segunda-feira, 30 de junho de 2008

Crise da tela em branco

Escrevo, apago. Escrevo, apago. Não gosto. Que merda, mas o que é que está acontecendo comigo???

Pensei em abrir o blog pro mundo e até agora nada. Pensei em escrever uma metáfora com frutas, mas achei idiota e apaguei. Pensei em falar sobre aquela expressão do passarinho verde, escrevi, apaguei. Não gostei. What the fuck is going on???

Cadê a Juliana das segundas-feiras? Cheia de palavras e idéias e doida pra escrever? Eu tenho várias palavras, mas não as acho adequadas, tenho várias idéias mas não as acho boas.

Crise, é isso. Tô em crise. Como é que eu vou escrever meu livro desse jeito??? O que fizeram comigo no fim-de-semana? Parece que passaram um corretivo líquido em mim e agora etá tudo meio branco.

Ei!!! (cutucando o ombro) Me devolve!?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Doeu. Dói.

Ontem eu prendi minha mão no pedestal do microfone. Eu fui mexer nele durante o show, calculei errado, ele escorregou e prendeu a pele da palma da minha mão, bem na base do dedão. Bem onde o dedo médio bate quando a gente estala os dedos. Doeu muito. Ficou uma bolha preta de sangue pisado, e em volta a pele toda vermelha. Na hora, a dor foi muito foda. Mas eu estava no palco, estava cantando, estava sendo observada por uma galera, e então tive que fingir que nada tinha acontecido. Até porque ninguém percebeu. Só perceberiam se eu tivesse dado bandeira. Se eu tivesse feito uma cara de dor ou tivesse dito "puta que o pariu!". Mas eu não disse. Eu fiquei de boa. Não fiz cara de dor, engoli a dor. E isso me fez pensar.

Pensei nisso como uma metáfora das vezes em que a gente leva um baque da vida e tem que fingir que tá tudo nos conformes. Quando acontece alguma coisa que tira o seu chão, e mesmo assim você tem que flutuar e dar um jeito de ninguém perceber que tem algo errado com você. Quando te dão uma porrada com um pau nas canelas e você cai de cara no chão e se estabaca todo, mas tem que fingir que abaixou pra pegar alguma coisa. Quando a vida te enfia uma faca nas costas e você tem que continuar respirando normalmente e conversando com todo mundo.

Você tem que sorrir. Porque você não quer dar o braço a torcer. Você não quer que vejam que você está acabada, triste e sem chão. Você tem que dar um jeito de continuar a falar de qualquer assunto, com cara de interesse e de conteúdo, como se o que aconteceu não tivesse significado nada pra você. Você quer se mostrar forte e superior. Então você continua a andar, mesmo com a facada no peito, mesmo com o sangue escorrendo e formando uma poça no chão, e é preciso cuidado pra não escorregar nele.

Quando chega aquela pessoa que significa muito pra você, mas ninguém pode saber, você finge que não viu. Ou pior, finge que é normal, que aquele é só mais um ser humano. Você pode amá-lo ou odiá-lo com todas as suas forças, ele pode significar muito pra você mesmo que você não saiba explicar o porquê, mas você finge que ele é só mais uma pessoa comum. E faz caras comuns e conversa assuntos comuns e tenta ignorar que dentro do seu peito tem alguma coisa batendo desesperadamente, que a sua mente está gritando com você no tom mais agudo de desespero, você passa por cima de tudo e diz "oi". A sua cabeça se divide em duas, você se divide em duas pessoas: uma está ali agindo normalmente; a outra está morrendo de dor, de desespero, de angústia, de vontade, e o pior é que tem consciência disso e fica tentando controlar sua outra metade para que ela pareça normal, a metade que aparece pros outros.

Eu odeio fingir, odeio esconder meus sentimentos e pensamentos. Tento ser uma pessoa sincera. E eu sou. Mas muitas vezes, pro meu próprio bem, pra minha própria sanidade e pra minha auto-estima (que não é mesmo grande coisa), eu tenho que fingir que não dói. Eu tenho que fingir que não me incomoda, que não me dilacera, que não me mata aos poucos. Então eu finjo. É algo que me dá muito trabalho, que me desgasta, que me consome. Mas eu já aprendi a conviver com isso. Lá no fundinho do meu eu tem um monte de caquinhos de vidro. De muita coisa que se quebrou. Eles nem fazem mais barulho, eu não deixo. Só eu ouço os ruídos, que pra mim são urros. Mas ninguém mais toma conhecimento.

Eu sorrio, e continuo falando. Prende a minha mão e dói muito e eu tenho vontade de chorar e de gritar, mas eu mexo no cabelo e continuo cantando. Porque eu não posso parar.

Resumo da ópera de ontem (ou da grooveira)

Sono, muito sono. Ontem cantei com a minha banda e cheguei em casa 3 e meia da manhã. Isso porque, acabando o show, tomei só um copinho de cerveja e fiquei uma meia hora batendo papo, fazendo o social. Ruim sair assim, largar todo mundo conversando, não poder falar sobre o show, trocar opiniões e impressões. Ruim ter hora pra ir embora, e principalmente ter hora pra acordar no dia seguinte.

O show foi bem bacana. Taí uma coisa de que eu gosto, muito: cantar. Subir no palco e fazer meu som pra mim é uma das melhores coisas da vida. Confesso que comecei o show meio desanimada e cansadona, afinal não é fácil trampar o dia todo, fazer a maior correria e depois ter pique pra entrar no palco meia-noite. Mas não tem jeito, vai animando. Foi bem legal.

Agora tenho que ficar o dia todo no trabalho. É isso que mata. Mas vambora, ainda não consigo viver de música. Ainda.

Post bem bobinho esse, mas seu sono tá animal, não consigo produzir muito mais que isso.

Fico pensando na hora maravilhosa e sagrada em que eu vou chegar em casa hoje, tomar um banho quente, colocar minha camisola e descansar. Se eu agüentar, queria até ver um filminho, encolhida no sofá, debaixo da coberta, depois de comer alguma coisa bem gostosa. Hum, isso é que é vida. Quero um fim-de-semana bem sossegado, bem light. Meus amigos estão em Sampa, então eu vou mesmo ficar sozinha. Mas tô feliz. Tenho amigos aqui, claro, mas tô tão cansada que quero mesmo é morrer em casa, pra ressuscitar só na segunda.

(Isso até eu acordar de bom humor e resolver bater perna por aí. Segunda eu conto).

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pra você

Não vou mentir: comecei o blog por causa de você. Tá na cara, né? Eu sei. Por isso nem adianta eu mentir. Mas ando pensando agora em abrir pra geral. Não faz sentido um blog com um endereço "derrubando paredes" que permaneça entre quatro paredes. Enfim... aquela coisa de que filho a gente cria pro mundo e não pra gente. Nada de pretensões de achar que meu blog pode ser interessante para o mundo. Mas também não quero mais ficar escondendo o que penso, o que escrevo. Que fique aí, pra quem quiser ver. Afinal, não estou mais falando de você. Já falei. Agora não falo mais. Agora falo de mim.

Mas só pra não ser ingrata, vou falar de você, talvez pela última vez. Foi por sua causa que eu voltei a escrever. E na verdade eu tenho que agradecer. Porque me faz bem. Porque eu entro em contato comigo e clareio alguns pensamentos nessa minha cabeça estranha. Porque eu dou risada de mim mesma uns tempos depois. Hoje reli tudo, desde o primeiro post, e dei boas risadas.

Tenho que agradecer também porque você me mostrou coisas importantes. Que a gente pode gostar de uma pessoa sem que ela necessariamente goste da gente do mesmo jeito. E que, mesmo assim, a gente tem que aprender a deixar morrer quando morre. E que não precisa ter raiva ou ódio ou revolta. Simplesmente aceitar que não era. Mas continuar reconhecendo coisas boas. Parece ridículo, porque nunca houve nada entre nós. Mas houve muito em mim. Eu pensei muito, eu senti coisas muito boas e vi que posso gostar das pessoas de um jeito diferente. Eu fiquei mais calma. Eu fiquei mais chata também. Mas ainda acho que esteja no lucro.

Eu entrei em contato comigo mesma, eu aprendi que a gente não pode confiar em qualquer um, aprendi que existe inveja e amargura, e também existe gente que acha que vai fazer o bem e faz o mal. Aprendi muitas coisas. Aprendi que posso ficar mais tranqüila, que preciso saber o que eu sinto, pra mim, não pros outros nem pra outro. Aprendi que os sentimentos que a gente tem são nossos, de mais ninguém, e que quando o outro retribui é lindo e mágico, mas quando não retribui isso não faz de você um infeliz; pelo menos não necessariamente. Tudo depende da maneira como você sente e do que você espera. Se for posse, jogo, birra, você vai sofrer. Mas se for uma coisa bonita, um sentimento bom e calmo e leve, não faz tanta diferença a ação do outro. Por incrível que pareça. Aquela história: você não está com ninguém, na vida de verdade, mas também não está só, porque existe alguém em quem você pensa com carinho e alguém a quem você quer bem.

