sábado, 25 de junho de 2016

Caça ao tesouro

Eu adoro montar caças ao tesouro. Pra amigos, por diversão. Na minha vida, por ideologia. Uma coisa meio oriental, meio budista, meio caminho da iluminação: o Escolhido é aquele que entende. o Escolhido saberá ler minhas pistas. Mas, ó, você tá me deixando muito confusa, porque eu nem sei se você está encontrando as pistas.

Quando algo é muito fácil (um livro, um jogo), a coisa toda perde a graça. Mas quando é muito difícil, muito hermético, também perde. Pra que o jogo continue, eu preciso saber se você está nele, se você está jogando ou se eu estou enlouquecendo sozinha.

Então, please, deixa uma pistinha pra mim também. Porque eu também gosto de jogar.

sábado, 18 de junho de 2016

Padrões, padrões, padrões... (Coluna Infinita)



Eu tava aqui me lembrando de uma vez, há anos, em que eu admirava muito um cara, mas a gente só se via uma vez por semana e conversava 15 minutos cada vez. E eu ia me interessando mais por ele a cada vez, e ia ficando louca, e queria muito sentar pra conversar com ele e conhecê-lo melhor. Mas, por causa do meu interesse, eu não conseguia fazer o mais simples. Porque pra chamar um brother pra tomar cerveja eu não tenho problemas: se ele disser que não pode, eu vou ficar de boa e marcar outro dia, e vou esquecer a história depois de cinco minutos. Mas, quando eu me interesso por alguém, eu não consigo. Porque, se ele disser não, eu vou me quebrar inteira. Porque, se ele disser não pra cerveja, é como se ele estivesse dizendo não pra mim, pra tudo, e eu não vou conseguir suportar o depois.

No caso em questão, o que eu fiz foi mandar um e-mail GIGANTE pra ele, engraçadinho, com todos os nossos pedaços de conversa interrompidos, pra dizer que eu queria continuar a conversa sem hora pra acabar. Mas foi gigante, super elaborado, fiz até projeto de texto, praticamente. Era uma obra de arte. Pensei e pensei, retirei palavras, coloquei outras, revisei, reli mil vezes e enviei. Daí fiquei lendo de novo a cada cinco minutos, enquanto ele não respondia. E a resposta dele tinha 3 linhas, e era algo do tipo “Você é louca, era só me chamar pra tomar uma cerveja”. A gente tomou a tal cerveja, afinal. Bom, eu não era a única louca do rolê, porque ele me chamou pra viajar com os primos dele depois disso, e a gente nem se conhecia direito. E eu fui, e as coisas deram certo por um dia, mas depois não, porque ele não era exatamente o que eu pensava que ele fosse, e eu também não devia ser o que ele pensava que eu era, se é que ele pensava. Bom, isso é o que acontece quando a gente não conhece as pessoas direito. Naqueles quinze minutos semanais eu criei um personagem dele na minha cabeça, e a realidade era outra. Eu me deixei influenciar pelo personagem que ele mostrava, mas eu também mostrava o meu, porque a vida é assim. E daí, quando finalmente rolou a cerveja, era uma conversa de personagens, era uma cena de teatro, com cenário e tudo. Tinha até figurante. Tudo isso pra dizer que, se a gente tivesse tomado uma breja antes de eu construir uma imagem irreal e fictícia dele, se eu tivesse feito as coisas de maneira normal, talvez o meu interesse se quebrasse, ou talvez a gente tivesse ficado só amigo, talvez a gente tivesse se conhecido de fato, nós, as pessoas, e não nossos personagens.

Enfim, anos depois eu me vejo repetindo tudo de novo. Eu vivo num mundo paralelo e muito louco, e os padrões se repetem infinitamente, mas que merda que é isso! Tenho uma amiga que diz que, quando uma situação se repete na nossa vida, é pra gente aprender com ela, e que, enquanto não aprendermos, não vamos nos livrar dela nunca, ela vai continuar a se repetir. Eu deveria ter aprendido, porque isso diz respeito à maneira como eu encaro as minhas paixões (no sentido amplo) e o meu interesse por caras incríveis, à primeira vista. Eles me parecem tão incríveis que eu acho que eles nunca vão querer nada comigo, nem tomar uma cerveja. Eu deveria mudar minha atitude, chegar e falar de boa. Mas eu não consigo. Eu não consigo, e eu me odeio depois e volto pra casa chorando porque eu fui uma idiota, porque eu perdi as brechas em que uma pessoa normal diria “Vamos tomar uma cerveja um dia e você me conta desse rolê, então”.

