gente manda pros outros. As roupas hoje em dia não servem somente pra proteção do corpo, aliás, estão muito longe disso. As pessoas, principalmente as mulheres, não escolhem as roupas porque são quentes ou porque abrigam o corpo dos agentes do clima, mas porque são bonitas, porque caem bem, porque realçam ou escondem determinados aspectos do corpo. E toda mulher sabe que, ao escolher uma saia curta, uma roupa justa, um decote profundo, vai atrair olhares e pensamentos dos homens, e das outras mulheres também. Não sejam hipócritas de negar isso. Escolher uma roupa que vai atrair olhares tem a ver com o que você quer mostrar pros outros. "Olha como eu sou bonita, olha como minha bunda está malhada pela academia, apreciem meu esforço com os abdominais, olhem como eu emagreci, olhem como meus peitos são lindos, olhem como minhas pernas estão bem". E isso tem a ver com o que você quer mostrar pro mundo. O que eu acho é que as mulheres que se vestem o tempo todo dessa forma parecem estar querendo mostrar como o corpo delas é divino, e se a pessoa precisa desse esforço pra mostrar isso, parece que não tem nada mais pra mostrar. Porque, quando você passa na rua, a pessoa que te vê não tem como saber seus livros preferidos, suas crenças religiosas, suas preferências políticas, sua concepção de mundo, mas tem como saber que seu corpo é bonito, e que você está querendo chamar a atenção pra isso. E eu me sinto um pedaço de carne, e só isso, se usar roupas assim o tempo todo. Eu não sou só bonita ou gostosa. Eu sou outras coisas, e você só vai descobrir se vier conversar comigo. E, se você não vier conversar comigo porque pela roupa não deu pra ver meus peitos ou minha bunda, então você não serve pra mim. Fica aí de boa.
Ai, isso é tão complicado que me arrependo de ter começado a fuçar nesse aassunto. Porque minhas opiniões sobre o assunto causam polêmica entre alguns amigos. Mas eu ainda acredito nas coisas que estou colocando aqui. E isso envolve outra palavrinha, a "moda". O status de ter um sapato de 7 mil reais, o da sola vermelha (estávamos conversando sobre isso ontem, entre amigos). A merda de todo mundo usar xadrez porque "está na moda". O fato de você ter dificuldade pra encontrar um tipo de roupa que você quer e que "não está na moda". Aquela coisa de entrar em uma loja e ter 300 vestidos P, 150 vestidos M e 3 vestidos G, e você perguntar pra dona da loja porque não tem mais G, e ela dizer que vendeu tudo, e você responder pra ela que ela deveria comprar mais G, se é o que está vendendo, se ela não percebe que aqueles vestidos P vão ficar encalhados forever e depois ela vai ter que fazer promoção de todas as calças tamanho 36. A questão de que, antes, a gente comprava roupa e levava na costureira pra arrumar, e hoje a gente arruma o corpo pra caber na roupa. Enfim, são tantas coisas, e eu tenho mais o que fazer nesse domingo (apesar de não parecer).
Eu só queria dizer isso, mesmo: não negue que a sua saia curta tem a ver com os outros, sim. Ela pode não significar que você quer dar, que você merece ser estuprada, que você é vagabunda (de novo, seja lá o que isso for), ou coisa que o valha. Mas tanto a sua saia curta quanto o seu vestido decotado ou a sua calça jeans ou a sua roupa de academia ou o seu vestido de gala ou a sua berma têm a ver com os outros. O que isso significa, é outra história. Mas que tem a ver com o mundo, tem. Taí Miranda, que não me deixa mentir. Eu não sou "da modinha", longe de mim. Mas não dá pra negar a influência que isso tem hoje na nossa sociedade, quer sejamos contra ou a favor.
Pra esclarecer e evitar mal-entendidos, again: não estou dizendo que sou contra a marcha das vagabundas. Acho que não resolve nada, pra mim é a história dos 3 cotovelos, que coloquei lá em cima. Mas meu comentário aqui foi mais a respeito do fato de negarmos que as roupas que usamos têm a ver com os outros, sim. Dá pra reconhecer isso, gente? Obrigada. Beijo.
sábado, 4 de junho de 2011
Dezessete, trinta, cinquenta e sete
Porque tudo bem a gente ter 17 anos de vez em quando. Todo mundo tem dessas. Quem não tem é chato. Adulto chato. Adulto é chato, fato. Criança é chato, também. Adolescente é cool. E ser adolescente é legal demais. Eu tenho 30 anos, mas sou uma adolescente de 17 tantas vezes.
