É engraçado. A gente coloca uma pedrinha no sapato e anda com ela apertando a gente por mais ou menos uns dois anos. A gente sabe que vai apertar, mas é uma pedrinha tão bonitinha... ela brilha, e você acha que se trata de uma pedrinha perfeita pra você. Mentira, vai, não são dois anos. A pedrinha sai do seu sapato por vontade própria, mas você ainda a sente lá, apertando, machucando. Você quer que ela volte. Ela volta, e continua a apertar, mas você jura que merece essa dor, que ela te faz bem, que você nasceu pra andar com uma pedrinha no seu sapato. Mas ela não quer ficar, e sai de novo. E você faz de tudo pra que ela volte, de tudo mesmo, passa por situações ridículas, e continua sentindo a pedrinha apertar mesmo ela não estando mais lá. Menina teimosa, faz que faz e a pedrinha volta, apertando mais do que nunca, está claro pra você que, depois de mais de um ano, essa pedrinha não pode durar no seu sapato, mas você não quer assumir pra você mesma que você errou, então conserva a pedrinha e faz de tudo pra acreditar que precisa dela. Daí ela vai embora furando o sapato e destruindo com tudo, uma pedrinha furacão, detonando com o seu sapato, com a meia, com a pele do seu pé. E tudo sangra, e você sofre.
Um belo dia você percebe. Porque, afinal, você não é burra. Não tanto assim. E não dói mais. Você olha para a pedrinha que continua ali por perto, mas depois de dois anos ela é só isso: uma pedrinha. Normal, igual, comum. Tem seu brilho, mas nunca deveria ter andado dentro do seu sapato.
Porque o que a gente merece mesmo é andar descalça, pisando no piso frio, hum... que delícia!
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