segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Zicada

Estiramento do músculo trapézio, do pescoço. Dando uma aula de flamenco. É mole? Três injeções, seis dias de remédio, quatro dias de repouso, deitada, de colar cervical, bolsa de água quente e tudo. Li tudo o que eu podia, até não aguentar mais ficar deitada.

Mas não tem nada, não. Que já passou.
Em menos de um mês, consegui me estragar do pé direito, e agora do lado esquerdo do pescoço. Segundo minha manicure, isso é "olho". Na verdade, nunca me faltou olho... o que eu mais tenho em cima de mim é olho.

Mas aqui o santo é forte, minha nega. Tem nada, não. Balança, mas não cai.

Isa me deu uma maçãzinha santa...

Amanhã tô pronta pra guerra de novo. A quem interessar possa.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Fofo

Um aluno começou um blog por causa de uma aula que eu dei. Eu tenho vontade de chorar e sou uma tonta.

domingo, 15 de agosto de 2010

Falta de educação

E daí a gente senta no bar, uma galera perto dos 30 ou quase lá ou um pouco depois. Professores ou ex-professores. E não tem jeito, a conversa acaba girando em torno de Educação. Da falta dela, da dificuldade da profissão. Da alegria de quem não dá mais aula, das saudades também. Dos problemas de quem dá aula, que são sempre os mesmos, mas quem ama ama, não tem jeito.

Parece coisa de veio. Dirigindo de volta pra casa, fico pensando se estou mesmo ficando velha, aquelas professoras encarunchadas que sentam na mesa do bar e ficam reclamando da Educação. Mas acho que não. Acho que é consequência natural de amar o que eu faço, e me preocupar com isso.

Antes meus professores falavam "Isso é importante pra Unicamp", e eu estudava, porque o que eu queria era entrar em uma universidade boa, foda. Esse argumento não funciona pros meus alunos. Eles estão cagando pra Unicamp, estão cagando pra uma boa formação. Os pais deles não têm formação superior, e vivem bem assim, então eles não dão valor pra isso. Um aluno ano passado me disse "Grandes merda, você fez Unicamp e ganha a mesma coisa de outra professora que fez uma faculdade qualquer". O pior é que ele está certo, mas como é que eu vou explicar pra ele que a coisa toda vai além disso, que não é só grana, que tem a ver com a minha formação enquanto ser humano, com o meu repertório pra vida, coisas assim? Não dá, não faz parte do mundo dele.

Do mundo deles, meus alunos, a maioria deles. Mas de vez em quando uma alma se salva do purgatório. Esse aluno passou na Unicamp. Vai ganhar a mesma coisa de outro que passou em uma faculdadezinha qualquer de Coquinhos do Sul (saudades da Maza). Mas talvez ele tenha um diferencial a mais, e talvez qualquer dia a gente retome essa conversa numa mesa de bar, e vamos ver se o que ele tem pra me dizer ainda é a mesma coisa. Espero que não. E espero que eu não esteja muito velha até lá. Mas certamente vou estar sentada na mesa do bar, discutindo Educação. Fazer o quê?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cara de pau

Consulta com o cardiologista.

- Por que você está aqui, o que você sente?
- Não sinto nada, estou aqui pra minha mãe parar de encher o saco.

Histórico: pai enfartou, tio enfartou, avó e avô paterno morreram do coração, avô paterno enfartou. Fumo pra cacete, sou sedentária. Quase.

- Quanto você pesa e quanto você mede?
(resposta omitida, mas eu falei pra ele; fiz cara de cocô).
- É, essa cara mesmo... obesidade é um fator de risco.
- Hum.

- Precisa parar de fumar. Vai ficar com a pele feia.
- Minha pele é linda. (É mesmo)
- Homem vem aqui e eu falo que vai morrer do coração. Mulher vem e eu falo que vai ficar com a pele feia. Mulher não se importa, de morrer, só não quer ficar feia. (sorrisinho)
- Doutor, pelo meu peso o senhor pode ver que esse argumento não funciona comigo.

(cara de "que que eu falo pra essa menina?)

- Vamos fazer o exame da esteira.
- Doutor, acho que eu nem tenho tênis. (gargalhada)

- Eu não quero que você fume.
(sorriso angelical) - No dia do exame, doutor?
- No dia do exame é lógico que não! Agora, depois nós vamos ter uma conversinha sobre parar de fumar.
- Aham.


