segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
É mesmo...
Um comentário me lembrou de que o blog existe. E eu vim aqui pra dizer que volto. Aguardem e confiem.
sábado, 13 de novembro de 2010
Satisfação
Não, eu não morri. Não, não desisti do blog. Ainda.
Estou só pagando minha língua. Exercendo a concisão no Facebook. Eu sempre disse que achava ridículo o Twitter, que o que eu tinha pra dizer não cabia em poucos caracteres, e tal. Mas confesso que tenho sido bem concisa dizendo algumas coisas que quero dizer no Facebook. Que é quase parecido.
De resto, tenho vivido histórias novas, histórias velhas, histórias que valem a pena ser comentadas e histórias que não adianta comentar.
Juro que ainda volto com a restrospectiva. Se der, ainda esse ano. Mas não prometo mais nada.
Estou só pagando minha língua. Exercendo a concisão no Facebook. Eu sempre disse que achava ridículo o Twitter, que o que eu tinha pra dizer não cabia em poucos caracteres, e tal. Mas confesso que tenho sido bem concisa dizendo algumas coisas que quero dizer no Facebook. Que é quase parecido.
De resto, tenho vivido histórias novas, histórias velhas, histórias que valem a pena ser comentadas e histórias que não adianta comentar.
Juro que ainda volto com a restrospectiva. Se der, ainda esse ano. Mas não prometo mais nada.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Vai levando.
Dizem que o que é nosso tá guardado. Eu fico me perguntando: onde? Quem foi que guardou? Quando é que eu vou achar? É uma espécie de caça ao tesouro? Devo estar indo muito mal... Claro que essa coisa de acreditar que o nosso destino está traçado pode ser uma grande balela, mas é que conforta tanto acreditar que pode ser verdade. Que, independente das nossas escolhas, o rumo está tomado. E que a gente vai justamente tomar determinadas decisões pra seguir os caminhos que já estão traçados. Essa imutabilidade conforta.
Fico imaginando os deuses se divertindo. “Vem ver, vem ver a Juliana se foder de novo. Vem ver ela tomar mais uma da vida. Vamos ver como ela aguenta dessa vez. Vamos ver a cara que ela faz.” Deve ser divertido rir às minhas custas, assistir meu esforço pra parecer que tudo está normal, e ainda sorrir. “Vem ver, agora ela vai cair do cavalo. Tá pensando o quê, menina? Que vai ser feliz? Não assim tão fácil. Toma essa!”
E a gente vai levando. De novo. Até quando?
Fico imaginando os deuses se divertindo. “Vem ver, vem ver a Juliana se foder de novo. Vem ver ela tomar mais uma da vida. Vamos ver como ela aguenta dessa vez. Vamos ver a cara que ela faz.” Deve ser divertido rir às minhas custas, assistir meu esforço pra parecer que tudo está normal, e ainda sorrir. “Vem ver, agora ela vai cair do cavalo. Tá pensando o quê, menina? Que vai ser feliz? Não assim tão fácil. Toma essa!”
E a gente vai levando. De novo. Até quando?
Meus alunos e minha autoestima
Com os meus alunos, não tem tempo ruim. Tem dias em que você está se sentindo o cocô do cavalo do bandido, gorda, horrorosa, com olheiras. Sempre tem alguém que vem dizer que você está linda. Nos dias em que você de fato se sente linda, porque tem dias em que a gente acorda e sabe que está o máximo, também sempre vem um pra elogiar, pra corroborar sua opinião. Com eles, a gente sempre se sente bem. Com eles e com elas, porque tem umas fofas também.
Umas semanas atrás, aconteceu uma coisa ótima. Era uma sexta-feira e eu tinha tomado umas e outras na quinta. Tava chegando na escola morrendo de sono, com olheiras (e uns óculos escuros imensos), 7 horas da manhã, pra quem tinha ido dormir tarde pra burro. Tava com a primeira roupa que eu achei de manhã, um vestido com bota. Tava com o cabelo do jeito que eu consegui prender. Tava carregada com sacolas de livros, bolsa, pasta, computador. Tava com um mau humor da porra. Do outro lado da rua, uma turma de terceiro ano, alunos meus. Escuto “Ju!”. Olho. Um começa a bater palma. Todos batem. Ouço gritos de “Que que é isso, heim?”, “Espetáculo” e “Delícia”. É ou não é pra animar a vida de qualquer cabocla?
Umas semanas atrás, aconteceu uma coisa ótima. Era uma sexta-feira e eu tinha tomado umas e outras na quinta. Tava chegando na escola morrendo de sono, com olheiras (e uns óculos escuros imensos), 7 horas da manhã, pra quem tinha ido dormir tarde pra burro. Tava com a primeira roupa que eu achei de manhã, um vestido com bota. Tava com o cabelo do jeito que eu consegui prender. Tava carregada com sacolas de livros, bolsa, pasta, computador. Tava com um mau humor da porra. Do outro lado da rua, uma turma de terceiro ano, alunos meus. Escuto “Ju!”. Olho. Um começa a bater palma. Todos batem. Ouço gritos de “Que que é isso, heim?”, “Espetáculo” e “Delícia”. É ou não é pra animar a vida de qualquer cabocla?
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Tem tudo isso e não tem nada.
É, tá tudo igual e tudo diferente. Eu preciso dormir, definitivamente. Mas é que tem tanta coisa. Tem cerveja gelada no bar, tem barulho bom demais da pôrra no ar, tem aquele moço amarelo, aquele moço branco, aquele moço bege, um aqui do lado, outro ali na frente, outro lá atrás, não necessariamente nessa ordem. Tem aquele moço lindo, tem aquele que não vale um real e ao mesmo tempo vale milhões, tem aquele que dá dó, tem aquele que por que não?, tem tantos e não tem nenhum. Tem papel demais na minha vida, dinheiro de menos, vidro demais e espelho de menos. Minha vida é uma vitrine, todo mundo vê. Tá na hora de ser menos cristal e de ter mais espelho. Quem sou eu, pôrra?
Tem batuque bom demais da conta, tem bebês fofos, tem amiga de verdade virada na pôrra e que berra o que eu preciso ouvir e depois me faz rir de mim, porque eu sei que eu posso rir dela também e assim não dói. Tem aquele futuro que eu não sei se vai chegar um dia, mulher amamentando, carregando bolsa de bebê, cara de mãe, e eu pergunto: será? Tem toda a liberdade de não ter compromisso com nada a não ser com o que eu quero, tem todo o medo de ter tantos caminhos pra escolher e o medo de um dia ser tarde demais pra querer ir por u determinado caminho. Tem o medo de só ter um único caminho, pra sempre. Esse medo é forte pacas. Mas a gente vai vivendo. Toma uma aqui, faz um barulho ali, dá um berro acolá e sapateia por tanguillos pra ver se vai. E vai.
Liga não, tomei uma cervejinha a mais e saiu isso aqui.
Tem batuque bom demais da conta, tem bebês fofos, tem amiga de verdade virada na pôrra e que berra o que eu preciso ouvir e depois me faz rir de mim, porque eu sei que eu posso rir dela também e assim não dói. Tem aquele futuro que eu não sei se vai chegar um dia, mulher amamentando, carregando bolsa de bebê, cara de mãe, e eu pergunto: será? Tem toda a liberdade de não ter compromisso com nada a não ser com o que eu quero, tem todo o medo de ter tantos caminhos pra escolher e o medo de um dia ser tarde demais pra querer ir por u determinado caminho. Tem o medo de só ter um único caminho, pra sempre. Esse medo é forte pacas. Mas a gente vai vivendo. Toma uma aqui, faz um barulho ali, dá um berro acolá e sapateia por tanguillos pra ver se vai. E vai.
Liga não, tomei uma cervejinha a mais e saiu isso aqui.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Não sei
Eu não tenho vindo mais aqui, não sei o que acontece comigo. Muito trabalho, ao mesmo tempo muito tempo livre. Não é que não estejam acontecendo coisas na minha vida: estão. Ou quase. Acho que é esse o problema. O quase. O quase sobre o qual eu tenho medo de falar. Estou proibida por mim mesma de sentir determinadas coisas. Não que eu consiga, pelo menos não totalmente. Mas posso tentar não pensar. E aqui eu penso por escrito. Merda.
Muito flamenco, muito. Exorcizando total. Saio pingando, pernas doendo, cabelo molhado de suor e cabeça mais leve. Deito e morro.
Alunos particulares. Me dá preguiça, mas depois que eu vou é bom.
Muita papelada na escola.
Muita coisa na minha cabeça, e muita polícia de mim mesma pra parar de pensar. Ou, pelo menos, tentar.
Tô odiando o livro que estou lendo, mas eu sou taurina teimosa e agora vou acabar. Zuenir Ventura me decepcionou deveras.
Aquele brilhinho no olho que eu não posso retribuir mexe comigo, mas de um jeito estranho. Não consigo, baby. Sorry.
Meu sobrinho é um gostoso e tá grudado comigo. Ontem eu tentando corrigir prova e ele pedindo "colinho". Coisa mais gostosa do meu mundo. Ponho ele no colo e continuo corrigindo, ele quer pegar a caneta vermelha da minha mão. Amo.
Saudades dos meus ex-alunos malucos. Preciso marcar uma sinuca com eles. Não que eu jogue direito, mas me divirto.
Ensaio amanhã, a galera escolheu 5 sons bem foda. Quem se fode sou eu. Mas vamo que vamo, porque o último show foi bem legal e deu uma animada geral. Não tô reclamando, não. Pela primeira vez em muito tempo.
Pol Vaquero chegando na área com Isaac de los Reyes e Joni Cortez. Vai ser bem foda.
Tem mesmo muita coisa acontecendo. Mais que isso, no puedo decir. No lo se.
Muito flamenco, muito. Exorcizando total. Saio pingando, pernas doendo, cabelo molhado de suor e cabeça mais leve. Deito e morro.
Alunos particulares. Me dá preguiça, mas depois que eu vou é bom.
Muita papelada na escola.
Muita coisa na minha cabeça, e muita polícia de mim mesma pra parar de pensar. Ou, pelo menos, tentar.
Tô odiando o livro que estou lendo, mas eu sou taurina teimosa e agora vou acabar. Zuenir Ventura me decepcionou deveras.
Aquele brilhinho no olho que eu não posso retribuir mexe comigo, mas de um jeito estranho. Não consigo, baby. Sorry.
Meu sobrinho é um gostoso e tá grudado comigo. Ontem eu tentando corrigir prova e ele pedindo "colinho". Coisa mais gostosa do meu mundo. Ponho ele no colo e continuo corrigindo, ele quer pegar a caneta vermelha da minha mão. Amo.
Saudades dos meus ex-alunos malucos. Preciso marcar uma sinuca com eles. Não que eu jogue direito, mas me divirto.
Ensaio amanhã, a galera escolheu 5 sons bem foda. Quem se fode sou eu. Mas vamo que vamo, porque o último show foi bem legal e deu uma animada geral. Não tô reclamando, não. Pela primeira vez em muito tempo.
Pol Vaquero chegando na área com Isaac de los Reyes e Joni Cortez. Vai ser bem foda.
Tem mesmo muita coisa acontecendo. Mais que isso, no puedo decir. No lo se.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Perséfone
(Baseado na história de uma menininha muito querida para mim. Duas menininhas, na verdade, com histórias muito parecidas.)
Tem aquela menininha indefesa e ingênua que cai no buraco do vampiro e se vê de repente perdida num submundo escuro, fantasmagórico, assustador, surreal e onírico. Mas esse caso é muito diferente daquela menininha suicida e kamikaze que vai pro buraco por vontade própria, sabendo exatamente o que vai encontrar, e querendo, até, o ar gélido do vampiro, a fumaça inebriante, a escuridão e a sombra, o vento frio nos cabelos. Tudo em troca de um pouco de vida. Vai entender.
Tem aquele povo com pulsão de morte. Na real, todo mundo tem um pouco de pulsão de morte, mas tem gente que tem mais. Que precisa buscar o perigo o tempo todo, talvez pra se sentir vivo. Que precisa correr os riscos, que precisa ver se aguenta.
Lembrei hoje da Perséfone. Aquela que largou a vida normal e linda e boa com a mãe Deméter nos campos floridos e ensolarados para viver com Hades, o temível guardião do reino dos mortos. E o mais impressionante é que ela comeu a romã, fruta dos mortos, porque quis. Por vontade própria. Porque decidiu viver no subterrâneo com o pálido e gélido e estranho Hades. Que, convenhamos, devia ter alguma coisa de bom.
Quando eu era mais jovem, mais precisamente na oitava série, participei de um concurso de poesia com o pseudônimo de Perséfone. Achava linda a escolha dela. Desculpem, mas hoje não acho mais. Não tenho mais vocação pra Perséfone, perdi pela vida, em algum lugar. A vontade de viver de verdade a vida dos campos ensolarados e floridos é maior, mesmo sabendo que às vezes eles ficam secos e cinzas, porque o natural é que eles voltem a florescer.
Claro que às vezes dou uma de Perséfone. Mergulho no abismo. Porque é uma delícia esquecer meu nome e ser somente Perséfone, nos braços de Hades, em uma vida irreal, em uma vida que não é a minha; me abandonar, me perder, sair de mim. Mas é sempre bom voltar à superfície, para a mãe Deméter e suas flores, e, principalmente, para o Sol.
Tem aquela menininha indefesa e ingênua que cai no buraco do vampiro e se vê de repente perdida num submundo escuro, fantasmagórico, assustador, surreal e onírico. Mas esse caso é muito diferente daquela menininha suicida e kamikaze que vai pro buraco por vontade própria, sabendo exatamente o que vai encontrar, e querendo, até, o ar gélido do vampiro, a fumaça inebriante, a escuridão e a sombra, o vento frio nos cabelos. Tudo em troca de um pouco de vida. Vai entender.
Tem aquele povo com pulsão de morte. Na real, todo mundo tem um pouco de pulsão de morte, mas tem gente que tem mais. Que precisa buscar o perigo o tempo todo, talvez pra se sentir vivo. Que precisa correr os riscos, que precisa ver se aguenta.
Lembrei hoje da Perséfone. Aquela que largou a vida normal e linda e boa com a mãe Deméter nos campos floridos e ensolarados para viver com Hades, o temível guardião do reino dos mortos. E o mais impressionante é que ela comeu a romã, fruta dos mortos, porque quis. Por vontade própria. Porque decidiu viver no subterrâneo com o pálido e gélido e estranho Hades. Que, convenhamos, devia ter alguma coisa de bom.
Quando eu era mais jovem, mais precisamente na oitava série, participei de um concurso de poesia com o pseudônimo de Perséfone. Achava linda a escolha dela. Desculpem, mas hoje não acho mais. Não tenho mais vocação pra Perséfone, perdi pela vida, em algum lugar. A vontade de viver de verdade a vida dos campos ensolarados e floridos é maior, mesmo sabendo que às vezes eles ficam secos e cinzas, porque o natural é que eles voltem a florescer.
Claro que às vezes dou uma de Perséfone. Mergulho no abismo. Porque é uma delícia esquecer meu nome e ser somente Perséfone, nos braços de Hades, em uma vida irreal, em uma vida que não é a minha; me abandonar, me perder, sair de mim. Mas é sempre bom voltar à superfície, para a mãe Deméter e suas flores, e, principalmente, para o Sol.
Ah, o Sol.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Zicada
Estiramento do músculo trapézio, do pescoço. Dando uma aula de flamenco. É mole? Três injeções, seis dias de remédio, quatro dias de repouso, deitada, de colar cervical, bolsa de água quente e tudo. Li tudo o que eu podia, até não aguentar mais ficar deitada.
Mas não tem nada, não. Que já passou.
Em menos de um mês, consegui me estragar do pé direito, e agora do lado esquerdo do pescoço. Segundo minha manicure, isso é "olho". Na verdade, nunca me faltou olho... o que eu mais tenho em cima de mim é olho.
Mas aqui o santo é forte, minha nega. Tem nada, não. Balança, mas não cai.
Isa me deu uma maçãzinha santa...
Amanhã tô pronta pra guerra de novo. A quem interessar possa.
Mas não tem nada, não. Que já passou.
Em menos de um mês, consegui me estragar do pé direito, e agora do lado esquerdo do pescoço. Segundo minha manicure, isso é "olho". Na verdade, nunca me faltou olho... o que eu mais tenho em cima de mim é olho.
Mas aqui o santo é forte, minha nega. Tem nada, não. Balança, mas não cai.
Isa me deu uma maçãzinha santa...
Amanhã tô pronta pra guerra de novo. A quem interessar possa.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Fofo
Um aluno começou um blog por causa de uma aula que eu dei. Eu tenho vontade de chorar e sou uma tonta.
domingo, 15 de agosto de 2010
Falta de educação
E daí a gente senta no bar, uma galera perto dos 30 ou quase lá ou um pouco depois. Professores ou ex-professores. E não tem jeito, a conversa acaba girando em torno de Educação. Da falta dela, da dificuldade da profissão. Da alegria de quem não dá mais aula, das saudades também. Dos problemas de quem dá aula, que são sempre os mesmos, mas quem ama ama, não tem jeito.
Parece coisa de veio. Dirigindo de volta pra casa, fico pensando se estou mesmo ficando velha, aquelas professoras encarunchadas que sentam na mesa do bar e ficam reclamando da Educação. Mas acho que não. Acho que é consequência natural de amar o que eu faço, e me preocupar com isso.
Antes meus professores falavam "Isso é importante pra Unicamp", e eu estudava, porque o que eu queria era entrar em uma universidade boa, foda. Esse argumento não funciona pros meus alunos. Eles estão cagando pra Unicamp, estão cagando pra uma boa formação. Os pais deles não têm formação superior, e vivem bem assim, então eles não dão valor pra isso. Um aluno ano passado me disse "Grandes merda, você fez Unicamp e ganha a mesma coisa de outra professora que fez uma faculdade qualquer". O pior é que ele está certo, mas como é que eu vou explicar pra ele que a coisa toda vai além disso, que não é só grana, que tem a ver com a minha formação enquanto ser humano, com o meu repertório pra vida, coisas assim? Não dá, não faz parte do mundo dele.