Aprendi mais coisas com você: que a gente não pode ficar achando que os outros pensam como a gente, porque cada pessoa funciona de um jeito. Muitas vezes, quando alguém diz "A", está querendo dizer "A" mesmo, e só, e não "BCDEFGH", e nem "Z". Outras vezes, as pessoas dizem "A" sem nem saber por que; elas não estão dizendo "A" querendo dizer "A", elas dizem por dizer, às vezes nem se dão conta de que disseram. E por isso a gente não pode ficar viajando nas intenções e nos pensamentos e nas ações dos outros, porque nem sempre eles pensam e agem como a gente gostaria que eles pensassem e agissem.

Aprendi também que não existem fórmulas pra se gostar das pessoas, e que esse negócio de "meu tipo ideal" é a maior furada do mundo; de repente aparece uma pessoa nada a ver, fora de todas as suas expectativas e você vira um idiota, nem se reconhece mais.

E o melhor de tudo foi que eu aprendi com você, mas aprendi sozinha. Você nunca me disse uma palavra sequer sobre nenhuma dessas coisas. Na verdade, talvez você nem suspeite da intensidade de tudo isso, e desse meu aprendizado. Mas eu aprendi. Obrigada.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sozinha

Tenho tido a impressão constante de que estou sozinha. Sozinha mesmo. Aquela coisa: na verdade, somos todos sozinhos, e não somos, ao mesmo tempo. Óbvio q eu tenho minha família e meus amigos, mas tenho me sentido mais só do que nunca. Eu vou explicar.

Antes de mais nada, deixa eu dizer que esse estar só é muito mais amplo do que estar solteira. Claro que também engloba isso, mas é um sentimento muito maior e que envolve muitas outras coisas.

Eu vou começar por aqui mesmo, então, já que é isso que vocês esperam de mim. Sim, estou solteira. Não, não tenho marido, noivo, namorado, caso, rolo. Mais do que isso, não tenho ninguém de quem eu goste, ou ninguém que eu ame. E acho que é aí que o bicho pega realmente. Pela primeira vez em muito tempo, não existe ninguém no mundo que eu faça questão de que estivesse ao meu lado agora. Porque você estar solteira, tudo bem, mas se você gosta de alguém, você nunca está sozinha... pelo menos eu penso assim. Ok, você está sozinha, mas não vazia. É exatamente assim que eu me sinto, com relação a esse aspecto: vazia. Oca.

Ouço uma música bonita e não tenho ninguém em quem pensar. Vejo um filme muito foda e não tem ninguém pra quem eu queira ligar e dizer "você tem que ver esse filme comigo". Deito pra dormir à noite, com esse puta frio que vem fazendo, e não tem ninguém que eu gostaria que pudesse me abraçar. Vou fazer meus shows e não consigo imaginar nenhum rosto que eu faça questão de ver na platéia. (Amigos, por favor, não me entendam mal - é diferente, espero que vocês compreendam, estou falando de alguém mais do que amigo, ok?)

Eu não me lembro da última vez em que me senti assim. Eu sempre tinha alguém comigo, mesmo que estivesse sozinha. Mesmo que não estivesse namorando, tinha algum rolo. Mesmo que não tivesse rolo, tinha alguém de quem eu gostava e que eu queria trazer pra perto de mim, e meus dias e minhas noites eram tomados por pensamentos sobre essas pessoas, que foram várias, mas uma de cada vez, que eu também não sou assim tão louca. Então era fácil. Eu sempre tinha alguém pra pensar, fosse pra agradecer aos céus por ter alguém maravilhoso comigo, ou fosse pra maldizer e pedir pra que tal pessoa viesse logo.

Mas agora, não. Não existe ninguém. Não existe nem sombra nem cheiro de ninguém. E isso é muito estranho. Talvez eu esteja crescendo. Talvez eu esteja ensandecendo.

Além desse sentimento que é mais vazio do que solidão, existe o outro sentimento, muito maior, de que eu nunca estive tão sozinha, em todos os sentidos. Parece que existem fases assim, em que as pessoas simplesmente não estão na mesma vibe que você. Eu ando sentindo muito isso.

Pra começar, tive recentemente umas decepções no campo da amizade. Nada muito grave, nada de muito novo, mas abala a gente de qualquer jeito. E acho que fiquei meio chata. Meio que preferindo ficar sozinha do que fazer social. Do que ter que sair com uma gente que eu não admiro mais. Do que estar com um povo que não me traz nada além de conversas superficiais. Ou pior, de estar dividindo minha vida com gente que pode me enfiar a faca nas costas quando eu virar pra acender o cigarro.

Além disso, tem também aqueles amigos que a gente vê de vez em quando. Colegas, na verdade. Pessoas queridas, mas que também não rola. Sei lá, como eu disse, ando mesmo muito chata.

Daí me sobram poucas opções. Meus amigos de fato. E daí a vida é estranha: alguns estão longe, ou não tão longe assim, mas out of reach em determinados momentos. Porque eles têm a vida deles, as preocupações e as diversões deles. Não porque ninguém é filhodaputa. Mas porque, no fundo, no fundo, cada homem é uma ilha, e precisa cuidar dos seus coquinhos, da sua água e da sua areia. De boa, mesmo. Não estou sendo irônica. Juro, juro.

Acontece isso, às vezes. As pessoas estão em vibes diferentes. Querem fazer coisas diferentes, ir a lugares diferentes e conversar conversas diferentes. E maravilha, porque é nessas horas que você descobre seus verdadeiros amigos: são aqueles que conseguem passar por essas crises de diferença e depois volta tudo ao normal.

Eu não tô reclamando de ninguém, juro. Na verdade, o negócio é que eu ando estranhinha. Sei lá, não tenho vontade de fazer as coisas, não é nem que eu não tenha vontade, eu nem sei se tenho vontade. Eu tenho vontade de coisas que eu não sei o que são, eu não quero fazer nada do que se oferece pra mim, mas também não quero ficar sem fazer nada, eu quero fazer algo, só que uma outra coisa, nada disso que está aí. Quero ir em algum lugar, mas em nenhum desses onde eu vou, um lugar que eu não sei onde é. Quero ouvir músicas que eu goste, mas não essas que eu ouço, quero ouvir músicas que ainda não foram compostas, ver filmes que ainda não foram filmados, ler livros que ainda borbulham na cabeça dos escritores. Quero colocar uma roupa que eu não tenho e que eu não sei qual é, e fazer uma coisa que eu não sei exatamente o que é.

Assim fica difícil. Eu sei.

Mas é meio assim que eu ando me sentindo. Nada. Vazia. Nem amor, nem ódio. Simplesmente um morno, meio-termo idiota, em cima do muro total. E isso não sou eu. Eu vou, eu posso ir, mas eu também posso ficar aqui, eu fico até. Eu posso comer, mas também posso não comer, posso tomar banho agora ou depois, na verdade não importa. Realmente, onde é que está a Juliana de sempre?

Ando sentindo que sou uma pessoa só no mundo. Minha família não consegue entender meus anseios nem respeitar minha privacidade. Eu não quero bater papo. Eu só quero ficar quieta. Eu só quero poder tomar meu banho quente de pelo menos 20 minutos, pôr camisola e ir dormir. E que me deixem dormir até a hora que for, já que é fim de semana e eu acordo cedo a merda da semana toda!! Tem tanto problema assim? Eu não quero ter que participar da família Doriana e ver as roupinhas do nenê ou ouvir os planos de moradia do novo casal. Só quero que me deixem em paz e quieta e dormindo e morta. Só.

Eu não quero ir pra bares que eu não gosto, nem pra bares que eu gosto mas não tô a fim. Mesmo que existam pessoas queridas na mesa, tem pessoas que eu também não tolero, e eu realmente não tô a fim de olhar pra essas caras. Não por ódio, nem por amor. Simplesmente porque eu não quero. Não quero porque não quero e não vou. Pelo menos aí, decisão.

Daí eu saio sozinha e vou pra um lugar sozinha em pleno sábado à noite e me sinto a mulher mais sozinha do planeta. Não que isso seja ruim, porque isso não pode durar por muito tempo: ou algo acontece, ou eu vou acabar voltando ao normal. Mas daí fico sozinha analisando as pessoas, os casais, as bêbadas, os babacas, os músicos, e nada me parece bom, que mundo é esse onde eu ando? Onde estão as almas que vêm do mesmo planeta que eu?? Por que eu não consigo achar graça em nada? E o que eu poderia fazer melhor do que isso? Ir pra casa, agüentar encheção de saco? Not at all. Sair com pessoas que eu não quero? Not really. Ligar pros meus amigos queridos de verdade? Mas eles estão em outra onda, eu é que tô chata e não consigo ficar bem em lugar nenhum. Ligar pra qualquer pessoa, só pra ter companhia? Pra quê? Pra quem?

Sei lá. Acho que não é depressão. É só falta de perspectiva. Ia dizer que é o frio, mas também não é. Eu amo frio. Eu me sinto bem no frio. Eu estou ficando estranha há um tempo, já, agora é que piorou.

Eu só queria sentir alegria genuína em fazer as coisas de novo. Mas eu não consigo. Pra nada. Não dá vontade de nada. E não encontro ninguém que esteja como eu, então sinto que ninguém consegue me entender, que eu estou realmente sozinha. Pessoas queridas, desculpem. Vocês, mais do que ninguém, sabem como eu ando, e sabem que não é culpa de vocês. Mas tá foda.

