No ano passado, eu me inscrevi para o mestrado em Lingüística na Unicamp. Estava com uma vontade tremenda de voltar a estudar, de voltar a ler, escrever, pensar, aprender, produzir. Estava infeliz no trabalho, queria largar tudo e sair correndo, não agüentava mais meus alunos, não agüentava mais acordar cedo todos os dias pra ir pra um lugar em que eu não queria estar. Daí pensei, ganhar pouco de qualquer jeito, melhor fazer mestrado.
Dentre os 3 departamentos disponíveis no IEL (Instituto de Estudos da Linguagem, onde fiz minha graduação), escolhi o de Lingüística, porque foi a área pela qual me apaixonei na época de graduação. Entrei na faculdade achando que ia amar Literatura, e no fim eu queria morrer nas aulas de Teoria Literária.
Enfim, eu queria voltar pra efervescência da vida universitária, voltar pras bibliotecas, voltar pras conversas, pros trabalhos, pras argumentações nas discussões acadêmicas. Mas não queria fazer mestrado só por fazer: queria fazer uma coisa legal. Não queria entrar em um grupo de pesquisa qualquer, só por entrar. Queria trabalhar com algo que eu realmente gostasse, algo que me interessasse, algo por que eu pudesse me apaixonar (que a vida sem paixão não tem graça nenhuma pra mim). Eu tenho essa mania ridícula de ter que GOSTAR, gostar do que faço, do que estudo, das pessoas com quem converso, pra mim não dá pra ser indiferente.
Então pensei num tema que eu achava maravilhoso e que eu iria amar estudar e pesquisar: o palavrão como comportamento sóciolingüístico. As pessoas riam e diziam que tinha tudo a ver comigo: eu falo muito palavrão. E falo justamente porque considero um comportamento lingüístico interessantíssimo! Quase todo mundo fala palavrão, pelo menos em determinados momentos. E fiquei assustada ao constatar, durante pesquisa, que não há estudos sobre o palavrão. Puta merda, será que este é um tema tão tabu assim, ainda nos dias de hoje?
É. E como é. Não parece séria uma pesquisa sobre o palavrão, pelo status de marginalidade que ele ainda carrega. Li bastante, com a indicação de um professor muito querido. Mas eu não tinha orientador. E também estava afastada da universidade há 4 anos. Não me admira não ter entrado. Acho até que fui bem longe: passei na prova de língua estrangeira (parece idiota, mas mais da metade dos inscritos caiu fora nessa prova), leram minha monografia e me chamaram pra entrevista, e eu achei que fui bem na entrevista. Mas daí não rolou. De 38 que fizeram as entrevistas, 28 entraram. Eu e mais 9 ficamos de fora.
Ainda pretendo seguir com esse projeto, só não sei quando. Depois que entrei na editora, achei melhor dar um tempo com isso, porque não vai rolar fazer mestrado e trabalhar o dia todo. Mas não é um projeto esquecido: acho interessantíssimo e pretendo desenvolvê-lo um dia.
Qualquer dia posto aqui minhas idéias sobre isso. Vamos ver o que vocês acham. É que lembrei desse assunto hoje porque estou numas de novo de voltar a estudar. Aquela coisa toda que falei lá em cima, voltar a ler, a escrever, a pensar, principalmente. Segundo meu pai, meu problema é que eu quero fazer tudo. Ele não entende que parada eu morro.
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