Do mundo deles, meus alunos, a maioria deles. Mas de vez em quando uma alma se salva do purgatório. Esse aluno passou na Unicamp. Vai ganhar a mesma coisa de outro que passou em uma faculdadezinha qualquer de Coquinhos do Sul (saudades da Maza). Mas talvez ele tenha um diferencial a mais, e talvez qualquer dia a gente retome essa conversa numa mesa de bar, e vamos ver se o que ele tem pra me dizer ainda é a mesma coisa. Espero que não. E espero que eu não esteja muito velha até lá. Mas certamente vou estar sentada na mesa do bar, discutindo Educação. Fazer o quê?
Parece coisa de veio. Dirigindo de volta pra casa, fico pensando se estou mesmo ficando velha, aquelas professoras encarunchadas que sentam na mesa do bar e ficam reclamando da Educação. Mas acho que não. Acho que é consequência natural de amar o que eu faço, e me preocupar com isso.
Antes meus professores falavam "Isso é importante pra Unicamp", e eu estudava, porque o que eu queria era entrar em uma universidade boa, foda. Esse argumento não funciona pros meus alunos. Eles estão cagando pra Unicamp, estão cagando pra uma boa formação. Os pais deles não têm formação superior, e vivem bem assim, então eles não dão valor pra isso. Um aluno ano passado me disse "Grandes merda, você fez Unicamp e ganha a mesma coisa de outra professora que fez uma faculdade qualquer". O pior é que ele está certo, mas como é que eu vou explicar pra ele que a coisa toda vai além disso, que não é só grana, que tem a ver com a minha formação enquanto ser humano, com o meu repertório pra vida, coisas assim? Não dá, não faz parte do mundo dele.
Do mundo deles, meus alunos, a maioria deles. Mas de vez em quando uma alma se salva do purgatório. Esse aluno passou na Unicamp. Vai ganhar a mesma coisa de outro que passou em uma faculdadezinha qualquer de Coquinhos do Sul (saudades da Maza). Mas talvez ele tenha um diferencial a mais, e talvez qualquer dia a gente retome essa conversa numa mesa de bar, e vamos ver se o que ele tem pra me dizer ainda é a mesma coisa. Espero que não. E espero que eu não esteja muito velha até lá. Mas certamente vou estar sentada na mesa do bar, discutindo Educação. Fazer o quê?
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Cara de pau
Consulta com o cardiologista.
- Por que você está aqui, o que você sente?
- Não sinto nada, estou aqui pra minha mãe parar de encher o saco.
Histórico: pai enfartou, tio enfartou, avó e avô paterno morreram do coração, avô paterno enfartou. Fumo pra cacete, sou sedentária. Quase.
- Quanto você pesa e quanto você mede?
(resposta omitida, mas eu falei pra ele; fiz cara de cocô).
- É, essa cara mesmo... obesidade é um fator de risco.
- Hum.
- Precisa parar de fumar. Vai ficar com a pele feia.
- Minha pele é linda. (É mesmo)
- Homem vem aqui e eu falo que vai morrer do coração. Mulher vem e eu falo que vai ficar com a pele feia. Mulher não se importa, de morrer, só não quer ficar feia. (sorrisinho)
- Doutor, pelo meu peso o senhor pode ver que esse argumento não funciona comigo.
(cara de "que que eu falo pra essa menina?)
- Vamos fazer o exame da esteira.
- Doutor, acho que eu nem tenho tênis. (gargalhada)
- Eu não quero que você fume.
(sorriso angelical) - No dia do exame, doutor?
- No dia do exame é lógico que não! Agora, depois nós vamos ter uma conversinha sobre parar de fumar.
- Aham.
Pôrra, flamenco três vezes por semana é exercício pra caralho. Saio pingando! Sedentária é a mãe.
Ninguém me entende...
- Por que você está aqui, o que você sente?
- Não sinto nada, estou aqui pra minha mãe parar de encher o saco.
Histórico: pai enfartou, tio enfartou, avó e avô paterno morreram do coração, avô paterno enfartou. Fumo pra cacete, sou sedentária. Quase.
- Quanto você pesa e quanto você mede?
(resposta omitida, mas eu falei pra ele; fiz cara de cocô).
- É, essa cara mesmo... obesidade é um fator de risco.
- Hum.
- Precisa parar de fumar. Vai ficar com a pele feia.
- Minha pele é linda. (É mesmo)
- Homem vem aqui e eu falo que vai morrer do coração. Mulher vem e eu falo que vai ficar com a pele feia. Mulher não se importa, de morrer, só não quer ficar feia. (sorrisinho)
- Doutor, pelo meu peso o senhor pode ver que esse argumento não funciona comigo.
(cara de "que que eu falo pra essa menina?)
- Vamos fazer o exame da esteira.
- Doutor, acho que eu nem tenho tênis. (gargalhada)
- Eu não quero que você fume.
(sorriso angelical) - No dia do exame, doutor?
- No dia do exame é lógico que não! Agora, depois nós vamos ter uma conversinha sobre parar de fumar.
- Aham.
Pôrra, flamenco três vezes por semana é exercício pra caralho. Saio pingando! Sedentária é a mãe.
Ninguém me entende...
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Diário
Tivemos que fazer um exercício de escrita, lá no curso de Jornalismo Literário. Tínhamos que escrever 3 dias de um diário de uma personagem qualquer. Fiz esse daí de baixo em 5 minutos, tá? Não tá nada perfeito. Mas a galera do curso curtiu, então decidi por aqui. Taí.
Terça-feira
“Descubra o significado do seu nome, grátis”. Grandes merda. Pra que eu vou querer saber o significado do meu nome? Com certeza, nada de bom pode vir daí. Nada que venha de mim ou do meu nome pode ser bom.
O cigarro queima lentamente no cinzeiro, e eu não tenho força de vontade suficiente pra pegá-lo. O gelo derrete dentro do copo, aguando minha vodca. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são 10 e meia da manhã. Acho que seria interessante, talvez, trocar essas meias. Faz três dias que estou usando essas mesmas meias. Mas é que eu não sei onde coloquei aquelas cor de abóbora, que eu amo tanto.
Isso, trocar de meias e desligar esse maldito computador. Seria um plano bom. Parece-me um plano bom. Ou talvez eu devesse entrar nesse site e descobrir o significado do meu nome, grátis. Deixar pra lá as meias, deixar pra lá o hospital, deixar pra lá tudo, deixar o cigarro queimar, a vodca aguar de vez, deixar que o mundo acabe, e ficar só pensando no significado do meu nome.
Quarta-feira
Ele está bem. Respira por aparelhos. Tem um certo tom triste nos olhos, os olhos cinza. Acho que vou dar uma procurada no que significa o nome dele. Assim que eu acabar essa cerveja. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são três e meia da tarde. Três e meia. Cadê minha meia abóbora? Será que eu dormi tanto assim?
Quinta-feira
“Cheia de juventude”. Esse é o significado do meu lindo nome. O significado do nome dele é “feirante”. Feirante? Tá aí. Quem merece ficar trancada aqui por causa de um feirante? Eu não tive culpa, a arma não era minha, não fui eu quem entrou gritando, eu só estava aqui tomando meu conhaquinho, a décima nona dose, mais ou menos. O azar foi dele. E também não quero mais ficar pensando nisso. Ciúme nunca acaba bem. Tá aí. Respira no aparelhinho agora, feirante. Que eu achei minhas meias abóbora e tô indo dar uma sacudida no esqueleto. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são onze da noite.
Terça-feira
“Descubra o significado do seu nome, grátis”. Grandes merda. Pra que eu vou querer saber o significado do meu nome? Com certeza, nada de bom pode vir daí. Nada que venha de mim ou do meu nome pode ser bom.
O cigarro queima lentamente no cinzeiro, e eu não tenho força de vontade suficiente pra pegá-lo. O gelo derrete dentro do copo, aguando minha vodca. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são 10 e meia da manhã. Acho que seria interessante, talvez, trocar essas meias. Faz três dias que estou usando essas mesmas meias. Mas é que eu não sei onde coloquei aquelas cor de abóbora, que eu amo tanto.
Isso, trocar de meias e desligar esse maldito computador. Seria um plano bom. Parece-me um plano bom. Ou talvez eu devesse entrar nesse site e descobrir o significado do meu nome, grátis. Deixar pra lá as meias, deixar pra lá o hospital, deixar pra lá tudo, deixar o cigarro queimar, a vodca aguar de vez, deixar que o mundo acabe, e ficar só pensando no significado do meu nome.
Quarta-feira
Ele está bem. Respira por aparelhos. Tem um certo tom triste nos olhos, os olhos cinza. Acho que vou dar uma procurada no que significa o nome dele. Assim que eu acabar essa cerveja. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são três e meia da tarde. Três e meia. Cadê minha meia abóbora? Será que eu dormi tanto assim?
Quinta-feira
“Cheia de juventude”. Esse é o significado do meu lindo nome. O significado do nome dele é “feirante”. Feirante? Tá aí. Quem merece ficar trancada aqui por causa de um feirante? Eu não tive culpa, a arma não era minha, não fui eu quem entrou gritando, eu só estava aqui tomando meu conhaquinho, a décima nona dose, mais ou menos. O azar foi dele. E também não quero mais ficar pensando nisso. Ciúme nunca acaba bem. Tá aí. Respira no aparelhinho agora, feirante. Que eu achei minhas meias abóbora e tô indo dar uma sacudida no esqueleto. O relógio cuco que era da minha avó me diz que são onze da noite.
sábado, 7 de agosto de 2010
Acqua Toffana
"O amor não se dissolve, o amor acaba. Como alguém que é atropelado e morre instantaneamente. Acaba assim, o amor. Quem percebe isso ainda tem chance. Quem não percebe vai de graça até o inferno."
"As mulheres existem para que os homens se meçam, li isso em algum lugar. E para que se fodam também, completei. Principalmente para que se fodam. As mulheres existem para que os homens se meçam e para que se fodam. Para que estraçalhem suas vidas, para que joguem tudo no esgoto, para serem roubados, enganados, traídos, apunhalados pelas costas, esfaqueados e enrabados. Para isso existem as mulheres."
"Não estou assustada. Não estou decepcionada. Nem suores. Pesadelos. Tremores. Nada. Nem revoltada. Não estou com medo. Estou com ciúme. Ciúme, delegado, é pior que medo. Pior que assalto, sequestro, estupro e duplo homicício. Ciúme parece úlcera gastroduodenal, muitas vezes pode-se confundir ciúme com úlcera. Hipersecreção ácida. Você pensa que tem úlcera, mas tem ciúme gastroduodenal. A helicobacter pylore se instala na cripta gástrica e provoca feridas na região. O ácido vai corroendo o órgão, os órgãos, e aumentando a lesão. As células constroem uma bomba de ácido que faz estragos incalculáveis quando é detonada. A minha acabou de explodir justo na sua mesa, seu delegado. Eu sou uma fábrica de ácido. É ácido o que estou jogando no senhor."
Frases de Patrícia Melo, no livro Acqua Toffana. Recomendo fortemente a leitura. Mesmo. Deveras.
"As mulheres existem para que os homens se meçam, li isso em algum lugar. E para que se fodam também, completei. Principalmente para que se fodam. As mulheres existem para que os homens se meçam e para que se fodam. Para que estraçalhem suas vidas, para que joguem tudo no esgoto, para serem roubados, enganados, traídos, apunhalados pelas costas, esfaqueados e enrabados. Para isso existem as mulheres."
"Não estou assustada. Não estou decepcionada. Nem suores. Pesadelos. Tremores. Nada. Nem revoltada. Não estou com medo. Estou com ciúme. Ciúme, delegado, é pior que medo. Pior que assalto, sequestro, estupro e duplo homicício. Ciúme parece úlcera gastroduodenal, muitas vezes pode-se confundir ciúme com úlcera. Hipersecreção ácida. Você pensa que tem úlcera, mas tem ciúme gastroduodenal. A helicobacter pylore se instala na cripta gástrica e provoca feridas na região. O ácido vai corroendo o órgão, os órgãos, e aumentando a lesão. As células constroem uma bomba de ácido que faz estragos incalculáveis quando é detonada. A minha acabou de explodir justo na sua mesa, seu delegado. Eu sou uma fábrica de ácido. É ácido o que estou jogando no senhor."
Frases de Patrícia Melo, no livro Acqua Toffana. Recomendo fortemente a leitura. Mesmo. Deveras.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Quer saber o saldo da festa?
Festança mor sábado de noite. Eu sabia que ia ser bafo. Não imaginava tanto.
Saldo: pé direito com entorse, de castigo numa bota branca até terça-feira. Um corte no canto esquerdo do lábio superior. Unha do dedinho esquerdo quebrada na carne, aparecendo o sangue por baixo. Seio esquerdo dolorido. Nariz entupido. Torcicolo do lado direito do pescoço.
Até aí, tava tudo bem. Por causa da tala, tenho que ficar pulando pela casa quando quero mijar, fumar, comer. Meu corpo inteiro dói pelo esforço. Meu cunhado anuncia minha passagem: "lá vem a cantora perneta!". Doem meus braços, que estão sendo usados pra apoiar meu corpo todas as vezes que preciso sentar, levantar, deitar. Doem os flancos. Dói a virilha. Dói a perna esquerda, que está fazendo todo o trabalho sozinha. Dói meu corpo todo.
Pelo menos eu estava com o pé feito. Ficou lindo: bota branca, unhas vermelhas pra fora.
Pra última semana de férias, até que tá legal.
Saldo: pé direito com entorse, de castigo numa bota branca até terça-feira. Um corte no canto esquerdo do lábio superior. Unha do dedinho esquerdo quebrada na carne, aparecendo o sangue por baixo. Seio esquerdo dolorido. Nariz entupido. Torcicolo do lado direito do pescoço.
Até aí, tava tudo bem. Por causa da tala, tenho que ficar pulando pela casa quando quero mijar, fumar, comer. Meu corpo inteiro dói pelo esforço. Meu cunhado anuncia minha passagem: "lá vem a cantora perneta!". Doem meus braços, que estão sendo usados pra apoiar meu corpo todas as vezes que preciso sentar, levantar, deitar. Doem os flancos. Dói a virilha. Dói a perna esquerda, que está fazendo todo o trabalho sozinha. Dói meu corpo todo.
Pelo menos eu estava com o pé feito. Ficou lindo: bota branca, unhas vermelhas pra fora.
Pra última semana de férias, até que tá legal.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Férias mesmo
Pois é, estou de férias, vivendo uma vidinha bem desregrada. Não queria ter tirado férias do blog, mas foi meio que sem querer. Ando dormindo bastante, a viagem foi gostosa (curta e perto, mas gostosa), ando lendo muito, estudando pro curso de extensão, vendo muita TV, e pensando nas coisas que ainda tenho que fazer antes que as férias acabem (duas semanas mais, só). Uma delas é voltar logo pra cá. É que agora não vai dar. Agora, nesse exato minuto, não vai dar.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
No palco
Pois é, até tenho umas coisas pra escrever, mas resolvi fazer uma postagem de fotos. Uma colagem bem bacana de fotos de ensaio e de apresentações dos dois últimos musicais dos quais participei: Godspell (2008) e A Ópera do Malandro (2009). Acho legal a comparação entre as mesmas cenas, no ensaio e na apresentação (no caso da Ópera) e entre diferentes ensaios (no caso de Godspell). As fotos são da Juliana Hilal.
Comigo nas fotos de Godspell, Lori Afonso, Luísa, Guilherme Hinz, Marcelo Horato, Diogo; nas fotos da Ópera, os colegas Lucas Camporezzi e Diogo Vuolo.
Cada um com seu processo, foram montagens bem legais, agora, quando se olha pra trás. Direção de Eduardo de Santhiago, querido e talentosíssimo amigo. Gosto de ver as semelhanças e as diferenças entre as fotos, os momentos diferentes, as reações diferentes.
Comigo nas fotos de Godspell, Lori Afonso, Luísa, Guilherme Hinz, Marcelo Horato, Diogo; nas fotos da Ópera, os colegas Lucas Camporezzi e Diogo Vuolo.
Essa é a foto que eu mais gosto da Ópera. As expressões dizem tudo sobre a cena. Gosto principalmente das sobrancelhas do Lucas na foto.
Segundo o JP, foto de quando pisei no prego. Não era nada disso, mas gosto da ideia.
Cada um com seu processo, foram montagens bem legais, agora, quando se olha pra trás. Direção de Eduardo de Santhiago, querido e talentosíssimo amigo. Gosto de ver as semelhanças e as diferenças entre as fotos, os momentos diferentes, as reações diferentes.
Pronto, taí. Um post de fotos. Em breve, volto pra escrever mais.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Vendo.
Sabe aquele tipo de olhar que desarma a gente? Aquele olhar calmo, mas insistente? Que não desiste, que parece que não é nada e ao mesmo tempo parece que é tudo? Que não desvia, e que faz a gente desviar o olhar porque não aguenta? É que eu sou mesmo tonta, morro de vergonha, morro de medo de que meus olhos me traiam e contem tudo de mim, contem como o meu coração está acelerado, como eu sou boba. Então desvio, mas quando volto, depois de respirar fundo, os olhos ainda estão lá, como antes, calmos, tranquilos, atenciosos, concentrados. Oh, céus. E depois eu fico assim, dias e dias, como se aqueles olhos ainda estivessem nos meus.
Madame Bovary + Noite de Lua = eu estupefata.