Olho pro mundo, onde quer que eu vá, e vejo estranhos ao redor. Pontos de ônibus, dentro dos carros, nos bares, na padaria, em qualquer lugar. Nem por um momento encontro alguém que cruze seu olhar com o meu e que diga com os olhos "eu sei, eu entendo, eu também sou assim, eu também estou assim". Óbvio. Senão não estaríamos assim. Sozinhos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Gramaticando de mim mesma

"Sujeito sem predicados
Objeto
Sem voz
Passivo
Já meio pretérito
Vendedor de artigos indefinidos
Procura por subordinada
Que possua alguns adjetivos
Nem precisam ser superlativos
Desde que não venha precedida
De relativos e transitivos
Para um encontro vocálico
Com vistas a uma conjugação mais que perfeita
E possível caso genitivo"

(Pausa Poética - Paulo César de Souza)

Amei. Gostei da brincadeira. Vamos entrar nessa.

Falando de gramática, acho que eu seria uma oração principal... dessas que não dependem de outras para ter sentido. Ficam muito melhor com subordinadas completando, mas se bastam sozinhas. Se fosse pra ser uma subordinada, talvez eu fosse uma adjetiva explicativa, dessas q vivem explicando tudo (às vezes, funciono como restritiva também...). Nunca seria uma substantiva objetiva direta, se tem coisa que eu não sou é direta. Talvez uma adverbial causal, dessas que a gente nunca sabe diferenciar das consecutivas... mas nunca uma conformativa!

Na classificação de sujeito, seria mais difícil... sujeito simples? Taí, nem pensar!! Sujeito oculto? Não mesmo! Nada mais transparente do que eu. Oração sem sujeito é que não mesmo, né? Talvez sujeito indeterminado... mas não sei... será? Sujeito composto... pronto, bem melhor! Sujeito composto.

Como artigo, determinado, feminino (apesar da ausência de cor-de-rosa), plural (certamente). Para verbos, modo indicativo na maior parte das vezes (especialmente neste blog), mas algumas vezes descambo pro modo Imperativo... Subjuntivo, só dentro da minha cabeça, o tempo todo... (se fosse... Que seja! Quando for...).

A voz ativa predomina, mas quando a passiva chega é difícil fazê-la sair. Falta-me um agente da passiva. Por vezes, sou um adjunto adverbial de tempo (dois anos no máximo). Predicativo de poucos sujeitos, escolhidos a dedo. Um verbo bitransitivo, bem transitivo mesmo, precisando de vários objetos, diretos e indiretos. Às vezes, transformo-me em verbo intransitivo. Calar. Dormir. Chorar. Nessas ocasiões, posso ser também defectiva... faltam-me várias formas, sou incompleta. Com relação ao tempo... imperfeita. Futuro do pretérito também cabe bem.

Sou um pronome super pessoal do caso oblíquo, nada pra mim é reto. E tônico, nada em mim é átono. Posso também ser um pronome bem possessivo, bem interrogativo. Ou vários.

Minha vida tem várias vírgulas, mais do que eu gostaria. Por mim, engatava dois pontos e saía atirando, correndo pela vida. Mas às vezes me deparo com ponto e vírgula e aí não tem jeito... reticências... Não tem nada, não. Meto um monte de travessão e vambora. Até que chegue o ponto final.

Daí, abre aspas e vamos ver o que acontece.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Frase

"And I'll take the wrong man as naturally as I sing..."

A Amy q escreveu, e eu falo junto com ela. Eu canto junto com ela, dentro do carro, levantando uma sobrancelha...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Recado

Decidi que não estou mais a fim de ficar sorrindo pra pessoas quem eu não quero sorrir. Que não preciso fazer uma ceninha e representar um personagem pra fingir que gosto das pessoas, pra fingir que as tolero. Eu não tolero, algumas. Outras, não fedem nem cheiram. Pode ser que passe, mas por enquanto é isso. E eu acho que as pessoas deviam me agradecer por isso. Ué, não é o que todo mundo espera dos outros? Sinceridade? Que as pessoas sejam sinceras e digam a verdade?

Estou agindo de acordo com os meus sentimentos e com as minhas vontades: não tô a fim de olhar pra sua cara e fazer perguntas sobre a sua vida, porque na real tô pouco me lixando pro que acontece na sua vida. Também não quero te falar da minha. Porque eu não gostei das suas últimas atitudes e acho que eu vivo melhor sem elas. Porque eu não faria com você o que você fez comigo, mesmo não tendo sido nada grave (só faltava, né?). Porque eu prefiro ficar em casa debaixo do cobertor do que ter que passar por tudo isso de novo. Porque eu escolhi outras pessoas pra confiar de fato. Mas não se preocupe, pode ser que um dia passe e eu consiga de novo ter uma relação cordial (não é como com a outra, que eu preferia nunca mais ver na frente, nem pintada de ouro, nem coberta de rubis). Mas, por enquanto, prefiro ficar na minha. Não estou sendo grossa, só não estou sendo falsa.

Pode ser assim?

Obrigada.

O gosto dos outros e as loucuras da vida.

Agora, sim!

"O gosto dos outros", filme francês maravilhoso a q eu assisti ontem. Realista e real. Muito bom. Sem clichês, sem pieguices. Sem finais super-mega-ultra felizes, mas com finais como os da vida mesmo, uma passagem, uma porta aberta q dá continuidade pro que ainda vai rolar.

Não vou falar nada dele, só recomendar. Personagens e atores muito bons, história bem simples mas bem construída, trilha bem legal. Você ri, você pensa, você reflete, se identifica e sente. Veja!

PS - observação sobre o fim-de-semana: essa vida é mesmo louca furiosa. Mas é boa. Às vezes sarcástica. Mas ainda assim boa. Na verdade, boa sou eu. A vida é ótima. É só não esquentar muito a cabeça.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Gelatina...

Eu juro, JURO q não quero aqui nesse blog ficar fazendo análises de filmes bestas-comerciais-comédias românticas-mulherzinha, mas eu não sei o q está acontecendo comigo, eu tenho visto essas merdas e fico pensando, analisando mesmo. Então, tenham um pouco de paciência, ok? Eu juro q tenho na minha história muitos filmes bons, eu já vi muitos filmes foda mesmo, mas é uma fase... e eu nem procuro, eles caem no meu colo. Olha só.

Ontem estava passando O Casamento do Meu Melhor Amigo na Universal... eu nem ia ver, afinal, já vi esse filme, mas achei q minha mãe ia gostar, e chamei ela e meu pai pra ver. No fim eles dormiram (hahaha) e eu fiquei vendo.

Bom, se é q tem alguém q ainda não assistiu, a história resumidamente é a seguinte: a Julia Roberts (q se chama Julianne no filme...) tem um melhor amigo q é ex-casinho dela, e o cara vai casar com a Cameron Diaz; daí ela acha q é ela q tem q ficar com ele, e não a Cameron, q é linda, rica e fútil. Então ela faz de tudo pra tentar ficar com o cara e fazê-lo desistir do casamento, mas tudo por baixo dos panos: altas jogadas, esquemas malucos e um pouco de jogo sujo.

Ela é linda tb, mas é uma mulher diferente... independente, bem-sucedida, inteligente e culta, engraçada. Ela acredita q é muito melhor do q a Cameron, toda feminina e bobinha. Qualquer semelhança é mera coincidência. Ela se acha top da top e conhece o cara super, afinal, eles são melhores amigos. Mas durante 9 anos ela nunca quis ficar com ele de verdade. E qdo ele decide casar com outra, é aí q o bicho pega. Perder? Jamais.

Parece uma comparação sem fundamento... ela sabe de tudo sobre ele, os defeitos, as qualidades, as manias, as vontades, as preferências... conhece o cara muito melhor do q noiva dele, conviveu com ele muito tempo e combina com ele, gostam dos mesmos programas e das mesmas conversas... mas é com a outra q ele vai casar, é a outra q ele quer.

Uma das partes mais interessantes é quando a Julia Roberts cita a metáfora da comida para a Cameron: ela diz q o cara em questão está num restaurante francês e pede crème brullé de sobremesa, uma coisa fina, delicada, doce e perfeita; mas qdo chega o crème, ele percebe q não é aquilo q ele quer, e sim GELATINA!

Primeiro, essa é a visão da Julianne... o cara nunca disse q não queria o brullé e q queria gelatina... é como ela gostaria q as coisas fossem, mas não como elas realmente são. Fiquei pensando na visão q a gente tem da gente mesma... ela compara a Cameron com brullé dizendo q ela é perfeita, e se acha uma gelatina. Mas, na verdade, ela acha a gelatina muito melhor... ela não está fazendo um elogio qdo chama a outra de sofisticada, doce, perfeita, pq na verdade não é assim q ela vê a rival. Pra ela, o brullé é sofisticado demais, é doce demais, e a gelatina, doce do dia-a-dia, tem qualidades muito melhores. Já me comparei e me comparo da mesma maneira com muitas mulheres, vendo os pontos fortes delas como defeitos, e realçando meus defeitos como qualidades. Ela é magra, mas isso é ruim, pq ela dá importância a isso; eu sou gordinha, e isso é bom, pq eu tenho mais coisas pra pensar do q no corpo perfeito... Ela é fútil e fala sobre assuntos idiotas e dá risada de coisas bestas, e eu sou inteligente e culta e engraçada com um humor inteligente e sarcástico, então sou muito melhor... Na verdade, as coisas não são bem assim...

