Li numa revista há um tempo atrás que, antigamente, ninguém tinha crise com o trabalho. Todo mundo encarava o trampo como alguma coisa que era necessária para a sobrevivência. Quer você apertasse botões ou pressionasse carimbos, o salário do fim do mês era o objetivo, a meta. Ninguém tinha que ser feliz no trabalho, se realizar no trabalho, não existia esse lence de "fazer o que se gosta de fazer".
Hoje o trabalho é parte do ser humano, é parte essencial da vida, e todo mundo se preocupa em fazer o que gosta, em ser feliz e realizado no trabalho. Seu trabalho diz muito sobre você, sobre quem você é, sobre quem você vai ser.
Isso é uma reflexão imensa e muito maior do que isso, e eu adoraria desenvolver essa idéia agora, mas não vou. Só quero lançar uma pergunta.
O que é mais importante: ganhar bem ou fazer o que se gosta?
Mais uma pergunta: existe algo de que sempre vamos gostar?
Outra pergunta: isso é importante?
Agora, uma afirmação: estou muito confusa.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
Bode, cinza... e o azul que você me traz.
Geralmente, quando eu tô de bode, eu escrevo um monte. Hoje não. Acho que é porque hoje não tenho motivo pra estar de bode. Não tenho mesmo. Mas estou. E daí nem dá vontade de escrever.
Eu nem vinha aqui escrever hoje, só vim porque estava procurando um e-mail antigo no meu gmail, com uma coisa que eu precisava, daí dei uma busca e apareceu um moooonte de coisas. Mas até aí, tudo bem. A grande verdade: você sabe que o passado é passado quando você consegue sorrir com calma. Nem chorar de raiva nem rir de nervoso. Acho que estou mesmo ficando velha, ando assustada com a minha calma.
Enfim, nessa busca antiga eu achei um mail em que o Fer, ex-namorado da Ev, minha querida amiga que está nos States, dizia de mim: "A Ju é visceral".
Visceral.
Acho que foi uma das melhores descrições que já fizeram de mim. Tenho também duas outras que eu gosto muito. Uma é de um querido amigo que disse que eu era como uma mexerica: "vários gomos, e você nunca sabe se vai dar a sorte de pegar um gomo doce." Taí, esse me conhece. Outra é parecida, era uma poesia e terminava com algo do tipo "Arde, mas é doce", de outra pessoa que também me conheceu muito bem e de perto.
Maluca essa coisa do doce, mas ardido; do medo de pegar um gomo azedo; das vísceras expostas. Credo, eu devo mesmo assustar as pessoas...
Bode, bode, bode. É isso. Só isso.
ESSA VIDA É IMPRESSIONANTE... Eu tinha escrito esse texto e salvado pra ver se postava ou não. Acabei de receber um e-mail muito, muito fofo. Tô até vendo uma ponta azul no meu dia cinza agora. Tem gente que realmente tem o dom... A última frase desse e-mail vai aqui, pra eu colocar na minha cabeça e tentar sair desse bode de terça-feira:
"A felicidade é muuuito simples: 3 acordes, 1amor e 1 cerveja. Não complique. "
Agora já vejo azul e um pouco de vermelho.
Eu nem vinha aqui escrever hoje, só vim porque estava procurando um e-mail antigo no meu gmail, com uma coisa que eu precisava, daí dei uma busca e apareceu um moooonte de coisas. Mas até aí, tudo bem. A grande verdade: você sabe que o passado é passado quando você consegue sorrir com calma. Nem chorar de raiva nem rir de nervoso. Acho que estou mesmo ficando velha, ando assustada com a minha calma.
Enfim, nessa busca antiga eu achei um mail em que o Fer, ex-namorado da Ev, minha querida amiga que está nos States, dizia de mim: "A Ju é visceral".
Visceral.
Acho que foi uma das melhores descrições que já fizeram de mim. Tenho também duas outras que eu gosto muito. Uma é de um querido amigo que disse que eu era como uma mexerica: "vários gomos, e você nunca sabe se vai dar a sorte de pegar um gomo doce." Taí, esse me conhece. Outra é parecida, era uma poesia e terminava com algo do tipo "Arde, mas é doce", de outra pessoa que também me conheceu muito bem e de perto.
Maluca essa coisa do doce, mas ardido; do medo de pegar um gomo azedo; das vísceras expostas. Credo, eu devo mesmo assustar as pessoas...
Bode, bode, bode. É isso. Só isso.
ESSA VIDA É IMPRESSIONANTE... Eu tinha escrito esse texto e salvado pra ver se postava ou não. Acabei de receber um e-mail muito, muito fofo. Tô até vendo uma ponta azul no meu dia cinza agora. Tem gente que realmente tem o dom... A última frase desse e-mail vai aqui, pra eu colocar na minha cabeça e tentar sair desse bode de terça-feira:
"A felicidade é muuuito simples: 3 acordes, 1amor e 1 cerveja. Não complique. "
Agora já vejo azul e um pouco de vermelho.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Pequenos prazeres dominicais
Passeie, ah, passeie!!
Existe um livro muito foda que se chama "Como me tornei estúpido". Meus amigos mais próximos não agüentam mais me ouvir falar dele. Mas o que é que eu posso fazer se o livro é foda mesmo?? Li há uns anos atrás e achei uma metáfora fudida da vida da gente. Bem, não da vida de todos.
Não quero aqui falar sobre ele. Simplesmente postar uma coisinha. Em determinado momento, numa "viagem" do protagonista, ele ouve isso aqui.
“As pessoas ligeiras, superficiais, os espíritos presunçosos e entusiastas querem uma conclusão em todas as coisas;
Eles buscam a finalidade da vida, oh, e a dimensão do infinito, ah!
Eles tomam na mão, mmmh, na sua pobre mãozinha, um punhado de areia,
E dizem ao oceano:
“Eu vou contar os grãos das tuas margens”, uau!
Mas, como os grãos lhes correm por entre os dedos, ai, e como o cálculo é longo,
Eles batem com os pés no chão e choram, ai, eles choram.
Você sabe o que há para fazer na margem do rio?
Ajoelhar-se ou passear, ah!
Passeie. Passeie, Tony! Ah, passeie! Mmmh passeie! Tony!”
Fala a verdade: é ou não é o máximo??
Não quero contar os grãos de areia, não. Não quero ficar arranjando problemas pra mim, TOCs sem fim, preocupações. Não quero me dar tarefas que eu não possa cumprir e ficar de bode depois por não conseguir cumprir metas impossíveis que eu mesma determinei. Quero passear. Hummm, passear, passear...
De preferência, descalça.
Não quero aqui falar sobre ele. Simplesmente postar uma coisinha. Em determinado momento, numa "viagem" do protagonista, ele ouve isso aqui.
“As pessoas ligeiras, superficiais, os espíritos presunçosos e entusiastas querem uma conclusão em todas as coisas;
Eles buscam a finalidade da vida, oh, e a dimensão do infinito, ah!
Eles tomam na mão, mmmh, na sua pobre mãozinha, um punhado de areia,
E dizem ao oceano:
“Eu vou contar os grãos das tuas margens”, uau!
Mas, como os grãos lhes correm por entre os dedos, ai, e como o cálculo é longo,
Eles batem com os pés no chão e choram, ai, eles choram.
Você sabe o que há para fazer na margem do rio?
Ajoelhar-se ou passear, ah!
Passeie. Passeie, Tony! Ah, passeie! Mmmh passeie! Tony!”
Fala a verdade: é ou não é o máximo??
Não quero contar os grãos de areia, não. Não quero ficar arranjando problemas pra mim, TOCs sem fim, preocupações. Não quero me dar tarefas que eu não possa cumprir e ficar de bode depois por não conseguir cumprir metas impossíveis que eu mesma determinei. Quero passear. Hummm, passear, passear...
De preferência, descalça.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Sobe?
Eu tô no meio do elevador. No meio mesmo, sabe? Tá, ok, na verdade eu tô dentro do elevador, e você tá fora, segurando a porta. Então eu não sei se fico ou se vou, se saio ou se entro, se dou ou se desço.
A escolha já tá feita. Tava feita desde o princípio. O foda é aceitar a escolha. Bonito isso. Bonito mesmo.
Então agora eu tô no meio do elevador. E você tá também. Você segura a porta e já são três da manhã, o elevador não sobe nem desce, eu não saio nem entro, você não diz nada, me olha com uma cara de dúvida tremenda. E eu tremo. Eu piso entre a caixinha do elevador e o piso do seu andar, e você está junto comigo. Veja que imagem poética mais bonita. Mais sintomática. Mais auto-explicativa. Precisa dizer alguma coisa?
Precisa. Você pergunta se isso me incomoda. E eu respondo que sim, um pouco, porque eu estou acostumada a responder assim, porque desenho essa casinha há anos e porque aprendi que o certo é a gente entrar ou sair do elevador, e não ficar parado no meio dele às três da manhã. Mas então percebo que era tudo o que eu queria, um maluco como eu. Que fica e me faz ficar no meio do elevador, e como eu gosto disso... gosto mais do que entrar ou sair. Porque é diferente. Porque você é diferente. Tanto que eu até me sinto normal.
Eu entro. Eu desço. Você fica.
Três minutos.
Claro que eu volto.
A escolha já tá feita. Tava feita desde o princípio. O foda é aceitar a escolha. Bonito isso. Bonito mesmo.
Então agora eu tô no meio do elevador. E você tá também. Você segura a porta e já são três da manhã, o elevador não sobe nem desce, eu não saio nem entro, você não diz nada, me olha com uma cara de dúvida tremenda. E eu tremo. Eu piso entre a caixinha do elevador e o piso do seu andar, e você está junto comigo. Veja que imagem poética mais bonita. Mais sintomática. Mais auto-explicativa. Precisa dizer alguma coisa?
Precisa. Você pergunta se isso me incomoda. E eu respondo que sim, um pouco, porque eu estou acostumada a responder assim, porque desenho essa casinha há anos e porque aprendi que o certo é a gente entrar ou sair do elevador, e não ficar parado no meio dele às três da manhã. Mas então percebo que era tudo o que eu queria, um maluco como eu. Que fica e me faz ficar no meio do elevador, e como eu gosto disso... gosto mais do que entrar ou sair. Porque é diferente. Porque você é diferente. Tanto que eu até me sinto normal.
Eu entro. Eu desço. Você fica.
Três minutos.
Claro que eu volto.
Estranha
Estranha. Eu.
Quantas pessoas uma pessoa pode ser? Quantas pessoas diferentes cabem dentro de mim? Quanto eu ainda vou me surpreender comigo mesma, pro bem e pro mal?
Por que é que de repente eu não me reconheço? Me vejo de fora e estou olhando para uma estranha. Observo minhas atitudes e penso "Que que é isso, menina, cadê você?". Por que é que de repente eu fico insegura, envergonhada, preocupada?
Eu faço as coisas sem pensar, até aí, normal, essa sou eu. Arroubos, explosões, decisões de último segundo. And it feels so good. So fucking good. Mas de repente, do nada, de uma maldita hora para a outra, eu sumo. A Juliana Palermo some. E eu começo a pensar. Quê?? Pois é, eu começo a pensar, nas horas mais impróprias para pensamento. E daí eu viro uma menininha idiota morrendo de vergonha.
Eu juro que eu não sou assim. Eu queria saber o que está acontecendo comigo. Onde é que eu estou. Só isso.
Por que raios é que eu tenho pensado assim. Por que raios eu de repente baixo os olhos e não consigo encarar. Por que eu me importo tanto? Por que é que tinha que ser tão bom (merda!), e por que é que de repente eu, EU MESMA, a cantora, a atriz, a maluca, a que grita e berra e fala palavrão e não tem medo do ridículo, a que se expõe, expões medos e vontades e verdades, a que chora e se descabela e gargalha, a que diz "que se foda", euzinha, eu mesma, de repente viro uma banana? Uma menininha de cor-de-rosa, uma indecisa, sem jeito, mole...
Caralho, caralho, eu juro que essa não sou eu. Por onde é então que eu tenho andado? Eu só queria me reconhecer no espelho de novo.
Valham-me Carlos Drummond de Andrade e Elisa Lucinda!! Valham-me porque tá foda. Ouvi até passarinho hoje de manhã, e nem senti medo.
Drummond falando pra ele mesmo, propício como o Cão.
Não se mate
(Carlos Drummond de Andrade)
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê,
pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.
Elisa Lucinda, voz de mulher falando por mim.
Reconstituição
(Elisa Lucinda)
Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo...
tive saudade e tentei me lembrar que gosto faltava,
qual era a bebida...
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.
A saudade era dela
A bebida era o beijo.
E, no meio, eu. Entre Drummond e Lucinda. Estranha.
Estranha.
Quantas pessoas uma pessoa pode ser? Quantas pessoas diferentes cabem dentro de mim? Quanto eu ainda vou me surpreender comigo mesma, pro bem e pro mal?
Por que é que de repente eu não me reconheço? Me vejo de fora e estou olhando para uma estranha. Observo minhas atitudes e penso "Que que é isso, menina, cadê você?". Por que é que de repente eu fico insegura, envergonhada, preocupada?
Eu faço as coisas sem pensar, até aí, normal, essa sou eu. Arroubos, explosões, decisões de último segundo. And it feels so good. So fucking good. Mas de repente, do nada, de uma maldita hora para a outra, eu sumo. A Juliana Palermo some. E eu começo a pensar. Quê?? Pois é, eu começo a pensar, nas horas mais impróprias para pensamento. E daí eu viro uma menininha idiota morrendo de vergonha.
Eu juro que eu não sou assim. Eu queria saber o que está acontecendo comigo. Onde é que eu estou. Só isso.
Por que raios é que eu tenho pensado assim. Por que raios eu de repente baixo os olhos e não consigo encarar. Por que eu me importo tanto? Por que é que tinha que ser tão bom (merda!), e por que é que de repente eu, EU MESMA, a cantora, a atriz, a maluca, a que grita e berra e fala palavrão e não tem medo do ridículo, a que se expõe, expões medos e vontades e verdades, a que chora e se descabela e gargalha, a que diz "que se foda", euzinha, eu mesma, de repente viro uma banana? Uma menininha de cor-de-rosa, uma indecisa, sem jeito, mole...
Caralho, caralho, eu juro que essa não sou eu. Por onde é então que eu tenho andado? Eu só queria me reconhecer no espelho de novo.
Valham-me Carlos Drummond de Andrade e Elisa Lucinda!! Valham-me porque tá foda. Ouvi até passarinho hoje de manhã, e nem senti medo.
Drummond falando pra ele mesmo, propício como o Cão.
Não se mate
(Carlos Drummond de Andrade)
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê,
pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.
