sexta-feira, 4 de julho de 2008

Little boxes on the hillside

Um querido amigo meu, muito maconheiro, assistia a um seriado chamado Weeds, que conta a história de uma mãe de família que vende maconha pra se sustentar. Eu nunca vi, uma vez vi só um pedaço, mas ele e a namorada dele adoravam. A música de abertura do seriado é bem bacana, chama-se Little Boxes...

Taí a letra:

Little boxes on the hillside
Little boxes made of ticky-tacky
Little boxes, little boxes
Little boxes, all the same
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.

And the people in the houses
All go to the university
And they all get put in boxes
Little boxes, all the same
And there's doctors and there's lawyers
And business executives
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.

And they all play on the golf-course
And drink their Martini dry
And they all have pretty children
And the children go to school
And the children go to summer camp
And then to the university
And they all get put in boxes
And they all come out the same.

And the boys go into business
And marry, and raise a family
And they all get put in boxes
Little boxes, all the same
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.

Acho que nem precisava de comentário meu, afinal de contas, a música fala por si só. Toda a minha vida eu quis fugir de ser igual a todo mundo. Às vezes, fazia coisas estranhas só pra ser diferente. Também não é por aí. A gente vai crescendo e aprende que tem que ser verdadeira. Pelo menos, eu aprendi assim. Aprendi que não preciso ser sempre diferente, desde que eu seja verdadeira comigo, com as minhas vontades, com os meus sentimentos. Eu não preciso usar só a roupa da moda porque todo mundo usa, mas também, se eu achar a roupa da moda bonita, eu posso usar, porque eu gosto, e não porque é da moda. Não preciso renunciar solenemente a algo que todos usam só porque todos usam, desde que eu queira usar. Senão a gente vira emo. Hahahaha, e os emos não são também todos iguais??

Sábado eu estava conversando com uma pessoa que, como eu, usa relógio no braço direito mesmo não sendo canhoto. Eu perguntei a ele o porquê disso, e ele me explicou que, quando começou a usar relógio, a mãe dele disse que o certo para destros era usar no braço esquerdo, daí ele usava no direito só pra contrariar. Eu amei. A minha explicação pra usar no direito sempre foi que eu não conseguia usar no esquerdo... mas acho que no fundo era a mesma coisa que ele, a mesma vontade de dizer "por que não???", de fazer diferente. Coisas de taurinos.

Eu adoro contrariar, sempre (às vezes até demais). Tenho essa mania de perguntar "por que não??", de gritar "por que não??!!", de fazer de um outro jeito. Não quero ser mais uma little box on the hillside. Mas estou aprendendo com a vida que, se eu fôr, às vezes, não tem problema nenhum. Desde que eu não seja como as outras, all the same.

Minha mãe conta que, quando eu era pequena, mais ou menos uns 4 anos, a professora contava pra ela que eu nunca ficava direito na fila. A Tia Guta (essa era a professora) brigava comigo e me mandava ficar enfileiradinha, e quando ela olhava eu tinha saído da fila (que menina insuportável, aos 4 anos!!!). Então ela brigava mais sério comigo, e eu entrava na fila; mas, quando ela olhava de novo, eu estava com o pé pra fora. Era o meu jeito de dizer "inferno, eu não concordo com isso, eu fico aqui porque você está brigando, mas eu protesto e não concordo". Pois é, a pequena Juliana Palermo já era terrível...

Ainda hoje eu ponho o pé fora da fila, no sentido figurado, muitas vezes pela vida afora. Eu fico na fila porque tenho que ficar, porque sou obrigada. Mas, por favor, registrem o meu descontentamento. Por favor, notem que eu estou protestando. Vejam o meu pé pra fora.

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