Tudo depende do ponto de vista, da vontade e da fome. Há momentos para o crème brullé, e há momentos para a gelatina. Há paladares para o brullé, e há paladares para a gelatina. O problema é encontrar um cara q queira comer crème brullé qdo vc é gelatina... Mesmo q ele concorde q a gelatina é legal e pode até ser gostosinha, ele tá mesmo a fim de pedir o crème... E não adianta tentar convencê-lo do contrário... não adianta mostrar as qualidades da gelatina e os defeitos do crème brullé... ele sabe. Ele sabe q a gelatina pode ser muito foda em alguns momentos... e q o crème pode ser um saco... mas ele tb sabe o q ele quer. E ele não quer gelatina. Pelo menos, não pra comer agora.

Ok, ok.

Não estou falando de nenhum caso específico, acreditem. Não esotu usando essa metáfora como exemplo pra nenhum caso da minha vida. Juro q estou falando no geral, mesmo. Eu tb me considero uma gelatina. E reconheço q o crème brullé pode ser bom, e q eu nunca vou ser um... porque algumas coisas eu não consigo mudar, e outras eu não quero mesmo mudar. Eu, no fundo, no fundo, gosto de ser gelatina. E uma hora ou outra vai chegar um cara quendo gelatina (nem tô tão desesperada assim pra ser comida, hahahahaha). Qtas vezes isso não aconteceu comigo, também? De ter um cara muito legal, q tinha tudo a ver comigo, mas q por algum motivo não rolava? E ele era gelatina... mas não era o q eu queria, exatamente... Ok, eu não queria um crème brulle... mas talvez eu quisesse um mousse de chocolate... ou uma tortinha de limão... ou talvez eles fossem gelatina de limão, e eu queria de morango... Vai entender! Acontece...

Óbvio q o fim do filme tb é muito interessante... óbvio q era um jogo pra ela, não amor de verdade. Sobre isso, preciso escrever outro post qualquer dia desses... E ela no final ali, sozinha, linda e bem... bom, é uma coisa boa. O amigo gay então, nem se fale. Os dois dançando é muito legal. E não é consolo bobo. Eu prefiro ter amigos de verdade e engraçados e gelatinas tb do q ficar com um cara que quer crème brullé. De verdade. Serião.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Gueixa...?

Diretamente do Publishnews:

Gueixa ensina 'segredos da profissão' a americanos BBC Brasil - 12/06/2008
Uma autêntica gueixa japonesa surpreendeu os turistas nas ruas de Nova York. Komomo - que significa "pequeno pêssego" em japonês - lançou nos Estados Unidos o livro A Gueisha's Journey e diz que foi ensinar aos americanos a arte de sua profissão. O livro documenta, com texto e fotografias, a transformação de Komomo em gueixa, desde os 15 anos de idade. Todas as imagens da publicação foram feitas por Noyuki Ogino, o primeiro fotógrafo a ter acesso irrestrito ao mundo das gueixas. A profissão existe há séculos no Japão, mas está se tornando cada vez mais rara. O trabalho das gueixas é entreter os homens com sua beleza e talento para canto e danças tradicionais, além de distraí-los em festas com conversas inteligentes e agradáveis.




Hum... como é que é? "O trabalho das gueixas é entreter os homens com sua beleza e talento para canto e danças tradicionais, além de distraí-los em festas com conversas inteligentes e agradáveis."

Eu quero ser gueixa dos tempos modernos e ocidentais.

É isso.

O bonitão que chega no nada e resolve a gig e A família

Terça-feira eu cheguei em casa e lembrei que o Telecine Light estava com o sinal aberto. "Beleza, tô sem grana mesmo, vou ter que ficar em casa mesmo, pelo menos vejo uns filminhos". Tava
passando "O amor é cego", aquele em que o Jack Black vê a beleza interior da Gwyneth Paltrow; ela é muito gorda e ele a vê magérrima. Sim, porque pra representar a beleza interior, nada
como representá-la com corpinho de modelo. Ok, ok. Depois começou "Casamento Grego", aquele em que o cara se apaixona pela grega estranhinha e meio que "vira grego" pra se casar com ela.

Eu fiquei pensando... esses filmes fazem um sucesso estrondoso... e por quê? Porque eles dizem e mostram o que muita gente quer ver: que em algum momento da sua vida vai chegar um cara que vai gostar de você exatamente pelo que você é, não importando se você foge dos padrões convencionais de beleza e de comportamento. Aliás, se vc estiver fora desses padrões, melhor ainda! Se você for muito gorda, ou tiver um nariz enorme e uma família com costumes bizarros, um dia vai chegar um cara muito legal, que pode até ser bonitão, e se encantar pelo seu jeitinho especial. Ã-hã...

Eu também sempre acreditei nisso. Mas às vezes me parece um pouco coisa de contos-de-fadas, ou coisas de filminho de Telecine Light. Aliás, cada vez mais me parece mesmo uma balela. Cada
vez mais a realidade me mostra que os homens são todos uns babacas, que no fundo o que eles querem mesmo é um corpinho bonitinho, venha ele com cabeça acoplada ou não. E que querem
uma coisinha cor-de-rosa e feminina e idiota e sem-graça e sem personalidade e hihihi. Palmas para os machos da nossa geração: bando de retardados!!

Ok, ok, estou sendo injusta. Tem alguns que fogem à regra. Meus amigos gays, por exemplo, são pessoas maravilhosas.

Voltando...

Enfim, parece q a indústria cinematográfica sacou que a mulherada quer ouvir e ver histórias bonitas sobre caras bonitos e íntegros que amam as pessoas pelo que elas são e não por como
elas são. Caras que procuram por mulheres diferentes, pois já estão cansados de todas as iguais que eles comeram/tiveram (dependendo da pudicícia do leitor). Caras que não se preocupam
com o corpo perfeito, aliás, caras que querem fugir do corpo perfeito. Ã-hã... acorda, Alice!

Mas a questão que eu queria comentar não era exatamente essa. Esse foi o primeiro pensamento que me ocorreu, confesso. Daí fiquei um pouco revoltada (imagine, quase nada, eu nem sou
revoltada). Mas daí continuei a ver Casamento Grego (sim, perguntem, "por que, se vc acha ridículo e um golpe de marketing da indústria cinematográfica, se você não acredita q pode
acontecer e talz"... sim, eu respondo: eu também não acho q vai chegar um hobitt na minha frente, mas assisto ao Senhor dos Anéis... e, no, fundo, eu sou uma dessas mulheres com
esperança, vai...). Ok, eu fiquei vendo aquelas coisas todas, aquelas cenas ridículas pelas quais o cara tem q passar pra entrar pra família, e vc fica pensando "ele não vai agüentar, não vale a
pena, vai é sair por aí e catar qualquer loirinha magra q não exija tanto". Mas o cara agüenta. Ã-hã.

Enfim, mudei o foco e comecei a prestar atenção na família dela, no filme. Óbvio q é um exagero. Uma família barulhenta, numerosa e louca. Alegre e engraçada. Com seus problemas, mas
problemas de filme, né? Daí eu comecei a pensar na minha família. E o filme tem essa coisa mágica de fazer a gente se sentir bem no final. Fiquei pensando em como a minha família é especial e no quanto eu gosto dela. Estou falando principalmente do meu pai, da minha mãe e da minha irmã, q são a minha família de fato, pessoas com quem eu moro e convivo. Pensei em todos os problemas que tive, tenho e ainda vou ter com eles. Em todas as coisas q eu não gosto deles, algumas das quais me envergonho. E vi q tudo isso é uma besteira sem fim... meus pais são maravilhosos, fazem tudo o q podem e às vezes o q não podem por mim (eu é q quero demais...). Eles foram criados de maneira diferente e em tempos diferentes dos de hoje, então não adianta
eu querer q eles pensem como eu. Sempre fizeram de tudo q eu quis, sempre me apoiaram, sempre me prestigiaram, meus maiores fãs. Minha casa é uma alegria, e às vezes eu reclamo
disso. Todo mundo fala alto (meu pai, um pouco menos), as pessoas cantam, dançam, fazem piada. Todo mundo tem muito senso de humor em casa, todo mundo gosta de bater papo e de
agradar as pessoas. Fico aqui pensando na quantidade de amigos/amigas que tenho com pais quietos, chatos, calados, velório em casa. Minha casa não é assim. Graças a Deus.

Tenho que agradecer (de novo) pela família que eu tenho. Ela não é de filme, está longe de ser perfeita. Mas eu sinto muito amor dentro da minha casa. E isso faz de mim uma pessoa especial, e isso faz deles pessoas especiais. Eles gostam de mim pelo que eu sou e como eu sou, e isso não é um consolo idiota, como eu pensava. Isso é muito. De verdade.

Amo todos os três (quatro, contando com o/a sobrinho/a que vai chegar).

terça-feira, 10 de junho de 2008

O que é que você espera de mim?

Mas será mesmo que vale a pena a gente ser como a gente é?

