sexta-feira, 30 de maio de 2008

Tapa na cara virtual

Adoro discussões por escrito. Cheias de argumentações. Gosto de ver o esforço das pessoas pra colocar seus pensamentos no papel (ou na tela). Sempre curti uma "briguinha" saudável por e-mails ou afins. Às vezes, provoquei algumas. Muito mais fáceis do q discusões ao vivo, te dão tempo pra pensar e colocar seus argumentos da melhor forma possível. E servem pra cada um pensar mais, às vezes passando pro outro lado, por concordar com os argumentos alheios, às vezes intensificando e aprimorando seu próprio ponto de vista.

Essa semana descobri tardiamente um quebra-pau virtual q rolou entre o Sírio Possenti, q foi meu professor na Unicamp, e o Luiz Antonio Sacconi, um desses professores defensores da língua padrão. Parece q o barraco (q nem foi tão barraco assim) rolou no mês passado. Amei.

Bom, o Sírio é um lingüista q vai contra esses policiais da língua, e defende e divulga idéias baseadas na variação lingüística e contra o preconceiro lingüístico, tentando ver nos "erros" comuns do português razões lógicas e da própria língua, e não tachando os falantes de burros. Defende também a atenção para a língua não-padrão, e faz uma análise mais tranqüila sobre as formas consagradas pelo uso, contra a radicalidade dos gramáticos. Já o Sacconi é um tipo de Pasquale (se bem q mais radical, pq o próprio Pasquale já andou tentando virar a casaca... sem muito sucesso).

Estudei na Unicamp e tive contato com as teorias dos lingüistas por cerca de 5 anos, então minha opinião está meio influenciada por e imbuída desses conceitos todos. Até tenho discussões com meus amigos próximos sobre algumas questões da língua, e é difícil convencer o pessoal. Algumas vezes consigo. Sinto-me meio entre a cruz e a espada, pq meu trabalho de revisora exige de mim a correção dos escritos, para o português padrão. Mas até q tenho conseguido lidar bem com isso, atentando para o tipo de texto com que trabalho. Tento não ser uma chata da gramática (às vezes sou). Enfim...


Aqui está o link do prof. Sírio, o primeiro artigo q ele escreveu destruindo o Sacconi. Adorei, hehehe.
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2486180-EI8425,00-Mas+e+uma+gramatica.html


Aqui tem mais um artigo dele, muito bom também...
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2658525-EI8425,00-Nao+erre+mais+Sacconi.html


O Sacconi tem um blog, ridículo... extremamente preconceituoso e presunçoso. Ele comenta erros de português, tentando ser engraçadinho e sendo cada vez mais escroto... Leiam o post denominado "Vanessa e sua resposta", de 25/05, sobre o Sírio:
http://www.sacconi.com.br/blog/

E aqui, a resposta do Sírio, hihihi...
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2735266-EI8425,00-Um+blog.html


Bom, na verdade, agora pensando bem, nem se trata de uma discussão, pra ser exata. O Sacconi não tem argumento nenhum... dá a impressão de um velho chato q rebate as críticas dizendo q seus livros vendem (até aí, Paulo Coelho é fenômeno de vendas, e Bruna Surfistinha tb...).
Sinto-me orgulhosa de ter sido aluna do Sírio e de poder ter aprendido um pouco com ele. Concordo em gênero, número e grau com suas afirmações, não por ser vaca-de-presépio ou maria-vai-com-as-outras, mas por questões ideológicas, mesmo. Além disso, não se trata de ficar "do lado do Sírio", mas sim de toda uma corrente de estudiosos, lingüistas sérios e teorias interessantes. Sacconi tá por fora. Não dá pra ficar do lado de um cara desses. No blog dele, os posts são banais... corrige alguns erros, mas de uma maneira muito presunçosa e preconceituosa (tô repetindo, eu sei, mas é isso mesmo).

Eu tb tenho uma ica de "erros" de português, q vão contra o português padrão. Mas peraí, tudo depende... depende da situação, do veículo de comunicação, do tipo de texto... aquela velha história q os lingüistas usam pra ensinar a gente: a língua é como um guarda-roupa, cheia de opções. Vc não vai na praia de terno, e nem vai numa festa de biquíni (tem quem vai, eu sei, mas isso é assunto pra outro post). O ideal é usar a roupa adequada a cada situação, da mesma maneira como a gente fala e escreve diferente em diversas ocasiões. Não falo com meus amigos da mesma maneira q falo numa entrevista de emprego, não falo com minha mãe da mesma forma q falo com a dona da editora, não escrevo um e-mail pros autores da editora do jeito q escrevo no meu blog ou como faço uma lista de compras... O problema é q nem todos têm um guarda-roupa completo... se você só tem biquíni, tem q improvisar pra ir à festa. Daí acontecem os paus... por isso, as pessoas sem acesso à educação e à cultura se dão mal em vestibulares e entrevistas de emprego, pq não têm a variante da língua correspondente ao "terno". E fornecer essa vestimenta formal é o verdadeiro papel da escola. Pelo menos, deveria ser, mas não só isso: tb seria legal q a escola analisasse toda a gama de roupas existentes no armário...

Bom, era isso. I have a bus to catch.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Notinhas

Querido, fofo, lindo, branquinho, inteligente, desconcertante, vivo. Amigo q eu não via há tempos e q encontrei ontem no ônibus, indo de Campinas pra Sampa. Fomos batendo papo daqui até lá, falando de muitas coisas, de experiências, de francês, de sexo, de relacionamentos, de amigos. Muito gostoso te rever. Vamos marcar mais!



Tô com muito sono hoje, cansadona mesmo... mas ainda tem mais amanhã... é q hj o tempo tá mais frio, ameça de chuva e tudo o mais. Vai ser bom pra dormir no ônibus, hummm...

O curso continua bem bacana. Ontem foi mais prático, pusemos a mão na massa, e é engraçado notar como as pessoas são diferentes e como lidam de maneira diferentes com os problemas de um texto. Mas tô muito cansada pra falar disso agora.


Só pra constar, o homem do terno e do cheiro de pinga estava ontem de novo no ônibus da noite. Jesus, me salve!!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

No balanço do bumba

Ok, ontem a ida de ônibus pra São Paulo foi normal, sem muitas aventuras. Dormi, até.

A volta é sempre mais complicado.

Quem disse q eu consegui pregar o olho? Necas... nada mesmo. Sem sono algum. Vim ouvindo música (viajando, aliás, no meu passado, no meu futuro).

Do meu lado sentou um cara engravatado. Mais velho. Disse "boa noite" e tudo. E eu pensei: q bom q não é um malaco do meu lado. Um senhor distinto, de respeito. Lá pelas tantas ele tira um celular do bolso e fala com (acho q era) a mulher. "Oi meu amor, daqui a pouco tô chegando". E eu fiquei pensando, q bom ter alguém pra quem voltar. Alguém pra chegar em casa e contar do curso, do dia, das aventuras. Alguém esperando por vc.

Ok. Passa um tempo e eu começo a sentir um cheiro muito forte de álcool. Caninha, sabe? Aquele cheirão de pinga, q a pessoa exala qdo tá bêbada. E era do cara do meu lado. Do engravatado, do senhor respeitoso, do q estava voltando pra mulher. Puta que o pariu, esse mundo tá perdido. Pra estar cheirando daquele jeito, o cara tinha q ter bebido super. Muito. E tava ali, normalzinho do meu lado. Me deu até dor de cabeça.

Pra vc ver q até q tá bom, vai. Não tenho pra quem voltar nem ninguém pra voltar pra mim, mas pelo menos não tem a catchaça no meio.

Engraçado beber assim, a ponto de exalar álcool pela pele. Acho q eu nunca bebi assim, desse tanto. Nunca bebi pra fugir de situação nenhuma... bebo socialmente. Já tive meus porres, lógico, mas foram tão poucos... Qto aos entorpecentes, nunca usei com o propósito específico de fugir de nada, também. Talvez só uma vez. Ou duas. Não mais que quatro. Enfim, isso não tem nada a ver, mas tô tentando falar q eu nunca bebi ou fumei a ponto de virar vício, pelo menos não vício forte, de ficar desesperada se não tiver. Ao ponto de cheirar álcool, em plena terça-feira, no bus.