Elisa Lucinda, voz de mulher falando por mim.
Reconstituição
(Elisa Lucinda)
Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo...
tive saudade e tentei me lembrar que gosto faltava,
qual era a bebida...
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.
A saudade era dela
A bebida era o beijo.
E, no meio, eu. Entre Drummond e Lucinda. Estranha.
Estranha.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Falta de tempo
Queria tanto escrever... tenho tanta coisa pra escrever... mas essa semana tá super corrida na editora, um monte mesmo de trabalho pra fazer, por causa dos lançamentos da Bienal. Como diria um figura que conheço, tá a verdadeira corrida de homem pelado com cueca na cabeça.
Mal tive tempo de respirar hoje. Mas, quer saber? Tô gostando. Juro.
Prometo que, assim que tiver um tempinho, venho escrever. Quero mesmo e preciso escrever.
Mal tive tempo de respirar hoje. Mas, quer saber? Tô gostando. Juro.
Prometo que, assim que tiver um tempinho, venho escrever. Quero mesmo e preciso escrever.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Espelho
Há algum tempo, passeando pelo blog de uma amiga, encontrei o blog de uma cantora da cidade. Eu já havia ouvido falar muito dela, e bem, mas nunca a tinha visto cantar. Entrei no blog dela e achei o máximo. Achei que seus escritos combinavam com os meus, demonstravam, algumas vezes, a mesma raiva, a mesma gana, a mesma força. E decidi que precisava conhecê-la.
Ontem eu a conheci. E tudo o que posso dizer é que Tatiana Rocha é uma figura! Das boas. Das figurinhas carimbadas, daquelas difíceis de achar. Canta pra caralho, mesmo, mais até do que me disseram. Canta com a alma, com os nervos, sem deixar que a puta experiência e a técnica atrapalhem a voz que vem das entranhas. E é uma pessoa maravilhosa, que deixa a gente à vontade e que parece que a gente já conhece há tempos. Que fala muita merda boa e pra quem a gente também pode falar merda, no dia mesmo em que conhece, porque com ela tudo bem. Pessoa gostosa de encontrar. Espero que ainda possamos dar muitas risadas juntas, curtir muito som por aí e ser de fato amigas, um dia.
Cheguei em casa feliz. Como faz bem encontrar semelhantes, parecidos, almas primas perdidas nesse mundinho de Deus, e saber que a gente não está sozinho com nossos anseios, com nossos sonhos e com nossas maluquices.
Ontem eu a conheci. E tudo o que posso dizer é que Tatiana Rocha é uma figura! Das boas. Das figurinhas carimbadas, daquelas difíceis de achar. Canta pra caralho, mesmo, mais até do que me disseram. Canta com a alma, com os nervos, sem deixar que a puta experiência e a técnica atrapalhem a voz que vem das entranhas. E é uma pessoa maravilhosa, que deixa a gente à vontade e que parece que a gente já conhece há tempos. Que fala muita merda boa e pra quem a gente também pode falar merda, no dia mesmo em que conhece, porque com ela tudo bem. Pessoa gostosa de encontrar. Espero que ainda possamos dar muitas risadas juntas, curtir muito som por aí e ser de fato amigas, um dia.
Cheguei em casa feliz. Como faz bem encontrar semelhantes, parecidos, almas primas perdidas nesse mundinho de Deus, e saber que a gente não está sozinho com nossos anseios, com nossos sonhos e com nossas maluquices.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Eu olho no fundo do seu olho e digo tudo o que quero dizer. Tudo mesmo, sem medo do que você vai pensar, sem medo do seu medo. E é tão bom, porque as palavras fluem da maneira exata que eu queria que elas fluíssem. Passam sem filtro da minha mente para a minha boca. E passam bonitas como eu penso. Porque acontece uma coisa estranha com as minhas palavras quando eu converso com você, geralmente. Eu penso tudo tão simples e claro, mas quando eu falo sai tudo tão diferente. É como se tivesse uma pedra enorme no caminho da minha cabeça pra minha boca, e essa pedra desvia o fluxo dos meus pensamentos, separa e bagunça tudo, e as palavras saem feias, desconexas, não dizem exatamente o que eu pensei. Acho que essa pedra é a sua presença, são seus olhos me olhando. Daí ferra tudo, eu não consigo pensar direito, eu falo estranho. Mas não agora. Agora eu estou olhando dentro do seu olho e digo exatamente o que eu queria dizer. E é tudo realmente simples, não existe nenhum problema, não existe nenhuma complicação, eu não tenho dúvidas se quero ou se não quero. Eu sei que quero, e você me dá sinais bonitos e eu vejo que você também quer, e tudo é tão normal. Você me abraça forte, do jeito que eu gosto, e a gente passa horas debaixo das cobertas e o mundo está todo certo, cada coisa no seu lugar.
Acordei.
Acordei.
GET A ROOM!! (Batman)
Onde: cinema do Galleria.
Quando: domingo de noitinha
Com quem: Du, Dan e Ju
O quê: Batman - O Cavaleiro das Trevas
Motivo do meu ódio: um casal
"Vamos ver Batman? Eu quero ver Batman". O Du falou isso desde a hora em que a gente acordou. Ok, vamos. Sem muita animação, sem muita empolgação, mas vamos, pode ser legal.
Meu primeiro namorado era Batmaníaco. Ele me fez ver todos os Batman, li alguns quadrinhos, gostava mesmo era das edições especiais (ah, o cheiro do papel das edições especiais é bom demais!). Daí peguei gosto, e acabei vendo sempre todos os filmes, mesmo depois de já estarmos separados.
O Batman Begins é muito bom, mesmo. Tem o clima sombrio dos quadrinhos, e não o carnaval dos últimos filmes (Batman 3 e 4). E como esse novo é do mesmo diretor (Nolan), estávamos esperando grande coisa. O Christian Bale também ficou bem de Bruce Wayne, e além do mais tinha a história toda do Coringa. Ah, o Coringa. Heath Ledger morreu e daí ficou toda essa comotion.
Vale a pena ver por ele: ele arrebenta como o Coringa. De verdade. Bem foda. Mas não me empolguei muito com o filme, não. Achei Batman Begins muito melhor.
Daí, do meu lado, tinha um maldito casal. Começou que o idiota do cara, ao acabar de comer a pipoca, amassou o saquinho e quis colocar no cantinho da poltrona dele. Só que o cantinho da poltrona dele era o canto da minha poltrona, e de repente eu senti um saquinho encostando na minha bunda. Daí ele pediu desculpas. Ok. Tá desculpado.
Se eu soubesse o que viria depois, não tinha desculpado e ainda tinha mandado ele tomar no cu.
A pôrra do casal passou o filme inteirinho se beijando do meu lado. Você pode pensar que eu sou uma pessoa amarga e estranha, mas eu juro que isso me irritou profundamente. Eu não conseguia prestar atenção a algumas cenas por causa do barulhinho irritante daquelas bocas grudadas. Não era barulhinho de beijinho estalado: era aquele barulho de beijo mole, molhado. Cara, juro mesmo, irritava demais.
Além do que a biscate a menina estava quase sentando no meu colo, de tanto que ela se retorcia pra abraçar o pit-boy. Uma hora que todo mundo riu de uma cena do Coringa, a anta falou "Ai, eu nunca consigo pegar as partes engraçadas". Óbvio, sua cavalgadura, você não está assistindo ao filme!
Cara, GET A ROOM!!!! Mesmo. De boa. É ridículo pagar 15 reais por pessoa pra ir ao cinema e ficar se beijando, velho! Vai pra casa, vai pro motel, sei lá, mas não dá dessas. E também é desconfortável, vai! Eu nunca fui de ficar me pegando com os outros dentro do cinema. Cinema é pra ver o filme. Ficar abraçado, ok, delícia, dar uns selinhos de vez em quando tudo bem, se beijar no trailler e olhe lá, que eu adoro ver trailler. Tudo tem a sua hora. Agora, não quer ser assim, beleza, seja como quiser, mas não vem se beijar do meu lado e acabar com o meu filme. Desconfiômetro, vai. Irritante.
Juro mesmo, não é implicância. A Ju me perguntou "Ah, mas se você estivesse no cinema com o seu namorado, você não ia estar fazendo a mesma coisa?". CLARO QUE NÃO. Mesmo que o filme estivesse chato (o que não era absolutamente o caso), acho que eu ficaria assistindo, ué. Paguei por isso. Ou então desencana e vai embora, pronto, vai dar em casa. Mas não fode com o meu filme...
Daí eu pensei em um monte de coisas filosóficas pra escrever sobre o caso, sobre a minha raiva, sobre o casal, sobre o beijo, sobre várias coisas, mas decidi deixar assim mesmo, só o relato da minha raiva. Pensem vocês o que quiserem.
Quando: domingo de noitinha
Com quem: Du, Dan e Ju
O quê: Batman - O Cavaleiro das Trevas
Motivo do meu ódio: um casal
"Vamos ver Batman? Eu quero ver Batman". O Du falou isso desde a hora em que a gente acordou. Ok, vamos. Sem muita animação, sem muita empolgação, mas vamos, pode ser legal.
Meu primeiro namorado era Batmaníaco. Ele me fez ver todos os Batman, li alguns quadrinhos, gostava mesmo era das edições especiais (ah, o cheiro do papel das edições especiais é bom demais!). Daí peguei gosto, e acabei vendo sempre todos os filmes, mesmo depois de já estarmos separados.
O Batman Begins é muito bom, mesmo. Tem o clima sombrio dos quadrinhos, e não o carnaval dos últimos filmes (Batman 3 e 4). E como esse novo é do mesmo diretor (Nolan), estávamos esperando grande coisa. O Christian Bale também ficou bem de Bruce Wayne, e além do mais tinha a história toda do Coringa. Ah, o Coringa. Heath Ledger morreu e daí ficou toda essa comotion.
Vale a pena ver por ele: ele arrebenta como o Coringa. De verdade. Bem foda. Mas não me empolguei muito com o filme, não. Achei Batman Begins muito melhor.
Daí, do meu lado, tinha um maldito casal. Começou que o idiota do cara, ao acabar de comer a pipoca, amassou o saquinho e quis colocar no cantinho da poltrona dele. Só que o cantinho da poltrona dele era o canto da minha poltrona, e de repente eu senti um saquinho encostando na minha bunda. Daí ele pediu desculpas. Ok. Tá desculpado.
Se eu soubesse o que viria depois, não tinha desculpado e ainda tinha mandado ele tomar no cu.
A pôrra do casal passou o filme inteirinho se beijando do meu lado. Você pode pensar que eu sou uma pessoa amarga e estranha, mas eu juro que isso me irritou profundamente. Eu não conseguia prestar atenção a algumas cenas por causa do barulhinho irritante daquelas bocas grudadas. Não era barulhinho de beijinho estalado: era aquele barulho de beijo mole, molhado. Cara, juro mesmo, irritava demais.
Além do que a biscate a menina estava quase sentando no meu colo, de tanto que ela se retorcia pra abraçar o pit-boy. Uma hora que todo mundo riu de uma cena do Coringa, a anta falou "Ai, eu nunca consigo pegar as partes engraçadas". Óbvio, sua cavalgadura, você não está assistindo ao filme!
Cara, GET A ROOM!!!! Mesmo. De boa. É ridículo pagar 15 reais por pessoa pra ir ao cinema e ficar se beijando, velho! Vai pra casa, vai pro motel, sei lá, mas não dá dessas. E também é desconfortável, vai! Eu nunca fui de ficar me pegando com os outros dentro do cinema. Cinema é pra ver o filme. Ficar abraçado, ok, delícia, dar uns selinhos de vez em quando tudo bem, se beijar no trailler e olhe lá, que eu adoro ver trailler. Tudo tem a sua hora. Agora, não quer ser assim, beleza, seja como quiser, mas não vem se beijar do meu lado e acabar com o meu filme. Desconfiômetro, vai. Irritante.
Juro mesmo, não é implicância. A Ju me perguntou "Ah, mas se você estivesse no cinema com o seu namorado, você não ia estar fazendo a mesma coisa?". CLARO QUE NÃO. Mesmo que o filme estivesse chato (o que não era absolutamente o caso), acho que eu ficaria assistindo, ué. Paguei por isso. Ou então desencana e vai embora, pronto, vai dar em casa. Mas não fode com o meu filme...
Daí eu pensei em um monte de coisas filosóficas pra escrever sobre o caso, sobre a minha raiva, sobre o casal, sobre o beijo, sobre várias coisas, mas decidi deixar assim mesmo, só o relato da minha raiva. Pensem vocês o que quiserem.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Conduzindo Miss Palermo (ou Dirigindo no Escuro)
Eu tenho uma relação especial com o meu carro e com o ato de dirigir. Só tirei carta aos 25 anos, por incrível que pareça. Acho que foi com 25... sei que foi tarde. Quando eu tinha 19 tentei, mas reprovei, daí decidi que só iria tentar de novo quando soubesse dirigir. E que iria treinar. Mas nunca treinava. Não precisava, sempre tinha quem me levasse e me buscasse em todos os lugares em que eu precisava ir. Meu pai, minha mãe, meu namorado (na época).
Eu sempre quis muito dirigir e ter meu próprio carro, não depender das pessoas. Mas no fundo, eu nunca me esforcei de verdade pra que isso acontecesse. Eu andava de ônibus, e enchia o saco dos meus pais pra me levarem de noite nos lugares, e dependia da carona e da boa vontade de amigos. E me sentia mal, e queria ser mais independente, mas será que eu queria mesmo? Eu falava, falava, esbravejava, e nunca agia de fato.
Uma terapeuta querida e maluca que eu tive me dizia que eu me sentia confortável no banco do passageiro. E que isso era uma metáfora pra minha vida toda. Que eu vivia dizendo que queria assumir a direção, o controle, mas no fim das contas acabava sendo levada pelas pessoas, quietinha no banco de trás. Pode ser.
Então hoje as coisas deveriam estar muito melhor. Porque eu finalmente tirei minha carteira de motorista, eu finalmente comprei o meu carro, que eu amo, e eu finalmente não dependo mais dos outros pra ir e voltar de onde eu quiser.
Eu me sinto muito bem dirigindo, e dirigir pra mim funciona como terapia às vezes. Tenho grandes insights no carro. Gosto dos caminhos mais longos. Às vezes, de madrugada, voltando de algum lugar, dou uma volta imensa pela cidade, organizando os pensamentos, cantando, fumando um cigarro.
Ontem eu briguei com a minha irmã. Por besteiras, por causa da TV (pode??). Ela tá insuportável grávida, um cu, não se pode falar nada com ela. Então brigamos às 8 da noite, hora que eu cheguei em casa da manicure. Daí eu não tinha o que fazer em casa. Beleza: peguei a chave do carro e saí. Precisava mesmo colocar gasolina. Fui ao posto e ainda encontrei meu pai lá, abastecendo. Bati um papo com ele e saí dirigindo.
