sexta-feira, 11 de julho de 2008

Veja bem, meu bem... (bares e som)

Ontem eu fui, a convite da minha querida amiga, na festa da Veja Campinas. Aquela revista guia que escolhe todo ano os melhores bares, restaurantes e comidinhas da cidade. Uma festa legal, com comidas e bebidas na faixa, lá fui eu tomar champanhe de graça de novo, hehehe, quem manda ter amigos chiques...

Na verdade, essa revista é uma enganação. Pelo menos, é o que eu penso. O que acontece é que ela acaba funcionando: as pessoas compram, lêem e vão aos lugares votados, sem pensar no que realmente isso significa... Veja bem: de todos os habitantes de Campinas, eles elegem 10 jurados, que têm a missão de escolher os melhores lugares da cidade. Pra um lugar ser considerado o melhor, precisa receber 2 votos... assim, se cada um votar em um lugar diferente, o que tiver dois votos leva. Então tá: de todos os habitantes da cidade, 2 escolhem quais são os melhores estabelecimentos... pra mim é um pouco demais...

Independente disso, a revista é super vendida, as pessoas compram pra ter como guia e pra escolher onde ir, pra conhecer os estabelecimentos da cidade. Até aí, tudo bem. Agora, ir em tal lugar só porque ganhou o título de melhor, sem pensar no que isso significa, pra mim é um pouco demais. Quem votou? Por que votou? Votou mesmo?

Mas eu queria comentar uma outra questão. Existe, na categoria Bares, dois prêmios interessantes: "Melhor para dançar" e "Melhor música ao vivo". Pensando nas baladas disponíveis em Campinas, eu tinha medo, muito medo do resultado. Porque o que se vê por aí de balada é praticamente tudo igual... as mesmas músicas, os mesmos estilos (nem vou falar sobre as mesmas pessoas, porque parece implicância minha). Pensando em música ao vivo, então, eu tinha mais medo ainda. Porque, quando você anda pelos bares, por aí, é quase tudo a mesma coisa também.

O resultado me surpreendeu: a Casa São Jorge levou os dois prêmios, de melhor som ao vivo e de melhor pra dançar. Ok, aquele negócio: foi eleita a melhor casa de som ao vivo porque 4 pessoas, das 10 escolhidas, dentre todos os habitantes de Campinas, votaram. E foi escolhida a melhor pra dançar porque 6 fulanos votaram. Ok. Mas já é um avanço...

Não estou aqui fazendo propaganda nem nada. Eu gosto da Casa São Jorge, gostava mais antes, mas ainda gosto. A questão sobre a qual estou tentando pensar é outra. Interessante que, na cidade de Campinas, tenha sido eleita como melhor uma casa que não toca pop rock, nem axé, nem pagode e nem sertanejo universitário, ou seja, os sons da modinha. Foi escolhido um lugar em que se ouve samba, choro, mpb de qualidade, música latina e samba-rock. Ok, ok, daí eu fico aqui pensando com os meus botões e me sinto enganada de novo... de certa maneira, samba, choro, mpb de qualidade, música latina e samba-rock são componentes de outro tipo de modinha... Da modinha cult do pessoal cult freak-lock-lounge-unicamp. Não deixa de ser modinha ouvir um chorinho, ou sair pra dançar um samba-rock. Não deixa de ser modinha ir na Casa São Jorge.

Não sei se vocês conseguem entender o que eu quero dizer, às vezes eu mesma acho que não vou chegar onde quero chegar... mas a questão tem a ver com o texto das Little Boxes que eu postei aqui outro dia. Eu fico pensando em quanto as pessoas realmente gostam do som e em quanto elas vão nos lugares só porque é modinha, seja a modinha do povão ou seja a modinha da cena alternativa. Eu vou na Casa São Jorge, no Santa Fé, no Delta (faz tempo que não vou!), no Álcool Íris, no Bar do Jair, no Woolly Bully, só pra citar alguns exemplos, porque eu realmente gosto do som. Não porque é bonito gostar de determinada coisa, ou porque é cult. Eu não vou nas noites de sertanejo universitário do Galeano porque eu não curto o som (nem o tipinho de gente de lá, mas aí é outra coisa).

Fico pensando, acho que até demais, nas escolhas que as pessoas fazem, e em como elas elegem lugares pra serem bons ou ruins, modinha ou não. Achei legal a São Jorge levar os prêmios, porque lá também tem música boa (às vezes, tem muita merda também, natural). Mas penso até que ponto isso realmente significa que as pessoas estão ouvindo samba, choro, jazz, seja lá o que for. As pessoas vão começar a ir lá agora porque curtem o som ou porque saiu na Vejinha? E isso faz diferença? Eu deveria estar pensando nisso?

Deveria, porque me incomoda muito quando eu chego em um lugar do qual eu gosto e não consigo entrar porque tem uma fila gigante cheia de patricinhas e mauricinhos querendo ser cult e tomando o meu lugar. Porque eu fico puta quando estou num lugar pra ouvir um som e as pessoas não param de conversar, nem prestam atenção no som e nem te deixam prestar. Porque eu fico possessa quando o bar que eu gosto aumenta seus preços pra aproveitar porque agora é mais freqüentado. Porque eu quero tacar fogo no corpo quando a fila do caixa fica gigante, cheia desse povinho besta, porque o lugar virou da modinha. Porque eu sou revoltada mesmo e tenho vontade de berrar "VOLTEM PARA O INFERNO, SEUS PULHAS! VOLTEM PARA SUAS VIDINHAS MEDÍOCRES E ME DEIXEM CURTIR MEU SOM E MEU LUGAR EM PAZ". Porque eu sou mesmo uma boba. Desculpem.

Exagero, eu sei. Bom, só quis pensar um pouco por escrito sobre essas coisas. A Veja tá nas bancas. Vejam (rá!) por si. Acho que vou fazer aqui a minha lista dos preferidos. Outra hora.

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