Não seria melhor a gente comprar a roupa da moda, mesmo que ela não tenha nada a ver com nosso corpo ou nosso estilo? Tipo aquelas botinhas que todo mundo está usando agora, sem salto, no chão, que eu acho ridículas? Será que não vale a pena comprar uma dessas só pra estar na modinha? Será que não vale a pena cortar franjinha, mesmo com o cabelo crespo, só porque a nega da novela está usando e nela fica lindo? Mesmo que a gente fique parecendo um poodle? Será que não vale a pena usar uma calça skinny, mesmo q fique muito feia no corpo, só porque as modelos e as atrizes usam?

Não vale a pena gostar de cor-de-rosa, de Ursinho Pooh, da Hello Kitty só pra ser mais feminina? Não vale a pena falar com voz de criança retardada e feliz e sorrir pra todo mundo estando feliz ou triste? Não vale a pena passar fome pra tentar caber na roupinha tamanho 36 se Deus te deu uma bunda tamanho 42? Não vale a pena fazer caras e bocas sensuais, ler revistas femininas e livros de auto-ajuda sexual pra ser um furacão arrasa-macho? Não vale a pena esconder os sentimentos pra ser sempre uma pessoa morninha? Sem grandes explosões, sem grandes
depressões nem grandes euforias?

Será que não vale a pena ir pras baladas da modinha e aprender a cantar e a dançar as músicas da modinha? Será que não vale a pena beber além da conta pra poder dizer que deu um bafão ontem na balada e fazer gracinha se achando o máximo? Será que não vale a pena andar a mil
por hora com o carro só pra dizer que é foda? Não vale a pena fazer joguinho com os homens, fingir que não quer, depois que quer, depois que não quer, vou dar, não vou, quero, não quero, ia, não vou mais, agora vou...? Será que não vale a pena dar em cima do namorado da amiga, de
todas as amigas, só pra provar pra você mesma o quanto você é gostosa e irresistível? Não vale a pena passar por cima dos outros no trabalho, pra tentar chegar a uma posição de maior sucesso e prestígio e ganhar mais dinheiro pra comprar a bolsa da modinha?

Não vale a pena ler os livros de auto-ajuda e da moda e empresariais e achar que está abafando e exalando cultura? E conversar na rodinha e falar das suas banalidades crente que se está abafando? Afinal, será que não vale a pena ser fútil, desde que se tenha uma bundinha boa e uma barriga seca? Não vale a pena ser uma boneca muda ou burra, desde que não se seja insuportável? Não vale a pena ficar em cima do muro, não ser insuportável nem super agradável, mas sim uma companhia legalzinha (com um corpitcho dentro dos padrões)? Não vale a pena
arrumar um cara que queira exatamente (e só) isso de você?

Será que não vale a pena? Não chorar, não gargalhar, não se mostrar, não se expôr? Não falar muito palavrão, só o suficiente pra parecer descolada pra tchurma, mas não muito que assuste a sogra. Não fazer caras estranhas, só caras bonitas. Não mergulhar muito nas coisas, principalmente não de cabeça. Não falar dos seus sentimentos, na real não ter sentimentos profundos acerca de nada. Não confiar nas pessoas, porque todos podem estar com uma faca pronta pra enfiar nas suas costas. Se esforçar pra ser o que esperam que você seja, uma mocinha recatada, boazinha, feminina, passiva, burrinha e gostosinha.

Será que não vale a pena se matar por dentro, sufocar quem você realmente é, às custas de lágrimas escondidas, pra parecer outra coisa pro mundo? Uma coisa mais aceitável? Uma coisa que se engole mais fácil? Será que não vale a pena encolher a barriga e o cérebro e a língua?
Não vale a pena agradar a todos, fingir gostar de todos? Não vale a pena se guardar, não demonstrar sua fúria, sua ânsia, sua vontade, seu desejo, sua agressividade, sua verdade? Não ser genuína nem leve nem sincera nem autêntica? Não vale a pena tudo isso?


Minha resposta: NÃO.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Dia do Cacete

Maldita sociedade que só vê os seres humanos se for aos pares. Ninguém existe sozinho. Fulano? Ah, o namorado da fulana. Beltrano? Hum, o marido da beltrana. Cicrano? Claro, o noivo da
cicrana.

Igualzinho na Bridget Jones, qdo ela chega em TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS os lugares e todo mundo está acompanhado. E as pessoas são apresentadas assim: aos casais: fulano e fulana, beltrano e beltrana, cicrano e cicrana. Casais, casais, casais. Nesse fim-de-semana, chegando na casa da minha amiga, vi descendo 2 casais, todos felizinhos. Pois q vão à merda. Minha amiga riu. Ah, mas é de foder, qdo vc tá com uma coisa na cabeça e vc só vê essa merda de casal pra todo lado. Igual no "O Amor Não Tira Férias", a Kate Winslet viajando no avião doida pra encontrar alguém e o bonitão de aliança. Todo mundo usa aliança hoje em dia. Ô puta que pariu! Dia dos namorados o cacete!!

É um bando de propaganda idiota, de tatuagem brega de cara metade (tenha a santa paciência!), de "chega de papai-e-mamãe" (qual o problema?! Não precisa ser só assim, mas a-do-ro, dá pra
abraçar, beijar e ainda por cima sinto t-u-d-o, se é q vc me entende), de "eternizar corações"... ah, meu, de boa, é de foder (às vezes, literalmente).

Pense o q quiser. Q eu sou uma solteira frustrada e invejosa. Vai à merda se estiver pensando isso, e pare de ler por aqui. Q a vida é mais do q isso. Tem q ser. O q eu não agüento é essa necessidade de se ter alguém. Q merda. Q merda. Q merda. Onde quer q vc vá, as pessoas perguntam se vc está namorando. NÃO, NÃO TÔ, E DAÍ?? Ah, mas vai chegar. VAI? GRANDES MERDA! QUEM FALOU QUE EU QUERO??

Mentira. Eu quero. Mas tb não precisa ficar falando assim.

Minha amiga falou q é impressão minha. Q o mundo não conspira contra mim (duvido às vezes). Q as pessoas não falam só sobre isso. Q isso está é na minha cabeça, só isso, nada mais. Nem
adiantou eu contar pra ela q outro dia no busão, voltando de Sampa, tinha duas velhas gordas-feias-pobres falando de uma fulana qualquer e dizendo "desse jeito vai acabar sozinha". MAS
QUE CARALHO!! E o que é que tem acabar sozinha?! E se eu acabar sozinha? E daí?

E daí se eu não tenho ninguém pra contar como foi meu dia? Melhor do q ter alguém do lado q não queria mesmo saber! E daí se eu não tenho ninguém pra dormir abraçada? Pelo menos eu
posso enfiar o dedo no nariz e coçar a bunda! E daí se eu não vou ganhar presente de dia dos fucking namorados? Pelo menos não vou gastar com presente pra ninguém, e nem vou ter q fingir q gostei do meu (meu último presente de dia dos namorados, no ano passado, foi uma piada)! E daí se eu não tenho um cara pra transar qdo eu quiser? Eu tenho meus PAs, e cara pra transar por aí, meu amor, é o q não falta. O problema é q eu quero mais q isso, mas o problema é meu. Transar por transar, é fácil: de pinto, o mercado tá cheio. A merda é q não é com amor. Mas com namorado tb nem sempre é com amor, então estamos elas por elas.

Eu fico aqui reclamando de barriga cheia, sabe? Será q eu queria mesmo alguém pra me encher o saco? Alguém pra eu dever satisfação? Alguém pra eu ter ciúme e pra ter ciúme de mim e dos
meus amigos? Alguém pra eu ter q ficar perto qdo eu queria estar sozinha? Alguém do meu lado pra ficar me comparando com as outras pessoas? Alguém pra eu me preocupar?

Já escrevi aqui no blog q as coisas q eu gosto de fazer são coisas pra fazer acompanhada, e não sozinha. Eu sei. É por isso q eu sinto tanto ser sozinha. Mas pera lá, ter por ter, qualquer pessoa,
tb não é por aí. A merda é q eu queria alguém muito especial, alguém q eu acho q mereço, com todas as qualidades q eu quero, e daí, meu bem, até aí morreu o Neves. A gente fica idiota
querendo q qualquer filhodaputa q atravessa o nosso caminho seja essa pessoa especial. Mas não é. Acorda, Alice! Olha o coelho passando correndo, sua ridícula!!