Porque tudo bem a gente ter 57 anos. Nem todo mundo tem dessas. Eu tenho 30 anos, mas sou uma mulher de 57 tantas vezes. E daquelas ranzinas, chatas.
Porque ter uma idade mental ou um comportamento de 13 anos a menos ou 27 a mais é normal. No meu caso, é super normal. Tem dias em que acordo com 9 anos, e mesmo trabalhando, dirigindo, pagando contas, eu tenho 9 anos. Tem dias em que acordo com 68 anos, e mesmo escrevendo no Facebook, fazendo flamenco ou contando casos amorosos pros amigos, eu tenho 68 anos.
Eu só queria ser de verdade uma mulher de 30, mas tá muito difícil. Tá difícil porque eu não sei se sei ser uma mulher de 30 anos. Porque pra mim é muito fácil ter 7, 12, 17, 24 anos. Também é fichinha ter 42, 47, 57, 68 anos. Mas ser uma mulher de 30 anos, agir como uma trintona, ou trintinha, isso é foda pra caralho. E sabe por quê? Porque a mulher de 30 pode fazer coisas que as de 17 ainda não podem, e coisas que as de 57 não podem mais.
Mas eu não faço. Eu fico entre a adolescência e a chatice da chegada da terceira idade. Mas a idade adulta, essa não veio, essa eu perdi.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Retrospectiva do blog.
E então cá está, a famosa retrospectiva que eu prometo há um ano. Reli o blog todo, todos os posts, desde o começo. Foi uma viagem legal, encontrei a Juliana de 3 anos atrás, acompanhei suas mudanças, relembrei várias fases e no final descubro a Juliana de agora. A daqui pra frente, só acompanhando por aqui (e pela vida).
Deixo aqui esse post pros desocupados. Você, desocupado; você, desocupada: salve aí e leia aos poucos, quando não tiver nada melhor pra fazer.
O critério pra seleção dos textos foi simples. Textos emblemáticos, polêmicos, textos que me explicam, textos que eu não escreveria hoje, textos com os quais ainda concordo, tá tudo aí embaixo.
Boa viagem.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/05/encolhendo-barriga.html
Encolhendo a barriga – sobre pessoas que fingem o tempo todo – porque eu era super Álvaro de Campos (“nunca conheci ninguém que tivesse levado porrada”), mas eu nem sabia.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/05/desculpe-doutora.html
Desculpe, doutora – sobre advogados – revoltinha de começo de blog.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/05/tapa-na-cara-virtual.html
Tapa na cara virtual – briga entre Sírio e Sacconi – a discussão sobre a língua na linguagem simples – anos antes da polêmica “dos livro” do MEC.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/o-chapa.html
O Chapa – retardadice, só leia se tiver tempo de sobra e estiver de bom humor.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/enduro.html
Enduro – Ituperva – relato do enduro a pé – só tem graça pra quem participou.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/insanidade-temporria-de-segunda-feira.html
Doideira – leia com tempo livre.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/dia-do-cacete.html
Dia do cacete – revolta dia dos namorados – Pouco revoltada. Muitas coisas já mudaram (não quero mais ser mãe, por exemplo).
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/o-que-que-voc-espera-de-mim.html
O que que você espera de mim? - revolta – Agora adoro botinhas no chão, tenho 5!
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/gelatina.html
Gelatina – o casamento do meu melhor amigo. Ah, a pretensão...
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/gramaticando-de-mim-mesma.html
Gramaticando de mim mesma – que acabou virando minha descrição pessoal, resumidérrima, porque a merda do blog só aceita textos de 1200 caracteres...
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/doeu-di.html
Doeu. Dói. – prender a mão no pedestal – metáfora da dor.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/07/love-is-losing-game.html
Love is a losing game – metáfora jogo X amor. A louca das metáforas.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/07/sobe.html
Sobe? – um episódio no elevador, de um tempo feliz. Porque tudo tem seus momentos bons, até as coisas bizarras.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/08/chuva.html
Chuva – porque eu já era filha de Iansã mas nem sabia.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/08/juliana-o-palermo.html
Juliana O Palermo – acróstico do meu vô.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/08/levando-um-lero-com-fada-azul.html
Levando um lero com a fada azul. Gosto desse.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/10/sozinha.html - Sozinha - sobre a solidão (ah, vá!).
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/10/abbora.html - quando eu viro abóbora.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/11/papo-de-adolescente-doido.html - Conversa do rock.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/01/culos.html - medo antes da cirurgia da miopia. E confusa com os acentos (eu não tinha entendido a Reforma, tá???).