Pôrra, flamenco três vezes por semana é exercício pra caralho. Saio pingando! Sedentária é a mãe.
Ninguém me entende...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Diário

Tivemos que fazer um exercício de escrita, lá no curso de Jornalismo Literário. Tínhamos que escrever 3 dias de um diário de uma personagem qualquer. Fiz esse daí de baixo em 5 minutos, tá? Não tá nada perfeito. Mas a galera do curso curtiu, então decidi por aqui. Taí.



Terça-feira

“Descubra o significado do seu nome, grátis”. Grandes merda. Pra que eu vou querer saber o significado do meu nome? Com certeza, nada de bom pode vir daí. Nada que venha de mim ou do meu nome pode ser bom.

O cigarro queima lentamente no cinzeiro, e eu não tenho força de vontade suficiente pra pegá-lo. O gelo derrete dentro do copo, aguando minha vodca. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são 10 e meia da manhã. Acho que seria interessante, talvez, trocar essas meias. Faz três dias que estou usando essas mesmas meias. Mas é que eu não sei onde coloquei aquelas cor de abóbora, que eu amo tanto.

Isso, trocar de meias e desligar esse maldito computador. Seria um plano bom. Parece-me um plano bom. Ou talvez eu devesse entrar nesse site e descobrir o significado do meu nome, grátis. Deixar pra lá as meias, deixar pra lá o hospital, deixar pra lá tudo, deixar o cigarro queimar, a vodca aguar de vez, deixar que o mundo acabe, e ficar só pensando no significado do meu nome.


Quarta-feira

Ele está bem. Respira por aparelhos. Tem um certo tom triste nos olhos, os olhos cinza. Acho que vou dar uma procurada no que significa o nome dele. Assim que eu acabar essa cerveja. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são três e meia da tarde. Três e meia. Cadê minha meia abóbora? Será que eu dormi tanto assim?


Quinta-feira

“Cheia de juventude”. Esse é o significado do meu lindo nome. O significado do nome dele é “feirante”. Feirante? Tá aí. Quem merece ficar trancada aqui por causa de um feirante? Eu não tive culpa, a arma não era minha, não fui eu quem entrou gritando, eu só estava aqui tomando meu conhaquinho, a décima nona dose, mais ou menos. O azar foi dele. E também não quero mais ficar pensando nisso. Ciúme nunca acaba bem. Tá aí. Respira no aparelhinho agora, feirante. Que eu achei minhas meias abóbora e tô indo dar uma sacudida no esqueleto. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são onze da noite.

sábado, 7 de agosto de 2010

Acqua Toffana

"O amor não se dissolve, o amor acaba. Como alguém que é atropelado e morre instantaneamente. Acaba assim, o amor. Quem percebe isso ainda tem chance. Quem não percebe vai de graça até o inferno."

"As mulheres existem para que os homens se meçam, li isso em algum lugar. E para que se fodam também, completei. Principalmente para que se fodam. As mulheres existem para que os homens se meçam e para que se fodam. Para que estraçalhem suas vidas, para que joguem tudo no esgoto, para serem roubados, enganados, traídos, apunhalados pelas costas, esfaqueados e enrabados. Para isso existem as mulheres."

"Não estou assustada. Não estou decepcionada. Nem suores. Pesadelos. Tremores. Nada. Nem revoltada. Não estou com medo. Estou com ciúme. Ciúme, delegado, é pior que medo. Pior que assalto, sequestro, estupro e duplo homicício. Ciúme parece úlcera gastroduodenal, muitas vezes pode-se confundir ciúme com úlcera. Hipersecreção ácida. Você pensa que tem úlcera, mas tem ciúme gastroduodenal. A helicobacter pylore se instala na cripta gástrica e provoca feridas na região. O ácido vai corroendo o órgão, os órgãos, e aumentando a lesão. As células constroem uma bomba de ácido que faz estragos incalculáveis quando é detonada. A minha acabou de explodir justo na sua mesa, seu delegado. Eu sou uma fábrica de ácido. É ácido o que estou jogando no senhor."


Frases de Patrícia Melo, no livro Acqua Toffana. Recomendo fortemente a leitura. Mesmo. Deveras.