segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

“Psicose”, de Alfred Hitchcock (e as reações da minha mãe)

Pois é. Rolou minha sessãozinha Hitchcock. Na real, nem foi uma sessão do jeito que eu esperava, com vários filmes em seguida. Mas valeu. Chamei minha mãe pra ver “Psicose” comigo, ontem, domingão de chuva. E ela adorou. Ficou até com medinho.

Nem tem o que eu falar sobre esse filme. Nem tem. Bom demais da conta. Eu vi o remake no cinema, quando foi lançado, em 1998 (do Gus Van Sant). Colorido. Depois fui ver o original. Me diga se tem comparação. Não. Não tem.

Tem alguma coisa que eu possa dizer que ainda não tenha sido dita sobre Norman Bates? Não, não tem. Tem alguma coisa que eu possa dizer que ainda não tenha sido dita sobre a trilha de Bernard Herrmann? Não, não tem. Mas eu digo mesmo assim: que cara mais iluminado! E não tô falando só da famosa cena do chuveiro, não. Refiro-me ao filme todo, às nuances, à perfeição.

Agora, preciso fazer comentários sobre o que é assistir a “Psicose” com a minha mãe. Uma experiência hilária. Primeiro que a gente tem que parar o filme umas 4 vezes pra ela mijar. “Mãe, e se você estivesse no cinema? Você ia perder o filme?”. “No cinema eu segurava”. Hahahahaha. Ok. Paro a pôrra do filme.

No meio do diálogo de Norman e Marion naquela salinha medonha cheia de aves empalhadas (Hitchcock me entende, ele sabia o quão assustadores os pássaros podem ser - vide “Os pássaros”), ela vira e grita pro meu pai alguma coisa sobre a calça dele (do meu pai). “Mãe, se concentra no filme, caralho! Depois vai ficar me perguntando coisa! Foco, mãe, foco!”

Aparece o Arbogast, o detetive. O cara aparece, tem um close gigantesco na cara dele e um silêncio de morte. Dois segundos depois, minha mãe: “Quem é esse cara?”. O tipo de coisa que todo mundo se pergunta, mas sem dizer. Ela diz. “Mãe, assiste.” Mais dois segundos e ele diz “Sou o detetive Arbogast.”. Era só esperar. Mas minha mãe não espera.

Depois de despachar Arbogast de volta pra cidade, Norman Bates dá um sorrisinho culpado. Você, vendo o filme pela primeira vez, pensa “Opa, aí tem algo estranho...”. Minha mãe: “Por que ele riu?”. E o pior, se você não responde, ela não para de perguntar. “Mãe, já vi o filme, não posso ficar te respondendo coisas.”

Quando Norman se livra do carro de Arbogast, limpando a sujeira que “a mãe fez”, minha mãe solta a pérola: “Não tenho mais dó desse moço.”. F-e-n-o-m-e-n-a-l! Assistir a “Psicose” com minha mãe é saber o que se passa na mente do espectador o tempo todo. Aquilo tudo que Hitchcock queria causar e que realmente causa, mas que as pessoas não ficam falando. Ela fala.

Ela pediu pro meu pai vir sentar do lado dela, porque estava com medo. Hehehe. Tonta. Parece eu. No final, disse que gostou, e eu vi que ela gostou mesmo. Eu também gostei. Já amava o filme, e amei assistir com ela.



*** Três da manhã, saio do meu quarto pra fazer xixi. Tudo escuro. Ouço no corredor a voz da minha mãe, que vem do quarto: “Cuidado! Vê se a veia não tá aí no banheiro...”.

Vou comprar pra ela essa cortininha:

Um comentário:

Srta.T disse...

Ai, minha mãe dorme. Dorme pesadamente. Ou sai da sala praguejando nas cenas violentas: "Já falei pra não pegar filme assim violento, eu não gosto!"
Falando em filme de suspense, já viu "Atividade Paranormal"? Sorte que os gatos dormem na minha cama, senão não teria Tandrilax no mundo que me derrubasse. E nem sou medrosa assim.
Por último e não menos importante: de onde você tirou a foto dessa cortininha de banheiro? Quero uma pra ontem!

Beijo!