Onde é q estão os caras solteiros e interessantes desse mundo?? É pedir demais um cara culto, bonito, fiel, carinhoso, engraçado, bem-humorado, amigo, q seja amigo dos seus amigos, q seja
especial e interessante, q tenha algo de diferente dos outros, q seja honesto, ético, leal, interessado em vc de verdade, q goste de vc pelo q vc é e não pelo q vc tem, q ache vc linda por fora e por dentro, q goste de música decente e de televisão decente (se é q isso existe), q goste de cinema decente, q tenha papo, q goste de ler, q goste de beber com vc na medida certa, q tenha amigos e amigas legais e interessantes tb, q não tenha "medo do compromisso" ou qualquer merda q signifique isso, q goste de crianças e sonhe em um dia ter seus próprios filhos, e q te eleja para mãe deles, um cara q converse com vc de igual pra igual, q não seja babaca e imaturo, q não fique olhando a bunda de qualquer fêmea q passe por ele, q não goste dessas baladas
idiotas, q te leve pra comer comida boa e beber bebida boa e conversar conversa boa, q tenha um beijo q te leve ao céu, porque é de verdade e com sentimento, e não pq ele leu assim na revista, um cara q te pegue e te deixe doida só de encostar a boca na sua pele, q saiba fazer as coisas do jeito q vc gosta (ou q, pelo menos, aprenda), q não tenha medo de dormir abraçado, mas q não queira dormir abraçado todo dia pq enjoa, um cara q te aplauda, q te apóie, q seja seu fã e de quem vc tb tenha orgulho em ser fã. Putz, me diz se isso é pedir demais? Onde estão essas pessoas???? Onde se escondem esses caras??? Por que merda é que tudo o q tem por aí é um lixo? Tipinhos escrotos!! Gente complicada!! Gente que não quer nada!! Gente que não sabe o que quer!! Ô, caralho, assim fica difícil... fica muito difícil...

Nesse dia dos namorados eu quero estar dormindo às 18h30 da tarde. Bem profundo. De tapa-olho e cobertor. E meinha. E enfiando o dedo no nariz e coçando a bunda. E com a calcinha
mais vagabunda q eu tiver, a mais velha, mais larga, mais manchada, mais sem elástico. E com a minha camisola verde. E abraçando a minha tartaruga de pelúcia, anatômica. E com o dedo
do meio pra fora do cobertor, fuck off and die.

Revolta

Se arrependimento matasse, tem gente q já tava mortinha da silva há muito tempo. Esturricada. Esqueleto, já. "Por que diabos eu fui fazer aquilo?", é o q essas pessoas devem se perguntar. "Maldita hora em q eu...".

Pois é. Escreveu, não leu, o pau comeu! Ninguém mandou! Agora vai ter q agüentar.

Q é pra largar a mão de ser besta e aprender! E eu quero mais é ver o circo pegar fogo. Porque, afinal, eu sou estrelinha com luz própria. Depois explico esse lance da estrelinha. Por enquanto, eu quero mais é q se foda.

Saúde, sua trouxa!

Depois a gente ainda reclama qdo os mais velhos dizem q o q mais importa na vida é saúde... quer dizer, eu reclamo. Fico pensando: tanta coisa mais pra desejar... amores, realização financeira, aventura... nada, minha gente! A saúde é mesmo tudo. Perdoem esse papo meio vó, mas é verdade.

Quinta-feira eu passei um dia de cão, q terminou no hospital às 11 da noite. Agora já está tudo bem. Mas com aquela agulha enfiada na minha veia fina (minha veia é muuuito fina mesmo), eu me percebi frágil. Fraca. Percebi q o corpo da gente é uma folha de papel q pode dobrar, amassar e rasgar. É um vidrinho muito fininho q pode trincar com o menor esforço.

Me vi (isso mesmo, comecei com o pronome, vai encarar???) fraca, de um jeito q nunca me vejo. Eu sempre me vejo fodona, "pode vir q eu agüento", "perdido por perdido, truco!", "aqui bate e volta, meu santo é mais forte"... mas quinta-feira eu era uma mulherzinha sozinha, frágil, chorando de dor, querendo ficar bem, querendo ficar sem dor, sem problemas, morrendo de medo, de vergonha, medo de me machucar, medo de doer, medo de não sarar. Era só uma menina grande, sozinha no pronto-socorro. De noite, era a filhinha, com meus pais preocupados. É bom ter pais, viu? Pais preocupados, melhor ainda. Pais maravilhosos q te amem, ufa! Obrigada, Deus, pelos meus pais, por mais q eu reclame deles.

Enfim, quinta-feira eu vi como uma coisinha de nada pode prejudicar a vida da gente. De verdade. E como a gente se preocupa com besteira, porque até mesmo no auge da minha dor eu não conseguia parar de pensar em outro assunto, um desses sem importância alguma, mas q ficam na cabeça da gente. Pensava numa pessoa q nem lembra q eu existo, numa pessoa q eu nem conheço, eu nem sei direito por que raios eu penso nessa puta-q-pariu-de-pessoa!

Então, a gente leva um chega-pra-lá. Porra, já tá doendo super, já tô fudida tomando soro e o caralho a quatro, já vou ter q enfrentar o pior daqui a pouco com aquela enfermeira burra (coitada, foi gente boa), E AINDA VOU FICAR AQUI INVENTANDO DORZINHA DE PENSAMENTO POR CAUSA DE... DE... DISSO? Mas não mesmo! E daí vem aquele famoso "que se foda" julianesco.

Depois passa. Hoje já bodeei de novo. Acho q nada como a saúde pra gente pensar merda à beça.

Insanidade temporária de segunda-feira

O mundo começa a funcionar cedo. Eu recebo e-mails cedo, vejo que as pessoas estão em suas lutas diárias, por emprego, por oportunidades, por dinheiro. Estão acordadas. Estão trabalhando, ou fazendo alguma coisa. Cada um tá lá, na sua vida, fazendo o q tem q fazer. Pensando nas suas coisas.

Então tá. Isso significa q o mundo ainda não acabou. Significa q eu não sou a única habitante do planeta Terra, q existe vida lá fora e q, teoricamente, tudo deve estar bem. Ainda deve ter água no planeta. Não deve ter havido uma invasão alienígena mortal. Existe alimento e oxigênio. As pessoas devem estar vivas.

ENTÃO POR QUE CARGAS D'ÁGUA ELAS NÃO DÃO SINAL DE VIDA?

Céus, céus, como é q a gente pode se enganar tanto? Como a gente pode ser tão burro, tão cego, tão, tão, tão tapado? De ver o q a gente quer ver? De ver amarelo e imaginar marrom? De ver um pastel e imaginar uma iguana? Só porque a gente queria uma iguana... eu queria tanto uma iguana...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Carinho

Vc estava lá outra vez no meu sonho. Esta noite. Mas não se preocupe, não foi nada demais. Eu estava num ônibus desses executivos, sabe? E vc entrou. Eu sabia q vc estava indo trabalhar, mas vc estava com uma roupa estranha, de frio, meio de fazer esporte. Aquelas coisas bobas de sonho, depois o lugar virou uma academia e, antes de vc ir embora, eu te dei um beijo na bochecha. E vc ficou olhando pra trás, pra mim.

É a segunda vez q eu sonho com vc. Pelo menos, q eu me lembre agora. O outro foi mais maluco, não vou contar aqui. Não tem nada demais, mas tinha outras pessoas no sonho, e não quero aqui falar de outras pessoas. Mas era meio assim, estranho tb. E esse nem beijo na bochecha teve, teve um carinho no rosto, q eu lembro. Eu sonhei q vc era macio, q a pele do seu rosto era macia.

Muito estranho e inquietante eu ter esses sonhos com vc. Do nada. Eu não te vejo, não falo com vc, e de repente vc aparece lá. Sempre sem dizer nada. Eu tb não digo nada. E tb não acontece nada. Mas eu sinto. Sinto um carinho grande, como se tivesse acontecido muita coisa. Sinto uma alegria enorme, uma ansiedade, ao mesmo tempo uma calma maior do q eu, e uma satisfação. E acordo assim, estranha... meio mole, molenga, molinha. Tentando entender.

Pra quê, né? O beijo na sua bochecha foi mesmo bom. Espero q vc tenha sentido.

Juliana (I have been changed for good)

Hoje é aniversário da minha melhor amiga. Como eu sempre digo, ela é minha melhor amiga, e isso me basta. Digo isso pq não acho q eu seja a melhor amiga dela, pelo menos se ela não me
considerar como tal eu vou achar perfeitamente normal. Porque eu já dei muita mancada com ela, já dei trave várias vezes, já pisei na bola legal. Ela, quase nunca. Ela é a pessoa pra quem eu conto tudo, pelo menos quase tudo. Quer dizer, tudo o q eu conto pra alguém, ela sabe. É q tem umas coisas secretas q eu nunca conto pra ninguém, mesmo. Mas, fora isso, o q tem q ser dito, eu digo pra ela. Ela sabe tudo da minha vida, e da vida das pessoas q me cercam tb. É sempre a primeira pessoa pra quem eu ligo, em toda e qualquer circunstância, boa ou ruim. É com ela q eu divido minhas lágrimas, e minhas gargalhadas tb. Ela conhece todos os meus defeitos, todas as minhas manhas, as minhas bobices, meus sonhos, minhas obsessões, minhas manias, minhas
vontades, minhas implicâncias, minhas chatonildices, minhas preferências, meus medos. Eu não tenho medo ou vergonha de dividir com ela as coisas ruins que me acontecem, pq eu sei q ela
sempre vai agir da maneira mais correta possível, ainda q isso a machuque.

Ela é linda, bem-sucedida, inteligente e eu morro de orgulho de ser amiga dela. Ela come de tudo e não engorda (bitch!). Às vezes ela se apaixona pelas pessoas erradas (ela consegue se apaixonar pelas pessoas mais erradas do mundo!!), mas eu tb faço isso às vezes, e daí a gente fica choramingando junto. Ela é minha grande parceira de jogos, a gente arrebenta juntas no mesmo time. Ela me dá baile no xadrez, mas essa parte a gente pula. Tenho testemunhado grandes mudanças na vida dela, principalmente internas, mas q se refletem externamente, e confesso q gosto do resultado. Agora ela fala palavrão com propriedade, e eu acho o máximo, pq isso simboliza muito mais do q pode parecer.

