segunda-feira, 20 de julho de 2009

Colorindo

Não é azul. É verde. De um verde que, de muito perto, tira o nosso ar, o nosso chão, emudece, tonteia. A gente fica boba, mole, pisca devagar e sorri, de um sorriso gostoso, cheio, pleno. Tem vontade de derreter, de beijar, de abraçar. Branco. Branco muito branco, de um branco que ofusca, que me agrada, que cala os barulhos do mundo lá fora. É macio e intenso, carinho e voracidade, coisa de homem e coisa de menino, e eu sou tão mulher e tão menina nessas horas. Fogo. Áries. Os braços do ariano. Os lábios do ariano. O beijo do ariano. Desliguem o mundo que eu quero morrer aqui.




Uma pessoa uma vez escreveu um poema pra mim, há anos atrás. O poema se chamava “Juliana” e terminava assim: “Arde. Mas é doce”. Lembrei disso. Que merda. Anos depois, mais uma pessoa descobre a minha doçura, que eu tento tanto esconder do mundo. E me diz isso, ontem, me deixando sem fala. Merda.

Um comentário:

Anônimo disse...

antes vira a atriz e era apenas o suposto. O imaginável. Eu a via como o palco, e quiçá, mais tarde, meus olhos vislumbrando o posposto da cortina.

Mas não foi assim tão de veloz.

Houve um tempo em que o simpático se fez pelo acaso. Como um show no meio de uma praça pública.
Ela era a apenas amiga de um amigo.Eu era o público, observando e vendo o que me era apresentado, sem que tivesse escolhido o espetáculo.

A amiga de um amigo que virou aquela de encontros repentinos.Turnês de ruas e ônibus,e aquelas músicas em francês.- sim, naquele dia o seu francês foi bom... naquela música você pronunciou certinho tudo, princialmente o "ce soir".

Ce soir-là: Sobre o palco, mais uma vez, não mais a atriz, mas a intérprete. A voz agora olhava o público e o público dançava prevendo o ritmo do movimento macios dos lábios.

E o público invadiu o palco. Tudo bem, primeiro, com aquelas cadeirinhas reservadas, tipicamente de acesso limitado. Mas, é assim que o artsta vê ela primeira vez, ao menos, a silhueta do público.
E às vezes só não vê mais, porque o público está de carona e precisa ir embora.

Mas o público sempre volta, se gosta. Demora, de fato, às vezes pela distância, ou pelo dinheiro, enfim... mas volta.

´Quando voltou já não mais se reconhecia como público. Mas também não era artista. Era só alguém sentado, no meio do palco, e as falas se tecendo, uma peça feita, sem a atuação.

De repente, a naturalidade das coisas e tudo se passava em Cuba.
E Cuba refletia a condição líquida do tempo. As ruas, pessoas, e quem se importa.

Fumaça frio preocupações com a voz rouca. conversar em alco aberto tem destas coisas. Erigiu-se, pois, um palco mais íntimo, onde se pudesse aquecer, onde se pudesse passar as fals mais escondidas.

A desculpa para o conjunto das falas seria Michael Jakson?
Foi além. Foi ótimo. Michael nunca cantou tão bem.

Quando se deram conta. O palco se destituira.Estavam atrás das cortinas nem mais artistas, nem mais público.

o carro partindo, alguns segundos de prolongamento...

sobrou só a não mais presença do palco. Seus macios ecos.