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/01/prolas.html - pérolas de redação dos meus alunos.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/01/mulher-gosta-mesmo-de.html - mulher gosta é de... pelo menos eu. Aprendam.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/01/dani-e-lucas.html - Dani e Lucas – homenagem aos queridos.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/03/bar-do-ze-o-menino-bonito-e-o-acidente.html - Sobre o loiro do Tapetão.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/03/pra-que.html - Meio Benjamin Button.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/04/visita-boa-do-menino-colorido.html - Sobre o menino colorido. E o comentário do menino colorido.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/04/crepusculo-e-o-ideal-do-amor-romantico.html - sobre a série Crepúsculo. Ai, ai, aluninhas!
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/04/imagem-e-acao-nivel-2.html - com vídeos! Vejam!
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/05/colesterol.html - Pai e mãe piadistas.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/06/boleira.html - Gosto desse. Foi bom ser a bola. Mesmo que por pouco tempo.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/medo.html - boca de fumo. Help.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/falando-em-ex-e-em-ex-quase-futuro-que.html - texto que me colocou em contato com a Srta. T. Claro que, depois dele, eu ainda errei mais umas vezes. Umas seis vezes. Hahahaha. Mas agora eu aprendi. Tem coisas, tipo Matemática, pras quais eu sou lenta, mesmo. Eu demoro. Mas eu aprendo.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/o-ovo.html - contando com o ovo no cu. Da galinha.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/balada-gay.html - relato da balada gay.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/decadence-avec-elegance.html - fim de noite da cantora.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/colorindo.html - Fase delícia do menino colorido.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/o-gato-de-paraty.html - O gato de Paraty.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/07/carta-da-maria-helena.html - cartinha da infância.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/teresa-noite.html - dormir de novo com alguém. Bonitinho.
Série princesas: gosto!
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/cinderela-mera-coincidencia.html
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/rapunzel-por-dentro.html comentário do querido JP.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/branca-de-neve-futuro.html
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/ariel-especial.html
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/bela-beleza.html
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/e-o-principe.html
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/08/blog-post.html - um dos textos de que eu mais gosto.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/09/companhia.html - Saramago.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/09/acostumando.html - sozinha - novo texto sobre a solidão.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/09/annoying.html - dia de stress. Hoje eu rio.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/10/meninas-que-eu-odeio.html - outro.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/10/se-o-amor-aparecer-diz-que-nao-to.html - texto que causou polêmica na minha vida amorosa, hahahaha. O menino não me entendeu, que pena.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/10/aula-de-xadrez.html - Hum. Delícia.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/12/inaugurando-dezembro-o-ultimo-mes.html - vontade.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/01/pequena-fabula-sem-moral.html - lago e menininho.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/01/psicose-de-alfred-hitchcock-e-as.html -Psicose e mamãe.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/02/carnaval-do-caralho.html - Revolta do carnaval.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/02/notinhas-carnavalescas.html - Fim do carnaval.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/02/eu-devo-merecer.html - email virus - adoro!
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/03/mulher-apaixonada.html - coitada...
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/03/mapa-astral-literario.html - alunas fofas.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/03/calor-e-praga-do-boi.html - hehehe, stress, eu??
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/05/bridget-again.html - de novo.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/05/ilha-dos-amores.html - aluno piadista.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/06/o-episodio-das-mandalas-para-colorir.html - mudei de ideia.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/06/patadinhas.html - super Ju Palermo.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/09/baseado-na-historia-de-uma-menininha.html - errando again.
Deixo aqui esse post pros desocupados. Você, desocupado; você, desocupada: salve aí e leia aos poucos, quando não tiver nada melhor pra fazer.
O critério pra seleção dos textos foi simples. Textos emblemáticos, polêmicos, textos que me explicam, textos que eu não escreveria hoje, textos com os quais ainda concordo, tá tudo aí embaixo.
Boa viagem.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/05/encolhendo-barriga.html
Encolhendo a barriga – sobre pessoas que fingem o tempo todo – porque eu era super Álvaro de Campos (“nunca conheci ninguém que tivesse levado porrada”), mas eu nem sabia.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/05/desculpe-doutora.html
Desculpe, doutora – sobre advogados – revoltinha de começo de blog.
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Tapa na cara virtual – briga entre Sírio e Sacconi – a discussão sobre a língua na linguagem simples – anos antes da polêmica “dos livro” do MEC.
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O Chapa – retardadice, só leia se tiver tempo de sobra e estiver de bom humor.
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Enduro – Ituperva – relato do enduro a pé – só tem graça pra quem participou.
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Doideira – leia com tempo livre.
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Dia do cacete – revolta dia dos namorados – Pouco revoltada. Muitas coisas já mudaram (não quero mais ser mãe, por exemplo).
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O que que você espera de mim? - revolta – Agora adoro botinhas no chão, tenho 5!
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Gelatina – o casamento do meu melhor amigo. Ah, a pretensão...
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Gramaticando de mim mesma – que acabou virando minha descrição pessoal, resumidérrima, porque a merda do blog só aceita textos de 1200 caracteres...
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/06/doeu-di.html
Doeu. Dói. – prender a mão no pedestal – metáfora da dor.
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Love is a losing game – metáfora jogo X amor. A louca das metáforas.
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2008/07/sobe.html
Sobe? – um episódio no elevador, de um tempo feliz. Porque tudo tem seus momentos bons, até as coisas bizarras.
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Chuva – porque eu já era filha de Iansã mas nem sabia.
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Juliana O Palermo – acróstico do meu vô.
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Levando um lero com a fada azul. Gosto desse.
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http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/01/culos.html - medo antes da cirurgia da miopia. E confusa com os acentos (eu não tinha entendido a Reforma, tá???).
http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/01/prolas.html - pérolas de redação dos meus alunos.
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Série princesas: gosto!
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http://derrubandoparedes.blogspot.com/2010/09/baseado-na-historia-de-uma-menininha.html - errando again.
Perfil de 2008 X Perfil de 2011
Então... reformulação no blog. Fazia tempo que eu queria fazer. Mudar o layout, mudar o perfil.
Daí fui relendo meu perfil de quando eu iniciei o blog, há 3 anos atrás. Impressionante como algumas coisas mudam. Impressionante mesmo.
Decidi deixar o perfil antigo "imortalizado" neste post. Pra posteridade, vamos dizer assim. Mas vou também comentar as diferenças, as principais, que podem parecer sutis, mas são muito profundas. E algumas coisas que (ainda) não mudaram.
Voltei a dar aulas. Na real, consegui o emprego que sempre quis. Quer dizer, a profissão que sempre quis: ser professora de português no Ensino Médio. Fazer o quê, cada qual com a sua cruz e a sua preferência. Sou extremamente feliz fazendo o que faço. Ainda faço revisões, esporadicamente. Ainda adoro Monty Pyhton e ainda odeio Zorra Total. Meu ódio com o cor-de-rosa diminuiu consideravelmente. Ainda não consegui mudar meu corpo, porque isso ainda não se fez that necessary. Ainda entro em polêmicas só pra ir contra o que todos estão dizendo. Ainda uso a camisola verde, mas não espero mais o príncipe encantado que irá gostar dela. Estou dirigindo muito melhor. Não sei mais se quero parar de fumar. Voltei para o flamenco, saí da banda. Virei tia de uma coisinha linda chamada Leonardo. Decepcionei-me deveras com Lost. Já estou de boa com os moleques na minha vida de novo, hahahaha, mas dependendo do sentido... Ainda sou péssima pra guardar dinheiro, talvez por isso ainda sonhe com a minha casa, com muito branco e muito verde, mas não quero mais os gatos agora (só aqueles ocasionais, nos dois sentidos). Não escrevo mais com abreviações no blog. Ainda não gosto de whisky. Ainda sinto vergonha alheia em casamentos. Ainda não aprendi a ser concisa. Merda.
Bom, pra quem se interessar, segue abaixo o perfil da Juliana que fui há 3 anos atrás. Sirva-se à vontade, pague uma vez só. A penny. For my thoughts.
Daí fui relendo meu perfil de quando eu iniciei o blog, há 3 anos atrás. Impressionante como algumas coisas mudam. Impressionante mesmo.
Decidi deixar o perfil antigo "imortalizado" neste post. Pra posteridade, vamos dizer assim. Mas vou também comentar as diferenças, as principais, que podem parecer sutis, mas são muito profundas. E algumas coisas que (ainda) não mudaram.
Voltei a dar aulas. Na real, consegui o emprego que sempre quis. Quer dizer, a profissão que sempre quis: ser professora de português no Ensino Médio. Fazer o quê, cada qual com a sua cruz e a sua preferência. Sou extremamente feliz fazendo o que faço. Ainda faço revisões, esporadicamente. Ainda adoro Monty Pyhton e ainda odeio Zorra Total. Meu ódio com o cor-de-rosa diminuiu consideravelmente. Ainda não consegui mudar meu corpo, porque isso ainda não se fez that necessary. Ainda entro em polêmicas só pra ir contra o que todos estão dizendo. Ainda uso a camisola verde, mas não espero mais o príncipe encantado que irá gostar dela. Estou dirigindo muito melhor. Não sei mais se quero parar de fumar. Voltei para o flamenco, saí da banda. Virei tia de uma coisinha linda chamada Leonardo. Decepcionei-me deveras com Lost. Já estou de boa com os moleques na minha vida de novo, hahahaha, mas dependendo do sentido... Ainda sou péssima pra guardar dinheiro, talvez por isso ainda sonhe com a minha casa, com muito branco e muito verde, mas não quero mais os gatos agora (só aqueles ocasionais, nos dois sentidos). Não escrevo mais com abreviações no blog. Ainda não gosto de whisky. Ainda sinto vergonha alheia em casamentos. Ainda não aprendi a ser concisa. Merda.
Bom, pra quem se interessar, segue abaixo o perfil da Juliana que fui há 3 anos atrás. Sirva-se à vontade, pague uma vez só. A penny. For my thoughts.
Trabalho com palavras; passo parte do dia ensinando, parte lendo. Em casa, adoro ler mais. Amo cinema, mas nem tudo. Amo música (de novo), mas nem tudo. Amo frio, odeio calor, odeio salada, odeio que babem no meu pescoço ou na minha orelha, odeio que chamem a minha atenção em público, odeio o barulho de mais de cinco crianças berrando, odeio criança sem-educação, adoro crianças inteligentes, odeio gente burra, adoro gatos, adoro cachorros (mas nem todos), adoro Monty Python, odeio Zorra Total, adoro Lenine e Leila Pinheiro, detesto axé e pagodinho, adoro samba, odeio sertanejo universitário, odeio funk carioca, não gosto de cariocas (mas nem todos), adoro jazz mas queria conhecer mais, adoro bossa nova, amo Tom Jobim, amo Chico Buarque, amo canetas coloridas, amo mudar de assunto de repente, amo vermelho, odeio cor-de-rosa, gosto de amarelo e de azul às vezes. Sou bagunceira com as minhas coisas, principalmente em casa, mas sei que qdo eu tiver a minha casa, vai ser um brinco. Odeio lavar louça, odeio cebola, odeio qdo eu explico uma coisa e as pessoas me entendem mal. Falo alto, às vezes alto demais, e às vezes falo demais. Fui atriz, fui professora, fui tecladista, fui filha única, fui ruiva, fui magra, fui católica, fui IBMer, não sou mais nada disso. Adoro jogar, de preferência jogos q me façam pensar. De vez em quando eu perco. Não ligo. Adoro ganhar, mas gosto mesmo é de jogar. Falo um monte de palavrão, estudei Letras na Unicamp, vivi um período grande da minha vida dormindo quase nada e fazendo um monte de besteiras. Não tenho mais idade pra isso. Vivo na nóia com meu corpo, ultimamente não gosto dele, mas não consigo mexer um dedo pra mudá-lo. Tem dias q gosto muito dele. Minoria das vezes, é verdade. Gosto muito do meu nariz, dos meus pés, às vezes gosto do meu cabelo, às vezes dos meus seios, às vezes dos meus olhos pequenos. Digo um monte de besteiras, sou taurina, ciumenta e possessiva, mas juro q estou tentando melhorar. Juro mesmo. Sou também curiosa. De morte. Teimosa! Adoro uma polêmica. Às vezes digo uma besteira só pra ir contra o que todos estão dizendo. Qdo vejo q não tenho como escapar, não desisto: continuo agumentando e brigando até o fim. Braço a torcer? Difícil... Advogada do diabo, taí. Tenho uma camisola verde de vó q eu adoro e q é muito feia. O homem da minha vida, qdo vier, vai gostar dela. Eu sei. Música é minha vida, mas às vezes me dói. Ouço sempre as mesmas, até cansar. Dificilmente canso, então a lista só aumenta. Atribuo significados a elas, sempre. Imagino cenas, viajo. Canto muito no carro, batuco no volante, falo sozinha e dou risada de mim mesma. Gargalho. Às vezes choro também. Tudo no carro. Uma verdadeira louca, descontrolada. Cuidado comigo no trânsito. Fumo. Tentei parar. Parei duas semanas. Voltei. Quero parar. Vou parar. Só estou esperando um grande acontecimento. Sou uma pseudo-cantora. Tenho uma banda e mil projetos na minha cabeça, q dificilmente saem dali. Às vezes acontece, com a ajuda de anjos. Já fiz teatro, teatro musical, dança-afro, flamenco, ballet, jazz, ginástica, coral, já tive banda de pop, de jovem guarda, de MPB. Tenho uma irmã linda com a qual eu brigo muito. Amo Lost, sou "Lost freak". Amo Saramago, Martha Medeiros, odeio José de Alencar, (desculpem!). Não me sinto bem em casamentos e formaturas, tenho vergonha alheia e odeio as músicas, acho tudo brega. Gosto da minha letra na lousa verde, no papel gosto às vezes. Já fui louca por Bon Jovi, hoje sosseguei. Gosto de homens perfumados, inteligentes, atenciosos. Tenho três anjos da guarda, todos loiros e lindos. Gosto de filmes de suspense, de filmes q me fazem pensar, de filmes malucos, de filmes q me surpreendem. Gosto de sentar num bar e bater papo, adoro fazer os outros darem risada, tb gosto muito qdo me fazem rir. Adoro pipoca no cinema, mas tem q ser pipoca de cinema. Cansei de moleques na minha vida, e agora só quero com amor. Sou péssima pra guardar dinheiro. Sonho em ter a minha casa, com muito branco, muito verde e muita luz, meus livros, meus discos, dois gatos (um preto e um branco), meus amigos, muito som, muita paz. Adoro comprar livros, nem sempre leio todos, mas na maioria das vezes leio. Gosto do cheiro de livro novo, gosto de passar a mão na lombada deles na estante e saber q são meus. Gosto de ler blogs inteligentes na internet, mas tenho preguiça. Geralmente falo o q vem na minha cabeça, faço primeiro e penso depois. Sou ruim de matemática, adoro português, sou uma fraude no inglês. Adoro acordar tarde, adoro dormir no meio da tarde, mas agora q eu sou gente grande eu não posso mais. Parei com a terapia cinco vezes, sempre por falta de grana. Mas adoraria voltar. Sou louca por doces, carnes e massas. Gosto de vinho, amo cuba-libre, não consigo gostar de whisky. Nasci de oito meses, e acho o máximo ser pré-matura, acho especial. Tenho amigos malucos e de todos os tipos. Às vezes eu sumo. Mas eu sempre volto. Tem dias q quero silêncio, noutros quero festa. Sou bem 8 ou 80, mas ultimamente tenho vivido num período entre 44 e 66. Teria mais milhões de coisas pra falar sobre mim. Mas vou parando por aqui, pq a minha vida é um livro escancarado demais, e nem sempre precisa ser assim.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Imaculada.
E daí a gente pensa: foda-se se estiver tudo errado. Foda-se se forem comentar, se for sujar pro meu lado, porque eu não estou fazendo nada estrenho demais, nada errado demais. Não vou ficar fazendo as coisas escondida, eu tenho 30 anos e tô cagando pro mundo, tô dentro da lei, dentro dos meus direitos, faço o que quiser. E no fundo a gente sabe que não é bem assim, mas ainda tá cagando, porque a cerveja ainda tá batendo e o mundo ainda está no lugar, então agora, nesse momento, nada parece demais, nada pode ser errado demais, a não ser não fazer o que se quer.
Mas o universo é sábio. Ou um cuzão.
Ele nunca te atende nessas horas.
E, assim, eu sigo imaculada.
Mas o universo é sábio. Ou um cuzão.
Ele nunca te atende nessas horas.
E, assim, eu sigo imaculada.
sábado, 21 de maio de 2011
Pele X Mente
Eu até acordei estranha, de tanto que sonhei o mesmo sonho estranho.
Estranha mesmo é essa coisa de pele, esse desejo que a nossa pele burra tem. A mente sabe que jamais daria certo qualquer tipo de relacionamento, sabe que nem adianta tentar, sabe tudo. Sabe que seria errado, que seria dramático, que seria bizarro, que não daria certo, que teria um monte de gente falando, que a gente mesmo não iria aguentar, não pelas pessoas, mas pela gente mesmo. A mente sabe que ela, a mente, não conseguiria conviver com isso.
Mas a pele, ah, a maldita pele.
A pele se arrepia só de ver. Quando os ouvidos ouvem a voz, a pele se arrepia, arrepia a nuca e faz a gente pensar "Oh, céus!". Quando os olhos focalizam as mãos, os braços, a pele grita e queima, e pede pro coração bater rapidinho. Quando os olhos encontram com aqueles olhos, a pele manda um calorzinho pro corpo inteiro. Quando a gente fica a meio metro de distância, a pele - a maldita pele! - faz a gente não conseguir controlar um sorrisinho, meio besta, meio safado. E a pele, acreditem, induz a mente a pensar coisas estranhas. A mente é uma besta. Quando reparou, já está pensando em tudo o que a pele quer fazer. E ainda manda sonhos de noite.
A pele ri e acorda satisfeita. Quer dizer, meio. Satisfeita por ter enganado a mente. Insatisfeita e fazendo beicinho porque queria tanto, tanto, tanto...
Mas a mente, pelo menos a minha, ainda ganha essa batalha. Vai sonhando, minha filha, vai sonhando. Só sonhando.
Estranha mesmo é essa coisa de pele, esse desejo que a nossa pele burra tem. A mente sabe que jamais daria certo qualquer tipo de relacionamento, sabe que nem adianta tentar, sabe tudo. Sabe que seria errado, que seria dramático, que seria bizarro, que não daria certo, que teria um monte de gente falando, que a gente mesmo não iria aguentar, não pelas pessoas, mas pela gente mesmo. A mente sabe que ela, a mente, não conseguiria conviver com isso.
Mas a pele, ah, a maldita pele.
A pele se arrepia só de ver. Quando os ouvidos ouvem a voz, a pele se arrepia, arrepia a nuca e faz a gente pensar "Oh, céus!". Quando os olhos focalizam as mãos, os braços, a pele grita e queima, e pede pro coração bater rapidinho. Quando os olhos encontram com aqueles olhos, a pele manda um calorzinho pro corpo inteiro. Quando a gente fica a meio metro de distância, a pele - a maldita pele! - faz a gente não conseguir controlar um sorrisinho, meio besta, meio safado. E a pele, acreditem, induz a mente a pensar coisas estranhas. A mente é uma besta. Quando reparou, já está pensando em tudo o que a pele quer fazer. E ainda manda sonhos de noite.
A pele ri e acorda satisfeita. Quer dizer, meio. Satisfeita por ter enganado a mente. Insatisfeita e fazendo beicinho porque queria tanto, tanto, tanto...
Mas a mente, pelo menos a minha, ainda ganha essa batalha. Vai sonhando, minha filha, vai sonhando. Só sonhando.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Raivosa
Ai, caralho, que eu tenho raiva do carnaval, tenho raiva de gente inconstante, tenho raiva de ter sono e ter preguiça de dormir, tenho raiva de dor de cabeça e tenho dor de cabeça de tanta raiva.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Bebe. Bebe.
Duas e meia da manhã e eu chego em casa com um vazio na boca do estômago. Não é fome. É bebedeira misturada com outra coisa. Caguei de rir com o ZéTi e o Paulinho e a Letícia, que eu conheci hoje e que bebe cachaça. Eu não bebo cachaça. Nem preciso. Fico louca mesmo sem. Dancei até, dancei até rockabilly, cantei no palco com a Yeda (ah, Yeda, obrigada, flor, por tudo, flor), fumei quem nem uma vaca velha, bebi cerveja gelada, cerveja morna e cerveja quente. Xixi, fiz também. Deixei de falar coisas que eu queria, mas não ia adiantar mesmo, a merda tava feita, e fui eu que fiz. No sentido figurado, tá? Não caguei na balada, que eu não sou dessas. Voltando pra casa, pensei em acidentes de carro ou quase isso no Tapetão, tocou Céu no meu carro e eu quase morri, lembrei de uma festa no DCE há mil vidas atrás, eu estava magra e cantava e namorava um merda e um moço loiro lindo vinha falar comigo e uma galera cospia fogo de cima dos telhados do DCE. Sabe que o moço loiro está ainda mais bonito uns 4 anos depois, mas o que é que eu posso fazer se estou bêbada, e mesmo que estivesse sóbria eu nada faria. Vamos dormir que amanhã eu tenho tipo umas 800 questões pra corrigir no mínimo. Um sono breve. Mas que pelo menos eu sonhe. Sonhe que estou longe daqui, que trabalho em outro país, que moro em outro país e não conheço ninguém, que sou feliz, ou pelo menos que tento, sonhe que eu tenho sapatos azuis. Mas eu tenho mesmo. Sonhe que esse vazio na boca do estômago já passou, sonhe que há 4 anos atrás eu era outra, sonhe que acidentes não acontecem à toa, sonhe com loiros. Ou um só. Aquele de 4 anos atrás. E que eu nuca seja tonta no sonho como sempre sou na vida de verdade. E que esse vazio no meu estômago seja preenchido. Seja ele bebedeira ou o que for. Boa noite.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Sleepless na Capitar
E então eu não consigo dormir. São 5h34 e eu não consigo dormir. Será que o dia vai amanhecer e eu vou ver? Eu não quero. Eu queria deitar e dormir, dormir e sonhar, sonhar coisas bonitas. Mas nem adianta deitar, não tenho sono nenhum.