Eu desejo pra ela tudo de bom, tudo do melhor. Que ela consiga realizar seus sonhos, suas viagens, q ela encontre alguém q a mereça (e olha q isso é difícil, mas eu sei q vai acontecer), q ela suba cada vez mais alto e q queira subir sempre mais. Tô logo ali, do lado, às vezes fazendo a voz q a irrita, às vezes com minhas manias ridículas, às vezes dificultando as coisas sem saber, mas sempre ali, aplaudindo e desejando o melhor.

Juju, desculpa por toda e qualquer coisa, principalmente pelas brigas ridículas (as mais ridículas q eu me lembro foram a do jogo Academia, em Búzios, a do Outback depois do enduro - nem
preciso comentar... - , e as dos últimos tempos negros... mas já passou). Obrigada por tudo, por me contar o q eu preciso saber, por dizer o q eu preciso ouvir, mesmo q eu não ouça, por salvar as coisas q eu tento jogar no lixo (algumas vezes literalmente), por me proteger das pessoas feias, por tentar segurar meus ímpetos, por me salvar no dia q eu fiz cocô na calça (hahahahahahahahahahaha!!!), por me escutar contando as mesmas histórias milhares de vezes, por me prestigiar nos meus trabalhos, por ouvir tão pacientemente meus relatos minuciosos e minhas suposições sem fundamento, por me oferecer teto e edredom, por ser tão foda como minha parceira (dá-lhe, Jusão! com S), por me ensinar tanta coisa. Você é linda, é foda, é
super!

Um beijão da amiga maluca, tia louca do Luke, agora tia como você (buáááááá), eterna parceira de Couvert, xará (adoro qdo vou na sua casa e falo "eu vou no 132 da Juliana, é a Juliana!") e q pretende um dia ser uma pessoa melhor pra merecer o título (um dia quem sabe) de sua melhor amiga. Te amo do fundo do coração, com amor de amiga-irmã-parceira-lostfreak, mesmo vc sendo essa soprano insuportável e mesmo com o seu sotaque carioca em algumas músicas, mesmo vc comendo todos os doces do planeta na minha frente, mesmo vc me excluindo da Salaminho (hahahahaha), mesmo vc comendo quiabo, mesmo vc pistolando Campinas. Ainda assim, te amo.

Luiz Melodia

Luiz Melodia com a minha banda, Soul na Goela, na Virada Cultural 2008, em Assis.
Pra agendar, já, show da Soul na Goela dias 26 e 27 de junho. Vai ser bem bacana...

Mau-humor

Não tô muito bem hoje. Um mau-humor da pôrra, vontade de sair xingando, batendo, quebrando. Vontade de ficar em casa dormindo, bem quieta embaixo da coberta, de olho fechado, de preferência. Acho q juntou a chuva com a TPM. Taí, eu não tenho TPM, é raro... mas hoje só pode ser. Está bem na hora, mesmo. Tô irritada. A roupa me irrita, meu cabelo me irrita, qualquer posição me irrita, qualquer som, qualquer coisa. Se eu sentisse cheiro, me irritaria tb, mas o pior é q tô com uma gripe fudida, q me irrita mais ainda. E hoje é um dia do cão. Além de trabalhar o dia inteiro, de noite vou dar aula; depois tem reunião da banda; depois é o aniversário da minha melhor amiga, e claro q eu vou pra lá. Resumindo: durante o dia todo, até a hora de dormir, vou ter q passar por situações q eu não quero e lidar com pessoas q eu não quero.

Legal, né? Vou explicar...

Se eu pudesse escolher, eu iria embora do trabalho agora. Levaria coisas pra casa, faria lá, mas por meio período. Depois descansaria, essa gripe do caralho q me mata. Daí tomaria um belo banho e nada de ir dar aula, meu aluno q se fodesse. Até faria a reunião com a galera da banda, desde q fosse mais cedo e q acabasse logo, sem muita enrolação. Daí eu iria pro aniversário da
minha amiga querida, mas só queria ver lá pessoas q eu gosto e q eu quero ver. Nada de gente falsa, chata, podre, fútil. Nada de ficar sorrindo pra quem eu não quero sorrir, e fingindo pra quem eu nem quero ter q olhar. Nada de ter q ficar escondendo ou inventando coisas, fingindo sorrisos e, pior, risadas. Nada de ter q fingir q eu gosto de pessoas q não me descem, pessoas q eu queria ver bem longe de mim, pessoas que me irritam, me incomodam, pessoas feias, por dentro principalmente, por fora também. Nada de ser hipócrita com gente hipócrita.

Bom, ok, ok... hoje tô perigando falar umas verdades, mas no fundo eu aprendi q não vale a pena. Por isso, vou me segurar. Eu aprendi, nos últimos tempos, a duras (duras mesmo, muito duras) penas que O MELHOR Q EU FAÇO NESSA VIDA É FICAR DE BOCA FECHADA SOBRE A MINHA VIDA. É difícil pra mim, mas eu vou ficar. Em todas as áreas. Juro, juro mesmo q vou ficar bem quietinha. Agora, sorrir pra essa gente, desculpa, mas eu não consigo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Enduro

Relatório da repórter Deise, diretamente do helicóptero Águia Dourada, sobre a busca e o resgate da equipe "O Amor É Sublime" na selva de Ituperva

Depois de mais de 12 horas de sufoco, chegaram ao fim as intensas buscas para salvar a equipe "O Amor É Sublime", perdida durante um enduro noturno na selva perigosíssima de Ituperva. A
ilustre equipe, composta por personalidades brasileiras e pela mocinha q trabalha na Tetrapak, foi salva pelo helicóptero Águia Dourada, e os integrantes estavam todos em estado de choque. Ao conceder entrevista, Eduardo de Santhiago demonstrou não saber onde estava, confundindo o helicóptero com uma caçamba de veículo automotivo.

A equipe era composta pelo já citado Eduardo de Santhiago, ator e dramaturgo mundialmente conhecido, por Danilo Vieira Torres, expoente da moda internacional, por Juliana Palermo, a grande cantora reconhecida e admirada em muitos países, pelo craque de futebol Thomas Assis e pela mocinha q trabalha na Tetrapak, Roberta Montanha, esposa do famoso baterista Oswaldo
Montanha.

Eles estavam participando da famosa copa de Enduro a pé, na etapa noturna. Segundo informações de fontes confiáveis, a equipe não portava cronômetro, nem bússola, nem calculadora, nem kit de primeiros socorros, e seu podômetro estava configurado para marcar dois passos a cada passo dado. Os 5 integrantes levavam somente 2 capas de chuva. Fontes seguras afirmam q havia um rolo de papel higiênico entre seus pertences, pois um dos membros da equipe estaria com problemas intestinais.

Os integrantes haveriam parado na estrada, ainda de carro, para pedir informações a prostitutas, que podem ter agido de má fé e indicado o caminho errado aos ilustres aventureiros.
Logo que a equipe foi dada como perdida, o pânico se instalou na pequena cidade de Ituperva, e a imprensa foi convocada para cobrir o ocorrido. A equipe de Datena foi a primeira a chegar no local, com a repórter Deise a bordo do helicóptero Águia Dourada, o mesmo que salvaria os sobreviventes horas depois. O repórter Greg, diretamente do moto-link, fornecia informações essenciais, de tempos em tempos, e Datena botava "tudo na tela".

As buscas já duravam 4 horas quando cães de raça foram introduzidos na busca. Tratava-se de 2 dálmatas, 3 labradores e 1 Lulu da Pomerânia. A equipe de buscas recebera a informação de que um integrante da ilustre equipe "O Amor É Sublime" havia consumido uma grande quantidade de molho Barbecue antes de se encaminhar para a prova, e os bombeiros esperavam que os cães
pudessem ajudar a encontrar os sobreviventes pelo cheiro. Fontes secretas juravam que este integrante não era o mesmo dos problemas intestinais.

Após mais de 6 horas, ainda não havia sinal dos ilustres participantes do enduro. Outra equipe, a conhecida Salaminho, estava no local prestando sua solidariedade. Todos estavam muito
preocupados com a saúde e a integridade física e moral da equipe "O Amor É Sublime". A Salaminho, grande campeã de vários enduros, um povo q não desiste nem debaixo de chuva, é
composta também por algumas figuras ilustres, como a famosa cantora e atriz Juliana Hilal, dublê de Helena Ranaldi, e o sapateador de Irlandês mundialmente conhecido Denny Monteiro. A namorada deste último, Érika, extremamente preocupada com seus colegas, ficava olhando para a lua e tentava a todo custo se comunicar com os seres elementais, a fim de que os gnomos
pudessem auxiliar nas buscas. Ela entoava cânticos e mantras para animar o espírito dos bombeiros e dos mateiros convocados para o resgate. A equipe Salaminho ainda era composta por Mauricio Carlos Cruz... e o espanhol Ricardo. Fechando a equipe, estava o advogado muito honesto Carlos Leme, também muito preocupado. Os integrantes da Salaminho davam entrevistas e ajudaram a formar uma corrente de orações, que se espalhou pelo país todo mais rápido do que fogo em palha.