Eram 8 da noite, praticamente. Eu dirigi e dirigi, cheguei em casa de volta às 10. Dirigi por duas horas, pela cidade, sem parar, ouvindo meu som e pensando, ou melhor, tentando limpar minha mente e não pensar. Nos problemas que eu tenho de fato, nos problemas que eu crio. Tentava só cantar e sentir as músicas.
Foi um longo passeio. Castelo, Taquaral, Cambuí, de repente me vi no Tapetão, andei por Barão, passeei pelos lados do Guará, peguei a estrada da Rhodia, voltei por Barão, peguei o Tapetão, entrei na Dom Pedro, entrei perto do Galleria, me perdi e saí em direção a Mogi, voltei, Taquaral, Castelo, casa.
Ouvi muitos sons diferentes e cantei quase todos. Passei por muitos lugares que fizeram parte do meu passado, mas não senti tristeza em momento nenhum. Nem alegria. Às vezes dei risada de mim mesma, lembrando de coisas que eu falei pra alguém, ou coisas que fiz, ou então eu fazia um passo de coreografia (um gesto) e ria muito.
Foi bom. Eu não estava indo a lugar nenhum, não queria encontrar ninguém, era só o ato de dirigir, de deixar que eu mesma me levasse pra onde eu quisesse, sem hora pra voltar, sem pressa de chegar, sem ter o que fazer. Passear, andar, comer asfalto, ver a noite, ver a lua, curtir meu som. Eu nem olhava pras pessoas nos carros ou nas ruas, era eu e meu carro, e a noite.
Sensação de liberdade. Sensação de solidão boa. Eu comigo. Gosto, também.
Na única hora em que me perdi, senti uma pontinha de medo, um medo estranho de andar num lugar onde eu não tinha bem certeza das coisas, onde será que esse caminho vai dar, que escuro, será que aquilo ali é uma boca de fumo?, como eu faço pra voltar, onde eu vou sair se for por aqui? Que bobagem... Dirigi por duas horas, e em alguns minutos perdida ou semi-perdida eu fiquei preocupada... como a gente é boba, né? Por que é que a gente só se sente segura em caminhos conhecidos? Dirigir na Norte-Sul ou no Tapetão ou na Dom Pedro, tudo bem, a mente voa e você relaxa, mas dirigir num lugar estranho te incomoda...
Não quero me sentir incomodada com lugares e caminhos que eu não conheço. Fazendo disso, pra variar, uma metáfora. Quero poder entrar em ruas desconhecidas e me sentir bem da mesma forma, quero relaxar e deixar o asfalto me levar. No mínimo, eu vou conhecer um lugar novo. Pra não ir nunca mais, ou pra voltar sempre que quiser. Chega da segurança das estradas de sempre. Novos caminhos, novas formas, novas regras na minha vida. Novas estradas, novos jeitos de ver as mesmas ruas.
Eu sempre quis muito dirigir e ter meu próprio carro, não depender das pessoas. Mas no fundo, eu nunca me esforcei de verdade pra que isso acontecesse. Eu andava de ônibus, e enchia o saco dos meus pais pra me levarem de noite nos lugares, e dependia da carona e da boa vontade de amigos. E me sentia mal, e queria ser mais independente, mas será que eu queria mesmo? Eu falava, falava, esbravejava, e nunca agia de fato.
Uma terapeuta querida e maluca que eu tive me dizia que eu me sentia confortável no banco do passageiro. E que isso era uma metáfora pra minha vida toda. Que eu vivia dizendo que queria assumir a direção, o controle, mas no fim das contas acabava sendo levada pelas pessoas, quietinha no banco de trás. Pode ser.
Então hoje as coisas deveriam estar muito melhor. Porque eu finalmente tirei minha carteira de motorista, eu finalmente comprei o meu carro, que eu amo, e eu finalmente não dependo mais dos outros pra ir e voltar de onde eu quiser.
Eu me sinto muito bem dirigindo, e dirigir pra mim funciona como terapia às vezes. Tenho grandes insights no carro. Gosto dos caminhos mais longos. Às vezes, de madrugada, voltando de algum lugar, dou uma volta imensa pela cidade, organizando os pensamentos, cantando, fumando um cigarro.
Ontem eu briguei com a minha irmã. Por besteiras, por causa da TV (pode??). Ela tá insuportável grávida, um cu, não se pode falar nada com ela. Então brigamos às 8 da noite, hora que eu cheguei em casa da manicure. Daí eu não tinha o que fazer em casa. Beleza: peguei a chave do carro e saí. Precisava mesmo colocar gasolina. Fui ao posto e ainda encontrei meu pai lá, abastecendo. Bati um papo com ele e saí dirigindo.
Eram 8 da noite, praticamente. Eu dirigi e dirigi, cheguei em casa de volta às 10. Dirigi por duas horas, pela cidade, sem parar, ouvindo meu som e pensando, ou melhor, tentando limpar minha mente e não pensar. Nos problemas que eu tenho de fato, nos problemas que eu crio. Tentava só cantar e sentir as músicas.
Foi um longo passeio. Castelo, Taquaral, Cambuí, de repente me vi no Tapetão, andei por Barão, passeei pelos lados do Guará, peguei a estrada da Rhodia, voltei por Barão, peguei o Tapetão, entrei na Dom Pedro, entrei perto do Galleria, me perdi e saí em direção a Mogi, voltei, Taquaral, Castelo, casa.
Ouvi muitos sons diferentes e cantei quase todos. Passei por muitos lugares que fizeram parte do meu passado, mas não senti tristeza em momento nenhum. Nem alegria. Às vezes dei risada de mim mesma, lembrando de coisas que eu falei pra alguém, ou coisas que fiz, ou então eu fazia um passo de coreografia (um gesto) e ria muito.
Foi bom. Eu não estava indo a lugar nenhum, não queria encontrar ninguém, era só o ato de dirigir, de deixar que eu mesma me levasse pra onde eu quisesse, sem hora pra voltar, sem pressa de chegar, sem ter o que fazer. Passear, andar, comer asfalto, ver a noite, ver a lua, curtir meu som. Eu nem olhava pras pessoas nos carros ou nas ruas, era eu e meu carro, e a noite.
Sensação de liberdade. Sensação de solidão boa. Eu comigo. Gosto, também.
Na única hora em que me perdi, senti uma pontinha de medo, um medo estranho de andar num lugar onde eu não tinha bem certeza das coisas, onde será que esse caminho vai dar, que escuro, será que aquilo ali é uma boca de fumo?, como eu faço pra voltar, onde eu vou sair se for por aqui? Que bobagem... Dirigi por duas horas, e em alguns minutos perdida ou semi-perdida eu fiquei preocupada... como a gente é boba, né? Por que é que a gente só se sente segura em caminhos conhecidos? Dirigir na Norte-Sul ou no Tapetão ou na Dom Pedro, tudo bem, a mente voa e você relaxa, mas dirigir num lugar estranho te incomoda...
Não quero me sentir incomodada com lugares e caminhos que eu não conheço. Fazendo disso, pra variar, uma metáfora. Quero poder entrar em ruas desconhecidas e me sentir bem da mesma forma, quero relaxar e deixar o asfalto me levar. No mínimo, eu vou conhecer um lugar novo. Pra não ir nunca mais, ou pra voltar sempre que quiser. Chega da segurança das estradas de sempre. Novos caminhos, novas formas, novas regras na minha vida. Novas estradas, novos jeitos de ver as mesmas ruas.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Gracias, chica.
A Pamela (sem acento mesmo) é uma das pessoas mais loucas que eu conheço. Louca furiosa, pior que não parece. Aquariana com ascendente em Peixes, deixa a gente doida de tão cabeça-oca que ela é. Desligada no último, me mata de rir.
Hoje rolou uma conversa surreal de manhã na editora, e me diz se dá pra ficar sem reação...
(Eu perguntando pra Carol quando a Rê - Renata - volta das férias):
Ju - Carol, quando é que a Rê volta?
Carol - Acho que segunda.
Pamela - (Com uma cara de assustada como se o mundo estivesse acabando) - Revolta? Que revolta?
Não dá, mano. Não dá. Impossível não rir. Ela faz uma cara de extraterrestre e você se esborracha de rir. Parecia que ia mesmo ter uma revolta mundial na segunda-feira e que deveríamos nos preocupar e arranjar um abrigo anti-aéreo.
Obrigada, sua doida, por me fazer rir.
Hoje rolou uma conversa surreal de manhã na editora, e me diz se dá pra ficar sem reação...
(Eu perguntando pra Carol quando a Rê - Renata - volta das férias):
Ju - Carol, quando é que a Rê volta?
Carol - Acho que segunda.
Pamela - (Com uma cara de assustada como se o mundo estivesse acabando) - Revolta? Que revolta?
Não dá, mano. Não dá. Impossível não rir. Ela faz uma cara de extraterrestre e você se esborracha de rir. Parecia que ia mesmo ter uma revolta mundial na segunda-feira e que deveríamos nos preocupar e arranjar um abrigo anti-aéreo.
Obrigada, sua doida, por me fazer rir.
O tal do prazo
Um tempo pra mim, é isso.
Tenho vontade de cuidar de mim, de comer coisas boas, de parar de fumar e ficar jogando veneno dentro do meu corpo, de me alongar, de tomar muito mais água, de cuidar dos meus cabelos e da minha pele, de respirar direito e de pensar com calma.
De não ser desesperada e de não ficar inventando problemas. De ver as coisas com clareza e como elas são, de não ficar fazendo organogramas mentais deficientes.
De aproveitar meus momentos de descanso, de folga, de lazer, de ouvir músicas de verdade e com vontade, de curtir os sons e os cheiros e as sensações. De escutar uma chuvinha caindo e ouvir cada pingo que bate na janela. De escutar o vento lá fora e me sentir aquecida, protegida.
De reconhecer e agradecer à proteção espiritual que me acompanha, que me cerca, me defende.
De sorrir profundamente com meus amigos, de dar gargalhadas boas de doer a barriga, sem ficar pensando em nada no fundo do meu cérebro, entregue aos momentos de verdade, sem divisões, de estar nos lugares de fato e curti-los, sem que uma parte de mim fique de fora analisando, pensando, viajando e me cerceando, me angustiando.
Sem angústias, sem questionamentos, sem decepções ou expectativas. Curtir cada minuto com tudo o que ele traz de bom, pensando no hoje, no agora, no que estou fazendo com as horas que passam por mim sem que eu me dê conta, sem que eu as aproveite.
Prestar atenção aos meus pensamentos, os puros, somente. Ouvir as batidas do meu coração, sem romantizá-lo, músculo que pulsa e me mantém viva. Entender as coisas que sinto, que desejo. Ser calma, ter paz, enfim.
Um tempo pra mim, é isso.
Tenho vontade de cuidar de mim, de comer coisas boas, de parar de fumar e ficar jogando veneno dentro do meu corpo, de me alongar, de tomar muito mais água, de cuidar dos meus cabelos e da minha pele, de respirar direito e de pensar com calma.
De não ser desesperada e de não ficar inventando problemas. De ver as coisas com clareza e como elas são, de não ficar fazendo organogramas mentais deficientes.
De aproveitar meus momentos de descanso, de folga, de lazer, de ouvir músicas de verdade e com vontade, de curtir os sons e os cheiros e as sensações. De escutar uma chuvinha caindo e ouvir cada pingo que bate na janela. De escutar o vento lá fora e me sentir aquecida, protegida.
De reconhecer e agradecer à proteção espiritual que me acompanha, que me cerca, me defende.
De sorrir profundamente com meus amigos, de dar gargalhadas boas de doer a barriga, sem ficar pensando em nada no fundo do meu cérebro, entregue aos momentos de verdade, sem divisões, de estar nos lugares de fato e curti-los, sem que uma parte de mim fique de fora analisando, pensando, viajando e me cerceando, me angustiando.
Sem angústias, sem questionamentos, sem decepções ou expectativas. Curtir cada minuto com tudo o que ele traz de bom, pensando no hoje, no agora, no que estou fazendo com as horas que passam por mim sem que eu me dê conta, sem que eu as aproveite.
Prestar atenção aos meus pensamentos, os puros, somente. Ouvir as batidas do meu coração, sem romantizá-lo, músculo que pulsa e me mantém viva. Entender as coisas que sinto, que desejo. Ser calma, ter paz, enfim.
Um tempo pra mim, é isso.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Insatisfação
Insatisfação, insatisfação. Tô chata. Recusei 3 convites diferentes de amigos diferentes pra programas diferentes e legais hoje. Tô de bodinho com a vida. Quero meu cobertor e meu sofá. Passei o dia pensando neles.
Chorei de manhã. Crise. Stress. Preciso de férias. Sério mesmo.
Minha rotina já está me estressando, daí eu espano. Por isso, hoje, ninguém merece me ver. Só meu cobertor e meu sofá, que eles não têm como escapar mesmo.
Desculpem, amigos queridos, mas hoje eu sou só minha. Chatinha, só minha.
Chorei de manhã. Crise. Stress. Preciso de férias. Sério mesmo.
Minha rotina já está me estressando, daí eu espano. Por isso, hoje, ninguém merece me ver. Só meu cobertor e meu sofá, que eles não têm como escapar mesmo.
Desculpem, amigos queridos, mas hoje eu sou só minha. Chatinha, só minha.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Banda
Putz, como eu gosto do que eu faço!! Nem estou falando da editora, não. Tô falando de ontem, do ensaio da minha banda. Fazia tempo que não tirávamos sons novos, a banda estava meio parada, depois que a Fer saiu tivemos um intervalo, fizemos teste, depois arrumamos a casa pro show, redividindo as vozes, e agora voltamos a pegar músicas novas. Delícia! Aquela coisa, de prima nunca sai bom, mas é muito legal começar a tocar um som, achar o tom certinho pra minha voz, pensar em arranjos. Cheiro de coisa nova, fresca.
Muito bom passar uma noite assim, com os meninos, dando risada das piadas e dos sons, criando paródias podres, um tirando sarrinho do outro. Tá um clima tranqüilo de novo, pelo menos sinto assim. Foi bom. Dá vontade de fazer isso todos os dias.
Gosto mesmo, viu? Nem é o tipo de som que eu mais curto cantar, mas gosto muito do processo, da convivência, da criação, do fazer música, ainda que seja dos outros.
