domingo, 29 de março de 2009

Parem que eu quero descer

É uma espécie de bodinho, de desinteresse geral, de desespero, de ansiedade. Estou aqui agora, mas o que vou fazer depois? E parece que eu sou a única que pensa assim, a única que sofre, estão todos curtindo o aqui e o agora, e eu desesperada pensando no depois daqui. E sofro ainda mais por isso, por ser a única descontente, será que eu sou tão chata assim? Sim, eu estou tão chata assim. Até mais.

Eu queria que o depois daqui fosse gostoso, diferente, surpeendente. Mas nunca é. É sempre a mesma coisa. Pôrra, é sempre a mesma coisa. Que é uma coisa legal, mas já deu. Eu queria o diferente. Eu sei que o diferente não é necessariamente melhor, mas eu queria o diferente, sair da pasmaceira de sempre, ver o que tem do lado de lá. Mas não sei ir. Na verdade, não sei nem onde é.

Óbvio que, muito provavelmente, isso não tem a ver com ninguém mais. Só um reflexo do que acontece aqui dentro. Dessa insatisfação, dessa vontade de pular esse muro e abrir esse portão e sair correndo por esse mundo, capotando no caminho, me reerguendo e continuando, deixando as roupas em frangalhos pelo corpo, me entorpecendo, me desconhecendo, viver, enfim. Eu continuo aqui do lado de dentro, presa por mim mesma, vivendo o normal e o tradicional. E então nada acontece. E eu me frustro, mas também não mudo. Vou pra casa comer pipoca e ver filme com a minha irmã. Sábado à noite. Mas sabe que nem é tão ruim assim?? Pelo menos é diferente do de sempre. Não é o que eu gostaria, mas é diferente. Pelo menos eu não volto pra casa às 4 da manhã, ou pior, às 2 da manhã, frustrada porque não aconteceu nada. Dessa vez, pelo menos, eu nem saí. Então nem tinha pra onde voltar.

Fase de limbo total, de cansaaaaaço, cansei de tudo igual, de tudo flat, de tudo normalzinho, sem grandes problemas, sem grandes questões, sem emoção nenhuma. Não quero a normalidade. Quero montanha-russa, ora lá em cima, ora lá embaixo, ora medo, ora prazer. Esse carrossel do caralho já me enjoou, e eu tô prestes a vomitar.

sábado, 21 de março de 2009

Pra quê??

Eu podia ter ficado em casa e deixado a locadora pra outro dia. Mas eu fui. Eu podia mesmo ter ficado em casa, porque esqueci meu mp3 em casa, e não sei dirigir sem som; voltei pra casa pra pegar, e podia ter ficado em casa, mas não: eu fui. Barão Geraldo, locadora. Sim, porque lá tem a melhor locadora do mundo, eu vou de vez em quando e pego um monte de uma vez. Eu podia ter voltado pra casa bem quietinha, mas não: eu liguei pro Lucas. E ele me disse que tava com uns amigos no Coxinha. Eu podia ter ido pra casa, mesmo assim, mas eu não fui: fui pro bar. Eu podia ter tomado um copinho de cerveja só e ido pra casa, mas não, eu fiquei lá e bati o maior papo com os amigos estrangeiros do Lucas. Eles me chamaram pra uma festa. E eu podia ter dito não. Eu disse4, na verdade. Mas eu mudei de idéia. Eu podia não ter mudado de idéia, mas eu mudei. E resolvi ir. A gente chegou na porta da festa, e eu podia ter entrado, mas não entrei. Achei muita molecada, pagode tocando, Deus me livre, muita gente junta, os gringos também não queriam entrar. Eu podia ter ficado lá na festa mesmo, mas não fiquei. Fomos procurar outro bar. E eu podia ter ficado nesse bar, mas também tava lotado, e fomos pra Casa São Jorge. Então podíamos ter entrado na Casa São Jorge, mas não estramos, porque estava fechando. A qualquer momento eu podia ter decidido voltar pra casa, já era uma da manhã e eu ali de rasteirinha, olheiras enormes por causa do show de ontem, cabelo de lavadeira e cara de morta. E eu podia ter voltado pra casa. Podia. Talvez eu devesse ter voltado. Mas eu fui pro Bar do Zé.

Ah, eu fui pro Bar do Zé.

Tantas coisinhas tão pequenas, tantos instantes tão minúsculos e mágicos em que uma simples decisão podia mudar tudo. E nada. Lá tô eu no Bar do Zé. Pra quê? Me digam, pra quê?

...