O repórter Greg, diretamente do moto-link, informou que os integrantes da equipe "O Amor É Sublime" portavam pinga com mel em sua bagagem, além de preservativos sabor uva e menta.
Havia também a informação de que dois integrantes da equipe estariam portando KY Warming. Essas últimas informações não foram confirmadas. Qdo encontrados, os integrantes não
apresentavam nenhum sinal de embriaguez, e nem estados imensos de felicidade, o que nos leva a questionar a veracidade dessas informações.

Após 8 horas de busca, não havia sinal dos sobreviventes. O Brasil se comovia diante da TV, a corrente de orações só aumentava e havia até mesmo gente fazendo promessa para que os ilustres aventureiros fossem encontrados com vida. A preocupação tinha fundamento, uma vez que a selva de Ituperva é muito perigosa, cheia de animais selvagens. Além disso, o clima estava muito inóspito, e uma grande tempestade caiu durante as buscas. O medo era muito grande, principalmente porque a equipe não portava os itens básicos de segurança, e também tinha problemas para transformar passos em metros e vice-versa. O PC virtual da prova, A.G.S., 16 anos, conversou com nossa reportagem. Segundo ele, "eles não estavam familiarizados com o esquema do enduro, demoraram mais de 5 minutos para me informar o número de metros percorridos desde o marco zero; uns falavam que tinha q multiplicar, outros q tinha q dividir. Perguntaram pra mim se era pra contar desde o marco zero ou desde o começo da prova, e depois de 5 minutos de contas malucas, disseram 'Coloca aí 900... 900 é um número bom'". Outro PC da prova, L.C., 17, informou que os participantes, ao passar por ele, teriam pedido "Você não pode ajudar a gente, não? Pra onde é que a gente vai agora?".

Felizmente, após 12 longas horas de busca e muita preocupação, a equipe foi encontrada. Com muito frio e em estado de choque, os integrantes sinalizavam com suas lanternas como que
enlouquecidos. O craque Thomás Assis chegou a gritar "Chupa!!" de dentro do helicóptero para as equipes que estavam lá embaixo, na chuva, esperando por notícias. Roberta, a mocinha da Tetrapak, tremia muito e não estava em condições de dar entrevista. Eduardo de Santiago, conforme citado no começo dessa matéria, não sabia onde estava. Juliana Palermo e Danilo Vieira Torres riam muito, descontroladamente.

Os sobreviventes foram levados para o Gordão mais próximo, mas demonstraram seqüelas mentais ao passar por lombadas na estrada. Inexplicavelmente, os integrantes da equipe "O Amor É Sublime" não tinham um pingo de água em suas vestes ou em seus cabelos, diferentemente de todas as outras equipes participantes do enduro a pé, etapa noturna.

Fontes confiáveis contam que eles tomaram cerveja e discutiram muito sobre a chuva, sobre motivação e sobre auto-afirmação de sua sanidade, de sua inteligência, de seu caráter e força de
vontade.

A preocupação agora é a de que eles se recuperem a tempo da grande festa que acontecerá no dia 14 próximo, em comemoração ao aniversário de Juliana Hilal e Diogo Vuolo, o famoso empresário q desistiu do enduro na última hora. A última vaga da equipe "O Amor É Sublime" era dele, mas, devido a compromissos inadiáveis, o empresário peidou na tanga.

A equipe de Datena estará presente na festa, fazendo a cobertura do evento junino. Os integrantes da equipe, em dado momento, concederão uma entrevista exclusiva, contando os horrores por que passaram durante as 12 horas na selva de Ituperva. A repórter Deise já foi convidada para puxar a quadrilha. E aceitou com muito gosto.

O Chapa!

Sexta-feira eu finalmente vi resolvido um grande mistério que me inquieta há tempos: eu descobri o q é o Chapa.

Sim, o Chapa.

Sabe qdo a gente tá andando na estrada e tem umas placas escritas "CHAPA"? Pois é, eu sempre me perguntei do q se trataria esse treco. Nunca vi nada acompanhando essa placa... pensava q era alguma coisa relacionada a mecânica, mas nunca vi nenhuma casinha nem barracão onde pudesse ser realizado qualquer procedimento relacionado a qualquer tipo de chapa... Enfim, a pergunta persistiu por muito tempo: o que é chapa?

Sexta-feira, indo de Campinas pra São Paulo, minha dúvida chegou ao final, graças aos esclarecimentos de um querido amigo, violonista e guitarrista e bandolinista e figura. Ao chegar em Sampa, o nosso bus passou por uma dessas placas, e eu comentei com ele que sempre quis saber sobre esse grande mistério das estradas. Acontece q meu amigo sabia o q era o
Chapa. Segundo ele, Chapa é um cara q ajuda os caminhoneiros a descarregar o caminhão. Ele fica ali na estrada com a plaquinha; passa um motorista com o caminhão carregado; o Chapa entra, vai com o motorista até o lugar de desembarque da carga e ajuda a descarregar. Parece q ganha pouco. Mas, segundo o Diego (esse é o nome do meu amigo), o Chapa vai pra qualquer lugar do Brasil, dependendo de pra onde o caminhoneiro estiver indo.

Fiquei impressionada. Boquiaberta mesmo. Não conseguia pensar em outra coisa. A cada 5 minutos, virava e fazia uma pergunta pro Diego: "Mas o Chapa...". Até q começou a ficar engraçado, pq ele não entendia minha obsessão com o assunto. Nem eu. Sei lá, mas não dava pra pensar em outra coisa q não fosse o Chapa. Ficávamos uns minutos em silêncio, eu olhando pela janela, e de repente uma pergunta me assombrava, então eu falava. E a gente morria de rir.
Fiquei me perguntando como será q o caminhoneiro sabe q vai ter Chapa naquela estrada, naquele dia, naquela hora em q ele precisa. Fiquei questionando: se o caminhoneiro não sabe se vai ter Chapa ou não, ele não vai arriscar, vai sair do seu local de origem já com alguém pra ajudar... mas daí o Chapa fica sem trabalhar? E fica sem dinheiro? Se todos os caminhoneiros já
levarem um cara pra ajudar, como é q fica o Chapa? Por outro lado, imagina q o caminhoneiro sai contando q vai ter um Chapa, e não tem... daí ele nunca mais vai confiar no Chapa, na raça dos
Chapas, e sempre vai levar alguém, e o Chapa, qdo estiver lá, vai ficar sem trampo. Questões importantíssimas como essa consumiam minha mente.

Sábado à noite eu voltei a falar do Chapa. Estávamos nós, A Cúpula, reunida no Friday's, jantando maravilhas. E eu quis compartilhar minha descoberta sobre o mundo do Chapa. Um
amigo já sabia, os outros acharam normal. Ninguém entendeu meus questionamentos, ninguém achou importância nas minhas perguntas sobre o emprego do Chapa. Até q eu comecei a
perguntar como seria a vida do Chapa de um lugar a outro do Brasil, se ele não tem família, se ele não tem casa, se ele pega qualquer caminhoneiro e vai pra qualquer lugar do Brasil, como o
Diego me dissera, como é q é a vida do Chapa. Daí, pronto: as pessoas começaram a se exaltar, mandando eu parar de pensar nessa pôrra, pq não tinha nada demais, pq é q eu não conseguia parar de falar disso. Meu amigo (dA Cúpula) me disse q o Chapa fica na entrada da cidade, e q uma das funções dele é levar o caminhoneiro ao seu destino, pq muitas vezes o caminhoneiro não conhece a cidade. E ele tb ajuda a descarregar o caminhão. Então não tem nada daquele troço do Chapa viajar o país. Mas eu não tinha entendido ainda.

E daí aconteceu o mais legal: meu outro amigo arregalou os olhos e disse "O Chapa fica na entrada da cidade!! O Chapa mora na cidade!! Ele tem casa, tem família, ele fica na entrada da cidade!!!". E eu dizia "Mas o Diego falou q ele viaja o Brasil e..." "O Diego mentiu pra vc!! O Chapa fica na entrada da cidade!!!". E então, não sei exatamente pq, me deu um ataque de riso... um super ataque de riso. Eu rolava no sofazinho do Friday's pra dar risada. Pq eu achei engraçada aquela comotion toda só por causa do Chapa, achei engraçado ver os três tentando me explicar sobre a vida do Chapa, dizendo q ele morava na cidade e ficava na entrada da cidade... Achei engraçado os três super sérios me explicando sobre o Chapa, mas isso não é tudo, eu me senti invadida por uma grande alegria, uma coisa maior q eu, eu comecei a rir e não conseguia mais parar, e duas das pessoas não entendiam, e uma começou a rir tb, e eu ria mais ainda, e pensava no Chapa.

Eu sei q sou uma pessoa estranha. Tive um ataque de riso por causa do Chapa. Não exatamente por causa do Chapa. Chapa, Chapa, Chapa.

Nunca vou esquecer essa história...

Não teve graça pra ninguém, só pra mim. Acho q na outra encarnação eu fui Chapa.