Tá, vai, eu tenho pra quem voltar. Cheguei em Campinas e tive a maior comitiva de recepção. Minha mãe, meu pai, minha irmã, meu cunhado... e meu(a) sobrinho(a). Agora eu tenho mais uma pessoa pra voltar.

Trampo honesto

Ontem eu fui pra Sampa, fazer meu curso. Animal. Muito legal mesmo. Fiquei muito mais animada com tudo (depois tive uma notícia bombástica, q tá no post abaixo).

Eu estou, pela primeira vez na vida, muito feliz com o meu trabalho. É até engraçado dizer isso, mas é verdade. Eu gosto muito do q faço, e quero poder fazer muito melhor. Eu me empolgo falando dele, pensando nele, pensando no monte de coisas q eu tenho q estudar pra ser cada vez melhor. Eu gosto, gosto, gosto. Eu me animo, eu quero, eu vou.

Maravilha das maravilhas sentir assim. Óbvio, o salário ainda é foda. Óbvio q tem coisas chatas. Mas tô de boa: eu sei q não existe trabalho perfeito, e tenho esperanças de q o salário melhore. A compensação é acordar todo dia e poder fazer o q eu gosto, é falar do meu trabalho pros outros com brilho nos olhos, é olhar pra frente, pro horizonte, pro futuro e enxergar um caminho legal a trilhar, coisas novas pra estudar, pra descobrir, pra fazer, pra trabalhar.

Hoje tem mais curso. Oba! Vejo no curso algumas pessoas descontentes, sempre tem. Reclamando. De má vontade. Horrível. Já passei por isso em trabalhos anteriores, mas agora q eu me encontrei, não quero isso nunca mais. Fiquei feliz ao ver q, perto de muita gente lá, eu tenho muito mais noção global do processo, e isso pode ser muito bom pra mim. Fiquei feliz tb de ver q tem gente muito mais longe, pq são exemplos pra se seguir. Me deu vontade de estudar mais, de fazer outra faculdade, de fazer pós, de ler mais e mais e mais e de produzir mais e mais e mais.

No fim das contas, tá tudo bem.

Ligeiramente grávida

Tô passada. Bege como a asa da graúna albina.

MINHA IRMÃ ESTÁ GRÁVIDA.

É estranho até escrever isso. Deixa eu tentar de novo:

MINHA IRMÃ ESTÁ GRÁVIDA.

Não acostumo.
Não adianta.

Minha irmã tem 21 anos. Acabou de fazer 21 anos. Semana passada. Eu a vi nascer. Vi mesmo. Eu me lembro dela pequenininha, loirinha, terrível. Vi crescer, brinquei, briguei (muito mais q brinquei). Sempre fomos muito diferentes, fisicamente e na personalidade, também. Nunca gostamos das mesmas coisas. Ela gosta de axé, pagode, balada, roupa da moda, tênis da moda, celular da moda. Eu gosto de MPB, jazz, barzinho, roupa q seja a minha cara, sapato q eu ache bonito, meu celular é velho-muito-velho. Eu fiz Letras, amo ler, gosto de ser diferente das outras pessoas. Ela faz Educação Física, nunca gostou de estudar, gosta de viver segundo o padrão. Somos mesmo muito diferentes, e uma irrita a outra com seu jeito de ser. As músicas dela me irritam e vice-versa.

Mas eu não quero ficar me achando melhor do q a minha irmã. Cada uma tem a sua vida, e eu espero mesmo q ela seja muito feliz com a dela. Óbvio, ela é minha irmã, minha única irmã, e eu quero o bem dela, e q ela seja muito feliz. É q a gente fica preocupada, putz, nem se formou ainda, namora há pouco tempo, não tem um trampo legal... essas coisas. O namorado dela parece ser gente boa, tá assumindo tudo, quer casar, tudo direitinho (comentário de tia velha). Mas a gente fica preocupada. Eu fico preocupada. Justamente pq quero q ela seja feliz.

Eu sempre fui a mais louca de casa. Meus pais sempre se preocuparam muito mais comigo. Pq eu namorei 3 vezes e não deu certo, pq eu morei com meu último namorado e não deu certo, voltei pra casa. Pq eu saio, chego tarde, faço umas loucuras. Mas, não sei... eu nunca engravidei, eu sempre tomei cuidado, eu não sou louca de verdade, eu sempre pensei no meu futuro e na minha vida... nem sempre consigo os resultados q eu queria, mas pelo menos eu faço planos... e tudo sempre cai nas minhas costas, pq eu sou a mais velha... se fosse comigo essa situação, eu tava fudida e ouvindo merda até agora. Como não é, tudo bem, tudo lindo.

Tô muito confusa na verdade. Ainda não acomodei as coisas. Fiquei pra tia (buá!). Minha irmãzinha vai ter um filho. Eu vou ter um sobrinho. Não sei como as coisas vão ser. Essa história de ficar pra tia é muito engraçado. Tá, agora fico aqui pensando em mim... 27 anos, solteira. E daí? Não tenho o salário dos sonhos e nem a minha casa, q eu tanto queria. Mas amo meu emprego, sou feliz nele, e dinheiro sempre pode melhorar. Consegui meu carro esse ano, q tá sendo pago a duras penas, mas tá. Estou feliz como nunca estive com a minha vida. Tenho estado mais leve. Sinto-me no começo das coisas... um dia vou ganhar mais, um dia vou ter a minha casa... talvez eu devesse estar nessa situação há muitos anos, tem gente com a minha idade q já tem tudo o q eu queria ter. Mas eu tô no caminho. E acho q, no fim das contas, noves fora, isso é bom. O amor vem (ele é meu e de mais ninguém, hehehe), o dinheiro aparece. Quero estudar mais, trabalhar mais, montar a minha vida em todos os sentidos. Não estou dizendo q só estou focada no trabalho, mentira. Quero sim alguém especial (muito especial). Às vezes eu tenho pressa. Outras não.

Ok, não consigo acabar esse raciocínio. Deixa pra lá. Vou ser tia, vai ser um bebê lindo (pq a minha irmã é linda), e no fim tudo dá certo.

Mas ainda tô passada e bege. E tia!!! Oh God...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Semana de curso em Sampa. Mas não é bolinho. É ir e vir todo dia. Trampar até 2 da tarde e ir, fazer curso das 6 às 9 e voltar... haja disposição.

Mas vai ser bom. O curso parece ser muito legal, estou empolgada.

E tb estou achando ótimo sair um pouco da rotina. Pegar o bus pra ir e vir, ter tempo de ler, de dormir, de ouvir os 3 álbuns do Coldplay q o Régis colocou no meu mp3 (quero ouvir tudo pra formar uma opinião decente - até agora, pra mim, Coldplay é um U2 mais triste, e algumas guitarras me lembram Pink Floyd... me deixa, é a minha opinião, for now), acabar meu Saramago (relendo, lembra?), começar outro, fazer desafios de lógica e Sudoku, quem sabe escrever.

Lembrei de um amigo q disse um dia q gosta de ficar sozinho nessas horas. Eu gosto, tb. Vai ser legal. Posso colocar minhas idéias no lugar. E vou ser obrigada a conviver comigo por um tempo, e só comigo. Claro, tb com as figuras do busão e do metrô. E as de Sampa. Depois conto.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sou confusa, contraditória. Maluca. Extremamente paranóica, o mundo conspira contra mim. Inconstante em alguns momentos, super birrenta em outros. Não tente achar um sentido ou um fio condutor nos meus escritos. Às vezes, paro o raciocínio no meio. É isso aí.

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Texto do meu querido trompetista Dé, sobre nosso show na Virada Cultural. Com direito a foto nossa com Luiz Melodia.

Acessem:

http://coracaobonsai.blogspot.com/

Desculpe, doutora...

Mesa de bar é realmente um adubo para a minha já tão fértil imaginação. As pessoas começam a beber e começam a falar mais merda do q o normal. E eu começo a pensar mais merda ainda do q o meu normal. Daí pronto: post novo pro blog.