Bão demais da conta. Dia 15 de agosto tem show. Bar do Zé.
www.soulnagoela.com.br
Muito bom passar uma noite assim, com os meninos, dando risada das piadas e dos sons, criando paródias podres, um tirando sarrinho do outro. Tá um clima tranqüilo de novo, pelo menos sinto assim. Foi bom. Dá vontade de fazer isso todos os dias.
Gosto mesmo, viu? Nem é o tipo de som que eu mais curto cantar, mas gosto muito do processo, da convivência, da criação, do fazer música, ainda que seja dos outros.
Bão demais da conta. Dia 15 de agosto tem show. Bar do Zé.
www.soulnagoela.com.br
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Modos de menina
Fui fechar a porta da sala agora e fiz um barulhão. As pessoas se assustaram. Lembrei-me na hora da minha vozinha Vanda, q se estivesse aqui, me diria "Modos de menina, Julianinha, modos de menina".
É, eu nunca tive modos de menina. Nunca. Desde muito pequena. Quebrei braço, perna, furei queixo, cabeça. Vivia e vivo com as canelas roxas, horrível, parecendo um menino zagueiro. Meu pai vivia me mandando sentar de perna fechada. Aliás, meu pai era quem mais me dava essas broncas, tirando minha avó. Pra eu parar de correr no estacionamento do shopping. Pra eu parar de dançar dentro da igreja. Pra eu parar de cantar e falar sozinha em qualquer lugar. Pra eu falar mais baixo (essa é clássica...até hoje ele fala isso, TODOS OS DIAS! - ele diz que vai instalar um potenciômetro na minha garganta).
É verdade. Eu usava boné na adolescência, tinha uma coleção imensa, de todas as cores. Jogava truco escondido com os meninos, no intervalo, e até no meio da aula. Usava blusa amarrada na cintura e gostava de bater boca com as professoras, com as meninas, com os meninos.
Eu nunca tive mesmo esses tais "modos de menina". Minha vó deve morrer de desgosto lá no céu quando me vê falando palavrão pra caralho hoje, ou fazendo os comentários que passam pela minha cabeça, sem filtrar nada. Quando xingo no trânsito. Quando falo alto, sapateio na pausa do cigarro, quando conto minhas histórias.
Mas talvez, lá de cima, ela veja que eu sou feliz desse jeito. Que eu sou autêntica. Que eu visto as roupas que visto porque elas são o que menos importa em mim. Que não importa também o volume das minhas palavras ou seu baixo calão, mas sim o conteúdo que elas passam quando estão juntas. Que eu posso não ter "modos de menina", mas não faço mal pras pessoas, então eu acabo sendo uma menina de modos. Dos meus modos. E eu acho que tá bom assim.
Eu grito, eu berro, eu xingo. Mas eu sou de verdade. A quem interessar possa, saiba que é tudo de verdade. Eu tenho gordurinhas de verdade, mas meus seios são de verdade também. Eu tenho discursos exacerbados de verdade, mas tenho pensamentos de verdade também. Eu tenho idéias malucas, mas minhas idéias são minhas de verdade, também. Eu tenho um jeito estranho de gostar das pessoas, mas meu desejo é de verdade, e meu afeto também.
Enfim, modos de menina eu não sei. Às vezes são de mulher, outras de criança, de menino, de zagueiro, de velhota. Mas sempre de verdade. Desculpa, vó.
É, eu nunca tive modos de menina. Nunca. Desde muito pequena. Quebrei braço, perna, furei queixo, cabeça. Vivia e vivo com as canelas roxas, horrível, parecendo um menino zagueiro. Meu pai vivia me mandando sentar de perna fechada. Aliás, meu pai era quem mais me dava essas broncas, tirando minha avó. Pra eu parar de correr no estacionamento do shopping. Pra eu parar de dançar dentro da igreja. Pra eu parar de cantar e falar sozinha em qualquer lugar. Pra eu falar mais baixo (essa é clássica...até hoje ele fala isso, TODOS OS DIAS! - ele diz que vai instalar um potenciômetro na minha garganta).
É verdade. Eu usava boné na adolescência, tinha uma coleção imensa, de todas as cores. Jogava truco escondido com os meninos, no intervalo, e até no meio da aula. Usava blusa amarrada na cintura e gostava de bater boca com as professoras, com as meninas, com os meninos.
Eu nunca tive mesmo esses tais "modos de menina". Minha vó deve morrer de desgosto lá no céu quando me vê falando palavrão pra caralho hoje, ou fazendo os comentários que passam pela minha cabeça, sem filtrar nada. Quando xingo no trânsito. Quando falo alto, sapateio na pausa do cigarro, quando conto minhas histórias.
Mas talvez, lá de cima, ela veja que eu sou feliz desse jeito. Que eu sou autêntica. Que eu visto as roupas que visto porque elas são o que menos importa em mim. Que não importa também o volume das minhas palavras ou seu baixo calão, mas sim o conteúdo que elas passam quando estão juntas. Que eu posso não ter "modos de menina", mas não faço mal pras pessoas, então eu acabo sendo uma menina de modos. Dos meus modos. E eu acho que tá bom assim.
Eu grito, eu berro, eu xingo. Mas eu sou de verdade. A quem interessar possa, saiba que é tudo de verdade. Eu tenho gordurinhas de verdade, mas meus seios são de verdade também. Eu tenho discursos exacerbados de verdade, mas tenho pensamentos de verdade também. Eu tenho idéias malucas, mas minhas idéias são minhas de verdade, também. Eu tenho um jeito estranho de gostar das pessoas, mas meu desejo é de verdade, e meu afeto também.
Enfim, modos de menina eu não sei. Às vezes são de mulher, outras de criança, de menino, de zagueiro, de velhota. Mas sempre de verdade. Desculpa, vó.
Quero
Eu fico aqui numa luta ferrenha comigo mesma pra saber se eu quero mesmo o que eu acho que eu quero ou se é tudo invenção da minha cabeça.
E se for, o que é que eu faço? Será que eu estou errada? Tem tanta gente que acha que quer as coisas e no fundo não quer merda nenhuma... e tem também um punhado de gente que quer muitas coisas, mas finge que não quer nada. Que droga!
Eu quero conseguir as minhas coisas, quero cantar mais, quero produzir mais, quero ter a minha casa pra encher de vidros e de verde, quero ter a minha cama de casal, quero poder trabalhar mais sussa e fazer o meu horário, quero não ter que acordar cedo todo dia, todo santo dia, sem essa merda de rotina todo dia, sem ter que fazer tudo igual todo dia, quero ver mais meus amigos, quero um chuveiro bem quentinho, quero passear com o meu sobrinho e mostrar música boa pra ele, quero viajar mais, quero poder falar o que eu penso, quero um abraço muito forte, quero livros, quero ler, quero escrever, quero felicidade, leveza, tranqüilidade, um gato preto e um gato branco, assistir a um filme muito foda deitada de conchinha, quero chuva na vidraça, quero pizza com amigos, quero novos amigos, quero sempre ter os melhores amigos de todos os tempos por perto, quero mais música, mais verdade, mais beijo, mais som, mais gosto bom, menos preocupação e mais paz.
Mas quero mesmo?
(A foto, desculpem, a foto não tem nada a ver, é da festa do Prêmio Veja. Quero mais prosecco. Quero mesmo?)
domingo, 13 de julho de 2008
Sei lá
Eu queria falar do videokê q eu fui sexta, queria perguntar pq as pessoas de videokê são tão feias, isso é um fato, as pessoas são feias, desculpem. Queria falar sobre ontem, sobre o som do Santa Fé, sobre meus amigos queridos, sobre eu chegando em casa sem sono e vendo House até às 3 da manhã...
Mas não vou.
Sei lá.
Eu tô com amigos queridos aqui, acabei de ter uma conversa um tanto quanto esclarecedora sobre o trompete e o trombone, sobre o lance fretless do trombone, mas na verdade não é sobre nada disso q eu queria falar. Talvez sobre o som sussa q tá rolando no churras, mas... não... tb não é isso.
Sei lá.
Tô me sentindo leve, talvez seja isso. Sobre a Norteña que eu comprei e q tá gelando no congelador... Sobre como eu estou feliz e leve hoje, tentando pensar se eu realmente quero o que eu acho q quero.
Vai saber.
Ok, eu vou voltar lá pra fora e fumar mais um cigarro e tomar outra cerveja, mas ainda não vou abrir a Norteña. Só mais tarde. Vou me sentir bem com tudo o que eu achar q devo me sentir, com as conversas despretenciosas, com os cigarros e as cervejas, e o frio q bate na minha pele, e o som q parece q às vezes só eu ouço, e a sensação de q a vida é tão bonita e eu preciso deixar fluir.
No fundo, no fundo, eu sou uma pessoa bem feliz. Ou bem triste. Ou bem na média.
Vai saber.
Precisava vir aqui escrever. Estranho isso. Maldita hora em q eu comecei esse blog. Pq agora é um vício. No meio do churras eu tenho q vir aqui escrever. Pra ler amanhã e descobrir como eu me sentia, como eu me sinto. Pessoinha complicada, eu sou. Às vezes acho q achei uma pessoa q é tão maluca qto eu. Às vezes não sei.
E daí? deixa eu ficar sem saber. Deixa eu ouvir essas vozes q vêm lá de fora, algumas me causam uma náusea inexplicável, algumas me causam um sentimento bom, outras são indiferentes.
Acho q eu sou bem louca mesmo. Vamos pagar pra ver.
hummmmmmmmmmmmmmmmm...
Mas não vou.
Sei lá.
Eu tô com amigos queridos aqui, acabei de ter uma conversa um tanto quanto esclarecedora sobre o trompete e o trombone, sobre o lance fretless do trombone, mas na verdade não é sobre nada disso q eu queria falar. Talvez sobre o som sussa q tá rolando no churras, mas... não... tb não é isso.
Sei lá.
Tô me sentindo leve, talvez seja isso. Sobre a Norteña que eu comprei e q tá gelando no congelador... Sobre como eu estou feliz e leve hoje, tentando pensar se eu realmente quero o que eu acho q quero.
Vai saber.
Ok, eu vou voltar lá pra fora e fumar mais um cigarro e tomar outra cerveja, mas ainda não vou abrir a Norteña. Só mais tarde. Vou me sentir bem com tudo o que eu achar q devo me sentir, com as conversas despretenciosas, com os cigarros e as cervejas, e o frio q bate na minha pele, e o som q parece q às vezes só eu ouço, e a sensação de q a vida é tão bonita e eu preciso deixar fluir.
No fundo, no fundo, eu sou uma pessoa bem feliz. Ou bem triste. Ou bem na média.
Vai saber.
Precisava vir aqui escrever. Estranho isso. Maldita hora em q eu comecei esse blog. Pq agora é um vício. No meio do churras eu tenho q vir aqui escrever. Pra ler amanhã e descobrir como eu me sentia, como eu me sinto. Pessoinha complicada, eu sou. Às vezes acho q achei uma pessoa q é tão maluca qto eu. Às vezes não sei.
E daí? deixa eu ficar sem saber. Deixa eu ouvir essas vozes q vêm lá de fora, algumas me causam uma náusea inexplicável, algumas me causam um sentimento bom, outras são indiferentes.
Acho q eu sou bem louca mesmo. Vamos pagar pra ver.
hummmmmmmmmmmmmmmmm...
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Veja bem, meu bem... (bares e som)
Ontem eu fui, a convite da minha querida amiga, na festa da Veja Campinas. Aquela revista guia que escolhe todo ano os melhores bares, restaurantes e comidinhas da cidade. Uma festa legal, com comidas e bebidas na faixa, lá fui eu tomar champanhe de graça de novo, hehehe, quem manda ter amigos chiques...
Na verdade, essa revista é uma enganação. Pelo menos, é o que eu penso. O que acontece é que ela acaba funcionando: as pessoas compram, lêem e vão aos lugares votados, sem pensar no que realmente isso significa... Veja bem: de todos os habitantes de Campinas, eles elegem 10 jurados, que têm a missão de escolher os melhores lugares da cidade. Pra um lugar ser considerado o melhor, precisa receber 2 votos... assim, se cada um votar em um lugar diferente, o que tiver dois votos leva. Então tá: de todos os habitantes da cidade, 2 escolhem quais são os melhores estabelecimentos... pra mim é um pouco demais...
Independente disso, a revista é super vendida, as pessoas compram pra ter como guia e pra escolher onde ir, pra conhecer os estabelecimentos da cidade. Até aí, tudo bem. Agora, ir em tal lugar só porque ganhou o título de melhor, sem pensar no que isso significa, pra mim é um pouco demais. Quem votou? Por que votou? Votou mesmo?
Mas eu queria comentar uma outra questão. Existe, na categoria Bares, dois prêmios interessantes: "Melhor para dançar" e "Melhor música ao vivo". Pensando nas baladas disponíveis em Campinas, eu tinha medo, muito medo do resultado. Porque o que se vê por aí de balada é praticamente tudo igual... as mesmas músicas, os mesmos estilos (nem vou falar sobre as mesmas pessoas, porque parece implicância minha). Pensando em música ao vivo, então, eu tinha mais medo ainda. Porque, quando você anda pelos bares, por aí, é quase tudo a mesma coisa também.
O resultado me surpreendeu: a Casa São Jorge levou os dois prêmios, de melhor som ao vivo e de melhor pra dançar. Ok, aquele negócio: foi eleita a melhor casa de som ao vivo porque 4 pessoas, das 10 escolhidas, dentre todos os habitantes de Campinas, votaram. E foi escolhida a melhor pra dançar porque 6 fulanos votaram. Ok. Mas já é um avanço...
Não estou aqui fazendo propaganda nem nada. Eu gosto da Casa São Jorge, gostava mais antes, mas ainda gosto. A questão sobre a qual estou tentando pensar é outra. Interessante que, na cidade de Campinas, tenha sido eleita como melhor uma casa que não toca pop rock, nem axé, nem pagode e nem sertanejo universitário, ou seja, os sons da modinha. Foi escolhido um lugar em que se ouve samba, choro, mpb de qualidade, música latina e samba-rock. Ok, ok, daí eu fico aqui pensando com os meus botões e me sinto enganada de novo... de certa maneira, samba, choro, mpb de qualidade, música latina e samba-rock são componentes de outro tipo de modinha... Da modinha cult do pessoal cult freak-lock-lounge-unicamp. Não deixa de ser modinha ouvir um chorinho, ou sair pra dançar um samba-rock. Não deixa de ser modinha ir na Casa São Jorge.
Não sei se vocês conseguem entender o que eu quero dizer, às vezes eu mesma acho que não vou chegar onde quero chegar... mas a questão tem a ver com o texto das Little Boxes que eu postei aqui outro dia. Eu fico pensando em quanto as pessoas realmente gostam do som e em quanto elas vão nos lugares só porque é modinha, seja a modinha do povão ou seja a modinha da cena alternativa. Eu vou na Casa São Jorge, no Santa Fé, no Delta (faz tempo que não vou!), no Álcool Íris, no Bar do Jair, no Woolly Bully, só pra citar alguns exemplos, porque eu realmente gosto do som. Não porque é bonito gostar de determinada coisa, ou porque é cult. Eu não vou nas noites de sertanejo universitário do Galeano porque eu não curto o som (nem o tipinho de gente de lá, mas aí é outra coisa).
Fico pensando, acho que até demais, nas escolhas que as pessoas fazem, e em como elas elegem lugares pra serem bons ou ruins, modinha ou não. Achei legal a São Jorge levar os prêmios, porque lá também tem música boa (às vezes, tem muita merda também, natural). Mas penso até que ponto isso realmente significa que as pessoas estão ouvindo samba, choro, jazz, seja lá o que for. As pessoas vão começar a ir lá agora porque curtem o som ou porque saiu na Vejinha? E isso faz diferença? Eu deveria estar pensando nisso?
Deveria, porque me incomoda muito quando eu chego em um lugar do qual eu gosto e não consigo entrar porque tem uma fila gigante cheia de patricinhas e mauricinhos querendo ser cult e tomando o meu lugar. Porque eu fico puta quando estou num lugar pra ouvir um som e as pessoas não param de conversar, nem prestam atenção no som e nem te deixam prestar. Porque eu fico possessa quando o bar que eu gosto aumenta seus preços pra aproveitar porque agora é mais freqüentado. Porque eu quero tacar fogo no corpo quando a fila do caixa fica gigante, cheia desse povinho besta, porque o lugar virou da modinha. Porque eu sou revoltada mesmo e tenho vontade de berrar "VOLTEM PARA O INFERNO, SEUS PULHAS! VOLTEM PARA SUAS VIDINHAS MEDÍOCRES E ME DEIXEM CURTIR MEU SOM E MEU LUGAR EM PAZ". Porque eu sou mesmo uma boba. Desculpem.
Exagero, eu sei. Bom, só quis pensar um pouco por escrito sobre essas coisas. A Veja tá nas bancas. Vejam (rá!) por si. Acho que vou fazer aqui a minha lista dos preferidos. Outra hora.
Na verdade, essa revista é uma enganação. Pelo menos, é o que eu penso. O que acontece é que ela acaba funcionando: as pessoas compram, lêem e vão aos lugares votados, sem pensar no que realmente isso significa... Veja bem: de todos os habitantes de Campinas, eles elegem 10 jurados, que têm a missão de escolher os melhores lugares da cidade. Pra um lugar ser considerado o melhor, precisa receber 2 votos... assim, se cada um votar em um lugar diferente, o que tiver dois votos leva. Então tá: de todos os habitantes da cidade, 2 escolhem quais são os melhores estabelecimentos... pra mim é um pouco demais...
Independente disso, a revista é super vendida, as pessoas compram pra ter como guia e pra escolher onde ir, pra conhecer os estabelecimentos da cidade. Até aí, tudo bem. Agora, ir em tal lugar só porque ganhou o título de melhor, sem pensar no que isso significa, pra mim é um pouco demais. Quem votou? Por que votou? Votou mesmo?
Mas eu queria comentar uma outra questão. Existe, na categoria Bares, dois prêmios interessantes: "Melhor para dançar" e "Melhor música ao vivo". Pensando nas baladas disponíveis em Campinas, eu tinha medo, muito medo do resultado. Porque o que se vê por aí de balada é praticamente tudo igual... as mesmas músicas, os mesmos estilos (nem vou falar sobre as mesmas pessoas, porque parece implicância minha). Pensando em música ao vivo, então, eu tinha mais medo ainda. Porque, quando você anda pelos bares, por aí, é quase tudo a mesma coisa também.
O resultado me surpreendeu: a Casa São Jorge levou os dois prêmios, de melhor som ao vivo e de melhor pra dançar. Ok, aquele negócio: foi eleita a melhor casa de som ao vivo porque 4 pessoas, das 10 escolhidas, dentre todos os habitantes de Campinas, votaram. E foi escolhida a melhor pra dançar porque 6 fulanos votaram. Ok. Mas já é um avanço...
Não estou aqui fazendo propaganda nem nada. Eu gosto da Casa São Jorge, gostava mais antes, mas ainda gosto. A questão sobre a qual estou tentando pensar é outra. Interessante que, na cidade de Campinas, tenha sido eleita como melhor uma casa que não toca pop rock, nem axé, nem pagode e nem sertanejo universitário, ou seja, os sons da modinha. Foi escolhido um lugar em que se ouve samba, choro, mpb de qualidade, música latina e samba-rock. Ok, ok, daí eu fico aqui pensando com os meus botões e me sinto enganada de novo... de certa maneira, samba, choro, mpb de qualidade, música latina e samba-rock são componentes de outro tipo de modinha... Da modinha cult do pessoal cult freak-lock-lounge-unicamp. Não deixa de ser modinha ouvir um chorinho, ou sair pra dançar um samba-rock. Não deixa de ser modinha ir na Casa São Jorge.
Não sei se vocês conseguem entender o que eu quero dizer, às vezes eu mesma acho que não vou chegar onde quero chegar... mas a questão tem a ver com o texto das Little Boxes que eu postei aqui outro dia. Eu fico pensando em quanto as pessoas realmente gostam do som e em quanto elas vão nos lugares só porque é modinha, seja a modinha do povão ou seja a modinha da cena alternativa. Eu vou na Casa São Jorge, no Santa Fé, no Delta (faz tempo que não vou!), no Álcool Íris, no Bar do Jair, no Woolly Bully, só pra citar alguns exemplos, porque eu realmente gosto do som. Não porque é bonito gostar de determinada coisa, ou porque é cult. Eu não vou nas noites de sertanejo universitário do Galeano porque eu não curto o som (nem o tipinho de gente de lá, mas aí é outra coisa).
Fico pensando, acho que até demais, nas escolhas que as pessoas fazem, e em como elas elegem lugares pra serem bons ou ruins, modinha ou não. Achei legal a São Jorge levar os prêmios, porque lá também tem música boa (às vezes, tem muita merda também, natural). Mas penso até que ponto isso realmente significa que as pessoas estão ouvindo samba, choro, jazz, seja lá o que for. As pessoas vão começar a ir lá agora porque curtem o som ou porque saiu na Vejinha? E isso faz diferença? Eu deveria estar pensando nisso?
Deveria, porque me incomoda muito quando eu chego em um lugar do qual eu gosto e não consigo entrar porque tem uma fila gigante cheia de patricinhas e mauricinhos querendo ser cult e tomando o meu lugar. Porque eu fico puta quando estou num lugar pra ouvir um som e as pessoas não param de conversar, nem prestam atenção no som e nem te deixam prestar. Porque eu fico possessa quando o bar que eu gosto aumenta seus preços pra aproveitar porque agora é mais freqüentado. Porque eu quero tacar fogo no corpo quando a fila do caixa fica gigante, cheia desse povinho besta, porque o lugar virou da modinha. Porque eu sou revoltada mesmo e tenho vontade de berrar "VOLTEM PARA O INFERNO, SEUS PULHAS! VOLTEM PARA SUAS VIDINHAS MEDÍOCRES E ME DEIXEM CURTIR MEU SOM E MEU LUGAR EM PAZ". Porque eu sou mesmo uma boba. Desculpem.
Exagero, eu sei. Bom, só quis pensar um pouco por escrito sobre essas coisas. A Veja tá nas bancas. Vejam (rá!) por si. Acho que vou fazer aqui a minha lista dos preferidos. Outra hora.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Bubbly
Dia muito cheio aqui no trabalho. De verdade. Muita coisa pra fazer. Ao mesmo tempo, muitas músicas na minha cabeça.
Como não vai dar pra escrever, vou postar aqui um pedaço de uma música que está grudada no meu cérebro. Não sei por quê.
It starts in my toes
makes me crinkle my nose
wherever it goes
I always know
that you make me smile
please stay for a while
now just take your time
wherever you go
It starts in my soul
And I lose all control
When you kiss my nose
The feelin shows
Cause you make me smile
Baby just take your time
Holdin me tight
Wherever you go
Lerê lerê, vida de nêgo é difícil (deixa eu parar de reclamar, eu gosto quando tem coisa pra fazer).
Como não vai dar pra escrever, vou postar aqui um pedaço de uma música que está grudada no meu cérebro. Não sei por quê.
It starts in my toes
makes me crinkle my nose
wherever it goes
I always know
that you make me smile
please stay for a while
now just take your time
wherever you go
It starts in my soul
And I lose all control
When you kiss my nose
The feelin shows
Cause you make me smile
Baby just take your time
Holdin me tight
Wherever you go
Lerê lerê, vida de nêgo é difícil (deixa eu parar de reclamar, eu gosto quando tem coisa pra fazer).
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Cantante
Desenhando uma casinha
A minha casinha não tem chaminé... por isso não tem fumaça, então a fumaça não vai pro lado direito, muito menos pro esquerdo. Não acho q a porta seja menor que a janela... as abas das janela são grandes, mas o buraco em si é pequeno.
Eu gosto da minha casinha. Mas gosto mais da casinha diferente que estou tentando desenhar hoje.
Eu gosto de ouvir você falando da sua mãe, depois ficando quieto e sorrindo pensando nela. Gosto de ouvir você falando dos dotes musicais do seu pai. Gosto de fazer cafuné em você e olhar cada milímetro, pra depois esquecer. Gosto do jeito que você bebe cerveja na latinha, meio que jogando a cerveja na boca sem encostar na latinha. Gosto quando você fica uma hora olhando o cardápio e não consegue decidir, depois pede a coisa mais simples, que teria levado meio minuto pra pedir. Gosto quando você responde aos meus "que foi?". Gosto mesmo. Gosto de muitas coisas.
Gosto do sentimento de paz de hoje. Que ele perdure. Que eu não orbite.
Eu gosto da minha casinha. Mas gosto mais da casinha diferente que estou tentando desenhar hoje.
Eu gosto de ouvir você falando da sua mãe, depois ficando quieto e sorrindo pensando nela. Gosto de ouvir você falando dos dotes musicais do seu pai. Gosto de fazer cafuné em você e olhar cada milímetro, pra depois esquecer. Gosto do jeito que você bebe cerveja na latinha, meio que jogando a cerveja na boca sem encostar na latinha. Gosto quando você fica uma hora olhando o cardápio e não consegue decidir, depois pede a coisa mais simples, que teria levado meio minuto pra pedir. Gosto quando você responde aos meus "que foi?". Gosto mesmo. Gosto de muitas coisas.
Gosto do sentimento de paz de hoje. Que ele perdure. Que eu não orbite.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Tia Ju
Sexta-feira eu finalmente descobri o sexo do bebê da minha irmã. Eu tava louca pra saber, porque queria muito que fosse menino... eu tinha até sonhado que era menininho... Meu pai queria uma menina (eu me pergunto pra que mais uma...), e minha mãe estava na torcida por um "hominho".
Eu estava doida pra saber, curiosíssima e ansiosa. Acho que estou perdida se eu engravidar um dia, vou querer ter a criança em dois meses...
Sexta o mistério se esclareceu: É MENINO!!!!
Ieba! Iupi! Menininho!! Eu sabia... eu sabia! Eu sonhei!
Eu e minha mãe pulávamos abraçadas na sala, parecia gol da Seleção. Desculpe, mas se fosse menina eu não ia conseguir disfarçar minha decepção... porque menina é tudo igual, é chatinha, é complicada, ficam todas iguais de cor-de-rosa desde que nascem, são manhosas, chatas mesmo. Menininho é muito mais legal! Sem frescura, pode vestir a cor que quiser, é mais descolado, é mais engraçadinho... eu sempre gostei muito mais dos meninos (mesmo quando eu dava aula pra crianças, os meninos sempre foram os meus alunos preferidos... diferentes uns dos outros, inteligentes, engraçados; as meninas sempre foram quase todas iguais).
Eu não vejo a hora do Léo nascer (Leonardo, esse vai ser o nome do meu sobrinho). Quero levá-lo pra passear, no bosque, no zôo, nos parques, levá-lo ao teatrinho, ao cinema, ver filmes legais, ver programas da Cultura, ensinar musiquinhas, ensinar inglês, contar histórias e mais histórias e mais histórias ainda, dançar com ele, cantar pra ele dormir, cantar pra ele dançar, cantar pra ele, enfim. Dar revistinhas e livros e canetinhas coloridas e álbuns de figurinha e fantoches e DVDs legais e CDs legais e fazer dele o menino mais legal e inteligente e especial do planeta. Afinal, é um Palerminho, né? O primeiro dessa geração.
Léo, menino, sai logo da barriga da sua mãe, que ela é uma chata, e vem logo conhecer a gente!! A tia tá que não se agüenta!!!
Eu estava doida pra saber, curiosíssima e ansiosa. Acho que estou perdida se eu engravidar um dia, vou querer ter a criança em dois meses...
Sexta o mistério se esclareceu: É MENINO!!!!
Ieba! Iupi! Menininho!! Eu sabia... eu sabia! Eu sonhei!
Eu e minha mãe pulávamos abraçadas na sala, parecia gol da Seleção. Desculpe, mas se fosse menina eu não ia conseguir disfarçar minha decepção... porque menina é tudo igual, é chatinha, é complicada, ficam todas iguais de cor-de-rosa desde que nascem, são manhosas, chatas mesmo. Menininho é muito mais legal! Sem frescura, pode vestir a cor que quiser, é mais descolado, é mais engraçadinho... eu sempre gostei muito mais dos meninos (mesmo quando eu dava aula pra crianças, os meninos sempre foram os meus alunos preferidos... diferentes uns dos outros, inteligentes, engraçados; as meninas sempre foram quase todas iguais).
Eu não vejo a hora do Léo nascer (Leonardo, esse vai ser o nome do meu sobrinho). Quero levá-lo pra passear, no bosque, no zôo, nos parques, levá-lo ao teatrinho, ao cinema, ver filmes legais, ver programas da Cultura, ensinar musiquinhas, ensinar inglês, contar histórias e mais histórias e mais histórias ainda, dançar com ele, cantar pra ele dormir, cantar pra ele dançar, cantar pra ele, enfim. Dar revistinhas e livros e canetinhas coloridas e álbuns de figurinha e fantoches e DVDs legais e CDs legais e fazer dele o menino mais legal e inteligente e especial do planeta. Afinal, é um Palerminho, né? O primeiro dessa geração.
Léo, menino, sai logo da barriga da sua mãe, que ela é uma chata, e vem logo conhecer a gente!! A tia tá que não se agüenta!!!
