segunda-feira, 28 de setembro de 2015

domingo, 20 de setembro de 2015

Mudando de assunto

Então este é outro dos meus textos, mas dessa vez é pra você (até porque eu acho que você não vai ver, então é só pra eu despejar aqui). Pois é, dessa vez é pra você, você que já leu tantos outros textos que eu escrevi pra outras pessoas. Enfim, talvez esse nem seja um daqueles textos, é só um desabafo.

A gente briga, e tanto, e sempre. Mas também depois passa, e a gente sempre acaba ficando bem. Eu já tive sentimentos muito confusos em relação a você, depois aprendi que não era nada disso, aprendi porque você me ensinou. Mas você me confunde muito. Caralho, como você me confunde! E eu já sou confusa por natureza, então olha aí a merda feita. E, como você sabe que eu me confundo, eu acabo achando que você faz de propósito, pra me confundir, mesmo. Vai saber.

Eu às vezes te olho e penso: por que não? Parece o mais certo. Parece tão lógico. Mas a vida não é certa, nem lógica, e às vezes eu me acho uma burra de ter imaginado que poderia dar certo. Mas eu penso, sabe? Quando eu tô no olho do furacão e você tá ali comigo, eu penso. Quando eu tô fazendo um monte de merda e eu sei que tô fazendo merda, e eu sei que vai dar merda, mas você tá ali comigo. Quando a merda tá feita e eu tô de bode, e você tá ali comigo. Você sabe como eu sou idiota, sabe das merdas que eu faço, conhece a Ju trouxa, mas tá ali comigo. Então eu penso. Parece o mais certo. Parece lógico. Mas daí eu me acho uma louca e uma burra, acho que não tem nada a ver, porque a gente já teve a nossa chance, e não deu certo. Vai saber. A vida é louca. Talvez ainda não esteja tudo escrito.

Você já me disse muitas vezes que eu pareço uma menininha. É porque você sabe que, no fundo, eu sou. Então deixa eu te contar uma coisa: em termos de relacionamentos, todo mundo é adolescente. Quem não é não vive direito o rolê. Se for pra viver, tem que se entregar, ser besta, fazer merda, sentir até doer, ser ridículo e o escambau. E isso não tem nada a ver com idade, tem a ver com como a gente sente. E eu sinto assim. Essa confusão. Esses sentimentos misturados, vontade de te matar num dia, vontade de te abraçar no outro e ficar com o seu cheiro no meu nariz. Tá aqui, o seu cheiro. Talvez por isso eu esteja escrevendo, não sei.

Só que eu não quero ser a idiota, você sabe que eu sempre penso no pior, pra não ser pega de surpresa. E, no fim, acabo perdendo coisas boas por medo de perdê-las (ai, que louca). Então eu penso em te propor coisas, mas daí acho que você não ia querer, então não proponho. Mas daí você fala e age como se quisesse. Mas eu não consigo responder como eu queria, porque tenho medo de ser a babaca, de ouvir "Não, nada a ver".

Então deixa assim. Daqui a pouco a vida vai mostrando o caminho. E eu sigo aqui fazendo merda, insistindo em coisas que eu sei que não vão dar certo, que não são o que eu mereço ou quero de verdade. Mas, pra quem não tem nada a perder, nada é tão ruim. E daí tem você ali comigo. E isso me conforta muito. Cada dia é um novo dia. Amanhã isso tudo que eu tô pensando agora pode parecer uma grande idiotice. Vejamos. Vejamos o que a vida nos traz.

sábado, 19 de setembro de 2015

Disritmia

Eu tenho escrito muito nesses últimos tempos. E tem sido muito bom, porque, apesar de eu não mostrar pra ninguém (ou quase ninguém), escrever tem me ajudado a me entender melhor. E eu também tenho tentado te entender melhor, apesar de isso ser meio impossível. Na real, isso nem importa. O que importa sou eu, não você, e é isso o que eu digo pra mim mesma quando começo a pirar.

Eu fico pensando em quem vem aqui ler, já que deixei essa bagaça aberta pro mundo. Você não vem, eu tenho quase certeza. Como eu te disse esses dias, apesar do pouco tempo no muito tempo, eu te conheço um pouquinho. E, olha que loucura, gosto mesmo assim. Mulher de malandro é uma lástima. Mas eu não sou a trouxa que acredita que você é bonzinho, que cai no seu conto. Eu sei como você é, mas eu entendo. Talvez eu até gostasse de ser um pouco assim.

Quando eu era criança, ouvia o Martinho da Vila cantando "vem logo, vem curar teu nego que chegou de porre lá da boemia" e achava um absurdo. A pequena feminista que existia em mim já naquela época achava uó, como assim, o cara saiu, bebeu todas, vai saber com quem ficou, e ela ainda vai cuidar dele??? É. Pois é. Não posso falar nada. Já curei teu porre depois da boemia. Já aceitei coisas inaceitáveis aos olhos dos outros, e nem brava fiquei. De novo, mulher de malandro é uma merda.

