quinta-feira, 24 de julho de 2014

Minhas impressões sobre o Tinder.

Então. Eu resisti, relutei. Achava uó. Achava bizarro esse catálogo de gente querendo se pegar, esse QUERO/NÃO QUERO baseado em uma foto. Ouvia histórias péssimas, de encontros desastrosos. Mas tão divertidas, que resolvi ver qual era. Olha, alguns dias depois, tenho algumas considerações, algumas delas um tanto quanto preconceituosas, então perdoem-me logo de cara. Ou não, foda-se.

1) É impressionante a quantidade de homens com fotos em barcos, aviões ou meios de transporte não convencionais. Eu só dou risada. Jura que é isso que te define?? Jura que é isso que você escolhe pra passar uma primeira impressão? Pra encantar as pessoas? Bom, faço a risada do Sheldon e aplico logo um NÃO.

2) Tô impactada com a metrossexualidade dos caras. Juro. É que eu tenho um bando de amigo viado (um bando meeeesmo), então talvez eu esteja mal-acostumada, mas juro que quando vejo determinadas fotos e vejo que o cara está ali procurando mulher, penso que talvez ele esteja um pouco enganado a respeito de si mesmo. Se a sobrancelha do cara é mais bem feita do que a minha, aplico logo um NÃO. Se a foto dele é no espelho do banheiro levantando a camiseta e mostrando o tanquinho, aplico logo um NÃO. O que um cara desses vai querer comigo, a sedentária-gordinha-academia-I-hate-you? O que eu vou querer com um cara desses? Gente, juro, tinha um cara cuja foto era da sunga branca, marcando o pau. Risos, né? Tasco logo um NÃO.

3) Tudo bem que eu SuzanaVieirei e coloquei a idade a partir de 19, mas tem um povo tão Malhação que eu fico assustada. A juventude anda muito besta. Galera fumando Leite Ninho no narguilé. Rio de mim mesma, que é que eu tô pensando?, e mando um NÃO.

4) Foto de farda, óculos espelhado colorido, foto no espelho da academia, foto com mulher, foto com óleo no corpo, deitado na cama sem camisa, ai, gente, pera que tem lágrimas no meu olho de tanto gargalhar...

5) É muito legalzinho quando você curte alguém e a pessoa também te curte. Tipo, jura que esse cara que eu achei bacaninha me achou bacaninha também? :)

6) "Ai, como você é louca, preconceituosa, desse jeito vai morrer sozinha, você não gosta de nada, você julga as pessoas"... Pera, mas não é assim pra todo mundo, até pra quem mete esse discurso politicamente correto na frente e continua agindo e sentindo como sempre, por mais que não admita? E esse lance todo de Tinder não é, basicamente, um julgamento que se faz, com base em uma foto?

7) Sabe o que é mais legal? É, num mar de gente igual, de gente nada a ver comigo, encontrar ilhas de estranheza. Eu sempre gosto dos estranhos. E tem estranhos do jeito que eu gosto no Tinder. Assim, um a cada 50, mas tem. :) Tô aqui me divertindo.  

sábado, 19 de julho de 2014

Tanto bate até que.

Então às vezes me dá uma vontade de estragar tudo. Carência, eu bem sei. Vontade de voar no pescoço e de usar todas aquelas armas que eu sei que tenho mas que guardo. Porque eu acredito que seria tão mais bonito vencer sem usá-las. Tão mais interessante acontecer assim num dia perfeito, sem aviso, água mole furando a pedra dura depois de tanto tempo. Tanta gente por aí usando furadeira, e eu aqui na água mole, insistente, mas mole, que só vence com o tempo. É que aquele furinho de furadeira é tão feio perto da beleza do desgaste da rocha, que só acontece com a insistência, com a paciência, quando a gente não aguenta mais e daí percebe que tem um pedacinho de pedra se soltando, daí a gente faz cara de paisagem e solta o último suspiro de água, aquele que a gente sabe que vai fazer tudo desmoronar, e vai ser lindo, a pedra dura caindo nos braços da água mole, que a recebe com cara de que nem sabia que ia acontecer, mas no fundo dos olhos você pode perceber que, desde a primeira onda, ela tinha a intenção de fazer tudo desmoronar, ruir, romper, rocha caindo na água e levantando respingos. Vida de água é muito difícil. As furadeiras e britadeiras se dependuram no primeiro momento, fazem um barulho ensurdecedor, conseguem o que querem na hora em que querem. Mas o que conseguem? Um furinho. Eu nunca quero só um furinho. Quero a rocha toda caindo, desmoronando, sem defesa, sem perceber, sem anúncio, acidente geográfico, catástrofe não anunciada, desastre ambiental. Mas é que leva tanto tempo. Pra rocha se soltar, é preciso paciência. Espera. Um passo pra frente e dois pra trás. Noites secas e intermináveis, rindo de si mesma, do ridículo que é ser água, da sede absurda que não se pode matar com um copinho, com um furinho. Talvez furadeiras sejam mais felizes, com seus vários furinhos constantes em diferentes rochas. Eu não sou assim. Eu sou água, mirando a pedra dura, mandando ondas e mais ondas e mais ondas. E esperando. Dizem que tanto bate até que fura. Esperemos. Guardo de volta a broca no estojo, rindo de mim mesma por ter pensado em usá-la, e solto mais uma onda. Esperando.