quarta-feira, 9 de junho de 2010

O episódio das mandalas para colorir

Então, eu já contei pra algumas pessoas, mas agora resolvi escrever o episódio das mandalas. Principalmente porque eu estava contando outro dia e a Candice ouviu e disse que eu deveria escrever roteiros pra TV, tipo Os Normais. Adorei, Can, mas não sei se teria tanta coisa pra contar, e também não sei se inventando ficaria tão natural... enfim, bora lá.

Bom, estava eu em umas andanças minhas pela internet, dessas vespertinas, quando não tenho nada pra fazer na agência, quando caí no blog de uma amiga de uma amiga minha, que eu nem conheço (a amiga da amiga, claro, a amiga é a Marina). Daí que a tal menina falava que fulaninho tinha dado pra ela de presente 47 mandalas pra colorir.

Daí minha mente doentia começou. Puxa, que legal, por que é que ninguém nunca me deu mandalas pra colorir? Deve ser legal ter alguém que goste de você a ponto de te dar mandalas pra você colorir... Por que é que ninguém nunca me deu mandalas pra colorir? Ia ser legal se alguém um dia aparecesse com mandalas e dissesse: “Tó, pra você colorir”. Mas nem tenho ninguém que se importe comigo tanto pra me dar mandalas pra colorir. Mas, peraí, como é que alguém podia saber que eu ia gostar de colorir mandalas? Não parece mesmo a minha cara... Mas e daí, eu só queria mesmo era ter um amigo de verdade que me desse mandalas... Mas será que eu gosto de colorir mandalas? E, se nem eu mesma sei se gosto, como posso querer que alguém pense nisso? Bom, foda-se, chega de fazer a coitadinha, se ninguém me dá mandalas pra colorir, eu mesma me dou. Vamos procurar essa merda.

Tudo isso cruzou minha mente em mais ou menos três segundos.

Google, o pai dos desmandalados. Comecei a digitar “mandalas para” e ele logo completou “colorir”. Eu pensei: “Puta merda, se até o Google já sabia o que são mandalas pra colorir, deve ser uma coisa muito da foda, que todo mundo tá fazendo, só eu que tô por fora e não sabia...”. Cliquei em alguns sites e logo descobri uma infinidade de desenhos. Beleza. Separei um que achei mais legal, um que tivesse partes bem pequenas, porque não tenho paciência pra ficar pintando grandes espaços, e imprimi.

De noite, em casa, ressuscitei meus lápis Faber Castell, 48 cores, daqueles que vinham com o dourado e o prateado. Sentei, apontei todos e comecei. Doeu o dedo, porque eu não sou mulher de ficar pintando fraquinho. Ia sair nessa noite, era uma sexta-feira, ia no Bar do Zé, mas quem disse que eu conseguia levantar e ir tomar banho? E largar minha mandala incompleta?? Lutei comigo mesma por alguns minutos e afinal fui. Mas voltei logo. Madrugada, eu de pijama pintando mandala.

Ficou linda. Acordei cedo no sábado e imprimi mais umas cinco. Comecei a pintar uma vendo um jogo de vôlei, mas só usando cores frias. Minha mãe odiou, queria amarelo.

- Como é que eu posso usar amarelo se a proposta dessa mandala é só usar cores frias?
- Hum.
- Só vou usar tons de verde, azul e roxo.
- Hum.
- Não tá ficando bonito? (Necessidade do reforço positivo, maldito Skinner, maldito Pavlov)
- Falta amarelo.

Foda-se o amarelo. Na segunda-feira, passei na papelaria pra me equipar. Comprei uma caixa de lápis aquareláveis, mais uma caixa de lápis metálicos, mais brocal e purpurina, de várias cores. Gastei uns 30 contos. Em casa, de noite, coloquei todos separados por cores em copos diferentes (um pra cores frias, um pra cores quentes, um pra aquareláveis e um pra metálicos), enfileirei os potinhos de brocal e purpurina, coloquei potinho com água e pincel. Acabei a de cores frias e fui espalhar purpurina. Você conhece purpurina? É coisa de maquiagem de drag, mesmo. Gruda que é uma merda. Não grudou só em cima da cola. Fudeu minha mandala de cores frias. Minha mãe cagou de rir.

Meu pai achou bonitas as mandalas e disse que ia escolher uma depois pra levar pro trabalho dele. Me senti com nove anos de novo.

Ninguém podia nem pensar em desmontar meu ateliê, na mesa da sala. “Não, mãe, não arruma, deixa assim, quando eu chegar do trabalho vou pintar mais”. A mesa da sala ficou impraticável. Foda-se, é o meu ateliê.

Pintei mais uma. Comecei outra, deu preguiça. Ficaram lá. Ficaram lá os lápis, os brocais, tudo. As mandalas. Cansei. Deu. Um dia eu volto.

Você não tem ninguém que te dê mandalas pra colorir? Liga não, bobo. Pega aqui, ó.

Um comentário:

Anônimo disse...

hahahahaha
só você mesmo, Ju...
e o piro é que eu quase consigo ver, os lápis apontados, separados por cores, os potinhos de purpurina alinhados, você obcecada com a pintura... rsrsrs
Isso é toc, viu?
bjomeliga!
Isa
ps: ah, se aqui na repartição não tivesse só canetas azuis e pretas.... tons de grafite? bah, acho que não... rsrsrsrs