Madame Bovary foi o único dos livros da lista do vestibular que eu pulei, quando prestei Unicamp em 1999. Juro. Li todos os outros, menos este. Tanto é que entrei e me formei. Agora, no curso de Jornalismo Literário (extensão), tive a oportunidade de ler de novo. Ou melhor, tive de novo a oportunidade de ler. E, dessa vez, estou lendo. Não posso deixar de colocar aqui três passagens tão bonitas, mas tão bonitas, com as quais rola uma certa identificação. De leve. Aproveitem e leiam ouvindo isso aqui.
1) Da espera.
“Bem no íntimo, contudo, esperava um acontecimento qualquer. Como os marinheiros em perigo, relanceava olhos desesperados pela solidão da sua vida, procurando, ao longe, alguma vela nas brumas do horizonte. Não sabia qual o acaso, o vento que a impeliria para ela, e qual a praia aonde se sentiria levada; seria chalupa ou nau de 3 pontes, carregada de angústias ou cheia de felicidade até as bordas? Todas as manhãs, ao acordar, preparava-se para esperar o dia inteiro e aplicava o ouvido a todos os rumores; levantava-se em sobressalto, admirando-se de que tal acaso não surgisse; depois, ao por do sol, cada vez mais triste, desejava encontrar-se já no dia seguinte.”
2) Da conversa.
“Não teriam nada mais a dizer um ao outro? Os seus olhos, contudo, transbordavam de uma conversação mais séria, e, enquanto se esforçavam por encontrar frases banais, ambos se sentiam invadidos pela mesma languidez, era uma espécie de murmúrio da alma, profundo, contínuo, que se sobrepunha ao da voz. Tomados pela surpresa desta nova suavidade, não pensaram em falar um ao outro da sensação que lhes causava, nem em descobrir-lhe a causa. As felicidades futuras, como as praias tropicais, projetam na imensidade que as precede os seus langores natais, uma brisa perfumada, entorpecendo-nos numa embriaguez que não nos deixa inquietar com o horizonte que não se vê.”
3) Do amor.
“Quanto a Emma, não se interrogava a si mesma para saber se o amava. O amor, segundo acreditava, devia surgir de repente, com grande tumulto e fulgurações - tempestade dos céus que cai sobre a vida e a revolve, arranca as vontades como folhas e arrebata para o abismo o coração inteiro. Não sabia que, nos terraços das casas, a chuva forma lagos quando as goteiras estão entupidas, e assim vivia confiada na sua segurança, quando subitamente descobriu uma fenda na parede.”
Não é bonito demais? Eu achei. A espera, quando se sabe que algo vai acontecer, mas não se sabe quando, nem de onde virá. E sempre vem de onde menos se espera. A conversa, quando o que menos importa são as palavras. E a descoberta de que algo não está exatamente como estava, normal... uma fendinha na parede que mostra que já não estamos tão seguros quanto imaginávamos estar... as poças que se formam silenciosas, por algum tempo. Mas, quando se vê a fenda,´então tudo já está perdido.
Palmas. A veia aqui descobre Flaubert aos 29 anos. Antes tarde do que nunca.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Férias
Tava aqui pensando... férias... uma das melhores coisas que há no mundo. Pensa comigo: você não precisa trabalhar, ganha por isso, e ganha um pouco a mais, na verdade. Daí os pessimistas dirão: "É, mas dura pouco, bom mesmo é não ter que trabalhar". E eu discordo. O bom das férias é que você sabe que tem pra onde voltar, que tem um emprego, e que tem exatos 30 dias pra aproveitar. Se você não precisa trabalhar nunca, não tem pressa de fazer nada. O fato de saber que as férias vão acabar faz com que você as aproveite ao máximo.
Em suma, um brinde ao meu primeiro dia de férias!
Em suma, um brinde ao meu primeiro dia de férias!
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Patadinhas
Da série "eu respondo sem pensar".
CENA 1: eu de meia de poá (bolinhas), na escola.
Professor de matemática:
- Nossa, veio vestida de Minnie?
Eu:
- É, amanhã venho de puta, igual a sua mãe.
CENA 2: eu no ensaio, com um pelerine (xale imenso).
Saxofonista querido:
- Nossa, pegou a toalha de mesa e enrolou no corpo?
Eu:
- É, peguei no puteiro; fui visitar sua mãe, que tava me devendo uns trocos, e peguei lá.
A insustentável leveza do ser Juliana Palermo.
CENA 1: eu de meia de poá (bolinhas), na escola.
Professor de matemática:
- Nossa, veio vestida de Minnie?
Eu:
- É, amanhã venho de puta, igual a sua mãe.
CENA 2: eu no ensaio, com um pelerine (xale imenso).
Saxofonista querido:
- Nossa, pegou a toalha de mesa e enrolou no corpo?
Eu:
- É, peguei no puteiro; fui visitar sua mãe, que tava me devendo uns trocos, e peguei lá.
A insustentável leveza do ser Juliana Palermo.
domingo, 27 de junho de 2010
Despair
Eu sou uma pessoa desesperada num domingo à noite, com milhares de coisas pra fazer, milhares de vídeos de alunos pra corrigir, revisões pra fazer, médias pra fechar, leituras do curso de extensão pra realizar... Vejo o relógio voando, o tempo escorrendo das minhas mãos na mais perfeita imagem de uma ampulheta. E, no meio do desespero, venho até o blog deixar registrado que, apesar da lotação da minha mente, ainda há espaço para uma coisa nova. Uma ideiazinha boba que insiste em se esgueirar pelas frinchas da minha cabeça... e se instala num cantinho, repetindo baixinho sempre a mesma frase. Mostrando a mesma cena. Um par de olhos me olhando fixo, e eu com a cara de boba de sempre.
Céus, que as minhas férias cheguem logo!! Porque acho que estou surtando. Fazia tempo, viu? Tempo que eu não permitia que essas ideias bobas me assaltassem. Mas tem sido mais forte do que eu. E justo agora que eu não tenho tempo nem de pensar em mim. Que dirá em um par de olhos.
Céus, que as minhas férias cheguem logo!! Porque acho que estou surtando. Fazia tempo, viu? Tempo que eu não permitia que essas ideias bobas me assaltassem. Mas tem sido mais forte do que eu. E justo agora que eu não tenho tempo nem de pensar em mim. Que dirá em um par de olhos.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Spanish guitar
Putz... olha o que eu achei...
http://www.youtube.com/watch?v=kFhQM7R4yjM
Confesso que muitos sentimentos diversos me assaltaram ao assistir. Dos mais diversos mesmo. Morri de rir (de verdade!), mas tem uma beleza tão grande nessa história que a Toni não soube explorar... ah, tem.
Não tem?
http://www.youtube.com/watch?v=kFhQM7R4yjM
Confesso que muitos sentimentos diversos me assaltaram ao assistir. Dos mais diversos mesmo. Morri de rir (de verdade!), mas tem uma beleza tão grande nessa história que a Toni não soube explorar... ah, tem.
Não tem?
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Explicações
Pois é, eu sei que dei uma sumidinha, e ainda tenho que ficar aturando aluna dizendo que eu abandonei meu blog. Hehehe, abandonei nada, é que ultimamente tem sido difícil... tô treinando uma pessoa pro meu lugar aqui da agência, e ela fica do meu lado o tempo todo. Ela é muito legal, mas é estranho escrever assim tão do lado de alguém. Em breve, voltarei. Enquanto isso, alguns comentários rápidos.
Ver a França se foder na Copa do Mundo é uma sensação indescritível de alegria genuína.
Ver a Argentina se dando bem me dá um medinho, mas também um orgulhinho besta de sul-americana que sou. Prefiro mil vezes torcer pra Argentina do que pra países europeus.
Meu pai tá impressionado com meu interesse pela Copa. Ele chega em casa e eu estou assistindo a algum programa na SporTV, de comentários sobre os jogos, ou completando minha tabela e fazendo especulações sobre quem vai jogar com quem. Como explicar pra ele que eu gosto de futebol, mas é muito mais interessante na Copa?
Depois venho explicar mais sobre a mudança do trampo. Prometo.
Fim de bimestre (e de semestre) na escola. Eu ficando louca. Coisas normais de junho, todo ano. Férias me acenando do outro lado da rua. “Daqui a pouco eu chego”, eu grito, mas parece que demora uma eternidade.
Coisa mais fofa o desenho que uma aluna do Terceiro Informática fez de mim. A bota, o colar, o cabelo. Amei.
Ver a França se foder na Copa do Mundo é uma sensação indescritível de alegria genuína.
Ver a Argentina se dando bem me dá um medinho, mas também um orgulhinho besta de sul-americana que sou. Prefiro mil vezes torcer pra Argentina do que pra países europeus.
Meu pai tá impressionado com meu interesse pela Copa. Ele chega em casa e eu estou assistindo a algum programa na SporTV, de comentários sobre os jogos, ou completando minha tabela e fazendo especulações sobre quem vai jogar com quem. Como explicar pra ele que eu gosto de futebol, mas é muito mais interessante na Copa?
Depois venho explicar mais sobre a mudança do trampo. Prometo.
Fim de bimestre (e de semestre) na escola. Eu ficando louca. Coisas normais de junho, todo ano. Férias me acenando do outro lado da rua. “Daqui a pouco eu chego”, eu grito, mas parece que demora uma eternidade.
Coisa mais fofa o desenho que uma aluna do Terceiro Informática fez de mim. A bota, o colar, o cabelo. Amei.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Saramago. Ponto final.
Chocada. Não surpresa, mas triste.
Não sabia de nada. Cheguei na agência e tinha dois scraps, um de um ex-aluno querido, e outro de um aluno também querido, falando sobre. Um era “Sinto muito pelo Saramago”. O outro era “Saramago =(“. Não queria acreditar. Uol.com.br. Verdade. Morreu o Mestre.
Nem consigo escrever nada agora. Volto depois. Me sinto meio idiota por chorar por isso. Mas não dá pra evitar.
Pelo menos, a triste notícia me foi dada por almas especiais. Duas almas mais que especiais, alunos exemplares e seres de luz. Que associaram a imagem do Mestre comigo. No meio da tristeza, consigo me sentir um pouco lisonjeada. E tenho vontade de, mais do que nunca, passar adiante o amor por esse Gênio ímpar.
Mas não hoje. Hoje é silêncio e bruma.
Não sabia de nada. Cheguei na agência e tinha dois scraps, um de um ex-aluno querido, e outro de um aluno também querido, falando sobre. Um era “Sinto muito pelo Saramago”. O outro era “Saramago =(“. Não queria acreditar. Uol.com.br. Verdade. Morreu o Mestre.
Nem consigo escrever nada agora. Volto depois. Me sinto meio idiota por chorar por isso. Mas não dá pra evitar.
Pelo menos, a triste notícia me foi dada por almas especiais. Duas almas mais que especiais, alunos exemplares e seres de luz. Que associaram a imagem do Mestre comigo. No meio da tristeza, consigo me sentir um pouco lisonjeada. E tenho vontade de, mais do que nunca, passar adiante o amor por esse Gênio ímpar.
Mas não hoje. Hoje é silêncio e bruma.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Mau-olhado: eu, heim?
Segundo chaveirinho contra mau-olhado que estoura.
O primeiro era de pimentinhas. Fui abrir o portão pra guardar o carro e ele estourou na minha mão: TLAC!!!
Comprei um de olhos gregos, com vários olhinhos pequeninos e um olhão grande. O grande se perdeu há tempos, e eu nem vi. Os pequenos foram caindo, aos poucos. Hoje três se jogaram no chão. De um cacho gigante, sobraram dois.
Eu, heim? Agradeço aos meus pararraios: antes eles do que eu.
O primeiro era de pimentinhas. Fui abrir o portão pra guardar o carro e ele estourou na minha mão: TLAC!!!
Comprei um de olhos gregos, com vários olhinhos pequeninos e um olhão grande. O grande se perdeu há tempos, e eu nem vi. Os pequenos foram caindo, aos poucos. Hoje três se jogaram no chão. De um cacho gigante, sobraram dois.
Eu, heim? Agradeço aos meus pararraios: antes eles do que eu.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Em tempos de Copa - relembrando.
Em tempos de Copa do Mundo, um textinho que desenterrei do meu próprio blog (Narcisa, eu?), de um ano atrás... Gosto dele. Pra quem ainda não leu... tá aqui, ó.
Retrospectiva. Em breve.
Tava aqui relendo uns textos do meu blog (nossa, né, quanto texto tem!), e tomei duas decisões.
1) Vou fazer em breve a retrospectiva para a qual só ensaio. Vou mesmo.
2) Não vou mexer nos textos anteriores à Reforma Ortográfica. Pelo menos por enquanto. Vão ficar do jeito que eu os escrevi. É até histórico. Huahuahua.
Outra coisa me ocorreu: acho que eu escrevia melhor antes. Coisas mais interessantes. Mais trabalhadas, algumas, mais vomitadas, outras, mas ainda assim todas elas mais interessantes do que meus temas banais de hoje. Sei lá. Vejamos na retrospectiva. Em breve.
1) Vou fazer em breve a retrospectiva para a qual só ensaio. Vou mesmo.
2) Não vou mexer nos textos anteriores à Reforma Ortográfica. Pelo menos por enquanto. Vão ficar do jeito que eu os escrevi. É até histórico. Huahuahua.
Outra coisa me ocorreu: acho que eu escrevia melhor antes. Coisas mais interessantes. Mais trabalhadas, algumas, mais vomitadas, outras, mas ainda assim todas elas mais interessantes do que meus temas banais de hoje. Sei lá. Vejamos na retrospectiva. Em breve.
O episódio das mandalas para colorir
Então, eu já contei pra algumas pessoas, mas agora resolvi escrever o episódio das mandalas. Principalmente porque eu estava contando outro dia e a Candice ouviu e disse que eu deveria escrever roteiros pra TV, tipo Os Normais. Adorei, Can, mas não sei se teria tanta coisa pra contar, e também não sei se inventando ficaria tão natural... enfim, bora lá.
Bom, estava eu em umas andanças minhas pela internet, dessas vespertinas, quando não tenho nada pra fazer na agência, quando caí no blog de uma amiga de uma amiga minha, que eu nem conheço (a amiga da amiga, claro, a amiga é a Marina). Daí que a tal menina falava que fulaninho tinha dado pra ela de presente 47 mandalas pra colorir.
Daí minha mente doentia começou. Puxa, que legal, por que é que ninguém nunca me deu mandalas pra colorir? Deve ser legal ter alguém que goste de você a ponto de te dar mandalas pra você colorir... Por que é que ninguém nunca me deu mandalas pra colorir? Ia ser legal se alguém um dia aparecesse com mandalas e dissesse: “Tó, pra você colorir”. Mas nem tenho ninguém que se importe comigo tanto pra me dar mandalas pra colorir. Mas, peraí, como é que alguém podia saber que eu ia gostar de colorir mandalas? Não parece mesmo a minha cara... Mas e daí, eu só queria mesmo era ter um amigo de verdade que me desse mandalas... Mas será que eu gosto de colorir mandalas? E, se nem eu mesma sei se gosto, como posso querer que alguém pense nisso? Bom, foda-se, chega de fazer a coitadinha, se ninguém me dá mandalas pra colorir, eu mesma me dou. Vamos procurar essa merda.
Tudo isso cruzou minha mente em mais ou menos três segundos.
Google, o pai dos desmandalados. Comecei a digitar “mandalas para” e ele logo completou “colorir”. Eu pensei: “Puta merda, se até o Google já sabia o que são mandalas pra colorir, deve ser uma coisa muito da foda, que todo mundo tá fazendo, só eu que tô por fora e não sabia...”. Cliquei em alguns sites e logo descobri uma infinidade de desenhos. Beleza. Separei um que achei mais legal, um que tivesse partes bem pequenas, porque não tenho paciência pra ficar pintando grandes espaços, e imprimi.
De noite, em casa, ressuscitei meus lápis Faber Castell, 48 cores, daqueles que vinham com o dourado e o prateado. Sentei, apontei todos e comecei. Doeu o dedo, porque eu não sou mulher de ficar pintando fraquinho. Ia sair nessa noite, era uma sexta-feira, ia no Bar do Zé, mas quem disse que eu conseguia levantar e ir tomar banho? E largar minha mandala incompleta?? Lutei comigo mesma por alguns minutos e afinal fui. Mas voltei logo. Madrugada, eu de pijama pintando mandala.
Ficou linda. Acordei cedo no sábado e imprimi mais umas cinco. Comecei a pintar uma vendo um jogo de vôlei, mas só usando cores frias. Minha mãe odiou, queria amarelo.
- Como é que eu posso usar amarelo se a proposta dessa mandala é só usar cores frias?
- Hum.
- Só vou usar tons de verde, azul e roxo.
- Hum.
- Não tá ficando bonito? (Necessidade do reforço positivo, maldito Skinner, maldito Pavlov)
- Falta amarelo.
Foda-se o amarelo. Na segunda-feira, passei na papelaria pra me equipar. Comprei uma caixa de lápis aquareláveis, mais uma caixa de lápis metálicos, mais brocal e purpurina, de várias cores. Gastei uns 30 contos. Em casa, de noite, coloquei todos separados por cores em copos diferentes (um pra cores frias, um pra cores quentes, um pra aquareláveis e um pra metálicos), enfileirei os potinhos de brocal e purpurina, coloquei potinho com água e pincel. Acabei a de cores frias e fui espalhar purpurina. Você conhece purpurina? É coisa de maquiagem de drag, mesmo. Gruda que é uma merda. Não grudou só em cima da cola. Fudeu minha mandala de cores frias. Minha mãe cagou de rir.
Meu pai achou bonitas as mandalas e disse que ia escolher uma depois pra levar pro trabalho dele. Me senti com nove anos de novo.
Ninguém podia nem pensar em desmontar meu ateliê, na mesa da sala. “Não, mãe, não arruma, deixa assim, quando eu chegar do trabalho vou pintar mais”. A mesa da sala ficou impraticável. Foda-se, é o meu ateliê.