Pra conhecer pessoas interessantes, pra treinar meu inglês (e ouvir do Adam que meu inglês é bom, hahahaha), pra morrer de rir com o Chan, pra ouvir da Nina que a vida de solteira é "mais simples", pra ganhar colo do Lucas (sempre Lucas), pra conversar, rir, tomar cerveja. Pra aprender que nesse mundo nada acontece por acaso. E, principalmente, pra ouvir uma voz que vem lá de dentro de mim, bem de dentro mesmo, gritando:

ACORDA, ALICE!!!!!!!!!!!!

sábado, 14 de março de 2009

Síndrome de Scarlett O'Hara

Uma amiga me disse que tem saudades do tempo em que homem era homem e viado era viado. Porque, segundo ela, hoje tudo tá confuso e nunca se sabe.

Eu, cá pra mim, tenho saudade do tempo em que homem que namorava namorava e não olhava pro lado. Será que esse tempo existiu? É, talvez não. Mas hoje em dia, a sacanagem tá generalizada.

O que é que está acontecendo com o mundo, meu Deus?

Um figura que eu nunca vi me adiciona no orkut. Eu vou deixar um recado perguntando de onde o conheço, mas ele só aceita recados de amigos. Adiciono então pra não correr o risco de estar cometendo um erro, vai que o cara estudou comigo e eu não lembro... Se não for nada, depois desadiciono. O figura então me manda um depoimento dizendo que me achou interessante e querendo marcar um chopp. Vou ver as fotos dele. Namorada. No profile dele não diz "namorando", mas no da namorada diz. Fala sério.

O que é que está acontecendo com o mundo, meu Deus?

Segundo opiniões masculinas que ouvi ontem, as mulheres querem um poodle, mas os vira-latas são mais interessantes. Eu não quero um poodle, Deus me livre. Mas também tô meio que longe de querer um vira-lata. Pode ser um boxer?

"I'll take the wrong man as naturally as I sing" (Amy)

Eu tinha me esquecido de como é bom sair sozinha. Pegar o carro e ir. Sem depender de ninguém pra chegar, pra sair, pra ficar ou pra mudar de lugar. Quando a gente procura alguma coisa, certamente não encontra... Mas quando a gente não procura nada, aparecem coisas interessantes. No show da Pauline Black, na São Jorge, aparece um ex-aluno querido, enorme, maior que eu, que insiste em me chamar de "professora". "Quer uma cerveja, professora?". Não combina, né?
Cansei do ska. A banda era animal, mas cansei. Paguei. Fui. Pantannal, ver a querida Tati Rocha. Conheci dois figuras amigos dela.
Eu tinha me esquecido de como é bom conversar com homem. Homem entende mesmo homem. E diz o que a gente precisa ouvir. A minha cabeça é 200% feminina, apesar de o meu comportamento não ser, então tem gente que me vê falando palavrão e fumando e berrando e sentando de perna aberta e nem imagina a princesinha que eu sou (tão aí meus amigos, que não me deixam mentir: eu sou uma princesinha besta do caralho). Então penso muito como mulher, e ouvir pensamentos de homem sempre me fez bem.
Obrigada, queridos novos companheiros, pelas verdades que eu precisava ouvir. Confesso que o pulgueiro ficou aqui atrás da orelha. Mas algumas pulgas são bem interessantes. Quem sabe...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Meus alunos

Tem de quase tudo. Mais meninos do que meninas, é verdade, mas eu gosto. Nada como minhas turmas de Informática... e Games. Eles não gostam muito de Português, verdade seja dita. Mas eu tento não fazer ficar tão chato. Tem dia que tô com o demônio no corpo, verdade também. Que faço o inferno na sala de aula, que viro o demônio. Mas tem dia que tô a fim de rir e de fazer rir.

Tô com vários projetos legais envolvendo literatura. Preciso organizar, colocar no papel e depois tirar do papel. Vamos ver se consigo envolvê-los.

Mas o fato é que eu os amo. De fato. Mesmo que eles me deixem doida às vezes, mesmo que eu fique rouca às vezes e não consiga cantar direito depois nos shows, mesmo que eles me tirem do sério, mesmo que eles gostem de funk e Malhação. Mesmo assim. Pôrra, eles são adolescentes, eu é que era uma adolescente estranha demais.

Tem de tudo mesmo. Tem aluno bonito, tem aluno feio, tem aluno lindo de morrer (tem, viu?), tem aluno inteligentérrimo, tem os menos favorecidos intelectualmente (tem, ué), tem os medianos, tem os fora do cabo, tem os engraçados, tem os sem-graça. Tem os que se esforçam e tem os que simplesmente são. Tem os que pegam as coisas no ar, tem os que pegam no tranco, tem os que não pegam. Tem, gente, tem.