Tava aqui lembrando de uma conversa de bar na sexta-feira, qdo uma conhecida nossa se auto-proclamou "doutora" na mesa. Eu questionei, desculpa, pq eu tenho em mim um bichinho curioso e inquieto q não me deixa ficar de boca fechada. Eu sei q as pessoas chamam advogados de doutor, mas eu não consigo ficar quieta. Eu e essa maldita boca grande (que na verdade é
pequena).

Eu perguntei se ela tinha doutorado (rá).

Então a nossa colega disse que não, mas q ela era doutora sim, e q todo advogado q passa no exame da OAB é doutor, pq a rainha Isabel ou a rainha Elizabeth (ela se confundiu um pouco nessa hora) assinou um decreto pra fazer um favor pra um amigo dizendo q todo advogado aprovado na OAB deveria receber o título de doutor. E contou de um caso q uma pessoa do trabalho mandou um mail para ela e neste mail estava escrito q ela era estagiária, e ela chegou com os dois pés no peito exigindo a alteração do título para doutora advogada fulana de tal.

Ok, ok. Óbvio q eu respondi. Respondi q eu nunca chamaria um advogado de doutor, e q se eu fosse uma advogada de 27 anos e alguém me chamasse de doutora, eu ficaria extremamente
ofendida e me sentindo velha. Agradeci pela minha profissão não ter dessas frescuras, agradeci por não ter estagiários pra exigir q me prestassem o devido respeito e nem demonstrações de
hierarquia.

Eu sei, eu sei q é um lance de tradição e de respeito. Mas o que eu me pergunto é por que só com advogados... com médicos ainda dá pra entender, pq vem da tradução de doctor e tal. Mas com
advogados? Não estou dizendo q a classe não merece respeito, longe de mim (juro mesmo). Só acho q então esse respeito deveria se estender a todas as profissões, igualmente importantes.
Deveríamos começar a dizer "doutor engenheiro fulano de tal", "doutora jornalista", "doutor arquiteto", "doutora turismóloga", "doutor biólogo" e por aí vai...

Melhor ainda, pra não causar essa confusão de doutores, seria utilizar o termo no seu sentido original: doutor é aquele que possui o grau de doutorado, q defendeu tese, aceita por banca
examinadora.

Minha amiga (reles licenciada em Letras, como eu) me disse q há um texto do Eça de Queiroz chamado "Brasil doutor". Procurei na internet, mas não encontrei (se encontrarem, me mandem please). Ele tira o maior sarro dessa mania do brasileiro de chamar todo mundo de doutor... No meu trabalho eu lido com doutores de fato. Doutores em educação, em filosofia, geralmente doutores de humanas. E nem esses escapam da mediocridade, pois alguns deles escrevem e publicam artigos somente para enriquecer seu currículo, sem de fato se preocupar com as questões acadêmicas e de pesquisa. Como brinca um autor, "Lattes, Lattes meu, existe alguém mais produtivo do que eu?".

Enfim, de boa, chamem quem quiser de doutor, isso não modifica em nada a minha vida. Mesmo. Mas eu nunca chamarei um advogado de doutor, a não ser q ele tenha doutorado. E vou continuar achando engraçada toda essa deferência pomposa, ainda mais quando vem exigida, imposta, intimada, obrigada.

O fato da rainha Isabel ou Elisabeth (...) ter baixado um decreto pra agradar a um amigo, por si só, já devia ser motivo de vergonha, e não servir de base para argumentos... por causa de uma
politicagem, de um favor de amigos??? Sorry, not at all...

Graças a Deus a minha profissão não tem dessas coisas. E olha q, se alguém devesse ser chamado de doutor, deveriam ser os professores... esses sim, heróis de todos os dias da sala de aula, eles, os formadores de advogados, engenheiros, artistas, enfermeiros e tantos outros... Ok, abdiquei das minhas funções de professora. Sou uma reles revisora do português, amada língua q permite tantos usos e abusos. Contudo, ainda bem, não tenho estagiários pra abusar. Já fui estagiária, mas sempre fui muito bem tratada, e portanto não tenho a necessidade de alimentar esse círculo vicioso do ódio e da hierarquia, da submissão, eu suserano, vc vassalo, eu Tarzan, vc Jane, eu mais, vc menos. Em meu trabalho existe hierarquia, necessária. Mas somos todos colegas, alguns amigos, e trabalhamos juntos para o bem comum. E aqui não tem nenhum doutor. Ainda. Ainda bem.


Aceito críticas. Mas em formato de texto. Manda aí!

...

Olha, não é que eu queira me achar mais do q os outros, não é q eu pense q eu sou melhor do q ninguém. Mas, dá licença, às vezes eu vejo cada coisa, cada espécime humano, q eu me permito... só um pouquinho!

Só com amor... hahahahahahaha!

Ando numa fase super amor, o q tem irritado meus amigos mais próximos. Tem virado até piada pra gente: basta eu falar numa mesa de bar que "o amor é sublime", "o amor abraça tudo", "o
amor é meu e de mais ninguém" e pronto: a mesa desaba - metade rindo (eu inclusa), metade esbravejando.

Eu me lembro como tudo começou. Um belo dia, comecei a falar q a partir de então, "só queria com amor". Porque entre os meus amigos, como em quase todo grupo de amigos, sempre rolam
aquele assuntos besteirentos, todo mundo falando de dar, de pegar, de isso e de aquilo (eu de novo inclusa). Mas de repente decidi q não quero mais q seja assim. Nem falar eu quero, só se for com
amor. E a risada foi geral.

Claro, isso é muito fácil de entender: eu sou uma das q mais fala besteira. Outro dia, conversando com meu queridíssimo amigo brasileiro-japonês-espanhol-cidadão-do-mundo, falávamos
exatamente sobre isso.


Enfim, foi engraçadinho no começo, qdo eu comecei a dizer q agora só queria com amor. Do nada, no meio de uma conversa zoeira, falava-se de alguém (sei lá, podia ser um gostosão da TV), e eu rebatia: "só com amor". Daí virou meu bordão, pra azar dos meus queridos colegas... durante todo o feriado prolongado, foi só isso. Vamos fazer churrasco? "Só se for com amor". Jupinha, dorme bem e sonha com os anjos. ""Só se for com amor".

Pode soar engraçado e piada, mas eu tô falando sério. Eu nunca fui adepta da idéia de ficar com as pessoas só por ficar. Óbvio q já aconteceu, acontece com todo mundo. Mas não quero q seja assim. Eu acho mesmo q tudo na vida fica mais gostoso com amor. Amor ao trabalho, amor à família, amor de casal, amor à vida, sem querer ser piegas mas já sendo (e olha q piegas é uma coisa q eu não costumo ser - acho q é por isso q meu novo bordão causou toda essa comotion).

Ouço das pessoas q "o amor faz vc se foder". Gente, q amargura! Hahahahahaha, agora estou fazendo minha cara da mesa de bar, cara de boazinha, cara de amor. O amor não faz ninguém se foder, não. Isso não é amor. Obviamente, qdo vc ama, vc quer q a pessoa tb te ame. Mas não necessariamente. E isso é mais uma coisa q eu aprendi com meu amigo querido já citado. O amor é seu: é uma coisa q VC sente. E, se ele é bonito, pronto! Se ele faz vc se sentir bem, maravilha! Não é posse. Não é jogo de ganhar-perder. De ter-não ter. Não é questão de "se foder" por estar sozinho. É questão de pensar coisas boas e se sentir bem; de saber q existe ou pode existir alguém especial na sua vida, esteja essa pessoa longe ou perto; é sentir-se capaz de gostar de alguém, sentir-se capaz de querer bem as pessoas independente das ações delas; é vc estar sozinho no seu carro, ouvir uma música e pensar q existe uma pessoa no mundo q vc considera, e sorrir ao pensar nela. Independente de ela ser SUA (pq ninguém nunca vai ser SEU, isso não existe, acorda, Alice!), independente de ela saber, independente de mais nada: você pensa, você sente, você sorri, e pronto. O amor é seu. De mais ninguém.