Pintei mais uma. Comecei outra, deu preguiça. Ficaram lá. Ficaram lá os lápis, os brocais, tudo. As mandalas. Cansei. Deu. Um dia eu volto.
Você não tem ninguém que te dê mandalas pra colorir? Liga não, bobo. Pega aqui, ó.
Bom, estava eu em umas andanças minhas pela internet, dessas vespertinas, quando não tenho nada pra fazer na agência, quando caí no blog de uma amiga de uma amiga minha, que eu nem conheço (a amiga da amiga, claro, a amiga é a Marina). Daí que a tal menina falava que fulaninho tinha dado pra ela de presente 47 mandalas pra colorir.
Daí minha mente doentia começou. Puxa, que legal, por que é que ninguém nunca me deu mandalas pra colorir? Deve ser legal ter alguém que goste de você a ponto de te dar mandalas pra você colorir... Por que é que ninguém nunca me deu mandalas pra colorir? Ia ser legal se alguém um dia aparecesse com mandalas e dissesse: “Tó, pra você colorir”. Mas nem tenho ninguém que se importe comigo tanto pra me dar mandalas pra colorir. Mas, peraí, como é que alguém podia saber que eu ia gostar de colorir mandalas? Não parece mesmo a minha cara... Mas e daí, eu só queria mesmo era ter um amigo de verdade que me desse mandalas... Mas será que eu gosto de colorir mandalas? E, se nem eu mesma sei se gosto, como posso querer que alguém pense nisso? Bom, foda-se, chega de fazer a coitadinha, se ninguém me dá mandalas pra colorir, eu mesma me dou. Vamos procurar essa merda.
Tudo isso cruzou minha mente em mais ou menos três segundos.
Google, o pai dos desmandalados. Comecei a digitar “mandalas para” e ele logo completou “colorir”. Eu pensei: “Puta merda, se até o Google já sabia o que são mandalas pra colorir, deve ser uma coisa muito da foda, que todo mundo tá fazendo, só eu que tô por fora e não sabia...”. Cliquei em alguns sites e logo descobri uma infinidade de desenhos. Beleza. Separei um que achei mais legal, um que tivesse partes bem pequenas, porque não tenho paciência pra ficar pintando grandes espaços, e imprimi.
De noite, em casa, ressuscitei meus lápis Faber Castell, 48 cores, daqueles que vinham com o dourado e o prateado. Sentei, apontei todos e comecei. Doeu o dedo, porque eu não sou mulher de ficar pintando fraquinho. Ia sair nessa noite, era uma sexta-feira, ia no Bar do Zé, mas quem disse que eu conseguia levantar e ir tomar banho? E largar minha mandala incompleta?? Lutei comigo mesma por alguns minutos e afinal fui. Mas voltei logo. Madrugada, eu de pijama pintando mandala.
Ficou linda. Acordei cedo no sábado e imprimi mais umas cinco. Comecei a pintar uma vendo um jogo de vôlei, mas só usando cores frias. Minha mãe odiou, queria amarelo.
- Como é que eu posso usar amarelo se a proposta dessa mandala é só usar cores frias?
- Hum.
- Só vou usar tons de verde, azul e roxo.
- Hum.
- Não tá ficando bonito? (Necessidade do reforço positivo, maldito Skinner, maldito Pavlov)
- Falta amarelo.
Foda-se o amarelo. Na segunda-feira, passei na papelaria pra me equipar. Comprei uma caixa de lápis aquareláveis, mais uma caixa de lápis metálicos, mais brocal e purpurina, de várias cores. Gastei uns 30 contos. Em casa, de noite, coloquei todos separados por cores em copos diferentes (um pra cores frias, um pra cores quentes, um pra aquareláveis e um pra metálicos), enfileirei os potinhos de brocal e purpurina, coloquei potinho com água e pincel. Acabei a de cores frias e fui espalhar purpurina. Você conhece purpurina? É coisa de maquiagem de drag, mesmo. Gruda que é uma merda. Não grudou só em cima da cola. Fudeu minha mandala de cores frias. Minha mãe cagou de rir.
Meu pai achou bonitas as mandalas e disse que ia escolher uma depois pra levar pro trabalho dele. Me senti com nove anos de novo.
Ninguém podia nem pensar em desmontar meu ateliê, na mesa da sala. “Não, mãe, não arruma, deixa assim, quando eu chegar do trabalho vou pintar mais”. A mesa da sala ficou impraticável. Foda-se, é o meu ateliê.
Pintei mais uma. Comecei outra, deu preguiça. Ficaram lá. Ficaram lá os lápis, os brocais, tudo. As mandalas. Cansei. Deu. Um dia eu volto.
Você não tem ninguém que te dê mandalas pra colorir? Liga não, bobo. Pega aqui, ó.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Explicando por que eu vou embora
É que eu não consigo mais fazer social depois de uma determinada hora. É que a minha cama me chama, o meu Saramago grita meu nome, minhas estantes novas cobram a minha presença e a paz da minha casa me espera. Não é nada demais. Nem é um problema. É só paz. Pura e simples paz.
Não que os programas não sejam legais. São, super. A maioria das pessoas composta por gente querida (sempre tem um ou outro que eu dispensaria, mas vá lá, relevo). Lugares legais, programas legais. Mas é que de repente me dá uma vontade de sair correndo. Não, não é isso. Não é de sair correndo, não é de fugir. É só vontade de ir embora. Calma e simplesmente, Não preciso ficar num lugar até o final, com medo de perder alguma coisa. Já vi o que precisava ver, já dei minhas risadas, está tudo bem. Agora tenho outras coisas pra fazer, comigo mesma. Não me importo de ir embora e dormir cedo, porque as pessoas que ficam pro final não acordam 6 da manhã pra trabalhar. E nem estou reclamando. Aprendi que essa sou eu, que eu posso ir embora quando já deu pra mim. Sem que isso seja ruim.
Quer chamar de velha? Pode chamar. Quer chamar de preguiçosa? Eu sou mesmo, ué. Quer chamar de antissocial? Às vezes sou, também. Mas nem é nada disso. Aprendi a aproveitar até quando dá pra mim. E depois ir embora, ainda feliz. Foi delícia. E ir embora não é mais um sofrimento, por mais legal que o programa tenha sido.
Não tenho mais medo de voltar pra casa, não tenho mais medo de ficar comigo mesma e só. Demorou, mas consegui.
Não que os programas não sejam legais. São, super. A maioria das pessoas composta por gente querida (sempre tem um ou outro que eu dispensaria, mas vá lá, relevo). Lugares legais, programas legais. Mas é que de repente me dá uma vontade de sair correndo. Não, não é isso. Não é de sair correndo, não é de fugir. É só vontade de ir embora. Calma e simplesmente, Não preciso ficar num lugar até o final, com medo de perder alguma coisa. Já vi o que precisava ver, já dei minhas risadas, está tudo bem. Agora tenho outras coisas pra fazer, comigo mesma. Não me importo de ir embora e dormir cedo, porque as pessoas que ficam pro final não acordam 6 da manhã pra trabalhar. E nem estou reclamando. Aprendi que essa sou eu, que eu posso ir embora quando já deu pra mim. Sem que isso seja ruim.
Quer chamar de velha? Pode chamar. Quer chamar de preguiçosa? Eu sou mesmo, ué. Quer chamar de antissocial? Às vezes sou, também. Mas nem é nada disso. Aprendi a aproveitar até quando dá pra mim. E depois ir embora, ainda feliz. Foi delícia. E ir embora não é mais um sofrimento, por mais legal que o programa tenha sido.
Não tenho mais medo de voltar pra casa, não tenho mais medo de ficar comigo mesma e só. Demorou, mas consegui.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Aos R e R
Tô cansada, mesmo, desse papinho estético. Vão todos tomar no cu, homens ridículos e reducionistas. Se você for esse tipinho de gente, isso é pra você.
A gostosa e burra aos 18 pode ser a tal. Mas onde é que ela vai estar aos 28? O que ela vai fazer aos 38? Medo, muito medo dela aos 48...
Ah, era pra ser um post gigante, mas nem tô mais a fim de perder tempo com esse papo de homem ignorante e burro, que merece mesmo a burrice como prêmio e como castigo. Engulam as burras com vocês. E fodam-se todos. Aliás, pra exigir gostosura e beleza, tem que poder, né? Ok, forget it.
Se entendeu, entendeu. Se não entendeu, azar o seu.
O signo dos heterônimos
Fernando Pessoa em duas aulas. Praticamente milagre, devido ao aperto do cronograma de fim de segundo bimestre e atrasos constantes. Mas tudo bem. Vale a pena quando, no dia seguinte, uma aluna aparece com um livro de poemas do Pessoa na mão, dizendo que agora é fã dele. Se todos eles fossem atrás do pouco que damos na escola, pra aprender mais, seria tudo tão melhor...
A doida pesquisou as biografias dos heterônimos e descobriu os signos deles. Juro: ela foi atrás dos signos dos heterônimos de Fernando Pessoa!
No fim, se a alma não é pequena, tudo acaba valendo (mesmo) a pena.
A doida pesquisou as biografias dos heterônimos e descobriu os signos deles. Juro: ela foi atrás dos signos dos heterônimos de Fernando Pessoa!
No fim, se a alma não é pequena, tudo acaba valendo (mesmo) a pena.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Conversa com Iansã
Minha mãe:
Livra-me da mediocridade e da pequenez das mulheres casadas que só sabem falar do marido, dos filhos, das receitas e da novela.
Livra-me da futilidade daquelas que só sabem falar de bolsas, sapatos, botas, maquiagem, roupas e tintura de cabelo.
Livra-me do desespero das solteiras à procura do homem bonito e rico.
Livra-me do ridículo de se ter 40 anos e vestir-se como uma menina de 20.
Livra-me do vexame, da bebedeira, do vômito, da degradação.
Livra-me da falta de senso, da falta de bom gosto, da falta de recheio.
Livra-me do mesmo, do amanhã igual ao ontem, do ano que vem igual ao ano passado.
Livra-me da falta de criatividade, da falta de esperança, da falta de fé no que realmente importa.
Livra-me das conversas vazias, dos filmes vazios, das músicas vazias, das pessoas vazias; livra-me do vazio.
Se bem que, sendo tua filha, não devo correr muito esses riscos... Mesmo assim, não custa pedir.
Livra-me da mediocridade e da pequenez das mulheres casadas que só sabem falar do marido, dos filhos, das receitas e da novela.
Livra-me da futilidade daquelas que só sabem falar de bolsas, sapatos, botas, maquiagem, roupas e tintura de cabelo.
Livra-me do desespero das solteiras à procura do homem bonito e rico.
Livra-me do ridículo de se ter 40 anos e vestir-se como uma menina de 20.
Livra-me do vexame, da bebedeira, do vômito, da degradação.
Livra-me da falta de senso, da falta de bom gosto, da falta de recheio.
Livra-me do mesmo, do amanhã igual ao ontem, do ano que vem igual ao ano passado.
Livra-me da falta de criatividade, da falta de esperança, da falta de fé no que realmente importa.
Livra-me das conversas vazias, dos filmes vazios, das músicas vazias, das pessoas vazias; livra-me do vazio.
Se bem que, sendo tua filha, não devo correr muito esses riscos... Mesmo assim, não custa pedir.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Ilha dos Amores
Aconteceu em uma de minhas aulas no 1º Informática A, sobre "Os Lusíadas".
Eu - Daí os portugueses chegaram em Calicute, mas arrumaram treta com os mouros. Então eles estavam indo embora, mas Afrodite disse pra eles que, como eles eram homens muito corajosos, valorosos e valentes, eles poderiam dar uma passadinha na Ilha dos Amores, onde havia muitas ninfas lindas, e que eles poderiam fazer o que quisessem, com quantas ninfas quisessem, do jeito que quisessem e quantas vezes quisessem.
Aluno - Tipo um puteiro, p`sora?
Eu - Isso, Danilo, tipo um puteiro... só que sem pagar, e as ninfas eram muito lindas e gostosas.
Aluno - Aí sim, heim, p`sora?
Ah, a juventude...
Eu - Daí os portugueses chegaram em Calicute, mas arrumaram treta com os mouros. Então eles estavam indo embora, mas Afrodite disse pra eles que, como eles eram homens muito corajosos, valorosos e valentes, eles poderiam dar uma passadinha na Ilha dos Amores, onde havia muitas ninfas lindas, e que eles poderiam fazer o que quisessem, com quantas ninfas quisessem, do jeito que quisessem e quantas vezes quisessem.
Aluno - Tipo um puteiro, p`sora?
Eu - Isso, Danilo, tipo um puteiro... só que sem pagar, e as ninfas eram muito lindas e gostosas.
Aluno - Aí sim, heim, p`sora?
Ah, a juventude...
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Pedido
Então, eu sei que o blog tá meio abandonadinho, mas nem é por falta de vontade... Também não estou escrevendo isso pra ninguém, pois não tenho leitores assíduos cobrando posts, hehehe, estou escrevendo como que um recado pra mim mesma... Mas é que a vida anda corrida por bosta, essa semana tá bem foda. E, confesso, tem um pouco de falta de vontade, de falta de assunto, de preguicinha.
Estou fazendo o workshop da Inmaculada Ortega lá no Tablao, está sendo animal. Tô aqui pensando no curso que eu vou fazer, e que eu quero que comece logo. Tô pensando nas férias escolares, que estão a menos de um mês e meio. Pensando nas coisas das quais estou cansada. Pensando no friozinho bom que eu amo. Pensando nas coisas que tenho pra fazer, e naquelas que eu gostaria de fazer. Pensando no final de Lost, nas possibilidades da vida, no meu cabelo, na minha conta bancária, no meu sobrinho e na minha família, nos meus amigos, na bagunça do meu quarto... enfim, aqui dentro da cachola tá rolando bastante coisa. Mas aqui no blog, tá foda...
Preciso ter coisas boas na minha vida pra vir escrever aqui com gosto. Quer dizer, coisas boas eu tenho. Preciso de coisas diferentes. Por favor, Papai do Céu. Por favor, Mamãezinha, manda umas tempestades daquelas boas pra mim...
Estou fazendo o workshop da Inmaculada Ortega lá no Tablao, está sendo animal. Tô aqui pensando no curso que eu vou fazer, e que eu quero que comece logo. Tô pensando nas férias escolares, que estão a menos de um mês e meio. Pensando nas coisas das quais estou cansada. Pensando no friozinho bom que eu amo. Pensando nas coisas que tenho pra fazer, e naquelas que eu gostaria de fazer. Pensando no final de Lost, nas possibilidades da vida, no meu cabelo, na minha conta bancária, no meu sobrinho e na minha família, nos meus amigos, na bagunça do meu quarto... enfim, aqui dentro da cachola tá rolando bastante coisa. Mas aqui no blog, tá foda...
Preciso ter coisas boas na minha vida pra vir escrever aqui com gosto. Quer dizer, coisas boas eu tenho. Preciso de coisas diferentes. Por favor, Papai do Céu. Por favor, Mamãezinha, manda umas tempestades daquelas boas pra mim...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Back to the classroom
Ê, eu vou voltar a estudar! Por enquanto é só um curso de extensão, mas a simples ideia de ter o que ler, estudar e produzir de novo me anima deveras!
Projetos também de voltar para o Espanhol ou para o Italiano... em breve, se Deus e a Deusa quiserem.
E projetos de mais projetos ainda. Ah, Tempo... Seja meu amigo, seja...
Ai, que gostoso! A nerd dentro de mim vira cambalhotas.
*Recadinho nada-a-ver-com-o-assunto-mas-eu-preciso-falar-mesmo-assim:
Pra você:
Não caio mais na sua, broto. Foda-se você. Hahuahua.
Projetos também de voltar para o Espanhol ou para o Italiano... em breve, se Deus e a Deusa quiserem.
E projetos de mais projetos ainda. Ah, Tempo... Seja meu amigo, seja...
Ai, que gostoso! A nerd dentro de mim vira cambalhotas.
*Recadinho nada-a-ver-com-o-assunto-mas-eu-preciso-falar-mesmo-assim:
Pra você:
Não caio mais na sua, broto. Foda-se você. Hahuahua.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Fechando outro ciclo
Tem um ciclo fechando, um ciclo pra fechar. Era claro pra todos que ia fechar um dia, porque tudo fecha um dia, mas era claro que ia ser logo.
Triste, claro, porque tem sido (ainda não acabou) um ciclo bom, que trouxe muitas coisas boas; mas não vai dar mais por muito tempo. Unfortunaletty. Mas pro bem de todos.
Porque, para todo ciclo que se fecha, há sempre pelo menos um que se abre.
Triste, claro, porque tem sido (ainda não acabou) um ciclo bom, que trouxe muitas coisas boas; mas não vai dar mais por muito tempo. Unfortunaletty. Mas pro bem de todos.
Porque, para todo ciclo que se fecha, há sempre pelo menos um que se abre.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Sono
Essa noite eu dormi e sonhei que estava com sono.
Juro, foi isso mesmo. Sonhei que precisava muito dormir, e que não ia dar tempo.
Acho que estou precisando de férias.
Juro, foi isso mesmo. Sonhei que precisava muito dormir, e que não ia dar tempo.
Acho que estou precisando de férias.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
29
Vinte e Nove - Legião Urbana
Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais
Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver
Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão
E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez
Lindo.
Hoje eu faço 29 anos. Aquele medinho, a proximidade dos 30, o famigerado Retorno de Saturno. O fim do inferno astral, e a lembrança amiga de que eu não preciso criar outro. Não preciso mesmo.