Tudo bem que eu acordei uma da tarde hoje. Mas mesmo assim. Se eu tivesse acordado 8 horas, agora seria meia-noite, e eu já teria sono. Mas nada disso. Fuck. Fuck. Fuck.
Fumo mil cigarros, ouço mil músicas, penso em mil coisas, tenho vergonha de coisas que eu fiz e queria poder fazer diferente, mas agora já foi. E não tem uma viva alma pra conversar. Já são 5h40 e eu aqui, de olhos espetados.
Daí penso que eu devo me importar demais, mesmo, e isso faz com que eu não seja tão interessante. Conheço uma galera mucho doida que faz as maiores abobrinhas e não fica encanada com isso. Nem aí. Nem confiança. E essa atitude faz com que elas pareçam mais legais. Mas eu, não. Qualquer escorregadinha, qualquer pisadinha de leve na jaca, pronto: caos total na minha mente. Fico pensando, relembrando, rio de mim mesma morrendo de vergonha do que fiz, lembro detalhes e penso "ai, caralho...". E não era pra ser assim. Não era. Não era mesmo. Nem fiz nada demais. Mas poderia ter sido tão melhor. Mas não foi, e, ao invés de eu pensar "foda-se", eu fico me martirizando. Daí, quando já são 5h52 e eu não consigo dormir, eu fico lembrando das merdas que fiz (nem foram merdas, eu nem tive culpa), e aí é que não dá pra dormir, mesmo.
Eu penso na merda do último capítulo da novela que eu nem via, mas vi hoje o último capítulo, aquela cena ridícula de casamento, todo mundo com parzinho, todo mundo de casal, como se ninguém pudesse ser feliz sozinho. Tom Jobim que vá tomar no cu com esse lance de "é impossível ser feliz sozinho". Os autores de novela que se fodam. Quem disse que é impossível?
Eu ouço Maysa começando a tocar no ITunes e não tenho força pra mudar de som. E, quando percebo, tô aqui chorando sem saber por que e fumando mais um cigarro. Tô olhando pela janela pra ver se o dia clareia logo. 5h57 da manhã. Tem tanta coisa que eu queria mudar e não consigo. Tem tanta coisa que me falta, tem tanta coisa que me sobra, e eu precisava tanto resolver. Precisava esquecer de muita coisa, precisava lembrar de outras coisas. Mas agora, nada. Agora, é silêncio. A cidade de São Paulo nunca esteve tão silenciosa. Parece que eu tô na roça, não tem barulho de carro, de ambulância, de nada, só o motor da geladeira e a Maysa cantando, e as teclas do note do Du trabalhando fervorosamente, o Du dorme lá em cima, o Dan dorme lá em cima, as pessoas dormem pela cidade, pelo país, é sábado de manhã já e eu aqui ainda na sexta.
Será que foi o vinho do porto? Não, né? Deveria me ajudar a relaxar. Nada. Fico lembrando de mim mesma no metrô hoje, com medo de tanta coisa, com medo de me empurrarem da plataforma, com medo de pegar o trem pro lado errado, com medo de levarem minha bolsa, com medo de encontrar com gente que eu não quero, com medo de ser mais feia do que eu penso que sou, com medo daquela curiosidade mórbida que dá de saber como é dentro do vão do trem. Com medo de ser só mais uma formiguinha nessa massa de formiguinhas. São Paulo me faz mal, acho. Essa sensação de vazio, de solidão, aumenta aqui. Agora eu acho que sou a pessoa mais solitária do mundo. As pessoas dormem. As pessoas voltam de baladas. As pessoas acordam pra correr e fazer exercício. Eu sei que deve ter um monte de gente acordada também, mas não tem ninguém aqui perto, aqui do meu lado pra dizer "eu também não consigo dormir, eu também fico pensando um monte de merda, eu também tenho muito medo, eu também queria parar de fumar, eu também tô vendo o céu clarear, eu também acho que estou sozinho".
Amanhã vou estar um caco. Todo mundo dormiu. Eu não. E daqui a pouco o dia começa e eu preciso estar feliz. 6h11 da manhã. Bom dia.
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