Mas a gente tem que aceitar quem a gente é. Ou, pelo menos, saber. Eu sei.

Eu sei de muita coisa, agora mais ainda, agora também sobre mim. Sei que agora eu entendo a porra dessa música, e acho a coisa mais linda esse lance de "Eu quero me esconder debaixo dessa sua saia pra fugir do mundo / pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos / preciso transfundir teu sangue pro meu coração, que é tão vagabundo". Entendo, e acho bonito. Tó, tá aqui minha saia pra você se esconder do mundo. Tó, o emaranhado dos meus cabelos tá aqui, e também o meu sangue, pro teu coração tão vagabundo. Que o meu não deve ser muito melhor, pra te aceitar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Se eu fosse uma pessoa diferente, eu te diria uma coisa. Diria que um dia, no futuro, não sei exatamente quanto tempo a partir daqui, você vai se arrepender de não ter aproveitado a chance que eu te dei. Um dia, e pode demorar anos, você vai olhar pra trás e ficar chateado, pensando no quanto teria sido massa viver comigo o que eu te propus e você não quis. Vai estar um dia no olho do furacão, ou num marasmo tão grande que não vai ter jeito: vai pensar “Putz, eu fui muito burro!”. Vai. Eu sei.

Eu sei porque eu já recebi mensagens de caras me dizendo isso, exatamente isso. Que foi uma pena não terem podido perceber na época o quanto eu era legal e o quanto teriam sido felizes se tivessem me ouvido. Eu sei também porque já me peguei pensando isso de caras que eu joguei fora no passado, pelos motivos mais trouxas possíveis. Meu, como eu fui idiota.

Mas agora não adianta. Não adianta pra eles, não adianta pra mim. Tem coisa que, se não for vivida naquele momento, não funciona mais depois. Uma pena, mas a vida é assim. Eu sei que você acha que tem toda a vida pela frente, e talvez tenha, mas é que certas coisas têm prazo de validade. E é triste quando elas estragam e a gente joga fora. Mais triste ainda é jogar fora quando ainda estão boas, quando ainda poderiam dar frutos incríveis. Mas a gente é besta, eu sei.

Eu te diria também que sei que não adianta nada dizer isso pra você. Não adianta agora. Mas eu te diria mesmo assim, e por um único motivo: eu gosto de ter razão, mesmo que demore anos pra isso acontecer. É o mesmo com os meus alunos. Eu digo pra eles que eles um dia vão sentir saudades da escola, desse tempo bom, porque depois disso só vem porrada, e que eles vão ter saudades dessa época em que sua maior preocupação é a prova de Física. Mas claro que agora eles não entendem. Porque, quando a gente está vivendo algo e é muito jovem, não consegue pensar muito à frente. Mas eu digo mesmo assim, não porque eles vão entender hoje, mas porque vão me dar razão em alguns anos. Vão se lembrar das minhas palavras e dizer “É, cara, a Ju tinha razão”. E eu vou sorrir, porque gosto de ter razão.

E o mesmo aconteceria contigo, se eu te dissesse o que quero dizer. Um dia, eu não sei quando, lá na frente, você olharia pra trás e diria “É, cara, a Ju tinha razão. Eu fui muito estúpido. Poderia ter aproveitado um lance muito massa. Mas fui burro.”.

Então eu queria te dizer essas coisas não pra agora, porque você não ia concordar, mesmo, e ainda ia rir da minha prepotência. Mas um dia, ah!, um dia você ia me dar razão. E eu queria te dizer isso tudo nem era por você, era por mim. Pela satisfação de saber que um dia, em algum lugar do futuro, você pensaria em mim, lembraria do que eu teria te dito, e me daria razão. E eu adoro ter razão.


Mas eu ainda não disse. Talvez eu diga, talvez não. Anyway, tá registrado aqui: um dia você vai ver como foi trouxa em não aproveitar a vida comigo, do jeito que eu propus. Em como a gente poderia ter sido feliz, em tudo o que a gente poderia ter vivido, todas as risadas que teríamos dado, todas as estrelas cadentes que poderíamos ter contado, todos os sons que poderíamos ter curtido, todos os gemidos que poderíamos ter trocado, todas as lembranças que poderíamos ter gerado pros nossos dias ruins do futuro. Mas você não quis. Só guarde isso: foi você quem não quis. E, por favor, quando a hora chegar, lá na frente, seja homem de assumir que você perdeu porque foi bestão. E, se tiver cu pra tanto, avisa pra mim. Não vai adiantar de nada, a gente não vai poder recuperar o tempo perdido. Mas pelo menos eu vou poder dar um sorriso de canto de boca, com a satisfação de poder dizer “Eu sabia; eu avisei.”.