Engraçado que ontem, voltando pra casa depois do show (porque cantei ontem e alguns amigos queridos estavam lá), lembrei desse som do Legião, e entendi a música. Entendi mais do que nunca, todas as metáforas. Os 29 meses num navio e os 29 dias na prisão. No carro, comecei a pensar na saudade que eu sinto de tudo o que eu já fui, saudade daquela menina apaixonada que acreditava no amor, saudade da criança que dançava e cantava em qualquer lugar sem se preocupar com os outros, saudade da nerd, saudade da menina magra, saudade da ingenuidade, da esperança, do brilho nos olhos, da gargalhada de verdade. Eu sei que parece que tô fazendo 99, mas é meio como me sinto. Pensei também que sinto saudades do Lucas e do Dani, porque ouvir Legião e não lembrar deles é impossível. E hoje o Lucas, que agora mora em Brasília, vai estar aqui e vamos nos ver e matar a saudade e falar horas sobre Lost.
Presentes inesperados da vida.
Aliás, não ganhei nenhum presente hoje. Nada. Foi um dia como outro qualquer. Acho que os aniversários vão ficando comuns. Não senti nada especial. Em casa, antes de dormir, eu lia. Como li na virada do ano. Essas datas, antes mágicas, estão ficando banais.
Enfim, que venha o Retorno de Saturno. Aguenta esse blog agora. Se eu ficar melancólica demais, por favor me avisem, me arranquem de casa, overdose me com filmes bons e champagne, me levem pra Itália, que passa.
Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais
Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver
Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão
E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez
Lindo.
Hoje eu faço 29 anos. Aquele medinho, a proximidade dos 30, o famigerado Retorno de Saturno. O fim do inferno astral, e a lembrança amiga de que eu não preciso criar outro. Não preciso mesmo.
Engraçado que ontem, voltando pra casa depois do show (porque cantei ontem e alguns amigos queridos estavam lá), lembrei desse som do Legião, e entendi a música. Entendi mais do que nunca, todas as metáforas. Os 29 meses num navio e os 29 dias na prisão. No carro, comecei a pensar na saudade que eu sinto de tudo o que eu já fui, saudade daquela menina apaixonada que acreditava no amor, saudade da criança que dançava e cantava em qualquer lugar sem se preocupar com os outros, saudade da nerd, saudade da menina magra, saudade da ingenuidade, da esperança, do brilho nos olhos, da gargalhada de verdade. Eu sei que parece que tô fazendo 99, mas é meio como me sinto. Pensei também que sinto saudades do Lucas e do Dani, porque ouvir Legião e não lembrar deles é impossível. E hoje o Lucas, que agora mora em Brasília, vai estar aqui e vamos nos ver e matar a saudade e falar horas sobre Lost.
Presentes inesperados da vida.
Aliás, não ganhei nenhum presente hoje. Nada. Foi um dia como outro qualquer. Acho que os aniversários vão ficando comuns. Não senti nada especial. Em casa, antes de dormir, eu lia. Como li na virada do ano. Essas datas, antes mágicas, estão ficando banais.
Enfim, que venha o Retorno de Saturno. Aguenta esse blog agora. Se eu ficar melancólica demais, por favor me avisem, me arranquem de casa, overdose me com filmes bons e champagne, me levem pra Itália, que passa.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Bridget again
Em dias normais, quando eu dou “só” 5 aulas de manhã, eu chego em casa na hora do almoço e está sempre terminando um filme no Universal Channel. Hoje era Bridget Jones...
Fala pra mim se tem algum filme mais esperançoso pra uma gordinha solteira à beira dos 30? Não tem.
Aliás, é identificação demais. Socorro. Gordinha, solteira, trinta (ou quase), sentindo a pressão do mundo pra casar e ter filhos, ou pelo menos arrumar um namorado, sentindo a pressão de estar fora dos padrões da moda e do corpinho perfeito. Quem nunca passou por situações Bridget Jones que me perdoe, mas não consegue entender o filme. Você só entende se for gordinha e se incomodar com isso. Se estiver solteira e aguentar as perguntas do mundo sobre o seu namorado, se existe, por que não e quando você vai arrumar um. Se você já teve um Hugh Grant na vida, desses que arrepiam todos os pelos do corpo, se ele foi seu um dia, e se ele gostou de você mesmo você sendo gordinha e estranha e maluca. E se esse Hugh Grant foi um cretino, um traidor de marca maior, e só trouxe complexos pra sua vida.
A gente assiste e tem esperança de que exista um Mark Darcy escondido em alguma esquina, esperando pra ler nosso diário secreto.
Droga, eu não moro em Londres nem tenho um diário secreto. Eu tenho um blog. Serve?
Fala pra mim se tem algum filme mais esperançoso pra uma gordinha solteira à beira dos 30? Não tem.
Aliás, é identificação demais. Socorro. Gordinha, solteira, trinta (ou quase), sentindo a pressão do mundo pra casar e ter filhos, ou pelo menos arrumar um namorado, sentindo a pressão de estar fora dos padrões da moda e do corpinho perfeito. Quem nunca passou por situações Bridget Jones que me perdoe, mas não consegue entender o filme. Você só entende se for gordinha e se incomodar com isso. Se estiver solteira e aguentar as perguntas do mundo sobre o seu namorado, se existe, por que não e quando você vai arrumar um. Se você já teve um Hugh Grant na vida, desses que arrepiam todos os pelos do corpo, se ele foi seu um dia, e se ele gostou de você mesmo você sendo gordinha e estranha e maluca. E se esse Hugh Grant foi um cretino, um traidor de marca maior, e só trouxe complexos pra sua vida.
A gente assiste e tem esperança de que exista um Mark Darcy escondido em alguma esquina, esperando pra ler nosso diário secreto.
Droga, eu não moro em Londres nem tenho um diário secreto. Eu tenho um blog. Serve?
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Meu cu
Eu definitivamente não tô com saco pra algumas coisas. Na verdade, pra determinados tipinhos de gente. Pra gente hipócrita, por exemplo. Pra gente que adora fazer tempestade em copo d`água (tudo bem que eu também adoro, e é aí que mora o perigo, porque neguinho faz tempestade e eu, como boa filha de Iansã, respondo com uma tempestade maior, e o negócio não termina nunca). Pra gente fútil que só sabe conversar papinho de salão de beleza. Pra gente que se acha e só sabe olhar pro umbigo e repetir a mesma coisa sobre a sua vida pessoal, que não me interessa em nada, trilhões de vezes por dia, até alguém fazer um comentário “Nossa, que legal!”. Pra gente burra. Pra gente inútil. Pra gente que procura pelo em ovo quando tá estressadinho, como se eu não soubesse como é que a banda toca. De boa? Pau no cu do sabiá.
Pra esse tipinho de negada: meu cu.
Pra esse tipinho de negada: meu cu.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Irreversível, o filme (finalmente!!)
Fazia o maior tempo que eu queria ver esse filme: Irreversível. E queria ver por aquele mesmo motivo que criança e adolescente faz coisa errada: porque falaram que não podia.
Eu tive um namorado que falou desse filme uma vez. Disse que tinha ouvido falar horrores dele, que tinha a mais longa cena de estupro do cinema, que era super pesado. Pronto, bastou pra eu querer ver. Toda vez que a gente ia na locadora (e a gente ia muito, tipo umas duas vezes por semana) eu falava: “Vamos ver o tal Irreversível?”. Ele nunca queria ver. Dizia que tinha ouvido dizer que era muito pesado. E nunca estava a fim de ver. Sei lá se era isso mesmo, ou se ele já tinha visto, talvez com outro alguém (“outro alguém” é muito letra de bolero...), vai saber, o cara mentiu tanto pra mim que essa mentirinha seria um nada. Mas podia ser que ele estivesse falando a verdade. Enfim, foda-se. Nunca tive coragem de ver sozinha, nem depois que o namoro terminou.
Tempos atrás, falando com uma amiga sobre o filme, ela disse que era foda mesmo, e que a tal cena de estupro nem era o pior. Que ela tinha visto o dito cujo no cinema, e que as pessoas iam saindo do cinema ao longo do filme, a ponto de acabar a projeção com ela e mais um cara na sala, só. Pronto, bastou pra reacender a vontadinha e a curiosidade mórbida de ver essa merda desse filme. Droga!
Tinha copiado o filme e tava em casa há tempos, mas cadê coragem pra ver sozinha?
Sábado, eu e Thathona resolvemos fazer um programinha de meninas solteiras e pobres: ver filme comendo pizza na camona King size dela. Eu levei uns 5 DVDs pra gente escolher, e entre eles estava o temido. Resumi a história pra ela e disse que por mim tudo bem se ela não quisesse estragar o sábado à noite dela vendo o tal filme (que a Isa disse que saiu do cinema enjoada depois de ver). Thathona olhou os DVDs, estudou as caixas, pensou, ponderou e me soltou essa:
- Ah, vamos ser machas. Vâmo vê essa pôrra!
Adoro a Thatha...
O filme é bom, sim. Muito bom. Quem for macho pra assistir não vai se decepcionar. Um jeito bem interessante de contar uma história trash. Câmera muito louca. Cenas impressionantes, e, realmente, o estupro não é o pior (achei a cena de estupro de “Monster - Desejo Assassino” bem pior...). A gente fica, sim, pesadinho depois de ver. Mas depois passa.
Sejam machos. Sejam machas. Irreversível: eu recomendo.
Eu tive um namorado que falou desse filme uma vez. Disse que tinha ouvido falar horrores dele, que tinha a mais longa cena de estupro do cinema, que era super pesado. Pronto, bastou pra eu querer ver. Toda vez que a gente ia na locadora (e a gente ia muito, tipo umas duas vezes por semana) eu falava: “Vamos ver o tal Irreversível?”. Ele nunca queria ver. Dizia que tinha ouvido dizer que era muito pesado. E nunca estava a fim de ver. Sei lá se era isso mesmo, ou se ele já tinha visto, talvez com outro alguém (“outro alguém” é muito letra de bolero...), vai saber, o cara mentiu tanto pra mim que essa mentirinha seria um nada. Mas podia ser que ele estivesse falando a verdade. Enfim, foda-se. Nunca tive coragem de ver sozinha, nem depois que o namoro terminou.
Tempos atrás, falando com uma amiga sobre o filme, ela disse que era foda mesmo, e que a tal cena de estupro nem era o pior. Que ela tinha visto o dito cujo no cinema, e que as pessoas iam saindo do cinema ao longo do filme, a ponto de acabar a projeção com ela e mais um cara na sala, só. Pronto, bastou pra reacender a vontadinha e a curiosidade mórbida de ver essa merda desse filme. Droga!
Tinha copiado o filme e tava em casa há tempos, mas cadê coragem pra ver sozinha?
Sábado, eu e Thathona resolvemos fazer um programinha de meninas solteiras e pobres: ver filme comendo pizza na camona King size dela. Eu levei uns 5 DVDs pra gente escolher, e entre eles estava o temido. Resumi a história pra ela e disse que por mim tudo bem se ela não quisesse estragar o sábado à noite dela vendo o tal filme (que a Isa disse que saiu do cinema enjoada depois de ver). Thathona olhou os DVDs, estudou as caixas, pensou, ponderou e me soltou essa:
- Ah, vamos ser machas. Vâmo vê essa pôrra!
Adoro a Thatha...
O filme é bom, sim. Muito bom. Quem for macho pra assistir não vai se decepcionar. Um jeito bem interessante de contar uma história trash. Câmera muito louca. Cenas impressionantes, e, realmente, o estupro não é o pior (achei a cena de estupro de “Monster - Desejo Assassino” bem pior...). A gente fica, sim, pesadinho depois de ver. Mas depois passa.
Sejam machos. Sejam machas. Irreversível: eu recomendo.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Ainda.
Putz, preguiça de morte. Preguiça até de escrever. Preguiça de fazer as coisas que eu tenho que fazer, daí fico aqui olhando pra essa tela e pensando no que eu vou fazer. Não faço nada, depois me culpo. Já disse que a preguiça é o meu pecado capital? Acho que nem precisava dizer, né?
A festa no flamenco foi uma delícia, mas acabou comigo. Sábado e domingo praticamente o dia todo enfiada no Tablao. Mas foi bom sacudir e exorcizar os demônios na frente do público. Acho que uma grande parte de mim saiu junto, porque agora tô que é só o pó. Ainda.
Fico aqui pensando em questões profundérrimas, como a idade pra se ter um filho, o que fazer no meu aniversário e quando vou finalmente lavar meu carro. Me perco em sites inúteis e evito as tarefas que deveria fazer pra ficar livre logo. Não faço. Não fico. Vou me prendendo, achando que tenho tempo. Talvez eu não tenha.
Desisti da ideia de postar aqui comentários sobre livros e filmes. Muitos já passaram diante dos meus olhos e não registrei aqui. Agora ando lendo um romance de um escritor espanhol que herdei do Alberto, pai do Du. Tem me interessado. “A sombra do vento”. Bonitinho. Coloco a cara de um aluno no protagonista, talvez pelo nome, talvez pela idade, porque fala de um menino de 16 anos que está crescendo. Bonitinho.
Não tenho mais paciência pra determinadas coisas, mas descubro assombrada que me revisto de paciência pra lidar com aquele aluno especialmente chato, sendo até educada. E fico feliz comigo mesma por isso, um calorzinho no peito de orgulho de mim mesma, por estar sendo uma boa pessoa e fazendo o bem. Céus, quem sou eu?
Ainda com medo dos médicos.
Ainda fugindo das tarefas. Ainda presa a elas.
Ainda sem saber se vou querer ser mãe um dia.
Ainda gorda.
Ainda sozinha.
Ainda rindo sozinha e me achando estranha depois.
Ainda com olheiras maiores ainda.
Mais estranha do que nunca. Mais apática do que nunca. Céus, quem sou eu, mesmo?
A festa no flamenco foi uma delícia, mas acabou comigo. Sábado e domingo praticamente o dia todo enfiada no Tablao. Mas foi bom sacudir e exorcizar os demônios na frente do público. Acho que uma grande parte de mim saiu junto, porque agora tô que é só o pó. Ainda.
Fico aqui pensando em questões profundérrimas, como a idade pra se ter um filho, o que fazer no meu aniversário e quando vou finalmente lavar meu carro. Me perco em sites inúteis e evito as tarefas que deveria fazer pra ficar livre logo. Não faço. Não fico. Vou me prendendo, achando que tenho tempo. Talvez eu não tenha.
Desisti da ideia de postar aqui comentários sobre livros e filmes. Muitos já passaram diante dos meus olhos e não registrei aqui. Agora ando lendo um romance de um escritor espanhol que herdei do Alberto, pai do Du. Tem me interessado. “A sombra do vento”. Bonitinho. Coloco a cara de um aluno no protagonista, talvez pelo nome, talvez pela idade, porque fala de um menino de 16 anos que está crescendo. Bonitinho.
Não tenho mais paciência pra determinadas coisas, mas descubro assombrada que me revisto de paciência pra lidar com aquele aluno especialmente chato, sendo até educada. E fico feliz comigo mesma por isso, um calorzinho no peito de orgulho de mim mesma, por estar sendo uma boa pessoa e fazendo o bem. Céus, quem sou eu?
Ainda com medo dos médicos.
Ainda fugindo das tarefas. Ainda presa a elas.
Ainda sem saber se vou querer ser mãe um dia.
Ainda gorda.
Ainda sozinha.
Ainda rindo sozinha e me achando estranha depois.
Ainda com olheiras maiores ainda.
Mais estranha do que nunca. Mais apática do que nunca. Céus, quem sou eu, mesmo?
segunda-feira, 12 de abril de 2010
O Nada.
Eu fico pensando que queria ter uma coisa legal pra escrever aqui. Algo que me desse vontade, que me empurrasse pra frente, que me fizesse rir de boba, sem motivo. Uma notícia boa da peste, dessas que deixam a gente mole e idiota. Mas eu não tenho, minha gente. Não tem novidade nenhuma, não tem coisa nenhuma, não tem motivo nenhum. Não tem nada, é isso. Nada. Manja “A História sem Fim”? Sabe o Nada? Pois é, ele chegou na minha vida e aqui se instalou. O Nada. E nem tem Atreyu e nem Bastian e nem Falcon pra salvar a Imperatriz Menina aqui de ser devorada. Pelo Nada.
Triste, né?
Pela primeira vez tenho um inferno astral de Nada. Talvez seja melhor do que um de coisas ruins... Mas, dependendo da gravidade da coisa, coisas ruins te impelem a fazer algo, te dão a famosa raiva criativa, te movem, te mexem. Já o Nada, nada.
Dá vontade de se trancar em casa, porque a gente já cansou de perambular por esse mundo e ser sempre tudo igual. Mas daí a gente pensa: “se eu ficar aqui, aí é que não vai acontecer nada, mesmo...”. Mas daí a gente lembra de tantas e tantas vezes que a gente saiu de casa e nem valia a pena ter saído. Tudo igual, igual, igual, igual. Então a gente fica em casa. O fim de semana todo. Trancada. De pijama. Vendo uma série nova. Pelo menos isso, algo novo, ainda que irreal. Pelo menos a gente fica feliz na segunda-feira porque não gastou nem um centavo sequer. Porque não perdeu tempo com as mesmas coisas iguais iguais iguais iguais de sempre. Menos frustração pra bagagem. Menos peso.
Será que vai ser assim até meu aniversário? Será que vai continuar assim depois do meu aniversário? Será que vai ser assim pra sempre? Essa vidinha besta? Esse Nada, esse Ninguém, essa vontade nenhuma?
Tá precisando acontecer Alguma Coisa. Qualquer Coisa de bom, pelo menos, pelo amor. Porque a Imperatriz Menina tá aqui quieta vendo o Nada tomar conta, destruir tudo. Será que Ele deixa pelo menos um grão de areia pra reconstruir Fantasia?
Triste, né?
Pela primeira vez tenho um inferno astral de Nada. Talvez seja melhor do que um de coisas ruins... Mas, dependendo da gravidade da coisa, coisas ruins te impelem a fazer algo, te dão a famosa raiva criativa, te movem, te mexem. Já o Nada, nada.