Confesso q me divirto com essa história. Q adoro falar "com amor, com muito amor", e gosto qdo as pessoas riem, ou concordam, ou discordam. Mas gosto muito mais da sensação boa, quente, feliz mesmo de, pela primeira vez na vida, não me importar. Não esperar. Descobrir q existe uma coisa q eu posso sentir q não depende de ninguém, só de mim. E sentir isso, e sorrir, e às vezes gargalhar sozinha, dessa descoberta; de ficar extremamente feliz às vezes sem ter nada!

As pessoas não entendem. Eu não me importo, acho graça. Dizem q essa fase vai passar. Pode ser. Então deixa eu aproveitar enquanto isso. Com amor. Hahahahahahahaha...

Família grande

Ontem eu encontrei o meu mais querido ex-aluno no shopping. Ele tem 7 anos.

Não adianta: por menos ético q seja, eu tenho q admitir q tinha meus preferidos. Não q eu fizesse diferença, nada disso. Mas todo professor tem seus xodós. E o meu xodó era o Angelo (sem
acento mesmo, ele ficava bravo se a gente escrevia o nome dele com acento).

Não vou falar dele aqui e de como ele é uma criança maravilhosa. Vou falar só da alegria q eu senti ontem qdo o encontrei no shopping. Ele, sua mãe, seu pai e seus três irmãos. Sim, são
quatro meninos.

O q me fez pensar em famílias grandes. Eu acho lindo família grande. Desde q se tenha condições financeiras, acho lindo. A coisa mais bonitinha ver ontem os 4 irmãos juntos, no shopping, cada um com a sua idade, cada um na sua fase, crescendo juntos. Eu só tenho uma irmã, muito mais nova do q eu.

Qdo eu era pequena, a família do meu pai se reunia nas festas de fim-de-ano, e era um bando de gente. Eu adorava: tinha a minha vó querida, meus tios e tias, primos eu ainda não tinha, sou a mais velha. Mas era muito legal. Depois de um certo tempo, minha mãe não quis mais ir. E eu sempre achei muito chato, pq as festas de Natal passaram a ser eu, minha mãe, meu pai e minha irmã. Acho chato, acho q festa de fim-de-ano tem q ser com todo mundo, aquele povaréu, parentada, bate-papo e risadas. Acho fim-de-ano tão triste, tão tudo igual, tão sempre a mesma coisa, q me parece q estar rodeado de gente ajuda a não cair em depressão. Em casa, só com a minha família, choro.

Eu acho q gostaria de ter uma família grande. Na última escola em q dei aula, havia famílias com 8, 10, 12 filhos. Não precisa exagerar, óbvio, até porque eram famílias de grana. Mas todas essas crianças q foram meus alunos, q vinham de famílias com muitos irmãos, eram crianças maravilhosas, q sabiam dividir, q sabiam a hora de ouvir, de respeitar, de obedecer. Cresceram
sabendo q não eram os únicos no mundo, não eram filhinhos e filhinhas mimados, q nem tudo podia ser do jeito q eles queriam e na hora em q eles queriam. Acho q foram meus melhores alunos, e acho q serão adultos fantásticos.

Não quero ter 8 filhos. Nem sei se vou ter filhos. Mas acho bonito família grande. Acho importante pra constituição das crianças, pro seu crescimento. Acho bonito formar uma família grande e feliz. Desculpem, eu sou piegas mesmo. Eu não achava, até ter contato com essas crianças. Eu adoro crianças.

Engraçado q isso assusta as pessoas, né? "Olha, aquela louca lá não quer ficar solteira e aproveitar a vida, diz q quer ter uma família grande! Q medo!". Aproveitar a vida? Tenho vontade de dar um soco na boca toda vez q alguém me diz isso... aproveitar o q, inferno? Eu aproveito minha vida, mas não pretendo ficar sozinha o resto dela "aproveitando-a". Daí vem aqueles comentários... "pense nas coisas q vc pode fazer sendo solteira!". O quê? Me diz: o quê?
Sair pra balada e pegar um cara por dia? Obrigada, tô de boa. Ir pra bar e pegar desconhecidos? Obrigada, tô de boa. Poder dar pra quem eu quiser, tem ter compromisso com ninguém? Obrigada, tô muito de boa. Viajar o mundo? Acho muito mais legal viajar o mundo com alguém pra dividir a experiência; e outra, eu posso ter alguém e viajar o mundo. Estudar? Tb posso (e quero) estudar (sempre mais) sem ser solteira. Na real, acho até mais legal poder dividir essa experiência também com alguém.

Pensando bem, todas as coisas q eu gosto de fazer não são coisas pra se fazer sozinho. Quer dizer, até dá pra fazer sozinho, mas dividir é mais legal. Ver filmes, comer, viajar pra lugares sossegados, ler, conversar, discutir assuntos variados, dançar às vezes, bater papo entre amigos...

Eu acho mesmo q o objetivo do ser humano é encontrar alguém legal, q tenha a ver com as coisas q vc goste. Q cada um tenha a sua vida, claro, mas q possam juntar as vidas qdo quiserem. Acho triste qdo vejo pessoas mais velhas sozinhas. Sem filhos, sem companheiros. Amigos são muito importantes. Mas chega uma hora em q vc quer mais do q um amigo. Eu quero. E se isso pode assustar as pessoas, desculpem, então essas pessoas não são pra mim, realmente.

Óbvio q eu não sou louca de arrumar qualquer malaco por aí, casar e sair tendo uma penca de filhos. Já estou com 27 anos e nunca fiz isso. Seria o mais fácil. Mas acredito q a nossa história está traçada, escrita em algum lugar. E lá deve estar a minha tb. Se for pra eu ficar sozinha, como essas pessoas velhas q eu vejo por aí, tudo bem. Mas, se assim for, eu sei q vou morrer procurando.

domingo, 25 de maio de 2008

Encolhendo a barriga

Fico aqui pensando nessas pessoas que estão sempre do mesmo jeito... Toda vez q vc encontra as figuras, elas estão iguais, exatamente iguais. Tenho uma conhecida q é assim. Sempre com o mesmo sorriso na cara, com as mesmas frases, o mesmo jeito de mexer no cabelo. Os mesmos assuntos tb, mas aí já não dá pra exigir muito de todo mundo...

Pessoas normais não são iguais todos os dias. Têm dias de bode, têm dias alegres, têm dias normais tb. Mas estão diferentes, ligeiramente diferentes (tenho amigos bipolares tb, mas não é disso q estou falando). O q me assusta são pessoas sempre iguais. Bonecos de cera, sorrisos congelados.

Tenho a impressão de q são pessoas q fingem o tempo todo. Imagine uma pessoa q passa o dia todo encolhendo a barriga, pra parecer mais magra. Onde quer q ela vá, encolhe a barriga, pra esconder sua verdade. E passa o dia todo ali, se forçando, cuidando pra não descuidar, pra não se mostrar de verdade. No fim do dia, isso deve dar uma dor terrível, uma amargura incrível...

Entendam a metáfora, pelo amor de Deus.

Todo mundo encolhe a barriga às vezes. Mas eu, na grande maioria das vezes, mostro quem eu sou. Gostou? Bem. Não gostou? Amém.

Tenho muito medo desses bonecos de cera, sorrisos congelados, barrigas encolhidas, vidas sem problemas. Eu sou humana. Não exatamente normal, mas humana. Bonecos de cera te passam pra trás. Com seus sorrisos e suas vidas (ambos falsos), te atacam pelas costas. Felizmente, só cai quem merece.

Eu não mereço, definitivamente. Você merece?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Arrumando o quarto (ou Dentro e fora)

Ontem eu arrumei o meu quarto. Eu me mudei há UM MÊS e minhas coisas ainda estavam em caixas. Roupas espalhadas, CDs dentro de malas, livros misturados com cacarecos. Uma zona. Minha mãe me enchendo: "não vai arrumar??". Eu passava em casa só pra tomar banho e sair de novo, ou pra dormir. Às vezes eu até tinha um tempo, mas me dava uma preguiça tão grande... deixa pra outro dia. Daí eu ia dormir mais cedo, ou saía de casa. Fugas.

Ontem peguei pra arrumar. "Deixa eu ficar logo livre dessa merda". Comecei às 10h30. Acabei por volta das 15h00.

Sabe aquela história de q o exterior reflete seu interior? De q seu quarto, seu carro, sua bolsa e sua mesa de trabalho mostram como vc está por dentro, seus sentimentos, seus pensamentos? Pois é... Acho q tem tudo a ver, mesmo. Eu tava fugindo como louca da arrumação, inventando mil desculpas, achando q ia ser um trabalho enorme. Tava com medo de ter q enfrentar, de não poder dar mais desculpas, tava com preguiça de parar pra FAZER algo em vez de ficar só fugindo.

Ontem eu parei. E descobri coisas muito legais. Se isso for o reflexo do interior, eu tô bem. Olha só:

Descobri q meu quarto é grande, eu não sabia. Eu tinha idéia, mas ele é maior do q eu pensava. Descobri q ali dentro tinha muita coisa. Algumas coisas inúteis. Muito lixo. Mas tb tinha muitas coisas legais. Coisas q me mostraram quem eu sou. Eu tinha me esquecido de algumas facetas minhas, coisas q estavam encaixotadas. Descobri tb q me faltam algumas coisas, e q eu posso providenciá-las. Sem desespero. Mas posso. Aos poucos.

Descobri q uma tarefa dessas é difícil de começar. E tb é difícil de terminar. Não é coisa pra um dia só. E não dá pra se fazer com pressa. Com hora marcada pra acabar. Respira fundo e vai! Ainda tem algumas pilhas de coisas pra arrumar. Pilhas de CDs, pilhas de livros, pilhas de papéis. Vai levar um tempinho, mas agora pelo menos eu tenho consciência do q preciso trabalhar. E tá tudo arrumadinho. Papéis estão com papéis, e CDs com CDs, e livros com livros, e não mais tudo junto e bagunçado. Aquele lance de q a consciência é o primeiro passo pra mudança. Os CDs estão lá. Eu quero arrumá-los melhor, organizar encartes, arrumar por tipo de som etc. Mas já sei q estão lá, e sei o q preciso fazer. A mesma coisa com os papéis. Vai ter lixo lá tb. Mas tb não adianta o desespero de querer arrumar tudo num dia só, pq a gente pode jogar fora coisas importantes. Tem q ser com calma. Passo a passo.

Qdo entrei no meu quarto de noite, pra dormir, tive uma sensação maravilhosa de leveza. De organização. Espaço. Pra pensar. Pra fazer, também. Posso dançar no meu quarto agora. Posso deitar no chão. Posso fazer o q eu quiser.

Não sei bem se é só o exterior q reflete o interior... vejo tb o oposto. Eu só arrumei meu quarto ontem pq estava em paz. Pq estava bem. Pq tinha me livrado de um monte de sentimentos ruins, pq estava calma (coisa rara). Pq estava feliz.

E, no fundo, uma coisa ajuda a outra. Agora meu quarto me traz paz. Me traz tb a consciência de q ainda há muito pra fazer, interna e externamente. Mas ontem eu já comecei.

Velório

Ontem eu fui a um velório. Morreu o pai de uma colega de trabalho. Muito triste. De verdade.

Mas daí, eu, q sou uma pessoa estranha, começo a ver tudo de fora. Eu sempre tenho essa mania, às vezes é como se eu saísse do meu corpo e estivesse espiando a situação de fora, através de uma vidraça ou janela ou coisa assim. Me coloco longe de tudo e analiso, e penso.

Pensei várias coisas, algumas não vou colocar aqui. Mas uma determinada hora, minha colega nos contou q o pai dela, um senhor, fizera parte, em vida, de um grupo de Folia de Reis, e q os
integrantes iam prestar uma homenagem a ele. Fiquei olhando os velhinhos (os integrantes eram todos homens, e tinha uns bem velhinhos). Eu havia reparado qdo esse senhor bem mais velho
entrara na capela, de braços dados com uma senhora. Ele só tinha um olho, o outro estava todo branco. Usava uma bengala. Roupas simples, de velhinho. Ele e a mulher se posicionaram ao lado do corpo, tocaram no morto, fizeram o sinal-da-cruz e começaram a contemplar o amigo que se fora. Ficaram ali uns bons minutos.

Eu fiquei pensando como será essa situação... de vc ir ao velório de um amigo, sabendo q vc mesmo já não tem mais muito tempo de vida... como será essa relação com a morte, para pessoas mais velhas? Pra nós, jovens (mas nem tanto), é uma coisa estranha, brutal, a morte vem interromper tantos sonhos, tantos projetos, tantas coisas q iniciamos ou q queremos iniciar. É triste, é ruim. Nós não pensamos na morte sempre. Só qdo ela aparece em nosso caminho. Mas será q, depois dos 80, essa relação continua a mesma?

Fiquei olhando o casal de velhinhos e tentando imaginar como eles foram um dia, se fizeram alguma loucura, se fumaram maconha, se a senhorinha (tô imitando a Ju, hihihi) tinha dado pra vários caras, se o senhor ficou bêbado de cair. Desculpem, isso não é falta de respeito. Veja bem q eu sou mesmo meio maluca, no meio do velório pensando essas coisas. Mas eu não posso controlar meus pensamentos. O q eu estava tentando era quebrar com essa imagem dos idosos: eles foram jovens, foram bonitos de outra forma, tiveram uma vida cheia de acontecimentos. Não nasceram velhinhos. Então, quem foram essas pessoas? A gente olha hoje pra eles e tem essa imagem cristalizada dos velhinhos. Mas quem foram eles? Do q gostavam? O q fizeram? O q não fizeram e se arrependem? Amaram? Quantas pessoas? Quantas vezes tiveram q abaixar a cabeça e engolir sapos?

A louca do velório. Espero q vcs me entendam. É aquela coisa maluca de olhar uma pessoa na rua e ficar pensando o q será q ela faz, quem ela é, q música canta qdo toma banho. É quase a
mesma coisa.

No fim, o velhinho reuniu os homens pra cantar e rezar pelo amigo. E foi uma das coisas mais bonitas q eu já vi. Aquele grupo de homens cantando a 3 e às vezes 4 vozes, os baixos, foi muito bonito, de arrepiar. Não eram pessoas q haviam estudado música. Não era a técnica musical q impressionava. Era a música da alma. Era a música de amigos, era uma despedida, era do coração. Achei lindo mesmo.

Daí minha mente começou a divagar de novo, e eu fui olhar outras coisas. Na saída, o salto do meu scarpin entrou num paralelepípedo e eu fiquei descalça sem querer por uns instantes. Acho q não existe pessoa mais insana do que eu, seja em casa, no trabalho ou em velórios.

Atchim!

Saúde!

Saramago, as coincidências da vida e as intermitências da morte

Eu não sei por que cargas d'água comecei a falar sobre o livro do Saramago na quarta-feira. Não me lembro mesmo. O fato é que eu me lembrei do livro "As intermitências da morte".
Acho q antes preciso dizer q eu amo Saramago. Q acho o cara muito foda e q o q ele escreve faz a gente se sentir minúsculo. Seria o máximo ter um programa de computador q mostrasse a
cabeça desse homem por dentro, como se organizam os pensamentos, como as associações se dão. Enfim, Saramago é um gênio. Técnico, profundo, poeta, crítico, apaixonado, maluco.
Adoro.

Daí eu me lembrei do livro. Q é mesmo lindo. Eu já disse pra vários amigos meus (músicos) q se trata de uma ode de amor aos músicos, por incrível q pareça. Todos deveriam ler. É lindo, de
arrepiar, de fazer chorar. Encontrei na internet uma entrevista antiga do Saramago, da época do lançamento do livro. Muito legal.

Ontem fui na casa de um querido amigo, saxofonista. Eu havia emprestado o livro pra ele, e obviamente ele não leu. Então peguei de volta, pra reler, pra sentir o livro de novo nas minhas mãos, pra vivenciar de novo as sensações, enfim.