Tem aluno que dá orgulho, tem aluno que dá raiva, tem aluno que dá vontade de ser mais amiga, tem aluno que dá vontade de morrer, tem aluno que dá vontade de matar. Mas, ainda assim, eu amo. Amo porque sou uma idiota. Porque amo o que eu faço, caralho, como eu amo.

Hoje meus colegas do bem, professores queridos, estavam falando que vai abrir um concurso do TRT da pôrra, pra ganhar 6 paus por mês. Eu perguntei o que faz uma pessoa que trabalha no tal TRT e eles disseram "carimbo o dia todo". Nem a pau, Juvenal. Nem a pau. Desculpa, eu não nasci pra ficar fazendo trabalho de macaquinho o dia todo. Nem que seja pra ganhar muito bem. Não dá, eu simplesmente não consigo. Não sobrevivo dois meses...

Eu gosto de preparar minhas aulas, de pensar no que fazer em sala, gosto até mesmo quando eu falo a mesma coisa pela quarta vez seguida, em salas diferentes, porque cada vez que eu falo eu aprendo mais sobre o assunto, e aprendo mais sobre falar sobre o assunto, e aprendo mais sobre como eles aprendem, e aprendo mais sobre como ensinar. Eu gosto de ver as caras interessadas, as caras de sono, as caras de "não entendo", as caras de insights, as caras de risada, as caras adolescentes que tanto mudam e que revelam as mentes que tanto fervilham ali dentro, e os corpos que mudam e incomodam, envergonham, os alunos de moletom num puta calor de 40 graus, os alunos de baby look porque são magrinhos.

Hoje, numa sala de primeiro ano, eu me dei conta do quanto estou feliz. Do quanto gosto de fazer o que eu faço. Mesmo que tenha trocentas provas e redações pra corrigir. Mesmo com a parte ruim, com os dias ruins. Olhei praquelas 43 carinhas (putaquepariu, 43 é de foder...) e sorri com calma. Gosto deles. Gosto muito. Tive vontade de dizer "Quero dar aula pra vocês no ano que vem de novo". Sei lá, não disse, passou o momento. Mas eles sabem. E, no fim das contas, ninguém quer mesmo dar aula pros "infernáticos".

Eu confesso que adoro. Amo.

Suspiros.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Confusão bipolar

A gente sabe tão pouco de tudo. A gente pira, mas a gente nunca vai saber a verdade (até saber).

Então acho que não adianta ficar queimando a cachola, pirando, surtando, será?, Oh! Deus, como?, Por que desse jeito?, se não vamos saber nada mesmo até ser a hora de saber.

Que, no fim das contas, tudo se ajeita. Ou desmorona.

Mas, até lá, não frite. Pelo menos tente.

(Isso é de mim para mim mesma, ok?).

Por que tem que ser assim comigo? Por que tem que ser exatamente assim? Por que não pode ser legal, do jeito que eu quero, do jeito que eu gostaria? Nem é pedir demais, eu nem quero demais (tá bom, confesso, só um pouco...), mas por que tem que ser assim complicado? Por que a gente fica feliz e logo depois WRAAAAWWW, vem a lambada da vida? A chicotada essencial? Caralho, caralho, caralho.

Eu não quero surtar. Eu não vou surtar. Juliana, não surte. Você está parecendo seus alunos adolescentes, porra!

Be cool.
Be cool.
Be cu.

Ares de Unicamp

Hoje fui ver a aula inaugural que a querida Carô deu no IFCH, sobre a contracultura, falando da Tropicália (principalmente). Além da aula ter sido um arraso, despretensiosa e deliciosa, fiquei aqui com uma saudadezinha dos meus tempos de Unicamp. Saudade que eu tenho faz tempo de estudar de novo, de ler de novo, de conversar conversas da minha área de novo, de ouvir gente que sabe muito mais do que eu falando, de aprender. Caralho, eu tô ficando velha e tô aqui parada.

Mestrado urgente!

sábado, 7 de março de 2009

Bar do Zé, o menino bonito e o acidente

Show no Bar do Zé em Barão. Preguiça do caralho de ir. Porque eu sabia que ia ser muito quente, muito calor. Porque começa tarde e acaba tarde. Porque eu tava desanimada mesmo. Mas tem que ir, vamos.