Dá vontade de se trancar em casa, porque a gente já cansou de perambular por esse mundo e ser sempre tudo igual. Mas daí a gente pensa: “se eu ficar aqui, aí é que não vai acontecer nada, mesmo...”. Mas daí a gente lembra de tantas e tantas vezes que a gente saiu de casa e nem valia a pena ter saído. Tudo igual, igual, igual, igual. Então a gente fica em casa. O fim de semana todo. Trancada. De pijama. Vendo uma série nova. Pelo menos isso, algo novo, ainda que irreal. Pelo menos a gente fica feliz na segunda-feira porque não gastou nem um centavo sequer. Porque não perdeu tempo com as mesmas coisas iguais iguais iguais iguais de sempre. Menos frustração pra bagagem. Menos peso.
Será que vai ser assim até meu aniversário? Será que vai continuar assim depois do meu aniversário? Será que vai ser assim pra sempre? Essa vidinha besta? Esse Nada, esse Ninguém, essa vontade nenhuma?
Tá precisando acontecer Alguma Coisa. Qualquer Coisa de bom, pelo menos, pelo amor. Porque a Imperatriz Menina tá aqui quieta vendo o Nada tomar conta, destruir tudo. Será que Ele deixa pelo menos um grão de areia pra reconstruir Fantasia?
terça-feira, 6 de abril de 2010
Cinco coisas que eu precisava falar
1) Para ele:
Veja bem, meu bem. Não é que eu não possa, ou não deva. Na real, eu não posso nem devo, mesmo. Mas até poderia. Poderia... Mas não sei se quero de fato, entende? A real é essa: eu até poderia, mas não sei se quero. Ai, que difícil.
2) Para ela (e para que eles entendam, se quiserem):
Passei da idade de fazer coisas que eu não gosto e estar com pessoas que eu não quero, pra fazer programas que não me agradam. Oh, céus, só eu sei como é difícil, quebrar a mediocridade. Mesmo que isso signifique a solidão. É que o mundo em que eu vivo ainda não me permite chegar pra um ser humano e dizer o que eu queria.
“Olha só, eu não gosto de você, porque tenho muitos motivos pra não gostar, e nenhum pra gostar. Então, como inevitavelmente a gente vai se encontrar por aí às vezes, você pode fazer o favor de não falar comigo? Não precisa puxar papo: eu não gosto de você e não vou gostar. Não precisa fingir: se eu puder não olhar pra sua cara, não vai me fazer falta. Nem se trata de maltratar: não vou tratar você mal; nem bem. Simplesmente não quero tratar. Não quero ser obrigada a olhar pra sua cara falsa, a ouvir suas conversas calculadas e que não acrescentam nada à minha vida, não quero ter que sorrir pra você, porque nem te olhar eu queria. Então, vamos combinar assim: por favor, me ignore, porque eu não gosto de você.”
Infelizmente, o mundo não permite que seja assim, porque a louca seria eu, a ruim seria eu, sempre. Então, eu simplesmente recuso convites. Até porque, como eu disse, tô bem crescidinha pra fazer coisas que eu não gosto. Pra isso, já basta o trabalho, mas aí pelo menos eu sou paga.
3) Tô mesmo precisada de um amigo homem, do sexo masculino, pra ver filmes comigo. Juro que é só isso, nada mais. Assim, um amigo que deixe eu deitar no colo dele de vez em quando. Juro que não passa disso, juro! Eu não quero um namorado, nem um caso, nem um amigo colorido: quero só um amigo de filmes e que funcione como almofada humana em forma de peito de homem. Por que não tem isso pra vender?? Grrr...
4) O frio finalmente chegou. Êba. Mas deixa eu falar baixo, antes que me ouçam e mandem aquele sol infernal de novo. Shhh...
5) Amanhã começa meu inferno astral. Segura!
Veja bem, meu bem. Não é que eu não possa, ou não deva. Na real, eu não posso nem devo, mesmo. Mas até poderia. Poderia... Mas não sei se quero de fato, entende? A real é essa: eu até poderia, mas não sei se quero. Ai, que difícil.
2) Para ela (e para que eles entendam, se quiserem):
Passei da idade de fazer coisas que eu não gosto e estar com pessoas que eu não quero, pra fazer programas que não me agradam. Oh, céus, só eu sei como é difícil, quebrar a mediocridade. Mesmo que isso signifique a solidão. É que o mundo em que eu vivo ainda não me permite chegar pra um ser humano e dizer o que eu queria.
“Olha só, eu não gosto de você, porque tenho muitos motivos pra não gostar, e nenhum pra gostar. Então, como inevitavelmente a gente vai se encontrar por aí às vezes, você pode fazer o favor de não falar comigo? Não precisa puxar papo: eu não gosto de você e não vou gostar. Não precisa fingir: se eu puder não olhar pra sua cara, não vai me fazer falta. Nem se trata de maltratar: não vou tratar você mal; nem bem. Simplesmente não quero tratar. Não quero ser obrigada a olhar pra sua cara falsa, a ouvir suas conversas calculadas e que não acrescentam nada à minha vida, não quero ter que sorrir pra você, porque nem te olhar eu queria. Então, vamos combinar assim: por favor, me ignore, porque eu não gosto de você.”
Infelizmente, o mundo não permite que seja assim, porque a louca seria eu, a ruim seria eu, sempre. Então, eu simplesmente recuso convites. Até porque, como eu disse, tô bem crescidinha pra fazer coisas que eu não gosto. Pra isso, já basta o trabalho, mas aí pelo menos eu sou paga.
3) Tô mesmo precisada de um amigo homem, do sexo masculino, pra ver filmes comigo. Juro que é só isso, nada mais. Assim, um amigo que deixe eu deitar no colo dele de vez em quando. Juro que não passa disso, juro! Eu não quero um namorado, nem um caso, nem um amigo colorido: quero só um amigo de filmes e que funcione como almofada humana em forma de peito de homem. Por que não tem isso pra vender?? Grrr...
4) O frio finalmente chegou. Êba. Mas deixa eu falar baixo, antes que me ouçam e mandem aquele sol infernal de novo. Shhh...
5) Amanhã começa meu inferno astral. Segura!
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Estranhinha
Pois é, semaninha estranha. Sem grandes acontecimentos. Mentira, vai. Teve uma notícia boa na agência, que vai facilitar muito meu trabalho. Mas, de resto, semaninha estranha.
Páscoa chegando, deve ser isso. Não sou mais católica, mas tenho muitas lembranças dessa época do ano, de quando eu frequentava a igreja, dos seis anos em que fui Verônica na procissão da sexta santa. Sempre foi uma fase estranhinha, uma semana meio mística e quieta. Deve ser isso.
Tô lotada de trabalho da escola pra esse feriado, e sem grana mesmo pra viajar. Preciso dar um “adianto” nos diários de classe, nas correções (milhaaaares de folhas de papel). Mas nem acho ruim. Quer dizer, é ruim, mas nem tanto assim. O que eu ia fazer, se não fosse trabalhar? Grana tá faltando... viajar não dá. Ficar saindo, também consome uma grana do cacete e, o mais importante: sair com quem? Fazer grandes planos com quem? Ando bem sozinha ultimamente, e essa frase tem dois sentidos. Bem de bastante, bastante sozinha. E bem de bem, de estar bem, apesar de e por estar sozinha. Não tenho ligado muito, só constato o fato.
Claro que vai rolar umas brejas com amigos, esporadicamente. Churrasco em casa no domingão, com o sobrinho fofo correndo pela casa e querendo pegar minhas castanholas. Mas nem tô ligando assim de trabalhar, e isso realmente deveria ser estranho. Mas nem é. Quero também ir ao cinema, nem que seja sozinha. Quero ver uns filmes em casa. Quero, sobretudo, que esse climinha de frio e chuvinha que está agora se prolongue por todo o feriado, porque não tem tempo melhor pra trabalhar/ver filmes do que esse cinza lindo.
Estranhinha. A semana e eu.
Páscoa chegando, deve ser isso. Não sou mais católica, mas tenho muitas lembranças dessa época do ano, de quando eu frequentava a igreja, dos seis anos em que fui Verônica na procissão da sexta santa. Sempre foi uma fase estranhinha, uma semana meio mística e quieta. Deve ser isso.
Tô lotada de trabalho da escola pra esse feriado, e sem grana mesmo pra viajar. Preciso dar um “adianto” nos diários de classe, nas correções (milhaaaares de folhas de papel). Mas nem acho ruim. Quer dizer, é ruim, mas nem tanto assim. O que eu ia fazer, se não fosse trabalhar? Grana tá faltando... viajar não dá. Ficar saindo, também consome uma grana do cacete e, o mais importante: sair com quem? Fazer grandes planos com quem? Ando bem sozinha ultimamente, e essa frase tem dois sentidos. Bem de bastante, bastante sozinha. E bem de bem, de estar bem, apesar de e por estar sozinha. Não tenho ligado muito, só constato o fato.
Claro que vai rolar umas brejas com amigos, esporadicamente. Churrasco em casa no domingão, com o sobrinho fofo correndo pela casa e querendo pegar minhas castanholas. Mas nem tô ligando assim de trabalhar, e isso realmente deveria ser estranho. Mas nem é. Quero também ir ao cinema, nem que seja sozinha. Quero ver uns filmes em casa. Quero, sobretudo, que esse climinha de frio e chuvinha que está agora se prolongue por todo o feriado, porque não tem tempo melhor pra trabalhar/ver filmes do que esse cinza lindo.
Estranhinha. A semana e eu.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Pink Floyd, Time e a solitude boa
Daí que eu tava puta por ter tido uma semana estressante pra caralho. Trabalho até dizer chega, até gritar chega (mas gritar não faz o trabalho parar). Trabalho até chorar. Daí que eu ando numa fase “desamigada”: meus amigos espalhados pelo mundo, cada um num canto, no seu canto, com a sua namorada ou o seu namorado, ou com os seus projetos. E com as suas vontades. A minha vontade era ir no Delta ver Pink Floyd cover. Mas nenhum dos meus amigos estava disponível. E os poucos disponíveis não estavam disponíveis pra ir no Delta.
Daí que a semana foi tão filhadaputa que eu disse: “quer saber? Vou sozinha!”.
Eu definitivamente preciso fazer mais isso. Primeiro que bar de rock tem muito mais homem que outros lugares. Não entendam essa frase como uma coisa de “caçadora”, porque isso é uma coisa que eu não sou, e uma coisa que me enoja, esse papinho de “caçar”. Lugar que tem homem é bom por causa da energia. Não tem aquela coisa nojenta da mulherada arrumada “pra matar”, te medindo de cima a baixo, olhando seu sapato, seu cabelo, sua pulseira, sua bunda, seus peitos, mais que os homens. Não tem aquela energia negativa das fêmeas à procura. Os caras tão ali pra curtir o som. Colocam suas camisetas pretas e vão de boa ver a banda, tomar uma breja e curtir o som. Exatamente o que eu queria naquela sexta-feira.
Não tem cantada idiota. Tem cantada, mas legais e engraçadas. Tem cerveja gelada (Itaipava, mas foda-se). Tem um som do caralho, a banda era foda mesmo.
Daí que a gente conhece uns amigos de uns amigos, toma umas brejas, curte o som, paga a conta pra sair pra fumar (inferno...), a gente se sente aliviada, a tensão da semana vai embora, daí que a gente ouve Time e chora sem saber por quê, sem conseguir controlar; quando vê, as lágrimas estão escorrendo, mas sem escândalo, mornas, suaves, a gente sai pra fumar e encontra um doido que chorou com Money (cada louco com a sua), e pergunta por que esses sons intimistas deixam a gente assim, e a gente responde que precisa às vezes dar 2 minutos pro choro vir. Não mais que 2 minutos. Daí a gente limpa os olhos, fuma o cigarro, toma mais uma breja e, quando vê, ta dirigindo pra casa trêbada, sem saber como chegou ali. Mas bem de boa.
Definitivamente: preciso fazer isso mais vezes.
Daí que a semana foi tão filhadaputa que eu disse: “quer saber? Vou sozinha!”.
Eu definitivamente preciso fazer mais isso. Primeiro que bar de rock tem muito mais homem que outros lugares. Não entendam essa frase como uma coisa de “caçadora”, porque isso é uma coisa que eu não sou, e uma coisa que me enoja, esse papinho de “caçar”. Lugar que tem homem é bom por causa da energia. Não tem aquela coisa nojenta da mulherada arrumada “pra matar”, te medindo de cima a baixo, olhando seu sapato, seu cabelo, sua pulseira, sua bunda, seus peitos, mais que os homens. Não tem aquela energia negativa das fêmeas à procura. Os caras tão ali pra curtir o som. Colocam suas camisetas pretas e vão de boa ver a banda, tomar uma breja e curtir o som. Exatamente o que eu queria naquela sexta-feira.
Não tem cantada idiota. Tem cantada, mas legais e engraçadas. Tem cerveja gelada (Itaipava, mas foda-se). Tem um som do caralho, a banda era foda mesmo.
Daí que a gente conhece uns amigos de uns amigos, toma umas brejas, curte o som, paga a conta pra sair pra fumar (inferno...), a gente se sente aliviada, a tensão da semana vai embora, daí que a gente ouve Time e chora sem saber por quê, sem conseguir controlar; quando vê, as lágrimas estão escorrendo, mas sem escândalo, mornas, suaves, a gente sai pra fumar e encontra um doido que chorou com Money (cada louco com a sua), e pergunta por que esses sons intimistas deixam a gente assim, e a gente responde que precisa às vezes dar 2 minutos pro choro vir. Não mais que 2 minutos. Daí a gente limpa os olhos, fuma o cigarro, toma mais uma breja e, quando vê, ta dirigindo pra casa trêbada, sem saber como chegou ali. Mas bem de boa.
Definitivamente: preciso fazer isso mais vezes.
Calor e a praga do boi
Não é novidade pra ninguém que eu odeio o calor. Detesto. Fico puta. Minha pressão, que já é baixa, baixa ainda mais. Não dá pra trabalhar, não dá pra descansar, não dá pra fazer nada. Até tomar cerveja no bar irrita. Mentira. Mas o resto é foda...
Estava eu, lá pelo meio-dia, saindo da escola (cada sala de aula é um forninho particular) e indo almoçar. Parada estratégica no mercadinho pra comprar cigarro. Meu Karro é outro forninho (inho mesmo). Desço esbaforida e bufando, de calor e ódio. Entro reclamando com o dono: “Calor do inferno! Já não é outono?? Já não é pra estar frio?? Até quando vamos ter que aguentar esse sol de merda??”.
Ele, assustadíssimo, olha pra mim. Eu continuo: “Por mim, podia chover até o fim do ano!”. Ele: “Não fala isso não, moça! Não pode, o calor é bom, chover muito dá praga no boi.”.
Ele jurava que eu ia falar “Ah, tá, desculpa”. Ainda perguntou “Sabia?”.
Eu: “Praga no boi?”
Ele: “Isso...”
Pausa.
Eu: “Eu quero é que o boi se foda!! Eu como salsicha, eu como frango, eu como lasanha, o que eu não suporto é esse calor!!”.
Acho que o calor acentua ainda mais a minha tão peculiar grosseria...
Estava eu, lá pelo meio-dia, saindo da escola (cada sala de aula é um forninho particular) e indo almoçar. Parada estratégica no mercadinho pra comprar cigarro. Meu Karro é outro forninho (inho mesmo). Desço esbaforida e bufando, de calor e ódio. Entro reclamando com o dono: “Calor do inferno! Já não é outono?? Já não é pra estar frio?? Até quando vamos ter que aguentar esse sol de merda??”.
Ele, assustadíssimo, olha pra mim. Eu continuo: “Por mim, podia chover até o fim do ano!”. Ele: “Não fala isso não, moça! Não pode, o calor é bom, chover muito dá praga no boi.”.
Ele jurava que eu ia falar “Ah, tá, desculpa”. Ainda perguntou “Sabia?”.
Eu: “Praga no boi?”
Ele: “Isso...”
Pausa.
Eu: “Eu quero é que o boi se foda!! Eu como salsicha, eu como frango, eu como lasanha, o que eu não suporto é esse calor!!”.
Acho que o calor acentua ainda mais a minha tão peculiar grosseria...
sexta-feira, 19 de março de 2010
Mapa astral literário
Quarta-feira, eu dando aula numa sala praticamente só de mulheres. Coisa rara, uma vez que a maioria das minhas turmas é composta por 90% de moleques. Confesso que, quando elas começam a falar todas ao mesmo tempo, fico um pouco incomodada. Mulher fala pra cacete.
Mas, enfim... Lá estava eu explicando um quadro com as diferenças entre o Parnasianismo e o Modernismo. Daí ouço uma doidinha falando pra outra: “Eu sou mais Parnasianismo, você é mais Modernismo”. Eu digo “Amores, vocês tão pensando que isso aqui é mapa astral?? Suas loucas...”. Morremos de rir as 3. No mesmo dia, elas me param no corredor: “Ju, vamos fazer seu mapa astral literário”. A-ham. Tá. Doidas...
Hoje chegaram com um envelopinho amarelo, com uma estrelinha de glitter azul. Coisa de meninas... coisa que eu esqueço, dando aula pra moleques. Olhem que coisa mais fofa:
Juliana Palermo
Signo solar: Modernismo
Planeta regente do Modernismo: Klingon
A pessoa modernista geralmente é uma pessoa com características urbanas, vive o seu dia a dia com intensidade, gosta de fazer mudanças, valoriza seu trabalho e situações cotidianas da vida. Quase sempre é bem humorada, porém às vezes é irônica; gosta de contar piadas, é sarcástica e irreverente.
Ascendente: Parnasianismo
A pessoa com ascendente em Parnasianismo acredita no universalismo, o mundo como um todo. Tem apego à sua tradição, é rigorosa em seguir regras. Faz arte pelo prazer da arte, segue seus objetivos em suas regras.