E essa vida é mesmo engraçada... como diz uma grande amiga, "o mundo é uma gotinha de porra, está todo mundo ali". As coincidências nos cercam, sempre. Não só com as pessoas - o q me faz pensar q o mundo no fundo não é tão grande assim, e q todo mundo se conhece ou vai se conhecer um dia -, mas com circunstâncias tb.

Enfim (adoro enfim!), peguei o livro e folheei. Eu tinha grifado umas partes... a caneta (coisa MUITO rara, odeio riscar meus livros com caneta). Mas Deus sabe lá o faz, acho q isso pode significar q, se um dia marquei com caneta, devia ser algo importante. Pra q eu não apagasse, essa mania minha de primária de apagar e esquecer. E, principalmente, pra q eu não me esquecesse. Ou talvez foi só relaxo mesmo. Vai saber... são os insondáveis mistérios da vida.

Pra quem nunca leu o livro, LEIA. Vou falar de novo: LEIA. Leia hoje. Comece agora. Não é o melhor do Saramago, mas Saramago é bom até qdo é ruim (e esse está longe de ser ruim). É a história de um país fictício em q as pessoas deixam de morrer. A morte (personagem principal) se recusa a continuar trabalhando, já q todos reclamam dela. Obviamente, as conseqüências da ausência da morte são inúmeras, pra Igreja, pra previdência, pras companhias de seguro, enfim, pra uma galera. E Saramago desfila com muito humor e com certa acidez por todos esses campos.

Ocorre, entretanto, q o livro muda na metade. Depois de analisar e explorar os temas sociais, Saramago muda completamente o foco (parece até outro livro) e se permite falar de uma história de amor. Entra em cena um personagem, um violoncelista (mas que coisa). Os personagens do Saramago são assim, não têm nome (o Fernando Meirelles disse em seu blog q isso foi difícil na hora de filmar Blindness - baseado no Ensaio sobre a cegueira, best book ever -, pq era foda um chamar o outro de "o primeiro cego", "velho da venda preta", "rapariga dos óculos escuros"). Bom, digressões à parte... os personagens, então, não têm nome (o q eu acho fabuloso, arquetipicamente falando). E entra em cena o violoncelista. E daí o livro faz vc se arrepiar, chorar, respirar fundo e achar o mundo lindo.

Comecei a reler hoje. Porque Saramago é foda. Porque reler um livro é uma das experiências mais legais da vida. Porque eu tô mesmo precisando de uma boa dose de palavras inteligentes na minha vida (tenho ouvido muita merda).

Era isso. Abaixo, um pouco de Deus na vida da gente. Mas não precisa ler, se não quiser. Aliás, se pretender ler o livro, pode ser spoiler.

Não é, não. Não chega a tanto.

Trechos marcados a caneta, há 2 anos e 5 meses atrás (eu juro!!!):

"(...) as palavras, se não o sabes, movem-se muito, mudam de um dia para o outro, são instáveis como sombras, sombras elas mesmas, que tanto estão como deixaram de estar, bolas de
sabão, conchas de que mal se sente a respiração, troncos cortados (...)"

"(...) um violoncelo não é como um piano, o piano tem as notas sempre nos mesmos sítios, debaixo de cada tecla, ao passo que o violoncelo as dispersa a todo o comprido das cordas, é preciso ir buscá-las, fixá-las, acertar no ponto exacto, mover o arco com a justa inclinação e com a justa pressão (...)"

"Momentos de fraqueza na vida qualquer um os poderá ter e, se hoje passamos por eles, tenhamo-los por certos amanhã."

" (...) às violas, que são os contraltos da família dos violinos, aos violoncelos, que correspondem ao baixo, e aos contrabaixos, que são os da voz grossa."

"Aquele é o seu homem, um músico, como o são os quase cem homens e mulheres arrumados em semicírculo diante do seu xamã privado, que é o maestro, e que um dia destes, em uma qualquer semana, mês e ano futuros, receberão em casa a cartinha de cor violeta e deixarão o lugar vazio, até que outro violinista, ou flautista, ou trompetista, venha sentar-se na mesma cadeira, talvez já com outro xamã a fazer gestos com o pauzinho para conjurar os sons, a vida é uma orquestra que sempre está tocando, afinada, desafinada, um paquete titanic que sempre se afunda e sempre
volta à superfície (....)"

"(...) a vida tem destas e doutras injustiças, veja-se este caso da mão esquerda, que tem à sua conta o trabalho mais pesado do violoncelo e recebe do público muito menos aplausos que a mão
direita."

"(...) coitados dos dicionários, que têm de governar-se eles e governar-nos a nós com as palavras que existem, quando são tantas as que ainda faltam (...)"

"O homem não a conhecia a ela, mas ela conhecia o homem, passara uma noite no mesmo quarto que ele, ouvira-o tocar, cousas que, quer se queira, quer não, criam laços, estabelecem uma harmonia, desenham um princípio de relações (...)"

"O violoncelista começa a tocar o seu solo como se só pra isso tivesse nascido. (...) toca como se estivesse a despedir-se do mundo, a dizer por fim tudo quanto havia calado, os sonhos truncados, os anseios frustrados, a vida, enfim. Os outros músicos olham-no com assombro, o maestro com surpresa e respeito, o público suspira, estremece (...)"

"(...)E o fim disto, qual vai ser, Ainda estamos no princípio."

"(...) e quando já não tiverem mais nada que dizer ou quando as palavras começarem a ir por um lado e os pensamentos por outro, então se verá se algo poderá suceder que valha a pena recordar quando formos velhos."


Ai, ai... Saramago é foda. Vida longa a José Saramago!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Human nature

Olha, eu tenho uma coisa pra te contar, mas quero q vc me pergunte, pq não quero contar assim de bandeja. Eu sei q vc está muito curiosa, então quero me aproveitar disso, quero me aproveitar do poder q tenho com essa informação e fazer um terrorismo psicológico com vc, uma guerrinha de nervos, um suspensezinho básico. E eu quero q vc me pergunte várias vezes, então vou jogar palavras ao léu, vou usar muitas reticências, pra q vc tenha q ficar me perguntando, e assim eu vou me alimentando do seu nervosismo, me sentindo cada vez mais poderosa, afinal, eu sei e vc não sabe.

Vou sonegar as informações q tenho, principalmente pq eu sei q vc vai ficar chateada com elas, e eu confesso q isso me causa um certo prazer. Eu gosto de vc, mas não sei pq sinto uma coisinha boa em te fazer sofrer. Então eu quero q vc me pergunte, pra q eu fale de novo e de novo o q vc já sabe, pra martelar no seu ouvido a notícia ruim, pra ler na sua cara a sua decepção.

Mas não se preocupe, isso é coisa do ser humano. Eu sou sua amiga e gosto de vc, e amanhã vai estar tudo bem, e eu vou te contar como estou feliz. E vai estar tudo realmente bem, não é maldade, não é falsidade, é somente a fraqueza humana.

No fundo, no fundo, somos todos vis.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

On the road

Preparar a mala.
Carregar a van.
Escolher o CD.
Morrer de rir com as conversas.
Parar no posto.
Falar do repertório.
Falar de música.
Morrer de rir.
Conhecer uma nova cidade.
Parar pra comer.
Um choppinho, mais risadas.
Outro chopinho.
Descarregar a van.
Roupa, sapato, maquiagem.
Brrrrrrrrr, trrrrrrrrrr, zzzzzzzzzz, ssssssss.
Água. Sem gelo.
Sobe tudo.
Palco.
Luzes.
Microfone, cabo.
Som, teste, um, dois.
Platéia.
Nota fora, nota dentro.
Trave.
Um acorde perfeito da metaleira.
Uma caixada no contra.
Wa-wa.
Aquele agudo.
União. Comunhão.
Aplausos.
Gritos.
Olhares.
Dancinha.
Meia-lua.
Morrer de rir.
Mais aplausos.
Descer do palco.
Confraternizar.
Morrer de rir.
Carregar a van.
Rir até a barriga doer.
O cachê. Demora, mas vem.
Dormir torta.
Acordar, rir.
Posto.
Enfim, de volta.
Descarregar a van.
Despedir e morrer de rir.
Desfazer a mala.
Casa. Chuveiro. Cama. Cobertor.