Mas eu não digo, e depois me martirizo. O problema é que eu não gosto de qualquer um. Ah, não. Eu sou uma pessoa muito chata, ranzinza. E eu vivo cercada de pessoas idiotas, tapadas, burras, modinha, vazias, desinteressantes, sertanejo universitário e baladinha, porre e vômito, novela e sapato novo. E então, quando aparece um cara que seja minimamente interessante, que se pareça comigo pelo menos um pouco nessa coisa de ser cinza (apesar do vermelho), eu fico louca.

Deixe-me ser justa: não é só minimamente interessante. É foda. É demais. Me dói fisicamente no peito a vontade de sentar num bar e conversar por horas, e entender, e conhecer de verdade, e rir mais, e pensar junto. Não é, nem de longe, só “minimamente” interessante. É interessante pra caralho, é tão, mas tão, mas tão incrível que eu fico muda. Que eu fico besta, idiota, olhando pro chão. Que eu me acho desinteressante, o que é que eu tenho pra dar pra esse cara? Que eu me sinto adolescente, burra, feia, travesti, ele nunca vai olhar pra mim. Que eu pareço retardada mental, que eu digo coisas e faço caretas e depois quero me dar um murro porque não era isso que eu queria dizer. É tão maravilhoso que eu não consigo falar coisa com coisa, que um segundo de silêncio equivale a dezenove mil coisas passando na minha cabeça. Tão fofo que eu olho todos os detalhes e depois fico com vergonha, não consigo dizer normalmente, como eu faria com um brother, "Banho e tosa?". Tão massa que eu paraliso. Que eu volto pra casa querendo morrer. Que eu venho aqui no blog e despejo esse monte de coisas “desconexas e não coesas”.  


Mas essa sou eu. Repetindo, repetindo, repetindo. Uma merda de uma Coluna Infinita, que repete o mesmo módulo de sempre, desde sempre e para sempre, saindo da terra e se enfiando no céu, igual, igual, igual, e monstruosa, monumental, gigante, ameaçadora. Uma Coluna Infinita que me engole, me destroça, me desfaz. A mesma coisa de sempre. Os mesmos módulos. Os mesmos padrões. Eu não consigo chegar perto, de novo, e de novo, e de novo. A culpa é minha, porque eu repito, repito, repito. Se é importante pra mim, eu não consigo. A culpa é minha. Mas eu jogo um pouco pra você, pra variar. A culpa também é sua. Você me parece tão incrível que eu não consigo chegar perto. E você não faz a mínima ideia.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Censurado.

Este texto foi censurado por mim mesma, por motivos de medinho. É que se o objeto deles passar por aqui, se por alguma razão cósmica ele se aventurar por este blog, eu vou ter muita vergonha de ele reconhecer que este texto foi feito pra ele. Eu sei que pra bom entendedor meia palavra basta, mas eu duvido que haja um entendedor capaz de entender assim tão bem. Mas, ó, se você entender, me conta?


Eu gosto das suas mãos, brancas, pequenas, quadradas (eu tenho uma coisa com mãos, o que eu posso fazer?). Eu gosto da sua boca, percebi hoje. Na verdade eu sempre gostei dos bicos que você faz. Você sabe que faz, né? Eu posso imitar pra você qualquer dia. E, de vez em quando, você faz *****************, e essa cara dura alguns segundos. Eu gosto. Acho bonitinho, acho fofo. Foi hoje que notei além do bico. Notei seus lábios, e eles são carnudinhos. Acho que por isso que eu reparava tanto no bico. Eu gosto do seu jeito de fazer *******, que é meio de lado, meio pra trás, parece mais que está ***********. Eu gosto da sua dança das cadeiras, **********de lá pra cá ********. Mas acontece ******************, não sei se você está mais cansado. Eu gosto de te ver fazendo ***********************. Eu percebo o dia em que você está mais de mau-humor, mas o seu mau-humor é engraçado, e ***********ele passa. Dá pra ver que você ************, porque a nuvem cinzenta se dissipa ***************(e eu imagino que você já tenha ***************, mas é lindo ver ****************mesmo assim). Eu gosto das suas piadinhas *************. Eu as reconheço, porque também tenho as minhas. Mas eu gosto, mesmo sabendo que *****************, na hora, porque eu sei que elas **************(e porque elas são boas, definitivamente). Também gosto dos palavrões, das irritações, dessa coisa de velho chato que você tem e que eu também tenho, olha como a gente é parecido. Esse mau-humor risível, essa nuvenzinha negra que acompanha a sua cabeça e que é praticamente um charme, pelo menos pra mim, que também carrego a minha nuvenzinha onde eu vou. Elas dariam uma tempestade engraçadíssima, talvez só pra nós dois, mas mesmo assim. Eu tenho ciúme quando você fala da ******************, que *********************, e me sinto menor, pequena, porque ***********. Mas, veja pelo lado bom: se fosse comigo, a gente *******************. Consolo idiota. Eu tenho ciúme também daquela girafuda que *********************, porque eu acho que vocês **************, e me dói pensar que você se interessa por mulheres assim, tão o meu oposto, tão lânguida, tão lady, tão tom pastel, e o que eu tenho pra te dar é o meu vermelho e o meu volume. Eu adoraria que você pudesse curtir isso, mas eu não sei bem, porque eu não ********. Mas eu queria tanto ********. Eu gosto quando você fala de coisas que eu também gosto (referências nerds), ou de coisas que eu queria conhecer mais. Eu adoro poder ficar olhando ************** pra você, apesar de eu ter vergonha quando ****************, mas estou também viajando em outros aspectos. Apesar de eu ter vergonha, ********************** te olhar ininterruptamente (claro que não é por isso que eu *************). Eu, obviamente, amo e admiro pra caralho *********, mas eu não estou aqui falando do ****************, mas sim do ***************, porque pra mim está claro, há um tempinho já, que eu te vejo *********************... Eu te vejo como uma promessa. E seria muita judiação se você me visse só *****************. 