Lua: Simbolismo
A pessoa simbolista considera a música de enorme importância, o misticismo, o sonho, a fé e a religião passam a ser valorizados. Em sua busca está a essência do ser humano.
Astrólogas literárias responsáveis:
Anne Alessandra Ramos
Tatiana Ramos
Não são umas graças? E elas pegaram as características dos movimentos, mesmo. Ai, ai. Suspiros de professora besta. Amo meus alunos. E minhas alunas também.
Mas, enfim... Lá estava eu explicando um quadro com as diferenças entre o Parnasianismo e o Modernismo. Daí ouço uma doidinha falando pra outra: “Eu sou mais Parnasianismo, você é mais Modernismo”. Eu digo “Amores, vocês tão pensando que isso aqui é mapa astral?? Suas loucas...”. Morremos de rir as 3. No mesmo dia, elas me param no corredor: “Ju, vamos fazer seu mapa astral literário”. A-ham. Tá. Doidas...
Hoje chegaram com um envelopinho amarelo, com uma estrelinha de glitter azul. Coisa de meninas... coisa que eu esqueço, dando aula pra moleques. Olhem que coisa mais fofa:
Juliana Palermo
Signo solar: Modernismo
Planeta regente do Modernismo: Klingon
A pessoa modernista geralmente é uma pessoa com características urbanas, vive o seu dia a dia com intensidade, gosta de fazer mudanças, valoriza seu trabalho e situações cotidianas da vida. Quase sempre é bem humorada, porém às vezes é irônica; gosta de contar piadas, é sarcástica e irreverente.
Ascendente: Parnasianismo
A pessoa com ascendente em Parnasianismo acredita no universalismo, o mundo como um todo. Tem apego à sua tradição, é rigorosa em seguir regras. Faz arte pelo prazer da arte, segue seus objetivos em suas regras.
Lua: Simbolismo
A pessoa simbolista considera a música de enorme importância, o misticismo, o sonho, a fé e a religião passam a ser valorizados. Em sua busca está a essência do ser humano.
Astrólogas literárias responsáveis:
Anne Alessandra Ramos
Tatiana Ramos
Não são umas graças? E elas pegaram as características dos movimentos, mesmo. Ai, ai. Suspiros de professora besta. Amo meus alunos. E minhas alunas também.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Sobre A Dama de Vermelho, Um Convidado Bem Trapalhão e envelhecer
Ontem, domingão, meia-noite e meia. Zapeando antes de dormir. Telecine Cult. Não acredito: A Dama de Vermelho...
Cara, eu não sei por que cargas d`água eu vi esse filme tantas vezes... alguém, acho que meu pai, gravou em VHS, e eu assisti realmente muitas vezes... Mas o engraçado é que eu era pequena. No máximo, pré-adolescente. E eu me lembro de ter visto e revisto o bendito filme.
Fazia pelo menos uns 15 anos que eu não o via mais. Nunca mais. Mas ontem, revendo-o depois desse tempo todo, aconteceu uma coisa engraçada. Eu me lembrei. Lembrei de cenas inteiras, de falas inteiras, lembrava das músicas, e olha que nessa época eu nem sabia quem era Stevie Wonder! Lembrava da cena da banheira, lembrava da louca do escritório que se confunde, lembrava das caras que a Charlotte faz na sessão de fotos (“agora ela vai piscar”), lembrava de detalhes. Foi muito louco, juro. Porque tem filmes a que eu assisti a menos tempo e, se eu for ver de novo, não me lembro desses detalhes. Como é que eu me lembro de coisas de um filme que não vejo há 15 anos??
Também foi muito louco ver o filme com outros olhos. Ainda acho muito bom, talvez pela parte emocional, por ter sido um filme importante, que vi muitas vezes. É meio como “Um convidado bem trapalhão”, com o Peter Sellers, que eu via seguidamente quando era pequena (criança mesmo, nesse caso). Ver esses filmes hoje é uma experiência engraçada: eu entendo algumas coisas com olhos de adulta, mas ainda rio como a criança que eu fui. Ouço as músicas do Stevie Wonder com meus ouvidos de agora, mas me emociono como a pré-adolescente que eu era.
Fico pensando se, daqui a 15 anos, vou olhar pra trás e ver a minha vida hoje. Como vai ser? Será que vai ser uma experiência parecida? Não sei se quero que seja. Porque eu não consegui dormir direito a noite toda. Vai entender... Acho que é medo de estar ficando velha.
Lembre aqui.
http://www.youtube.com/watch?v=4GtOYL5axMk
Cara, eu não sei por que cargas d`água eu vi esse filme tantas vezes... alguém, acho que meu pai, gravou em VHS, e eu assisti realmente muitas vezes... Mas o engraçado é que eu era pequena. No máximo, pré-adolescente. E eu me lembro de ter visto e revisto o bendito filme.
Fazia pelo menos uns 15 anos que eu não o via mais. Nunca mais. Mas ontem, revendo-o depois desse tempo todo, aconteceu uma coisa engraçada. Eu me lembrei. Lembrei de cenas inteiras, de falas inteiras, lembrava das músicas, e olha que nessa época eu nem sabia quem era Stevie Wonder! Lembrava da cena da banheira, lembrava da louca do escritório que se confunde, lembrava das caras que a Charlotte faz na sessão de fotos (“agora ela vai piscar”), lembrava de detalhes. Foi muito louco, juro. Porque tem filmes a que eu assisti a menos tempo e, se eu for ver de novo, não me lembro desses detalhes. Como é que eu me lembro de coisas de um filme que não vejo há 15 anos??
Também foi muito louco ver o filme com outros olhos. Ainda acho muito bom, talvez pela parte emocional, por ter sido um filme importante, que vi muitas vezes. É meio como “Um convidado bem trapalhão”, com o Peter Sellers, que eu via seguidamente quando era pequena (criança mesmo, nesse caso). Ver esses filmes hoje é uma experiência engraçada: eu entendo algumas coisas com olhos de adulta, mas ainda rio como a criança que eu fui. Ouço as músicas do Stevie Wonder com meus ouvidos de agora, mas me emociono como a pré-adolescente que eu era.
Fico pensando se, daqui a 15 anos, vou olhar pra trás e ver a minha vida hoje. Como vai ser? Será que vai ser uma experiência parecida? Não sei se quero que seja. Porque eu não consegui dormir direito a noite toda. Vai entender... Acho que é medo de estar ficando velha.
Lembre aqui.
http://www.youtube.com/watch?v=4GtOYL5axMk
domingo, 14 de março de 2010
A mulher apaixonada
Esses dias eu vi uma mulher apaixonada. Pobrezinha. A mulher apaixonada é tão patética... tão, mas tão, que me inspirou. Porque não é só o belo que inspira a gente. E a mulher apaixonada é uma das coisas mais patéticas que há no mundo.
A mulher apaixonada é acompanhante, no sentido mais profundo da palavra. Ela não é nada sozinha, não é interessante, não é autossuficiente, não é atração, não é assunto por si só: ela só existe para acompanhar o homem pelo qual se apaixonou. Ela não tem vontade, voz ativa. Ela não tem nada. O homem diz “vai”, e ela vai. E chora. O homem muda de ideia e diz “volta”, e ela volta. Larga tudo e volta, e chora de novo, só que agora de felicidade. O homem diz “espera”, e ela espera. O homem diz “agora vem”, e ela vai, feliz e abanando o rabinho. Ela não tem programas, a não ser os dele. E quando arruma algum, é só pra poder preencher o tempo livre que fica quando o homem tem mais o que fazer. Então parece que ela tem vida própria. Mas ela não tem. Não tem, porque, se ele quisesse que ela ficasse do lado dele o dia todo, ela ficaria. Pajeando. Cafuné. Massagem nos pés. Velando o sono dele, feliz, com um sorrisinho idiota na boca.
A mulher apaixonada depende do seu homem. Pra tudo. A vida dela é muito mais difícil com ele, mas ela suporta com uma resignação espartana. Ela é tão capacho, judiação. A mulher apaixonada precisa a todo instante demonstrar o poder que imagina ter. Demarcar seu território (faz-me rir, a pobre). E precisa fazer tudo isso sem demonstrar que está fazendo. De vez em quando ela esquece porque, gente, é difícil ser a mulher apaixonada o tempo todo. De vez em quando ela se revolta por uns segundos, e a gente tem uma vontade de pegar e colocar no colo, e ninar e dizer que vai passar. Porque a gente enxerga dentro dos olhos dela a tristeza que é fazer esse papel, se enganar desse jeito. Eu nem olho muito pra ela porque me bate uma certa depressão. Ela faz tudo pra agradar ao seu homem. Se ele mandasse ela quebrar pedras com uma picareta, ela estaria lá. Se ele mandasse ela carregar o mundo nas costas, ela carregava mandando beijinho. Na verdade, ela faz tudo isso antes de ele pedir, só pra agradar.
A mulher apaixonada é uma coitada. Juro, corta o coração, e eu não estou sendo sarcástica, juro mesmo. Dá uma pena sem fim vê-la em seus esforços para agradar. A mulher apaixonada põe sua melhor roupa, seu melhor sapato. Mas a melhor roupa dela já deixou de ser a melhor há tempos, e o melhor sapato dela não combina absolutamente com a melhor roupa que ela tem. E, no fundo, ela sabe disso. Sabe, porque, quando se compara com as outras, ela sente dentro de si a raiva. Mas ela não demonstra, ela levanta a cabeça e anda como se não se importasse. Acontece que nós, mulheres que já fomos apaixonadas, mulheres que já estivemos lá, sabemos. Nós reconhecemos. Eu olho a mulher apaixonada no seu esforço pra ser linda e tenho dó, de verdade. Porque ela só se acha linda se o seu homem a achar linda. E, ai, como é difícil agradar sempre ao homem. Sempre tem uma mais gostosa. Sempre tem uma mais bem vestida. Sempre tem uma que chama mais a atenção. Sempre tem uma melhor. Sempre tem uma com o cabelo mais bonito. Sempre tem uma que sabe se maquiar. Sempre tem aquela que sabe combinar o sapato com a roupa e a maquiagem e o cabelo, sem ficar parecendo uma funkeira de morro. Mas a mulher apaixonada, dentro de si, faz um esforço tremendo pra se assegurar como a mais bonita. Ela tem o seu homem, e isso é o que devia importar. Não o passado dele, não as mulheres que olham pra ele, não as mulheres pras quais ele olha, com quem conversa ou convive, as que ele canta descaradamente na ausência dela. No fundo, ela sabe de algumas coisas (não de tudo). Mas, pra esquecer, ela bebe, a pobre. E tenta se divertir, e tenta com tanta força que a gente quase acredita. Mas tudo o que é falso grita, e a gente sabe que tem alguma coisa errada com ela. Pode perguntar pra qualquer um, não é maldade minha.
A mulher apaixonada faz de tudo para chamar a atenção. Do seu homem, claro, e das outras pessoas. Pra garantir que todos saibam que aquele homem é seu. Ela fica pra morrer quando outra mulher chama mais a atenção dos outros do que ela. E daí o que ela faz? Faz papel de ridícula, pra garantir que todos os olhos se voltem para ela, inclusive os do seu homem. E não se importa de ser a ridícula do lugar, a patética, a palhaça. Contanto que seu homem esteja ali, ela se sente bem. Ela não tem vergonha dos outros, não se importa que todos apontem o dedo e riam, e cochichem sobre ela, e gargalhem de verdade. Desde que ela possa manter o seu homem, nada mais importa. A mulher apaixonada dá pena, mas garante sempre boas risadas. Isso é fato. Pode ser maldade, mas, convenhamos, ela pede.
A mulher apaixonada faz tanto esforço, gente, que me cansa só de ver. De verdade. Cansa assistir de camarote à maratona que ela faz o tempo todo. Principalmente, a maratona que ela faz pra fazer com que tudo pareça natural. O puta esforço que ela faz pra fingir que não se importa, quando é tão claro que ela está muito preocupada. Com você, comigo, com todos. Porque ela tem que parecer perfeita e, Deus, ela está tão longe da perfeição... Porque ela tem que parecer cool e, gente, ela está tão injuriada. Porque ela tem que parecer natural e, caralho, é tão claro que tudo ali é fake.
Mulher apaixonada, quer um conselho? Larga a mão de ser boba, milha filha! Isso não vai te levar a lugar nenhum. Juro mesmo. Vai atrás da sua vida, flor. Porque, Deus me livre, mas se um dia o seu homem cansar (e, oh, eles cansam!), o que você vai ter, gata? O que te sobra? Quem é você? Nada. Ninguém. A acompanhante. A que usava a roupa que você pensava que ia agradar a ele, a que deixava o cabelo como você achava que ele gostava, a que era amiga dos amigos dele e agora não tem mais seus amigos. A que vivia mais para a família dele do que para a sua. A que ouvia as músicas que ele gostava, que via os filmes que ele amava. Mas quem é você, mesmo? Debaixo de toda a pela, de toda a maquiagem, de todas as camadas construídas de mentira, quem é você, mulher? Descubra, baby, antes que seja tarde demais. Porque você deve ser alguma coisa a mais do que somente a mulher a tiracolo. Você, certamente, deve ter algo a dizer, e não somente aquilo que você diz pra agradar aos amigos dele e impressionar a gente, aquelas frases construídas e aqueles assuntos ensaiados pra gente ficar pensando “Nossa, como eles combinam!”. Você tem que ser você, meu anjo. E sabe por quê? Principalmente, porque não vale a pena. Ah, se eu pudesse te contar as coisas que eu sei... Mas não cabe a mim, não, não cabe mesmo. Você deve saber o homem que tem. E, se não sabe, deveria procurar saber. E não sou eu quem vai contar (até porque seria por demais doloroso pra você saber, ainda mais pela minha boca).
Acorda, Alice! O despertador já tocou, e você fingiu que não ouviu. Não vai adiantar, meu bem. Os raios do sol vão entrar pela janela, vão passar por baixo do blecaute, por mais que você feche os olhos com força.
* Antes que caiam de pau em cima de mim, eu sei que tem mulher apaixonada que é diferente. Eu sei, tá, gente? É que eu precisava dar esse toque pra ela. Pena que ela não lê meu blog... não é mesmo, meu bem? Uma pena...
A mulher apaixonada é acompanhante, no sentido mais profundo da palavra. Ela não é nada sozinha, não é interessante, não é autossuficiente, não é atração, não é assunto por si só: ela só existe para acompanhar o homem pelo qual se apaixonou. Ela não tem vontade, voz ativa. Ela não tem nada. O homem diz “vai”, e ela vai. E chora. O homem muda de ideia e diz “volta”, e ela volta. Larga tudo e volta, e chora de novo, só que agora de felicidade. O homem diz “espera”, e ela espera. O homem diz “agora vem”, e ela vai, feliz e abanando o rabinho. Ela não tem programas, a não ser os dele. E quando arruma algum, é só pra poder preencher o tempo livre que fica quando o homem tem mais o que fazer. Então parece que ela tem vida própria. Mas ela não tem. Não tem, porque, se ele quisesse que ela ficasse do lado dele o dia todo, ela ficaria. Pajeando. Cafuné. Massagem nos pés. Velando o sono dele, feliz, com um sorrisinho idiota na boca.
A mulher apaixonada depende do seu homem. Pra tudo. A vida dela é muito mais difícil com ele, mas ela suporta com uma resignação espartana. Ela é tão capacho, judiação. A mulher apaixonada precisa a todo instante demonstrar o poder que imagina ter. Demarcar seu território (faz-me rir, a pobre). E precisa fazer tudo isso sem demonstrar que está fazendo. De vez em quando ela esquece porque, gente, é difícil ser a mulher apaixonada o tempo todo. De vez em quando ela se revolta por uns segundos, e a gente tem uma vontade de pegar e colocar no colo, e ninar e dizer que vai passar. Porque a gente enxerga dentro dos olhos dela a tristeza que é fazer esse papel, se enganar desse jeito. Eu nem olho muito pra ela porque me bate uma certa depressão. Ela faz tudo pra agradar ao seu homem. Se ele mandasse ela quebrar pedras com uma picareta, ela estaria lá. Se ele mandasse ela carregar o mundo nas costas, ela carregava mandando beijinho. Na verdade, ela faz tudo isso antes de ele pedir, só pra agradar.
A mulher apaixonada é uma coitada. Juro, corta o coração, e eu não estou sendo sarcástica, juro mesmo. Dá uma pena sem fim vê-la em seus esforços para agradar. A mulher apaixonada põe sua melhor roupa, seu melhor sapato. Mas a melhor roupa dela já deixou de ser a melhor há tempos, e o melhor sapato dela não combina absolutamente com a melhor roupa que ela tem. E, no fundo, ela sabe disso. Sabe, porque, quando se compara com as outras, ela sente dentro de si a raiva. Mas ela não demonstra, ela levanta a cabeça e anda como se não se importasse. Acontece que nós, mulheres que já fomos apaixonadas, mulheres que já estivemos lá, sabemos. Nós reconhecemos. Eu olho a mulher apaixonada no seu esforço pra ser linda e tenho dó, de verdade. Porque ela só se acha linda se o seu homem a achar linda. E, ai, como é difícil agradar sempre ao homem. Sempre tem uma mais gostosa. Sempre tem uma mais bem vestida. Sempre tem uma que chama mais a atenção. Sempre tem uma melhor. Sempre tem uma com o cabelo mais bonito. Sempre tem uma que sabe se maquiar. Sempre tem aquela que sabe combinar o sapato com a roupa e a maquiagem e o cabelo, sem ficar parecendo uma funkeira de morro. Mas a mulher apaixonada, dentro de si, faz um esforço tremendo pra se assegurar como a mais bonita. Ela tem o seu homem, e isso é o que devia importar. Não o passado dele, não as mulheres que olham pra ele, não as mulheres pras quais ele olha, com quem conversa ou convive, as que ele canta descaradamente na ausência dela. No fundo, ela sabe de algumas coisas (não de tudo). Mas, pra esquecer, ela bebe, a pobre. E tenta se divertir, e tenta com tanta força que a gente quase acredita. Mas tudo o que é falso grita, e a gente sabe que tem alguma coisa errada com ela. Pode perguntar pra qualquer um, não é maldade minha.