No fundo, eu bem q gosto dessa vida.
Tá vendo q merda? Já tenho vontade de apagar tudo, de sumir com essa merda de blog do caralho. Mas tá, vou me conter. Vou assumir meus erros, meus escritos ridículos, meus sonhos q não dão em nada... vai, tá tudo aqui. Deliciem-se. É o circo da vida alheia.

Paparararararaparara... (música de circo).
E a palhaça sou eu.

O e-mail que eu nunca mandei

Eu sei, eu sei. Eu disse q não ia apagar nada daqui. Mas foi mais forte do q eu. Só apaguei pq estava cega qdo escrevi. Pq era um monte de asneiras, asneiras q foram enfiadas dentro da minha cabeça. Não eram pensamentos meus. Não era coisa minha, genuína. Fui induzida, e induzida errado.

Então, como esse blog é meu, aqui só ficam as MINHAS idéias. E como ele é meu mesmo, eu apago o q quiser.

E aí, vai encarar?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

É uma coisa q não me deixa ficar sentada quieta. Hoje estou estranha. Eu tenho q ficar me mexendo na cadeira toda hora. Toda posição é incômoda, doem as pernas, as costas, não consigo achar um modo confortável de sentar.

O relógio tá com uma preguiça do cão hoje... dá 7 horas, mas não dá 6.

Não consigo me concentrar nas coisas, minha cabeça começa a pensar várias coisas e não termina de pensar nada. Abre várias janelas e vai deixando tudo aberto, a tela da minha cabeça tá uma confusão dos diabos, não sei mais o q é pensamento meu, o q foi coisa emprestada dos outros.

Me dá dor de barriga, mas eu vou no banheiro e não acontece nada.
É nervoso.


Ser uma pessoa ansiosa às vezes é terrível...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Comecei com o sofá e fui parar na camisola...

Ele me disse q o sofá dele é velho, q ele gosta de sofá velho, pq
sofá novo tem cara de loja, e sofá velho tem horas e horas de
conversa fiada em cima dele.

É verdade. Eu tb gosto de coisas velhas. Gosto mesmo. Na minha
casa, quero ter alguns móveis velhos, com histórias, histórias da
minha avó, do meu avô, histórias de qdo eu era pequena, dos
meus pais, enfim.

Tenho guardada uma máquina de escrever (vermelha!!) q foi do meu
avô. Lógico q ela vai ter um lugar de destaque bem legal qdo eu
tiver a minha casa. E o tabuleiro de xadrez q foi dele também. Eu
aprendi a jogar xadrez nesse tabuleiro (mas sou ruim de xadrez).
Qdo pego as peças de novo, com aquele feltrinho verde embaixo,
minha memória fica doida, trazendo lembranças boas da época de
criança. Meu órgão (eletrônico, com pedaleira, não me entendam
mal!) também vai pra casa: horas e horas de estudo nele, sem
gostar, q eu era muito rebelde.

São tantos itens de importância... a lata verde de botões da minha
avó era um dos meus preferidos. Mas não está comigo. Só na
minha memória. Eu tenho uma memória muito boa... mesmo. E
ela evoca sentimentos, sensações. Passar em frente de onde era
a casa da minha avó sempre mexe comigo. Um misto estranho de
saudade boa e ruim, uma sensação ruim pq não vai voltar, pq por
mais q eu queira eu não vou viver aquilo tudo de novo. Acho q o
sentimento é mais ruim do q bom.

Anyway, eu gosto desses itens com história, Histórias de ontem e
de hoje também, e histórias q eu nem conheço. Algumas amigas
acham um absurdo eu não gostar de motel. Não gosto mesmo,
nunca gostei. Acho impessoal, estranho, frio, um lugar onde se vai
com uma finalidade definida, acho isso muito chato. É como lavar
louça (perdoem, minha cabeça é um tanto quanto estranha,
mesmo...). Às vezes chego em casa e vejo a louça suja, daí penso
- vou lavar. Mas basta a minha mãe pedir pra eu lavar, e toda a
graça some. Pô, eu ia lavar sem ninguém pedir, ela ia ver e ia ficar
contente. Qdo ela pede pra eu lavar e eu lavo, não tem graça
nenhuma. Não foi mágico. Era esperado, já. Era só uma obrigação.
Odeio obrigação. Odeio ser obrigada a fazer/falar/pensar/sentir
coisas. Claro q temos muitas obrigações na vida. Mas q parem
pelo trabalho. Q não se estendam à pia da cozinha, e muito menos
à cama. Se é q vc me entende. As coisas são legais qde são
espontâneas, inesperadas, mágicas (mesmo qdo não são). E
motel não é um lugar legal. Legal é uma cama com história, um
quarto com objetos, um lugar onde vc não fique ouvindo os outros
gemendo. Como pode ser legal um lugar onde tem um lençol q foi
feito pra ser de um monte de gente, um lugar em que o chuveiro, a
cadeira, a mesa, a TV, tudo parece gritar SEXO, puro e simples
SEXO?

Todo mundo sabe q eu não sou puritana. Apesar de eu estar numa
fase estranha da minha vida, não sou contra sexo sem amor. Não
quero isso pra mim agora, mas não sou contra. Só acho q mesmo
assim, as coisas não precisam ser desse jeito. Mesmo q seja só
pra relaxar, pra desestressar, pra curtir, sei lá, não precisa ser
assim: "Vâmo?" "Vâmo" "Então vâmo" "Foi". Muito sem graça...

Ok, ok, digressões à parte... começo falando de sofá, passo pela pia da cozinha e termino na cama. Hormônios... Nada disso, é só a minha cabeça viajando, mesmo. Essa coisa de história nos objetos e móveis me lembrou isso. Ok, ok, ninguém vai acreditar q foi um negócio puro. Enfim, não adianta ficar explicando.

É por isso q eu gosto da minha camisola verde e velha, q foi da minha avó. Minha avó me deu a tal camisola qdo eu era muito criança, e eu achava o máximo, pq ficava enorme. Depois, esqueci por um tempo no armário. Daí minha mãe achou e eu nunca mais parei de usar. Durmo como uma pedra. Meus amigos tiram sarro, acham feia (é mesmo, hahahaha), mas eu não me importo. Ganhei uma nova de aniversário, da minha melhor amiga. Claro q eu vou usar, também. Mas não vou deixar de usar a verde velhinha. Acho q dá pra conservar o antigo e incorporar o novo. Em quase todos os sentidos.
Do nada, completamente out of the blue, no meio do expediente, começaram a vir algumas músicas muito bregas na minha cabeça. Mas muito mesmo. Fagner. Elymar Santos. Fafá de Belém. Surreal... surreal... comecei a cantar pras meninas, pra dar risada (e demos... morremos de rir), e qual não foi minha surpresa ao ver q eu SABIA DE COR VÁRIAS LETRAS INTEIRAS!!!

Carol (sem artigo mesmo) me disse q eu tenho q fazer um show brega. Eu acho ótimo. Já tinha pensado nisso. No meu último show, qdo fomos escolher as músicas da parte brega, foi difícil, pq eu queria todas... Acho q pode ser legal...

Enfim, hoje eu dei muitas e boas risadas. Pâmela e Carol me divertem muito com suas histórias malucas, e eu me divirto contando as minhas, ou cantando músicas bregas, ou falando de cobrinhas nos fundos dos olhos, de boto rosa, de réguas, de personal CD, de Marte, de entendi Nelson, de livrinhos da sorte e horóscopo, de bisnaga, de tanta coisa q eu nem me lembro... às vezes saio do trabalho com a bochecha doendo de rir.

Ontem tb foi uma noite muito legal. Inesperada... eu achava q ia pra casa dormir, depois de ter trabalhado o dia todo e ter dado aula. Mas Thathona me liga, e lá vamos nós tomar uma. Adorei o lugar, simples como eu queria há muito tempo, adorei presenças ilustres de P. Prima e Ju Querida. Adorei as conversas esclarecedoras sobre fatos da vida, hahahahaha. Foi realmente muito bom.