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Arte e música no fim de semana
Fim-de-semana maravilhoso, do caralho mesmo...
Sexta-feira, sete da noite, debaixo das cobertas no sofá vendo Lost. Não sabia o que esperar do fim-de-semana. De repente me liga o querido, querido, querido Du. Ele estava na inauguração do teatro de Paulínia, com um convite sobrando, e me perguntou se eu não queria "me jogar" por lá. Tá. Vambora. Tomei um banho e fui, sem esperar muita coisa.
É, realmente não foi quase nada. Só conheci pessoalmente... a Fernanda Montenegro!! Believe me or not... O Du me apresentou, assim:
Du - Fernanda, essa é uma amiga minha, Juliana Palermo, cantora.
Fernanda - Muito prazer.
Juliana - Muito prazer... Eu não sei nem o que dizer, então vou ficar quieta pra não falar besteira.
Juro, gente, aquela mulher na minha frente, aquele monstro sagrado ali, com a mesma carinha que a gente vê na TV. Ela tem cara de vó, dá vontade de pedir pra ela fazer bolinho de chuva pra gente! Eu devia ficar sem lavar o rosto por uns tempos...
Bom, o evento foi um fervo. Tomei algumas tacinhas de champanhe, comi uns canapés deliciosos e fui pro show da Maria Rita. Ah, é, pois é, esqueci de comentar... teve show da Maria Rita... e eu ali, na quarta fileira, vendo tudo de pertinho, surtando com a banda dela, com a iluminação do show, naquele teatro maravilhoso... Ela está muito diferente, está mais bonita mas, quanto à performance, me surpreendi um pouco. Sei lá, acho que prefiro ela cantando no meu CD do que no palco, ela está muito mulherão, e eu gostava mais da Maria Rita autista e descalça. Mas sobre isso, comento depois. O show foi do caralho, uma banda maravilhosa, músicos muito foda mesmo... fiquei de cara com os dois percussionistas: mandando ver, se divertindo, fazendo um puta som e fazendo mesmo a diferença. Adorei. Sorri, chorei, me emocionei, cantei, bati palmas, gente, como eu gosto disso! Às vezes, eu tinha vontade de subir no palco pra cantar, hahaha, Maria Rita, deixa eu fazer backing pra você. Agora fica quieta, deixa eu cantar essa.
Maravilha das maravilhas. Depois do show encontrei o Du, conheci a Fernanda, vi Fernando Meirelles, Sílvio de Abreu e José de Abreu, tomamos mais umas tacinhas de champanhe, encontramos com o querido Vinícius e ficamos papeando. O Du até me convenceu de ir pro Divino (eu não sou de balada e odeio o Divino, mas estava tão leve e feliz que fui). Lá, encontramos Ju e Dan (e Biel), até que me diverti um pouco.
O sábado também foi maravilhoso... começou com um almoço em Joaquim Egídio, num restaurante super legal ao ar livre, com comida boa e uma rodinha de samba ao fundo... amigos queridos, cerveja gelada. Ah, falando em samba, esqueci de dizer que, na sexta, eu e o Du vimos lá em Paulínia um pedaço de um documentário muito foda que vai estrear em breve, chamado "Mistério do Samba". Muito bom mesmo...
A noite trouxe mais surpresas, e ótimas... finalmente fomos ao piano bar do Jockey Clube de Campinas... a gente se sente idiota lá. Por incrível que pareça, no centro de Campinas tem um lugar que faz você se transportar pro passado... um piano bar maravilhoso, estilo anos 20, a gente até fala mais baixo lá. Lindo, lindo, lindo. Uma jazzeira boa demais, quarteto com o fofo do Marcelo Fernandes no sax. Viajei, curti. Eu e meus amigos conversamos sobre coisas muito importantes... espero que eles não tenham ficado bravos com meus comentários, do fundo do coração. Eu sou uma pessoa sincera. Teimosa também, eu sei.
Saindo de lá, Sandália de Prata na Kraft, a convite do Marcelo. Eu já disse mil vezes que nao gosto de balada, mas música ao vivo é outra coisa... a banda arrebentou, a metaleira quebra tudo, a cantora mandando ver (bem melhor do que em Assis). Dancei, me diverti.
Domingo, balanço do fim-de-semana com a cúpula mais Diogo e Pati, casal querido. Pra fechar, um filme bem ruim, mas como é que eu ia saber que era ruim? Segundo o Du, eu tenho dedo podre pra escolher filmes e homens. Comentário bizarro, mas vamos registrar. E é mentira... em 90% dos casos eu acerto. Com os filmes, óbvio.
Enfim, tenho que agradecer pelo meu fim-de-semana. Eu amo ver arte sendo feita, amo ver a galera quebrando tudo no som, ver gente tocando, cantando, mandando ver na quebradeira. E esses dias foram maravilhosos, desde Maria Rita e sua banda, passando pela roda de samba do almoço, pela jazzeira no piano bar e acabando com a grooveira do Sandália.
Como diz o meu não menos querido amigo Régis, "vem comigo que você sobrevive".
(Foto de sexta, com Du e Vinícius)
Love is a losing game
Acho que eu tenho ouvido demais a Amy Winehouse... eu ouço os dois álbuns dela direto, no carro, não consigo ouvir outra coisa! Às vezes, parece que ela está do meu lado, no carro comigo, no banco do passageiro, e ela canta pra mim e diz que "Love is a losing game".
Eu adoro jogos. Quem me conhece, sabe. Não gosto dos jogos de sorte/azar. Gosto dos que exigem alguma habilidade, dos que você pode ganhar por mérito seu. Por exemplo, odeio Jogo da Vida: você não faz pôrra nenhuma, tudo depende da sua sorte. Gosto de war, de mímica, de baralho.
Se o amor for um jogo de azar, então tudo está explicado. Tenho andado numa mão ruim, numa rodada estranha. O croupier não está me dando cartas boas, e aí não há nada que eu possa fazer. Estouro sempre, com muito mais do que 21.
Mas, se não for, se for um jogo de estratégia, de habilidades, aí é que estou mesmo perdida. Porque eu não sei jogar. Não sei mesmo. Se o amor for uma espécie de xadrez, fodeu. Não sei prever os movimentos do adversário, porque não consigo vê-lo como adversário. Não tenho paciência pra calcular, esperar e agor friamente. Se for um tipo de war, não tenho paciência pra juntar muitos exércitos e só atacar quando a chance de ganhar for grande. Saio atacando de cara, com dois exércitos, coitados. Não sei disfarçar meu objetivo, todo mundo saca que quero e preciso conquistar a Europa. Fico puta quando perco um território, ataco com o pouco que me resta e, óbvio, perco.
Porque, pra mim, o amor não deveria ser um jogo, nem de azar, nem de estratégia. Não quero um adversário, quero um parceiro. Que entenda minhas mímicas e que jogue no meu time, do meu lado. Alguém não pra eu destruir e derrotar, mas pra abraçar a cada jogada.
So sorry, mas esse jogo eu realmente não sei jogar. E nem quero aprender.
Mas daí a Amy canta "He walks away the sun goes down, he takes the day but I’m grown, and in your way, in this blue shade my tears dry on their own". E eu sorrio e penso: "Mas não foi sempre assim? E por que raios é que agora deveria ser diferente? My tears always dry on their own...". Daí eu dou risada e coloco o carro na garagem e vou dormir. Boa noite. Game over.
Eu adoro jogos. Quem me conhece, sabe. Não gosto dos jogos de sorte/azar. Gosto dos que exigem alguma habilidade, dos que você pode ganhar por mérito seu. Por exemplo, odeio Jogo da Vida: você não faz pôrra nenhuma, tudo depende da sua sorte. Gosto de war, de mímica, de baralho.
Se o amor for um jogo de azar, então tudo está explicado. Tenho andado numa mão ruim, numa rodada estranha. O croupier não está me dando cartas boas, e aí não há nada que eu possa fazer. Estouro sempre, com muito mais do que 21.
Mas, se não for, se for um jogo de estratégia, de habilidades, aí é que estou mesmo perdida. Porque eu não sei jogar. Não sei mesmo. Se o amor for uma espécie de xadrez, fodeu. Não sei prever os movimentos do adversário, porque não consigo vê-lo como adversário. Não tenho paciência pra calcular, esperar e agor friamente. Se for um tipo de war, não tenho paciência pra juntar muitos exércitos e só atacar quando a chance de ganhar for grande. Saio atacando de cara, com dois exércitos, coitados. Não sei disfarçar meu objetivo, todo mundo saca que quero e preciso conquistar a Europa. Fico puta quando perco um território, ataco com o pouco que me resta e, óbvio, perco.
Porque, pra mim, o amor não deveria ser um jogo, nem de azar, nem de estratégia. Não quero um adversário, quero um parceiro. Que entenda minhas mímicas e que jogue no meu time, do meu lado. Alguém não pra eu destruir e derrotar, mas pra abraçar a cada jogada.
So sorry, mas esse jogo eu realmente não sei jogar. E nem quero aprender.
Mas daí a Amy canta "He walks away the sun goes down, he takes the day but I’m grown, and in your way, in this blue shade my tears dry on their own". E eu sorrio e penso: "Mas não foi sempre assim? E por que raios é que agora deveria ser diferente? My tears always dry on their own...". Daí eu dou risada e coloco o carro na garagem e vou dormir. Boa noite. Game over.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Little boxes on the hillside
Um querido amigo meu, muito maconheiro, assistia a um seriado chamado Weeds, que conta a história de uma mãe de família que vende maconha pra se sustentar. Eu nunca vi, uma vez vi só um pedaço, mas ele e a namorada dele adoravam. A música de abertura do seriado é bem bacana, chama-se Little Boxes...
Taí a letra:
Little boxes on the hillside
Little boxes made of ticky-tacky
Little boxes, little boxes
Little boxes, all the same
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
And the people in the houses
All go to the university
And they all get put in boxes
Little boxes, all the same
And there's doctors and there's lawyers
And business executives
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
And they all play on the golf-course
And drink their Martini dry
And they all have pretty children
And the children go to school
And the children go to summer camp
And then to the university
And they all get put in boxes
And they all come out the same.
And the boys go into business
And marry, and raise a family
And they all get put in boxes
Little boxes, all the same
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
Acho que nem precisava de comentário meu, afinal de contas, a música fala por si só. Toda a minha vida eu quis fugir de ser igual a todo mundo. Às vezes, fazia coisas estranhas só pra ser diferente. Também não é por aí. A gente vai crescendo e aprende que tem que ser verdadeira. Pelo menos, eu aprendi assim. Aprendi que não preciso ser sempre diferente, desde que eu seja verdadeira comigo, com as minhas vontades, com os meus sentimentos. Eu não preciso usar só a roupa da moda porque todo mundo usa, mas também, se eu achar a roupa da moda bonita, eu posso usar, porque eu gosto, e não porque é da moda. Não preciso renunciar solenemente a algo que todos usam só porque todos usam, desde que eu queira usar. Senão a gente vira emo. Hahahaha, e os emos não são também todos iguais??
Sábado eu estava conversando com uma pessoa que, como eu, usa relógio no braço direito mesmo não sendo canhoto. Eu perguntei a ele o porquê disso, e ele me explicou que, quando começou a usar relógio, a mãe dele disse que o certo para destros era usar no braço esquerdo, daí ele usava no direito só pra contrariar. Eu amei. A minha explicação pra usar no direito sempre foi que eu não conseguia usar no esquerdo... mas acho que no fundo era a mesma coisa que ele, a mesma vontade de dizer "por que não???", de fazer diferente. Coisas de taurinos.
Eu adoro contrariar, sempre (às vezes até demais). Tenho essa mania de perguntar "por que não??", de gritar "por que não??!!", de fazer de um outro jeito. Não quero ser mais uma little box on the hillside. Mas estou aprendendo com a vida que, se eu fôr, às vezes, não tem problema nenhum. Desde que eu não seja como as outras, all the same.
Minha mãe conta que, quando eu era pequena, mais ou menos uns 4 anos, a professora contava pra ela que eu nunca ficava direito na fila. A Tia Guta (essa era a professora) brigava comigo e me mandava ficar enfileiradinha, e quando ela olhava eu tinha saído da fila (que menina insuportável, aos 4 anos!!!). Então ela brigava mais sério comigo, e eu entrava na fila; mas, quando ela olhava de novo, eu estava com o pé pra fora. Era o meu jeito de dizer "inferno, eu não concordo com isso, eu fico aqui porque você está brigando, mas eu protesto e não concordo". Pois é, a pequena Juliana Palermo já era terrível...
Ainda hoje eu ponho o pé fora da fila, no sentido figurado, muitas vezes pela vida afora. Eu fico na fila porque tenho que ficar, porque sou obrigada. Mas, por favor, registrem o meu descontentamento. Por favor, notem que eu estou protestando. Vejam o meu pé pra fora.
Taí a letra:
Little boxes on the hillside
Little boxes made of ticky-tacky
Little boxes, little boxes
Little boxes, all the same
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
And the people in the houses
All go to the university
And they all get put in boxes
Little boxes, all the same
And there's doctors and there's lawyers
And business executives
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
And they all play on the golf-course
And drink their Martini dry
And they all have pretty children
And the children go to school
And the children go to summer camp
And then to the university
And they all get put in boxes
And they all come out the same.
And the boys go into business
And marry, and raise a family
And they all get put in boxes
Little boxes, all the same
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
Acho que nem precisava de comentário meu, afinal de contas, a música fala por si só. Toda a minha vida eu quis fugir de ser igual a todo mundo. Às vezes, fazia coisas estranhas só pra ser diferente. Também não é por aí. A gente vai crescendo e aprende que tem que ser verdadeira. Pelo menos, eu aprendi assim. Aprendi que não preciso ser sempre diferente, desde que eu seja verdadeira comigo, com as minhas vontades, com os meus sentimentos. Eu não preciso usar só a roupa da moda porque todo mundo usa, mas também, se eu achar a roupa da moda bonita, eu posso usar, porque eu gosto, e não porque é da moda. Não preciso renunciar solenemente a algo que todos usam só porque todos usam, desde que eu queira usar. Senão a gente vira emo. Hahahaha, e os emos não são também todos iguais??
Sábado eu estava conversando com uma pessoa que, como eu, usa relógio no braço direito mesmo não sendo canhoto. Eu perguntei a ele o porquê disso, e ele me explicou que, quando começou a usar relógio, a mãe dele disse que o certo para destros era usar no braço esquerdo, daí ele usava no direito só pra contrariar. Eu amei. A minha explicação pra usar no direito sempre foi que eu não conseguia usar no esquerdo... mas acho que no fundo era a mesma coisa que ele, a mesma vontade de dizer "por que não???", de fazer diferente. Coisas de taurinos.
