quinta-feira, 25 de maio de 2017

Notas

Eu invento um personagem de mim, acho que vou consegui-lo levá-lo a cabo. Mas daí, no fim das contas, eu não consigo. Porque não adianta criar uma persona que seja tão diferente de tudo aquilo em que eu acredito, de tudo aquilo que eu quero, que eu acho que mereço. Eu não vou conseguir atuar até o fim, vou esquecer as falas no meio do rolê, pode até ser que abandone o palco na primeira cena. Então é melhor deixar quieto e voltar aos velhos ensaios de sempre.

Todas as minhas certezas não me servem de mais nada. Os meus sonhos não se realizam, e olha que eu sempre segui o conselho que aprendi com os livrinhos (que vinham com disquinhos) da Cinderela, de não contar os sonhos para que eles se tornem realidade. Eu não conto, mas mesmo assim nada acontece. Ninguém aparece. Os fantasmas não se tornam em carne e osso, os desejos se liquefazem e escorrem pelo ralo, eu continuo uma ridícula de 16 anos.

Eu dou prazo pra mim, pra você, planejo e penso, escrevo até o que vou enviar quando o prazo expirar. Mas daí ele expira e eu não faço nada. Porque achei que seria ridículo. Então a pasta de Documentos vai se entupindo de textos escritos e nunca enviados, nunca lidos por ninguém, só por uma Juliana já cansada, meses depois, cansada de ser tão besta, e que decide criar um personagem e mudar de vida.

Mas eu não consigo, mas eu não mudo, mas nada acontece e cá estou.