sexta-feira, 25 de julho de 2008

Sobe?

Eu tô no meio do elevador. No meio mesmo, sabe? Tá, ok, na verdade eu tô dentro do elevador, e você tá fora, segurando a porta. Então eu não sei se fico ou se vou, se saio ou se entro, se dou ou se desço.

A escolha já tá feita. Tava feita desde o princípio. O foda é aceitar a escolha. Bonito isso. Bonito mesmo.

Então agora eu tô no meio do elevador. E você tá também. Você segura a porta e já são três da manhã, o elevador não sobe nem desce, eu não saio nem entro, você não diz nada, me olha com uma cara de dúvida tremenda. E eu tremo. Eu piso entre a caixinha do elevador e o piso do seu andar, e você está junto comigo. Veja que imagem poética mais bonita. Mais sintomática. Mais auto-explicativa. Precisa dizer alguma coisa?

Precisa. Você pergunta se isso me incomoda. E eu respondo que sim, um pouco, porque eu estou acostumada a responder assim, porque desenho essa casinha há anos e porque aprendi que o certo é a gente entrar ou sair do elevador, e não ficar parado no meio dele às três da manhã. Mas então percebo que era tudo o que eu queria, um maluco como eu. Que fica e me faz ficar no meio do elevador, e como eu gosto disso... gosto mais do que entrar ou sair. Porque é diferente. Porque você é diferente. Tanto que eu até me sinto normal.

Eu entro. Eu desço. Você fica.

Três minutos.

Claro que eu volto.

2 comentários:

Maíra Colombrini disse...

Vc num ficou sabendo? Eu pedi... mas num sai... maior confusão!
O texto é pra irmã de uma amiga que morreu... história triste.
Agora essa história do elevador... uhn! Curti...

bjs

Tatiana disse...

Hummm...detesto ficar presa em elevador. Sacou?