Eu adoro contrariar, sempre (às vezes até demais). Tenho essa mania de perguntar "por que não??", de gritar "por que não??!!", de fazer de um outro jeito. Não quero ser mais uma little box on the hillside. Mas estou aprendendo com a vida que, se eu fôr, às vezes, não tem problema nenhum. Desde que eu não seja como as outras, all the same.
Minha mãe conta que, quando eu era pequena, mais ou menos uns 4 anos, a professora contava pra ela que eu nunca ficava direito na fila. A Tia Guta (essa era a professora) brigava comigo e me mandava ficar enfileiradinha, e quando ela olhava eu tinha saído da fila (que menina insuportável, aos 4 anos!!!). Então ela brigava mais sério comigo, e eu entrava na fila; mas, quando ela olhava de novo, eu estava com o pé pra fora. Era o meu jeito de dizer "inferno, eu não concordo com isso, eu fico aqui porque você está brigando, mas eu protesto e não concordo". Pois é, a pequena Juliana Palermo já era terrível...
Ainda hoje eu ponho o pé fora da fila, no sentido figurado, muitas vezes pela vida afora. Eu fico na fila porque tenho que ficar, porque sou obrigada. Mas, por favor, registrem o meu descontentamento. Por favor, notem que eu estou protestando. Vejam o meu pé pra fora.
Pane na internet
Ontem ficamos o dia todo sem internet aqui na editora. Em casa, na hora do almoço, vendo o jornal, descobri que o estado de São Paulo inteiro estava parado porque estourou alguma coisa lá na Telefônica. Ninguém merece. O mundo não funciona mais sem internet. Não dá pra mandar mails pros autores, nem pros revisores. Não dá pra fazer consultas e pesquisas. Não dá pra fazer nada. Não dá pra se comunicar com a assessoria de imprensa, nem com os clientes. Uma merda.
Acho que muitos blogs hoje vão falar sobre isso, mas tudo bem. Fico aqui pensando que, há poucos anos atrás, isso não faria a menor diferença. Mas hoje fica muito difícil. Estamos muito acostumados com a internet. Não consegui ver meus mails, nem os da editora nem os pessoais. Nem o meu horóscopo, que a Pamela lê pra mim toda manhã (ela começa assim: "Atenção, Touro!"). Nada. Nadica de nada. Ah, os Correios também estão em greve. Tá difícil até de mandar coisas pra gráfica. Então tá. Vamos escrever.
Escrevi várias coisas ontem. Hoje temos várias coisas pra fazer, então tô aproveitando pra postar os textos de ontem. Estão aí embaixo.
Acho que muitos blogs hoje vão falar sobre isso, mas tudo bem. Fico aqui pensando que, há poucos anos atrás, isso não faria a menor diferença. Mas hoje fica muito difícil. Estamos muito acostumados com a internet. Não consegui ver meus mails, nem os da editora nem os pessoais. Nem o meu horóscopo, que a Pamela lê pra mim toda manhã (ela começa assim: "Atenção, Touro!"). Nada. Nadica de nada. Ah, os Correios também estão em greve. Tá difícil até de mandar coisas pra gráfica. Então tá. Vamos escrever.
Escrevi várias coisas ontem. Hoje temos várias coisas pra fazer, então tô aproveitando pra postar os textos de ontem. Estão aí embaixo.
Mestrado
No ano passado, eu me inscrevi para o mestrado em Lingüística na Unicamp. Estava com uma vontade tremenda de voltar a estudar, de voltar a ler, escrever, pensar, aprender, produzir. Estava infeliz no trabalho, queria largar tudo e sair correndo, não agüentava mais meus alunos, não agüentava mais acordar cedo todos os dias pra ir pra um lugar em que eu não queria estar. Daí pensei, ganhar pouco de qualquer jeito, melhor fazer mestrado.
Dentre os 3 departamentos disponíveis no IEL (Instituto de Estudos da Linguagem, onde fiz minha graduação), escolhi o de Lingüística, porque foi a área pela qual me apaixonei na época de graduação. Entrei na faculdade achando que ia amar Literatura, e no fim eu queria morrer nas aulas de Teoria Literária.
Enfim, eu queria voltar pra efervescência da vida universitária, voltar pras bibliotecas, voltar pras conversas, pros trabalhos, pras argumentações nas discussões acadêmicas. Mas não queria fazer mestrado só por fazer: queria fazer uma coisa legal. Não queria entrar em um grupo de pesquisa qualquer, só por entrar. Queria trabalhar com algo que eu realmente gostasse, algo que me interessasse, algo por que eu pudesse me apaixonar (que a vida sem paixão não tem graça nenhuma pra mim). Eu tenho essa mania ridícula de ter que GOSTAR, gostar do que faço, do que estudo, das pessoas com quem converso, pra mim não dá pra ser indiferente.
Então pensei num tema que eu achava maravilhoso e que eu iria amar estudar e pesquisar: o palavrão como comportamento sóciolingüístico. As pessoas riam e diziam que tinha tudo a ver comigo: eu falo muito palavrão. E falo justamente porque considero um comportamento lingüístico interessantíssimo! Quase todo mundo fala palavrão, pelo menos em determinados momentos. E fiquei assustada ao constatar, durante pesquisa, que não há estudos sobre o palavrão. Puta merda, será que este é um tema tão tabu assim, ainda nos dias de hoje?
É. E como é. Não parece séria uma pesquisa sobre o palavrão, pelo status de marginalidade que ele ainda carrega. Li bastante, com a indicação de um professor muito querido. Mas eu não tinha orientador. E também estava afastada da universidade há 4 anos. Não me admira não ter entrado. Acho até que fui bem longe: passei na prova de língua estrangeira (parece idiota, mas mais da metade dos inscritos caiu fora nessa prova), leram minha monografia e me chamaram pra entrevista, e eu achei que fui bem na entrevista. Mas daí não rolou. De 38 que fizeram as entrevistas, 28 entraram. Eu e mais 9 ficamos de fora.
Ainda pretendo seguir com esse projeto, só não sei quando. Depois que entrei na editora, achei melhor dar um tempo com isso, porque não vai rolar fazer mestrado e trabalhar o dia todo. Mas não é um projeto esquecido: acho interessantíssimo e pretendo desenvolvê-lo um dia.
Qualquer dia posto aqui minhas idéias sobre isso. Vamos ver o que vocês acham. É que lembrei desse assunto hoje porque estou numas de novo de voltar a estudar. Aquela coisa toda que falei lá em cima, voltar a ler, a escrever, a pensar, principalmente. Segundo meu pai, meu problema é que eu quero fazer tudo. Ele não entende que parada eu morro.
Dentre os 3 departamentos disponíveis no IEL (Instituto de Estudos da Linguagem, onde fiz minha graduação), escolhi o de Lingüística, porque foi a área pela qual me apaixonei na época de graduação. Entrei na faculdade achando que ia amar Literatura, e no fim eu queria morrer nas aulas de Teoria Literária.
Enfim, eu queria voltar pra efervescência da vida universitária, voltar pras bibliotecas, voltar pras conversas, pros trabalhos, pras argumentações nas discussões acadêmicas. Mas não queria fazer mestrado só por fazer: queria fazer uma coisa legal. Não queria entrar em um grupo de pesquisa qualquer, só por entrar. Queria trabalhar com algo que eu realmente gostasse, algo que me interessasse, algo por que eu pudesse me apaixonar (que a vida sem paixão não tem graça nenhuma pra mim). Eu tenho essa mania ridícula de ter que GOSTAR, gostar do que faço, do que estudo, das pessoas com quem converso, pra mim não dá pra ser indiferente.
Então pensei num tema que eu achava maravilhoso e que eu iria amar estudar e pesquisar: o palavrão como comportamento sóciolingüístico. As pessoas riam e diziam que tinha tudo a ver comigo: eu falo muito palavrão. E falo justamente porque considero um comportamento lingüístico interessantíssimo! Quase todo mundo fala palavrão, pelo menos em determinados momentos. E fiquei assustada ao constatar, durante pesquisa, que não há estudos sobre o palavrão. Puta merda, será que este é um tema tão tabu assim, ainda nos dias de hoje?
É. E como é. Não parece séria uma pesquisa sobre o palavrão, pelo status de marginalidade que ele ainda carrega. Li bastante, com a indicação de um professor muito querido. Mas eu não tinha orientador. E também estava afastada da universidade há 4 anos. Não me admira não ter entrado. Acho até que fui bem longe: passei na prova de língua estrangeira (parece idiota, mas mais da metade dos inscritos caiu fora nessa prova), leram minha monografia e me chamaram pra entrevista, e eu achei que fui bem na entrevista. Mas daí não rolou. De 38 que fizeram as entrevistas, 28 entraram. Eu e mais 9 ficamos de fora.
Ainda pretendo seguir com esse projeto, só não sei quando. Depois que entrei na editora, achei melhor dar um tempo com isso, porque não vai rolar fazer mestrado e trabalhar o dia todo. Mas não é um projeto esquecido: acho interessantíssimo e pretendo desenvolvê-lo um dia.
Qualquer dia posto aqui minhas idéias sobre isso. Vamos ver o que vocês acham. É que lembrei desse assunto hoje porque estou numas de novo de voltar a estudar. Aquela coisa toda que falei lá em cima, voltar a ler, a escrever, a pensar, principalmente. Segundo meu pai, meu problema é que eu quero fazer tudo. Ele não entende que parada eu morro.
Domingos passados
Eu pensei em escrever sobre a saudade que sinto de alguns amigos que não vejo mais com tanta freqüência, sobre os domingos que passávamos, domingos letárgicos, entorpecentes e hedonistas, quando ficávamos largados o dia inteiro curtindo um som, conversando coisas bizarras, um dando risada da risada do outro, viajando longe. Lembro-me de um domingo em especial: céu cor-de-rosa alaranjado, trilha dO Estranho Mundo de Jack (Tim Burton) tocando; foi um domingo mágico, que representa todos os outros pra mim. Uma sensação de paz, de companheirismo, de juventude. Acho que estou me sentindo meio velha.
Não posso mais ter domingos como aqueles. E acho que nem queria mais. A gente tem que reconhecer quando uma fase da vida passa, senão fica aquelas velhas ridículas, tipo a Suzana Vieira, com 498 anos e achando que tem 17. Não dá pra viver daquele jeito mais, com 27 anos nas costas. Mas as minhas memórias daqueles tempos são muito boas. Acho que principalmente porque sei que eles não voltam mais. Porque cada um está numa fase diferente da vida hoje em dia. Porque meus amigos não moram mais naquela casa, um está em Sampa, os outros espalhados por aí; porque agora eu tenho mais compromissos e mais responsabilidades; porque agora eu não me sinto mais tão "largada" no mundo (acho mesmo que estou crescendo, que merda!), porque os meus atos têm conseqüências para mim, principalmente; porque eu andava numa fase meio triste, mas só reconheço isso agora: apesar de andar meio vazia nos últimos tempos, não estou triste. Acho que, naquela época, eu era mais triste do que eu sabia... não tinha muito sentido na vida, fazia as coisas por fazer, empurrava um dia após o outro com a barriga, foda-se o que acontecer amanhã, foda-se se eu não conseguir levantar pra trabalhar, foda-se se eu perder o ônibus, foda-se se minha mãe quiser me matar porque ela não sabe onde eu ando, foda-se o que pensem de mim as outras pessoas, foda-se o mundo.
Não quero mais que o mundo se foda, pelo menos não quero mais foder a minha vida. Gosto de levantar todos os dias pra trabalhar. Claro que às vezes enche o saco, mas gosto de ter as minhas responsabilidades, o meu carro pra pagar, coisas pra decidir, gosto de ver meu nome nas páginas de crédito dos livros, então quero fazer o meu melhor. Não quero mais me afundar e morrer, esquecer de mim mesma num canto qualquer. Que isso na verdade deve ser a depressão. Engraçado que, na época, eu não sabia, não sentia. Não achava que estava triste. Hoje que eu vejo.
Mas mesmo assim às vezes me vem a saudade daqueles tempos. Porque é pra mim a representação da absoluta falta de preocupação. Lembro-me também de uma noite no quarto do Robledo; eu, Carol, Ronalde, Robledo, Rafa e tinha mais alguém que eu não lembro... e ficamos vendo o vídeo dO Mágico de Oz sincronizado com The Dark Side of The Moon e viajando horas e horas. Não existia nada mais no mundo. Era bom.
Hoje, pensando, foi bom ter vivido tudo isso. Bom ter do que sentir saudade. Mas tudo na vida passa, e essa fase passou. Os amigos continuam queridos pra mim, guardadinhos aqui na mente com muito carinho, pra eu lembrar quando quiser. E hoje acordei pensando neles e nessa fase doida da minha vida, mas acho que serviu mais pra comparar com a minha vida hoje e ver que tenho coisas muito legais acontecendo, coisas que eu desejava na época e que agora estou vivendo. Mas também é bom ter essas lembranças pra não esquecer de, de vez em quando, deixar a vida ir um pouco por si só. Que a gente não consegue controlar tudo, mesmo. Não dá pra andar por aí largada, à deriva. Mas também não quero entrar numa de militar de controlar tudo e todos os meus atos e meus pensamentos e meus sentimentos. Não faz mal, às vezes, só de vez em quando, soltar o volante.
Saudades de vocês, queridos amigos, e dos nossos domingos malucos. Um dia vou contar pros meus netos nossas horas felizes e as pessoas maravilhosas que vocês são.
Não posso mais ter domingos como aqueles. E acho que nem queria mais. A gente tem que reconhecer quando uma fase da vida passa, senão fica aquelas velhas ridículas, tipo a Suzana Vieira, com 498 anos e achando que tem 17. Não dá pra viver daquele jeito mais, com 27 anos nas costas. Mas as minhas memórias daqueles tempos são muito boas. Acho que principalmente porque sei que eles não voltam mais. Porque cada um está numa fase diferente da vida hoje em dia. Porque meus amigos não moram mais naquela casa, um está em Sampa, os outros espalhados por aí; porque agora eu tenho mais compromissos e mais responsabilidades; porque agora eu não me sinto mais tão "largada" no mundo (acho mesmo que estou crescendo, que merda!), porque os meus atos têm conseqüências para mim, principalmente; porque eu andava numa fase meio triste, mas só reconheço isso agora: apesar de andar meio vazia nos últimos tempos, não estou triste. Acho que, naquela época, eu era mais triste do que eu sabia... não tinha muito sentido na vida, fazia as coisas por fazer, empurrava um dia após o outro com a barriga, foda-se o que acontecer amanhã, foda-se se eu não conseguir levantar pra trabalhar, foda-se se eu perder o ônibus, foda-se se minha mãe quiser me matar porque ela não sabe onde eu ando, foda-se o que pensem de mim as outras pessoas, foda-se o mundo.