E fico aqui pensando: como é bom ter amigas... amigas meninas, q sabem o q vc sente, q acham graça no q vc acha, q acham bonito o q vc acha (mas nem tudo), q te entendem, q dividem, q compartilham, q dão risada, q choram, q falam besteiras e q falam verdades, q contam causos, q abrem seus olhos e q fecham os delas pra vc abri-los. Ontem e hoje foram dois momentos bem legais, de lavar a alma mesmo, de sair leve, agradecendo por essas pessoas existirem. Uns momentos de risada fazem toda a diferença.

Obrigada minhas amigas, por estarem aí, pelas risadas, besteiras, verdades.

Salafrário...

"Eu amei. E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar. E chorei ao sentir que iria sofrer e me desesperar.

Foi então que, da minha infinita tristeza, aconteceu você. Encontrei em você a razão de viver e de amar em paz e não sofrer mais, nunca mais, porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz."

Tom Jobim é muito foda...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Ela sempre soube que, quando o amor chegasse, haveria explosões de fogos de artifício, borboletas no estômago, repicar de sinos (a revoada de pombos ela dispensava). Então ela se preparou e se pôs a esperar. Ela estaria pronta para quando ele chegasse. E se enfeitou, e cantou e dançou, e leu, e preparou frases de efeito e caras e bocas para que ele não lhe escapasse, quando passasse por ali.

Muitos passaram, e ela sempre se perguntava "será esse?". Mas não era. Ela, porém, fechava os olhos para não ver que nada era como ela tinha esperado. E se enganava: "é ele". Não era. Nunca era. Mas ela até produzia os fogos e as borboletas, e acreditava neles. Esforçava-se para não ver que nada era real, e quando a situação ficava inegável, punha-se à procura novamente. "Há de vir". Ela elencava as qualidades que o amor teria, como seria fisicamente, como falaria, que talentos possuiria, o que iriam fazer juntos. Sabia que ele não passaria despercebido: no momento em que pusesse os olhos nele, saberia que seria para sempre.

Um dia, um estranho chegou. Não tinha nada do que ela esperara. Nenhum sino tocou, nenhuma borboleta apareceu, nem mesmo os fogos. Era de dia. Um dia quente. E ela não estava preparada. Sem batom, cabelo preso, tênis sujo. Não tinha frases bonitas para impressionar. Foi ela mesma, até demais: falou palavrão, xingou o mundo, estva cansada, queria desistir no meio do caminho, mostrando suas fraquezas. Mas não desistiu. Momentos depois, olhando para o nada, ouviu a voz dele. Ele falava coisas estranhas, disse q daria um centavo pelos seus pensamentos. E ela, que não tinha pensamento nenhum nesse momento, viu como sua vida era vazia. Ela viu a água correndo e lavando a lama, muita lama. Confusa, sentiu-se inquieta. Mais tarde, ele a olhou nos olhos e fez uma pergunta maluca. E ficou esperando a resposta, porque queria realmente ouvi-la. E ela brigou com a sua melhor amiga, sem entender nada, quem era essa pessoa que não tinha nada a ver com ela, que já tinha cruzado seu caminho algumas vezes e nunca causara vendavais, sinfonias, explosões? Por que não lhe saía da cabeça, aquela pergunta maluca repetindo e repetindo e repetindo, aqueles olhos como que cravados na sua memória, por que ela se importava tanto?

Tempos depois, ela ainda se importa. Ela se importa mais do que nunca. Mas já não quer borboletas, fogos ou sinos. Não quer apressar o relógio. Não quer escolher nem adivinhar como as coisas serão. Quer que elas sejam. E se demorarem, que demorem. Se tudo o que ela pensou estava errado, que esse estranho venha enfim mostrar o certo. A seu tempo. A seu modo. De verdade, enfim.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Versos

Ele me perguntou se eu fazia versos. Na verdade foi um mal-entendido. Eu perguntei sobre os versos das folhas, e ele entendeu errado. Geralmente sou eu quem não entende o q ele fala. Se bem que às vezes ele entende errado também.

Enfim, ele me perguntou se eu fazia versos. E eu disse obviamente que não, e ri. Porque eu não faço mesmo. Qdo era uma adolescente bizarra, fazia. E era realmente bizarro. Eu tinha um caderno com uma capa dourada, meio brilhante, nem lembro como consegui, acho q minha mãe me deu. E era o meu caderno de poesias. Aquelas coisas estranhas q as adolescentes fazem, qdo gostam de um moleque e ele nem liga pra elas, daí parece q o mundo vai desabar, q tudo vai ruir, q não vale a pena viver. Era realmente muito brega. Escrevia coisas muito piegas.

Anos depois, peguei pra reler e tive vontade de me matar. De matar a adolescente idiota q eu fui. Como eu pude escrever tanta asneira? Qdo a gente é adolescente tudo é uma tragédia... Fiquei com vergonha de mim, com vergonha do q eu fui. Sou uma pessoa muito crítica. Com os outros, obviamente, e comigo também, se bem q nem sempre. Então fiquei com essa idéia de q as coisas q a gente escreve no calor do momento são ruins, pq vc vai ler depois qdo tudo esfria e morre de vergonha. Então pra q escrever? Pra achar tudo ridículo depois? Eu sei aquele lance todo do Fernandinho, de q todas as cartas de amor são ridículas e bla-bla-bla. Tá, serve pra eternizar o momento. E daí?

Fiquei mesmo, então, com essa ica de escrever, com esse medo, achando inútil escrever hoje pra rasgar ou apagar amanhã. E eu tb tenho uma certa ica de poesia, pelo menos da minha. Não é bom o suficiente. Nunca é bom o suficiente. Eu tenho a mania de escrever como eu falo, e eu falo como eu penso, então nunca fica nada como a gente está acostumado a ler, aquele lance de transpiração, de trabalho, de técnica. Minhas palavras escritas são somente o reflexo do fluxo do meu pensamento, correndo pela tela (pq agora no papel é mais difícil). E nem sempre fica bonito. Pq nem sempre o q eu penso é bonito, ou a forma como eu penso.

Ele me disse (me escreveu) q, qdo lê meus mails, parece q me ouve falando. Ele não é o primeiro a dizer isso. Mas, na verdade, é assim. É exatamente assim, e eu fico feliz por ele captar isso do meu jeito de ser: eu escrevo exatamente como eu falo. Sem ficar pensando muito, sem ficar bloqueando, cerceando. O problema é qdo preciso escrever alguma coisa importante pra alguém. Daí fico preocupada em cortar, em enxugar, em diminuir, em não deixar transparecer tudo o q eu queria dizer e não posso. Uma merda mesmo. E sempre acaba passando alguma coisa. Pelo menos eu vejo. Vejo gritando em néon azul, por entre as linhas, aquilo tudo q eu quis dizer. No meio das palavras, como aqueles malditos livros em 3D q eu nunca consegui enxergar. Entre todas as palavrinhas comuns e as frases milimetricamente construídas, eu vejo aquele "EU ME IMPORTO" berrando através do meu texto. Enxergo aquele "EU QUERO MUITO" atrás das minhas palavras calculadas.

Talvez seja nóia minha. Talvez não. Vai saber...

Enfim, eu gosto de escrever, pelo menos no momento em q escrevo. Fico com ica depois, mas gosto. Ontem me perguntaram pq eu não fazia um blog. Já tinham me perguntado isso antes. Já comecei alguns, e nunca acabei. Quer dizer, acabei com todos, nunca levei adiante, por essa história mesmo de achar tudo feio e banal depois de escrever. Quem sabe agora. Agora q eu estou revendo alguns conceitos e tentando ser uma pessoa mais calma, mais centrada, mais adulta. Não q isso tenha nada a ver com ter um blog. Somente com rever conveitos. E, se me der na telha, eu apago tudo de novo.

Agora, versos, jamais. Nem pensar (e no balanço das horas tudo pode mudar).