Primeira coisa que me animou: as cervejinhas que tomei com o povo da banda e as risadas que dei com Lucas. Figura...

Segunda coisa: o show foi do caralho. Uma puta vibe leal, animada mesmo, uma energia boa, som bom, galera curtindo muito mesmo (Virtual foi lindo). Me acabei de cantar e de dançar, minha voz não estava rouca, todo mundo quebrando tudo, foi o máximo.

Terceira coisa: no fim do show, vi um carinha que eu já tinha visto em outros shows. Na verdade, a primeira vez que o vi, eu estava namorando (e o namorado era da banda). Achei uma gracinha, mas só. Ele veio elogiar a banda e tal. Isso faz bem mais de um ano. Ô se faz, imagina, se eu estava namorando, deve fazer quase dois anos. Depois o vi de novo no Bar do Zé mesmo. Mas hoje, dessa vez, ele veio falar comigo. E eu pensando “Nossa, ele é uma gracinha mesmo...”. Disse de novo que gostava da banda, trocamos umas palavras e tal. Eu saí pra procurar minha queridíssima amiga que foi me ver, e depois não achei brecha de voltar e puxar papo. Fiquei olhando. Bastante. Ele é mesmo bonito...

Vi quando ele foi embora, correndo pela rua, acho que brincando com os amigos. Tomei mais um pouquinho de breja, bati mais papo com o Lucas (figura e bêbado) e com o Fer e decidi ir pra casa. Dor de cabeça da porra. Dei carona pro Dé e estava a caminho de Campinas, pelo tapetão, ouvindo a Céu cantar “Malemolência” no meu carro. E eu cantando junto “Menino bonito, menino bonito, ai...”.

Pensando no tal. Será que a gente se vê de novo, nem faço idéia do que ele faça na vida, só sei o nome dele. De repente, um acidente na estrada desvia minha atenção. Um carro no barranco, praticamente virado na contramão, quase caindo. Uma galera parada do outro lado da pista. Reduzi e olhei. E quem está ali? O menino bonito!

Deus Pai do Céu, eu aqui pensando nele e o cara envolvido num acidente. Fiquei branca, fiquei gelada. Será que tá tudo bem? Será que tem alguém machucado? Será que ele se machucou? Acho que eu vou voltar. Putz, mas tem que ir até a ponta do tapetão e voltar tudo... e vou voltar pra quê? Nem conheço ele... vou fazer o quê, chegar assim? Putz, quase 5 da matina, deixa quieto, eu não tenho nada com isso, vou pra casa dormir, que amanhã tem casamento pra cantar.
Quando chego no fim do tapetão, vejo uma unidade do SAMU passando. Pronto, fudeu. Alguém se machucou. Eu vou voltar.

Faço o retorno, pego o tapetão de novo, vou até Barão e faço a volta. Chegando no lugar do acidente, parei. Tadinho, acho que ele não entendeu nada. Eu disse que tinha visto o acidente, visto que era ele, e decidi voltar, ver se precisavam de alguma coisa, se estava tudo bem. O carro era dele, ele rodou na pista (céus!!), sozinho, mas tava tudo bem. Não machucou nem nada. Que bom. Fiquei meio sem graça, uma tonta, falando rápido. E ele com um sorriso lindo dizendo que não acreditava que eu tinha voltado. “Eu não sou sempre assim”. Que bom, hehehe. “Mas olha só, eu rodo na pista e ainda me para a Juliana...”.

E foi isso. Eu falei “Então tá bom”. E voltei pra casa.

Agora eu já sei. Já sei o que uma amiga (duas amigas) vai (vão) falar. Você é uma tonta, bocó, volta lá pra nada? Nem pra deixar telefone, trocar contato, sei lá? Pois é. Não. Essa não sou eu.

Mas eu pensei uma coisa. Olha só. Ele me disse que por pouco não capota o carro. E eu fiquei imaginando: suponhamos que (Deus o livre, Deus me livre, Deus nos livre) ele tivesse capotado e morrido. Eu nunca mais ia vê-lo, provavelmente nem ia saber do acontecido; mas se soubesse por alguma razão, ia ter me culpado por não ter ido puxar papo com ele de novo lá no Zé. Imagina, fiquei um tempão olhando ele de longe, nem fui conversar, e o cara morre...

Pois é. Só que ele não morreu. Tá aí, ainda inteiro, ainda lindo, ainda vivo. Condição fundamental pra que a gente possa se cruzar de novo por aí. E se for pra ser assim, vai ser assim.

Estranha, eu sei. That’s just me.