segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

“O Símbolo Perdido”, de Dan Brown

Pois é. Dan Brown. Foda-se. Tô de férias mesmo e fico dizendo a mim mesma que não tem problema ler uma coisinha divertida, mesmo que seja ruim. Sabe aquela história de que é como sexo, até quando é ruim é bom? Mais ou menos. Tem vezes que é ruim mesmo. O livro novo do Dan Brown é melhor do que sexo ruim, mas podia ser bem melhor. Anyway, o problema é a expectativa. Eu não tinha muitas, então consegui me divertir.

A meeeesma fórmula de sempre. O meeeesmo personagem de sempre. Capítulos curtos, que terminam em momentos estratégicos, a gostosa de sempre, os segredos de sempre, as sociedades secretas de sempre, os mistérios e enigmas de sempre. Pra quem já sabe que vai ser assim, sem novidades. A questão é saber o conteúdo, porque a forma é sempre a mesma. E, convenhamos: quem já leu Dan Brown e lê de novo, já sabe o que vai encontrar. Nem vai esperar nada diferente. Se você espera algo diferente, nem leia. Não seja mané. Pra ficar reclamando depois. Não leia e ponto.

Fiquei pensando nessa história dele usar os Estados Unidos dessa vez no seu livro. Devia ser alguma dívida que ele tinha com o país. Imagina, os livros “Anjos e Demônios” e “O Código Da Vinci” renderam fortunas e ainda arrecadam grana com os tours que são realizados nas locações reais do livro. Agora vai ter uma galera querendo conhecer as obras e as construções citadas no novo best seller. Aliás, falando em best seller, foi só o figura lançar um livro novo pra ficar no topo da lista dos 10 mais vendidos. Desbancou os vampiros da Stephanie Meyer e aqueles deuses bizarros de “A Cabana”. O homem é foda, digam o que quiserem.

A partir de agora, vem alguns spoilers. Se você ainda não leu o livro, rapa fora daqui. Ok? Não vai dizer depois que eu estraguei sua leitura.

Tá avisado.

Eles já foram embora? Ótimo, então vamos continuar.

A coisa mais chata é quando você “pega” a manha do autor e antecipa coisas do livro. O cara não consegue te surpreender mais. Chato. Que nem fim de namoro. Você já sabe o que vem por aí. E daí, por mais surpreendentemente fodástica que poderia ser a informação, se você descobriu antes perde a graça total.

Quando eu falei do filme do Sherlock Holmes e falei sobre tramas tão intrincadas que você não consegue nem pensar em soluções, eu estava falando mais ou menos disso. No caso do Dan Brown, você cria suas teorias pra resolver os mistérios. Imagina quais personagens sejam os bons e quais sejam os vilões. O legal é quando o autor consegue te surpreender. Como acontece no dois outros livros já citados aqui: quem você pensava que era bom, é ruim, e vice-versa. Mas o cara precisa ser bom pra te surpreender de fato. Precisa ter técnicas e um repertório muito foda pra conseguir despistar os leitores. E Dan Brown não consegue mais fazer isso. Pelo menos, não comigo.

Quando ele apresenta a personagem Sato, pra mim ficou na cara que era uma mulher. Porque ele começa a falar da personagem no neutro, sem dizer que é homem ou mulher. Oras, se fosse homem, ele teria dito. Se não disse, é porque aí tem coisa. Fica falando de um jeito que você, se ler correndo, acha que é homem. Mas se você for uma doida como eu, você vai achar estranho. Eu lia e dizia pra mim mesma: quer ver que é uma mulher? Batata. No fim do capítulo, a revelação, que deveria ser surpreendente, mas não foi. Entende o que eu quero dizer?

Outra coisa chata: tava na cara que o Mal`ak era o Zach. Muito na cara. Decepcionante. Principalmente porque, depois de desconfiar desse fato, todas as manobras do autor pra tentar me enganar eram ridículas. Tava tão na cara. Se você consegue desencanar disso e se surpreender de fato, parabéns. O livro deve ser muito mais empolgante pra você. Pra mim não foi.

De qualquer modo, é diversão na certa. Você fica querendo saber como aquela pôrra vai terminar, qual é o raio da Palavra Secreta, e tudo o mais. Por um momento, só por um breve momento, achei mesmo que ele iria matar finalmente o Langdon naquela caixão. Isso, sim, seria legal. Mas obviamente o cara não ia fazer isso. Não, ia inventar uma maneira muito moderna e científica de tirar o protagonista daquela merda. Droga. Se ele morresse, aí sim eu poderia respeitar o cara. Mas não. Ia matar a galinha dos ovos de ouro? Jamais.

Bom, é isso. Diversãozinha de férias. Não faz mal pra ninguém. Pode não fazer bem, também. É só não teorizar muito sobre o assunto.

Nenhum comentário: