Precisa?? Preciso dizer que amei?? Vindo do gênio, preciso tecer algum comentário? Não, né?
Mas vou, mesmo assim.
Comecei a ler Caim aqui em Campinas, e terminei lá em Salvador. Comecei em 2009 e acabei em 2010. Esses dados são importantes para entender como o livro é bom: lá estava eu em São Salvador, um calor de rachar, na volta da praia, voltando da virada do ano. A galera se jogou na piscina. Eu, que tava sóbria e em paz, muito em paz (estranhamente!), subi, tomei meu banhinho, peguei meu Saramago e deitei pra ler. Entenderam?
Bom, preciso dizer que o Saramago tá ficando velho e cada vez mais louco. Mas, como disse uma amiga, ele não tem nada a perder. Não tem mesmo: já ganhou um Nobel, já tá consagrado, já é foda, não precisa provar mais nada pra ninguém. Mas ainda continua provando: pra mim, pelo menos. Provando que é meu escritor preferido.
Naquele seu jeito envolvente e cativante de sempre, ele conta a história de Caim, aquele mesmo, irmão de Abel, que matou Abel por inveja. Ah, Caim... Ah, Saramago, salafrário de merda e bom demais da conta. Um cara que prefere escrever sobre Caim do que sobre Abel já merece todos os louvores. Até porque Caim é sempre muito mais interessante.
Na sua viagem, Saramago coloca Caim viajando a ermo pelo tempo e presenciando vários acontecimentos do Antigo Testamento (a Torre de Babel, o dilúvio, batalhas sangrentas a rodo, destruição do ídolo de ouro, e um monte mais). E coloca Deus como aquela figura insegura, vingativa, indecisa, extremamente humana. E chama de filha da puta pra baixo. E tem uma ironia sutil e um humor maravilhoso e eu sorria com gosto, porque isso é que acontece quando você lê um gênio como Saramago.
Leia! Leia hoje! Leia agora!
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