sábado, 4 de junho de 2016

Mudando (?) de ideia...

As coisas acontecem tão rápido pra mim que até eu mesma fico assustada. Quer dizer, dentro de mim. Num dia eu escrevo e penso umas coisas e acho que não vou caber em mim de desespero. No outro, eu fico com vergonha de ter sido tão melosa, porque já não tenho mais certeza. E se não for, nem pra mim? E se foi tudo mentira, tempestade passageira, chuva de verão?

Eu não sei mais. Eu não sei mais nada. Eu acho que pode ser que eu te ache um babaca por me esnobar; assim, pode ser. É desse jeito que muitas coisas acabam sem nem ter começado. Mas então pode ser que você nem saiba. Mas daí, se você for bobo desse jeito, então eu não sei se quero, mesmo.

Enfim...

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Tempestade, de novo.

Tempestades são lindas, fortes e rápidas. O problema é que são rápidas. Muitas vezes a gente nem se lembra de como elas começaram. A gente conta os destroços e fica tentando entender como chegou a esse ponto. Tudo estava quieto, mas tinha aquele cheiro no ar, anunciando a desgraça. E então, sem que eu possa dizer exatamente como, as gotas começaram a cair, já grossas, desde o começo. Não dá pra dizer o que causou toda essa força incontrolável, se foi o seu jeito de olhar, se foi uma frase que você disse que me fez gargalhar, se foi aquela pausa mais longa, se foi um pedaço de algo que eu achei que você disse pra mim mas não entendi direito, se foi o simples fato de você ser como você é. Quando eu notei, o vento estava cortando tudo, rasgando, arrastando. Quando eu dei por mim, os raios iluminavam o céu, deixando tudo amarelo. Quando percebi, os trovões me ensurdeciam e a água lavava o mundo. E então as árvores foram arrancadas, os carros foram levados, tudo inundou, transbordou. Os galhos foram parar no meio das ruas, as estradas ficaram interditadas, os morros desceram, a terra virou lama e as poças dominam as ruas. Os postes caíram, as luzes queimaram, os outdoors foram levados, os guarda-chuvas jazem inúteis no chão. Eu olho ao redor e não entendo, como é que isso foi acontecer de novo, caralho, por que eu não posso ser garoa, daquelas que a gente nem sente, por que não posso ser brisa mansa, por que tenho que ser essa descontrolada dessa tempestade, essa coisa que eu não consigo conter, que não consigo parar, que não consigo dominar. Agora vai ser recolher os destroços, limpar a lama, deixar secar, reconstruir.

Mas, olha, a tempestade ainda não acabou. Ela só começou. Seria muito bom se você não tivesse medo de água. Você tem?


Larga esse guarda-chuva, ele não serve pra nada. Vem aqui pro meio da rua sentir a força do vento, da água, do som dos trovões e da luz dos raios. Vem aqui comigo ver como é bonita toda essa coisa que eu sou incapaz de controlar. Vem, deixa a água te molhar inteiro, dos pés à cabeça, deixa o vento te carregar sei lá pra onde, vem, abandona o rumo, a previsão, o cuidado, vem olhar comigo os raios cruzando o céu negro, vem se arrepiar comigo ao som dos trovões. Mas vem logo, que a tempestade não dura pra sempre. Vem agora, porque chuvisco leve não tem graça nenhuma. Seria tão legal ver junto com você o mundo caindo. Seria muito mais legal do que eu ter que catar tudo sozinha depois, amaldiçoando a mim mesma por ser tempestade que assusta, por não conseguir começar as coisas com chuvisco e ir num crescendo, como gente normal. Eu não sou gente normal. E, daqui do meio da tempestade, eu espero sinceramente que você também não seja.
Eu queria que você pudesse se ver como eu te vejo. Queria que você pudesse ver a você mesmo através dos meus olhos. Queria que você soubesse como eu te vejo, o que eu penso sobre você. Sei lá, eu gosto de saber o que as pessoas pensam sobre mim, então acho que talvez você também gostaria de saber. É que eu acho que você não faz ideia. Mas talvez você faça, então eu não falo nada.

Eu também não falo nada porque eu sou louca. Você não sabe, mas eu sou. Eu sou assim, eu me semi-interesso pelas pessoas, mas não sou capaz de falar. Fico mandando sinais sutis (e idiotas), esperando que, se for a pessoa certa, ela vai entender, e vai saber o que fazer. Mas os meus sinais são pistas tão fracas que eu acabo confundindo a pessoa. É que pra mim eles são óbvios, tão óbvios que eu até tenho vergonha de mandá-los. Mas eu já aprendi que as pessoas não podem estar dentro da minha cabeça e pensar como eu penso, nem ver a si mesmas como eu as vejo. Então eu deveria falar. Apesar de já ter aprendido isso, eu simplesmente não consigo pôr em prática. Eu ainda acredito que “O Cara Certo” vai saber entender.

Tem algumas coisas sobre você que eu queria saber. Eu tenho mais ou menos umas três perguntas diretas pra te fazer, e elas são bem bobas. Uma é sobre um detalhe. Outra é sobre um estilo de vida. A terceira é um certo ciuminho, que eu nem tenho direito de sentir, mas foda-se. Três perguntas. O resto é consequência. O resto eu queria descobrir, numa mesa de bar, numa sala de cinema, numa conversa de madrugada. Mas fazer o mais simples, que seria te chamar pra tomar uma cerveja, ah, isso eu não consigo fazer. Eu nunca consigo quando é importante.

Eu também queria saber como você me vê. Eu acho que eu sei, e eu não gosto do que eu imagino. Eu queria que fosse diferente. Mas, pra isso, você teria que me conhecer de verdade. Mais ainda, você teria que querer me conhecer. E eu não sei se você quer. Eu não sei se você quer saber de verdade como eu sou louca, como eu olho os seus detalhes, as mil e quarenta e nove coisas que estou pensando quando olho pra você, e as trinta mil e seiscentas que eu penso quando estou longe de você. Não sei se você iria querer saber de fato que eu sou essa maluca que se semi-interessa pelas pessoas e não consegue fazer nada de concreto pra demonstrar esse semi-interesse, e fica mandando pistas sutis e idiotas, e depois fica revoltada quando a pessoa não entende, e daí fica com raiva e pega bronca, porque a pessoa não cabe no modelinho criado pela minha cabeça doida, e daí se desinteressa completamente. Pronto: eu queria, não te contei, você não entendeu, claro, então não deu resposta, daí eu te odiei, e você nem vai ficar sabendo. É triste, né?

Mas eu ainda não te odeio. Não completamente (porque tem a fase da raiva completa). Na verdade, ainda não odeio nada. Ainda quero te fazer as três perguntas, ainda quero entender você, ainda quero que você saiba como eu te vejo, e ainda quero saber como você me vê. Mas, sinceramente, eu não me vejo fazendo nada de concreto pra que isso aconteça. Perceba, a raiva que eu deveria ter era de mim, não de você.

Relendo

Eu às vezes entro aqui e releio coisas. Esses dias eu reli algumas e pensei se deveria apagar uns textos sobre pessoas do meu passado, distante ou recente. Na verdade o passado recente é o que mais me incomoda, porque eu já me acostumei com as minhas burrices do passado, e ainda tenho dificuldade em aceitar como eu fui burra mais recentemente.

Mas, sabe, eu decidi não apagar, não. Porque são textos bonitos, apesar de bregas. Todas as cartas de amor são ridículas; os textos também. Não é culpa minha se o cara que me inspirou coisas tão bonitas era um escroto. Não é culpa minha ter coisas tão bonitas pra dizer, pra sentir, pra dar. Se ele não soube receber, não é culpa minha.

Assim sendo, deixa os textos onde eles estão. Eu releio e penso "Caralho, como eu fui burra de dar tudo isso pra quem não soube receber. Como eu fui idiota escrevendo essas coisas pra um escroto que só queria me comer". Mas, sabe, a errada não sou eu. Não é feio ter sentimentos bonitos por pessoas escrotas. Não é vergonha dar demais. Vergonha é não saber receber. E tenho dito.

Meus textos contam a história de alguém que se entregou, que sentiu, que pensou, que deu mais do que podia. E isso não é ruim. Se eu não achei a pessoa que vai receber essa tempestade que eu carrego comigo, eu não tenho do que me envergonhar. Os escrotos pra quem eu escrevi, sim, eles é que têm de ter vergonha. Não eu. Eu só senti. Só eu senti, mas tá valendo.