Não quero mais que o mundo se foda, pelo menos não quero mais foder a minha vida. Gosto de levantar todos os dias pra trabalhar. Claro que às vezes enche o saco, mas gosto de ter as minhas responsabilidades, o meu carro pra pagar, coisas pra decidir, gosto de ver meu nome nas páginas de crédito dos livros, então quero fazer o meu melhor. Não quero mais me afundar e morrer, esquecer de mim mesma num canto qualquer. Que isso na verdade deve ser a depressão. Engraçado que, na época, eu não sabia, não sentia. Não achava que estava triste. Hoje que eu vejo.
Mas mesmo assim às vezes me vem a saudade daqueles tempos. Porque é pra mim a representação da absoluta falta de preocupação. Lembro-me também de uma noite no quarto do Robledo; eu, Carol, Ronalde, Robledo, Rafa e tinha mais alguém que eu não lembro... e ficamos vendo o vídeo dO Mágico de Oz sincronizado com The Dark Side of The Moon e viajando horas e horas. Não existia nada mais no mundo. Era bom.
Hoje, pensando, foi bom ter vivido tudo isso. Bom ter do que sentir saudade. Mas tudo na vida passa, e essa fase passou. Os amigos continuam queridos pra mim, guardadinhos aqui na mente com muito carinho, pra eu lembrar quando quiser. E hoje acordei pensando neles e nessa fase doida da minha vida, mas acho que serviu mais pra comparar com a minha vida hoje e ver que tenho coisas muito legais acontecendo, coisas que eu desejava na época e que agora estou vivendo. Mas também é bom ter essas lembranças pra não esquecer de, de vez em quando, deixar a vida ir um pouco por si só. Que a gente não consegue controlar tudo, mesmo. Não dá pra andar por aí largada, à deriva. Mas também não quero entrar numa de militar de controlar tudo e todos os meus atos e meus pensamentos e meus sentimentos. Não faz mal, às vezes, só de vez em quando, soltar o volante.
Saudades de vocês, queridos amigos, e dos nossos domingos malucos. Um dia vou contar pros meus netos nossas horas felizes e as pessoas maravilhosas que vocês são.
Pedrinha no sapato
É engraçado. A gente coloca uma pedrinha no sapato e anda com ela apertando a gente por mais ou menos uns dois anos. A gente sabe que vai apertar, mas é uma pedrinha tão bonitinha... ela brilha, e você acha que se trata de uma pedrinha perfeita pra você. Mentira, vai, não são dois anos. A pedrinha sai do seu sapato por vontade própria, mas você ainda a sente lá, apertando, machucando. Você quer que ela volte. Ela volta, e continua a apertar, mas você jura que merece essa dor, que ela te faz bem, que você nasceu pra andar com uma pedrinha no seu sapato. Mas ela não quer ficar, e sai de novo. E você faz de tudo pra que ela volte, de tudo mesmo, passa por situações ridículas, e continua sentindo a pedrinha apertar mesmo ela não estando mais lá. Menina teimosa, faz que faz e a pedrinha volta, apertando mais do que nunca, está claro pra você que, depois de mais de um ano, essa pedrinha não pode durar no seu sapato, mas você não quer assumir pra você mesma que você errou, então conserva a pedrinha e faz de tudo pra acreditar que precisa dela. Daí ela vai embora furando o sapato e destruindo com tudo, uma pedrinha furacão, detonando com o seu sapato, com a meia, com a pele do seu pé. E tudo sangra, e você sofre.
Um belo dia você percebe. Porque, afinal, você não é burra. Não tanto assim. E não dói mais. Você olha para a pedrinha que continua ali por perto, mas depois de dois anos ela é só isso: uma pedrinha. Normal, igual, comum. Tem seu brilho, mas nunca deveria ter andado dentro do seu sapato.
Porque o que a gente merece mesmo é andar descalça, pisando no piso frio, hum... que delícia!
Um belo dia você percebe. Porque, afinal, você não é burra. Não tanto assim. E não dói mais. Você olha para a pedrinha que continua ali por perto, mas depois de dois anos ela é só isso: uma pedrinha. Normal, igual, comum. Tem seu brilho, mas nunca deveria ter andado dentro do seu sapato.
Porque o que a gente merece mesmo é andar descalça, pisando no piso frio, hum... que delícia!
quarta-feira, 2 de julho de 2008
The sound of Music
Eu tenho uma relação maluca com as músicas. Uma vez me perguntaram por que eu ouvia músicas tristes se eu ficava triste. Pois é. Eu não soube o que responder. As perguntas dessa pessoa são assim, nunca são fáceis de responder. Mas eu gosto. Eu gosto porque me faz pensar. Acho mesmo que não são perguntas pra serem respondidas, são perguntas pra fazer pensar.
Enfim, minha relação com as músicas é estranha. Eu elejo uma música de repente, por causa de um comentário, de uma situação, por causa da melodia que me diz alguma coisa, por causa da letra, por milhares de razões. Daí, pronto. Agüenta. Ouço até cansar. Até ninguém mais suportar ouvir nem os primeiros acordes.
Acho que isso tem um pouco a ver com a minha personalidade. Eu não sei muito bem me encaixar no meio-termo. Quando eu gosto de uma coisa, eu gosto de verdade. Se não gosto, odeio de morte.
Tempos atrás eu encasquetei com uma música. Linda. Ouvia várias vezes durante o dia. Entrava no carro e colocava e cantava alto e sorria. Pensava em coisas alegres, pensava em coisas tristes, acabava e eu punha de novo (às vezes nem eu me agüento). Até que uma hora começou a doer demais. Não tinha mais coisas alegres pra pensar. Então eu me forcei a parar de ouvir. Quando ela despontava na listinha do MP3, qdo eu sabia que ela estava chegando, mudava correndo antes de ouvir a primeira nota maldita.
Hoje, pela primeira vez desde um tempo, eu deixei tocar. Na verdade, procurei. Parei o carro, acessei as pastinhas e coloquei pra ouvir. E não doeu mais. Eu consegui respirar fundo e ouvir de boa. Não acelerou meu coração, eu não dei gargalhadas. Mas também não tive pontadas no peito e nem desespero. Tive pensamentos bons, memórias boas. Não fiquei extremamente preocupada com um futuro incerto. Houve somente uma calma muito grande e muito boa, um sorriso sincero de felicidade. Paz, enfim.
Enfim, minha relação com as músicas é estranha. Eu elejo uma música de repente, por causa de um comentário, de uma situação, por causa da melodia que me diz alguma coisa, por causa da letra, por milhares de razões. Daí, pronto. Agüenta. Ouço até cansar. Até ninguém mais suportar ouvir nem os primeiros acordes.
Acho que isso tem um pouco a ver com a minha personalidade. Eu não sei muito bem me encaixar no meio-termo. Quando eu gosto de uma coisa, eu gosto de verdade. Se não gosto, odeio de morte.
Tempos atrás eu encasquetei com uma música. Linda. Ouvia várias vezes durante o dia. Entrava no carro e colocava e cantava alto e sorria. Pensava em coisas alegres, pensava em coisas tristes, acabava e eu punha de novo (às vezes nem eu me agüento). Até que uma hora começou a doer demais. Não tinha mais coisas alegres pra pensar. Então eu me forcei a parar de ouvir. Quando ela despontava na listinha do MP3, qdo eu sabia que ela estava chegando, mudava correndo antes de ouvir a primeira nota maldita.
Hoje, pela primeira vez desde um tempo, eu deixei tocar. Na verdade, procurei. Parei o carro, acessei as pastinhas e coloquei pra ouvir. E não doeu mais. Eu consegui respirar fundo e ouvir de boa. Não acelerou meu coração, eu não dei gargalhadas. Mas também não tive pontadas no peito e nem desespero. Tive pensamentos bons, memórias boas. Não fiquei extremamente preocupada com um futuro incerto. Houve somente uma calma muito grande e muito boa, um sorriso sincero de felicidade. Paz, enfim.
terça-feira, 1 de julho de 2008
Criancice
Eu odeio ir ao dentista. Odeio, odeio, odeio! Eu morro de medo daqueles motorzinhos, morro de nojo daquele caninho que suga dentro da nossa boca, morro de raiva do barulho que aquele ganchinho de ferro faz quando encosta no nosso dente, morro de aflição daqueles algodões que eles enfiam na nossa boca e embaixo da nossa língua. Pra mim, é um tormento. Juro. Não estou exagerando. Eu sou muito exagerada, eu sei, uma hipérbole ambulante, mas juro que é verdade.
Eu vou ao dentista daqui a pouco. Daqui a uma hora. E eu não estou nem um pouco feliz de sair mais cedo do trabalho. Juro que eu preferia ficar aqui até às 6 da tarde do que ter que ir ao dentista. Mas não vai ter jeito. Está marcado, eu tenho que ir. Mas eu odeio.
Meu dentista é primo do meu pai, um pouco mais velho do que eu. Ele é muito gente boa, fica até batendo papo comigo, o problema é que eu não consigo responder, com a boca aberta, cheia de canos e algodões e motores e tremendo de medo. Eu tenho vontade de chegar no consultório chutando aquela cadeira de merda, quebrando os quadros que eles penduram pra te distrair. Tá, vai, ele é bonzinho, ele me dá um espelhinho pra eu ficar olhando. Ã-hã, até parece que eu olho...
Ainda bem que existem dentistas no mundo, eu penso. Porque se todos fossem como eu, o mundo ia andar banguela, porque eu não encostava o dedo na boca das pessoas mas nem a pau. Muito menos ia cavucar o dente das pessoas com um motorzinho. E imagina usar roupa branca o dia inteiro?
E o cheiro de consultório? Me dá um T.O.C. tremendo quando eu entro na sala de espera, eu penso assim "se eu conseguir ler uma revista até o fim, não vai doer". Óbvio que sempre me chamam antes de eu acabar de ler o editorial.
Mas estou sendo injusta. Meu dentista é muito bom. Nunca senti dor nenhuma com ele. Até porque eu peço anestesia de monte, pra tudo. Pode enfiar quinhentas agulhas, eu prefiro do que pensar na possibilidade de sentir dor nos dentes.
Tô parecendo uma criança, eu sei. Mas é que eu não queria ir. Eu vou, eu vou!! Só tô aqui reclamando, fazendo beicinho. Eu não queria ir. Deixa eu ficar aqui trabalhando, deixa! Eu prometo que arrumo todas as minhas gavetas!!
Tá, tá, tá. Vamos crescer, Juliana! É só uma consulta ao dentista. Pára de choramingar e vamos enfrentar a vida. Podia ser pior. Podia ser uma consulta ao proctologista, ou um exame de mamografia, ou uma endoscopia, ou uma laringoscopia... credo, quando eu fiz laringoscopia eu quase morri!! Queriam ver minhas pregas e meus calos vocais... deixa eles ali quietos! Olha que coisa boa, pelo menos no dentista ninguém vai enfiar caninho nenhum no meu nariz! Mas que eu preferia fazer 15 exames de Papanicolau do que ir ao dentista, ah, juro que preferia!
Eu sou banana mesmo pra dor, não suporto médico, dentista, nada de nada de nada. Odeio hospital, odeio consultório, odeio tomar remédio. Tanta coisa boa na vida pra fazer e a gente ali passando dor e desconforto... Eu reclamo mesmo. Faço escândalo, mexo as mãos se não posso gritar, falo "aiaiaiaiaiaiai", às vezes xingo. Mas eu xingo até na depilação, então não se assustem. Eu vou sobreviver. Só queria reclamar um pouquinho.
Eu vou ao dentista daqui a pouco. Daqui a uma hora. E eu não estou nem um pouco feliz de sair mais cedo do trabalho. Juro que eu preferia ficar aqui até às 6 da tarde do que ter que ir ao dentista. Mas não vai ter jeito. Está marcado, eu tenho que ir. Mas eu odeio.
Meu dentista é primo do meu pai, um pouco mais velho do que eu. Ele é muito gente boa, fica até batendo papo comigo, o problema é que eu não consigo responder, com a boca aberta, cheia de canos e algodões e motores e tremendo de medo. Eu tenho vontade de chegar no consultório chutando aquela cadeira de merda, quebrando os quadros que eles penduram pra te distrair. Tá, vai, ele é bonzinho, ele me dá um espelhinho pra eu ficar olhando. Ã-hã, até parece que eu olho...
Ainda bem que existem dentistas no mundo, eu penso. Porque se todos fossem como eu, o mundo ia andar banguela, porque eu não encostava o dedo na boca das pessoas mas nem a pau. Muito menos ia cavucar o dente das pessoas com um motorzinho. E imagina usar roupa branca o dia inteiro?
E o cheiro de consultório? Me dá um T.O.C. tremendo quando eu entro na sala de espera, eu penso assim "se eu conseguir ler uma revista até o fim, não vai doer". Óbvio que sempre me chamam antes de eu acabar de ler o editorial.
Mas estou sendo injusta. Meu dentista é muito bom. Nunca senti dor nenhuma com ele. Até porque eu peço anestesia de monte, pra tudo. Pode enfiar quinhentas agulhas, eu prefiro do que pensar na possibilidade de sentir dor nos dentes.
Tô parecendo uma criança, eu sei. Mas é que eu não queria ir. Eu vou, eu vou!! Só tô aqui reclamando, fazendo beicinho. Eu não queria ir. Deixa eu ficar aqui trabalhando, deixa! Eu prometo que arrumo todas as minhas gavetas!!
Tá, tá, tá. Vamos crescer, Juliana! É só uma consulta ao dentista. Pára de choramingar e vamos enfrentar a vida. Podia ser pior. Podia ser uma consulta ao proctologista, ou um exame de mamografia, ou uma endoscopia, ou uma laringoscopia... credo, quando eu fiz laringoscopia eu quase morri!! Queriam ver minhas pregas e meus calos vocais... deixa eles ali quietos! Olha que coisa boa, pelo menos no dentista ninguém vai enfiar caninho nenhum no meu nariz! Mas que eu preferia fazer 15 exames de Papanicolau do que ir ao dentista, ah, juro que preferia!
Eu sou banana mesmo pra dor, não suporto médico, dentista, nada de nada de nada. Odeio hospital, odeio consultório, odeio tomar remédio. Tanta coisa boa na vida pra fazer e a gente ali passando dor e desconforto... Eu reclamo mesmo. Faço escândalo, mexo as mãos se não posso gritar, falo "aiaiaiaiaiaiai", às vezes xingo. Mas eu xingo até na depilação, então não se assustem. Eu vou sobreviver. Só queria reclamar um pouquinho.
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