A mulher apaixonada faz de tudo para chamar a atenção. Do seu homem, claro, e das outras pessoas. Pra garantir que todos saibam que aquele homem é seu. Ela fica pra morrer quando outra mulher chama mais a atenção dos outros do que ela. E daí o que ela faz? Faz papel de ridícula, pra garantir que todos os olhos se voltem para ela, inclusive os do seu homem. E não se importa de ser a ridícula do lugar, a patética, a palhaça. Contanto que seu homem esteja ali, ela se sente bem. Ela não tem vergonha dos outros, não se importa que todos apontem o dedo e riam, e cochichem sobre ela, e gargalhem de verdade. Desde que ela possa manter o seu homem, nada mais importa. A mulher apaixonada dá pena, mas garante sempre boas risadas. Isso é fato. Pode ser maldade, mas, convenhamos, ela pede.
A mulher apaixonada faz tanto esforço, gente, que me cansa só de ver. De verdade. Cansa assistir de camarote à maratona que ela faz o tempo todo. Principalmente, a maratona que ela faz pra fazer com que tudo pareça natural. O puta esforço que ela faz pra fingir que não se importa, quando é tão claro que ela está muito preocupada. Com você, comigo, com todos. Porque ela tem que parecer perfeita e, Deus, ela está tão longe da perfeição... Porque ela tem que parecer cool e, gente, ela está tão injuriada. Porque ela tem que parecer natural e, caralho, é tão claro que tudo ali é fake.
Mulher apaixonada, quer um conselho? Larga a mão de ser boba, milha filha! Isso não vai te levar a lugar nenhum. Juro mesmo. Vai atrás da sua vida, flor. Porque, Deus me livre, mas se um dia o seu homem cansar (e, oh, eles cansam!), o que você vai ter, gata? O que te sobra? Quem é você? Nada. Ninguém. A acompanhante. A que usava a roupa que você pensava que ia agradar a ele, a que deixava o cabelo como você achava que ele gostava, a que era amiga dos amigos dele e agora não tem mais seus amigos. A que vivia mais para a família dele do que para a sua. A que ouvia as músicas que ele gostava, que via os filmes que ele amava. Mas quem é você, mesmo? Debaixo de toda a pela, de toda a maquiagem, de todas as camadas construídas de mentira, quem é você, mulher? Descubra, baby, antes que seja tarde demais. Porque você deve ser alguma coisa a mais do que somente a mulher a tiracolo. Você, certamente, deve ter algo a dizer, e não somente aquilo que você diz pra agradar aos amigos dele e impressionar a gente, aquelas frases construídas e aqueles assuntos ensaiados pra gente ficar pensando “Nossa, como eles combinam!”. Você tem que ser você, meu anjo. E sabe por quê? Principalmente, porque não vale a pena. Ah, se eu pudesse te contar as coisas que eu sei... Mas não cabe a mim, não, não cabe mesmo. Você deve saber o homem que tem. E, se não sabe, deveria procurar saber. E não sou eu quem vai contar (até porque seria por demais doloroso pra você saber, ainda mais pela minha boca).
Acorda, Alice! O despertador já tocou, e você fingiu que não ouviu. Não vai adiantar, meu bem. Os raios do sol vão entrar pela janela, vão passar por baixo do blecaute, por mais que você feche os olhos com força.
* Antes que caiam de pau em cima de mim, eu sei que tem mulher apaixonada que é diferente. Eu sei, tá, gente? É que eu precisava dar esse toque pra ela. Pena que ela não lê meu blog... não é mesmo, meu bem? Uma pena...
quarta-feira, 10 de março de 2010
Muertita da Silva
Daí que eu trabalho de manhã, trabalho de tarde, trabalho de noite, trabalho de fim de semana. Antes de dormir, morta, penso no trabalho. Daí que o corpo não aguenta e pede socorro. Daí que eu pego uma gripe do caralho, não consigo respirar pelo nariz e fico fanha. E daí eu preciso cantar na sexta. E daí?
Daí que hoje é quarta e meu corpo tá cansado, mole, pesado. Mas hoje é dia de flamenco. 19 horas, castanholas. 19h30, aula de baile II. 20h45, aula de baile III. E o ser humano morto que eu sou sairá do Café Tablao mais morto hoje. Mas, com certeza, mais feliz.
Depois de ficar 5 anos afastada, eu voltei em agosto do ano passado. E, de boa, eu pretendo não parar nunca mais. Deu a louca esse ano e tô fazendo 5 turmas (!). E eu amo, como eu amo, quando sinto a pulsação flamenca no meu corpo, mesmo que o pé doa e meus calos aumentem, mesmo que eu olhe meus braços no espelho e saiba que ainda preciso de muito mais técnica, mesmo que às 20h30 eu já esteja quase pedindo água nas aulas de técnica, mesmo que minhas pernas tremam, eu saio de lá mais inteira (paradoxalmente), mais viva, mais eu, mais Juliana Palermo. O duende dentro de mim pula felizinho, com seu chapéu verde. E canta e baila na minha volta pra casa.
Volver... con la frente marchita las nieves del tiempo platearon mi sien sentir... que es un soplo la vida que veinte años no es nada que febril la mirada errante en la sombra te busca y te nombra vivir... con el alma aferrada a un dulce recuerdo que lloro otra vez Tengo miedo del encuentro con el pasado que vuelve a enfrentarse con mi vida... Tengo miedo de la noche que pobladas de recuerdos encadenan mi soñar... Pero el viajero que huye tarde o temprano detiene su andar... Y aunque el olvido, que todo destruye, haya matado mi vieja ilusión, guardo escondida una esperanza humilde que es toda la fortuna de mi corazón.
http://www.youtube.com/watch?v=D0zUpOkvMPI&feature=fvsr
(Fotos de Juliana Hilal)
Daí que hoje é quarta e meu corpo tá cansado, mole, pesado. Mas hoje é dia de flamenco. 19 horas, castanholas. 19h30, aula de baile II. 20h45, aula de baile III. E o ser humano morto que eu sou sairá do Café Tablao mais morto hoje. Mas, com certeza, mais feliz.
Depois de ficar 5 anos afastada, eu voltei em agosto do ano passado. E, de boa, eu pretendo não parar nunca mais. Deu a louca esse ano e tô fazendo 5 turmas (!). E eu amo, como eu amo, quando sinto a pulsação flamenca no meu corpo, mesmo que o pé doa e meus calos aumentem, mesmo que eu olhe meus braços no espelho e saiba que ainda preciso de muito mais técnica, mesmo que às 20h30 eu já esteja quase pedindo água nas aulas de técnica, mesmo que minhas pernas tremam, eu saio de lá mais inteira (paradoxalmente), mais viva, mais eu, mais Juliana Palermo. O duende dentro de mim pula felizinho, com seu chapéu verde. E canta e baila na minha volta pra casa.
Volver... con la frente marchita las nieves del tiempo platearon mi sien sentir... que es un soplo la vida que veinte años no es nada que febril la mirada errante en la sombra te busca y te nombra vivir... con el alma aferrada a un dulce recuerdo que lloro otra vez Tengo miedo del encuentro con el pasado que vuelve a enfrentarse con mi vida... Tengo miedo de la noche que pobladas de recuerdos encadenan mi soñar... Pero el viajero que huye tarde o temprano detiene su andar... Y aunque el olvido, que todo destruye, haya matado mi vieja ilusión, guardo escondida una esperanza humilde que es toda la fortuna de mi corazón.
http://www.youtube.com/watch?v=D0zUpOkvMPI&feature=fvsr
(Fotos de Juliana Hilal)
terça-feira, 2 de março de 2010
Muito trabalho
Sabe o que é muito trabalho? É muito mesmo. Na escola, na agência e com os freelas, que graças a Deus estão indo muito bem. Muito bem significa muito volume e dinheiro legal, mas muito volume significa muito trabalho, e freela significa trabalhar de noite, chegando em casa, depois dos 2 empregos. Ou seja, tá foda.
Assim que der, eu volto.
Me lembrem de falar do flamenco, se eu esquecer. Bom, pra eu nnao esquecer, vou colocar uma foto. Assim, quando entrar de novo, vejo a foto e me lembro. Se eu demorar, cobrem.
Assim que der, eu volto.
Me lembrem de falar do flamenco, se eu esquecer. Bom, pra eu nnao esquecer, vou colocar uma foto. Assim, quando entrar de novo, vejo a foto e me lembro. Se eu demorar, cobrem.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Eu devo merecer
Saca só o e-mail de vírus que chegou no meu e-mail da agência (que, by the way, ninguém tem, porque eu separo o profissional do pessoal):
Nossa foi demais ter passado o dia com você no motel, que dia podemos ir denovo ?
Deleta essas fotos depois que ver elas, ou entao grave em cd.. mas nao deixe no seu e-mail, pode ser perigoso.
Me liga mais tarde pq preciso falar com você ! Beijos.
Dá uma olhada nos nomes dos arquivos que vieram junto:
na cama.jpg ( 386,7 KB ) na banheira.jpg ( 227,8 KB ) de quatro.jpg ( 98,8 KB )
Algumas considerações:
1) Alguém realmente acredita que eu ia dar pra uma pessoa que escreve desse jeito?? Analfabetos não são o meu tipo.
2) Alguém realmente acredita que a pessoa cria um nome de arquivo "de quatro.jpg"??
3) Alguém cai nessa merda e abre esses arquivos? Pensa "Nossa, é a pessoa que estava comigo no motel, são as fotos que tirei de quatro, deixa eu ver". Jura que tem nego que cai nessa? Realmente, 2012 tá cada vez mais perto...
na cama.jpg ( 386,7 KB ) na banheira.jpg ( 227,8 KB ) de quatro.jpg ( 98,8 KB )
Algumas considerações:
1) Alguém realmente acredita que eu ia dar pra uma pessoa que escreve desse jeito?? Analfabetos não são o meu tipo.
2) Alguém realmente acredita que a pessoa cria um nome de arquivo "de quatro.jpg"??
3) Alguém cai nessa merda e abre esses arquivos? Pensa "Nossa, é a pessoa que estava comigo no motel, são as fotos que tirei de quatro, deixa eu ver". Jura que tem nego que cai nessa? Realmente, 2012 tá cada vez mais perto...
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Pé na bunda virtual
23/02/2010 - 11h34
O status dela no Facebook virou "solteira"? Você levou um fora
LONDRES (Reuters Life!) - Levar um fora digital é um fenômeno que está crescendo, segundo pesquisa, com números crescentes de pessoas preferindo o uso de email e redes sociais na Internet para terminar relacionamentos com seus parceiros.
Mais de um terço das 2 mil pessoas que participaram da pesquisa (34 por cento) disse que havia terminado o relacionamento por email, 13 por cento havia mudado seu status no Facebook sem avisar os parceiros e seis por cento havia divulgado a notícia unilateralmente no Twitter.
Em contraste, apenas dois por cento terminou o relacionamento por mensagens de texto de celular.
O resto havia se separado da forma antiquada através de conversa cara-a-cara (38 por cento) e por telefone (oito por cento).
"Terminar o relacionamento digitalmente se tornará mais comum", disse Sean Wood, diretor de marketing do serviço de relacionamentos DateTheUk para o qual a pesquisa foi realizada.
"Geralmente é mais fácil, mais rápido e evita qualquer desentendimento."
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/reuters/2010/02/23/o-status-dela-no-facebook-virou-solteira-voce-levou-um-fora.jhtm
Claro... mais fácil, mais rápido!! Como assim evita desentendimento???
Tenho um amigo que terminou um namoro pelo msn e me contou. Anos atrás. Veja que é um cara de vanguarda. Eu quase bati nele. Inacreditável...
Faz o seguinte: nem começa! Nem começa relacionamento, filho. Filha. Se for pra terminar desse jeito, nem começa, baby...
Até porque você corre o risco de levar uma bem levada como fez a Sophie Calle... Como já comentei aqui.
Algumas considerações: primeiro, tem certeza de que tá a fim de começar alguma coisa? Pense bem, porque tá calor pra caramba, e calor humano é tudo aquilo de que você menos precisa agora...
Enfim, se começou e for terminar (porque não me ouviu), e se for terminar por e-mail, pelo menos tenha o cuidado de escrever em português, e não em nagô ou internetês. Nada como o domínio da língua pra evitar mal entendidos... Precisando de uma revisora, já sabe.
Quem sabe eu não faço uma grana com isso?
"Precisando terminar seu relacionamento e não sabe como? Tem medo de que suas palavras não traduzam exatamente seus sentimentos? Necessitando de desculpas esfarrapadas? Contate agora mesmo Menininha Bossa Nova, redatora e revisora de e-mails de término de relacionamento. E tenha uma solteirice feliz."
O status dela no Facebook virou "solteira"? Você levou um fora
LONDRES (Reuters Life!) - Levar um fora digital é um fenômeno que está crescendo, segundo pesquisa, com números crescentes de pessoas preferindo o uso de email e redes sociais na Internet para terminar relacionamentos com seus parceiros.
Mais de um terço das 2 mil pessoas que participaram da pesquisa (34 por cento) disse que havia terminado o relacionamento por email, 13 por cento havia mudado seu status no Facebook sem avisar os parceiros e seis por cento havia divulgado a notícia unilateralmente no Twitter.
Em contraste, apenas dois por cento terminou o relacionamento por mensagens de texto de celular.
O resto havia se separado da forma antiquada através de conversa cara-a-cara (38 por cento) e por telefone (oito por cento).
"Terminar o relacionamento digitalmente se tornará mais comum", disse Sean Wood, diretor de marketing do serviço de relacionamentos DateTheUk para o qual a pesquisa foi realizada.
"Geralmente é mais fácil, mais rápido e evita qualquer desentendimento."
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/reuters/2010/02/23/o-status-dela-no-facebook-virou-solteira-voce-levou-um-fora.jhtm
Claro... mais fácil, mais rápido!! Como assim evita desentendimento???
Tenho um amigo que terminou um namoro pelo msn e me contou. Anos atrás. Veja que é um cara de vanguarda. Eu quase bati nele. Inacreditável...
Faz o seguinte: nem começa! Nem começa relacionamento, filho. Filha. Se for pra terminar desse jeito, nem começa, baby...
Até porque você corre o risco de levar uma bem levada como fez a Sophie Calle... Como já comentei aqui.
Algumas considerações: primeiro, tem certeza de que tá a fim de começar alguma coisa? Pense bem, porque tá calor pra caramba, e calor humano é tudo aquilo de que você menos precisa agora...
Enfim, se começou e for terminar (porque não me ouviu), e se for terminar por e-mail, pelo menos tenha o cuidado de escrever em português, e não em nagô ou internetês. Nada como o domínio da língua pra evitar mal entendidos... Precisando de uma revisora, já sabe.
Quem sabe eu não faço uma grana com isso?
"Precisando terminar seu relacionamento e não sabe como? Tem medo de que suas palavras não traduzam exatamente seus sentimentos? Necessitando de desculpas esfarrapadas? Contate agora mesmo Menininha Bossa Nova, redatora e revisora de e-mails de término de relacionamento. E tenha uma solteirice feliz."
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Yeah yeah - o horário de verão já era!
Finalmente - minha horinha que estavam me devendo... de volta...
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Notinhas Carnavalescas
Algumas considerações a respeito do Carnaval:
• Sexta-feira. Trabalho em dose dupla. City depois. Irritadíssima com o Carnaval que se aproxima (vide post abaixo). Mas com as cervejas, as coisas vão melhorando. Chego e casa uma e pouco da manhã e o axé tá comendo solto lá embaixo. Fecho a janela. Fecho o vidro da janela. Encosto um colchão na janela, pra tentar abafar o som. Fecho a porta dos quartos, pra evitar que mais som entre e passe pelo corredor. Fecho o vitrô do banheiro. Fecho o box do banheiro. Fecho a porta do banheiro. Meus pais colocam o colchão deles na sala. Fracos. Entro no quarto, ligo o ventilador, ligo o note. Fone de ouvido, dorflex. Durmo em menos de uma hora. Acordo morrendo de calor no sábado, mas mais aliviada.
• Sábado. Cerveja com Isabela, 3 da tarde. Tranquinha. Duas velhas tomando breja e jogando tranca. Perco várias mas ganho a partida no final. Flavinho chega. Assistimos a “Obrigado por fumar”, de novo. Ligações pra galera. Todos vão estar no bloco de rua em Barão. E a gente também, fazer o quê? Foi legal. Um monte de gente querida, conversa boa e cervejinha gelada. Até 4 da manhã dando risada. Chego em casa e o trio elétrico do meu quintal já parou. Glória-glória-aleluia.
• Se você não pode com seu inimigo, junte-se a ele. Nem que seja pra descobrir os motivos por que ele se tornou seu inimigo. Domingo de Carnaval. Depois de tomar uma com a querida Má Franco no City, lá fui eu pra Barão, tentar repetir a dose de sábado (que tava tão legal). Má não quis ir e eu fui sozinha. Mas nem tinha nada. Um lixo, uma molecada, funk rolando nos carros, nem sinal de bloco. Desisti e voltei, mas ainda era 1 da manhã, e o trio do meu quintal (vide post abaixo) só parava às 4. Fazer o quê? Revesti-me de coragem e fui... para o túnel. Só pra descobrir mesmo que é uma merda. Encontrei um amigo de outros tempos, querido, e ficamos ali com a galerinha dele. Encontrei também um aluno. Encontrei também confusão. Tomei uma nas costas, no meio de uma briga, um cara saiu correndo e bateu com o braço em cheio no meio das minhas costas. Voei (e olha que eu nem sou levinha assim). Olho ao redor e vejo todos tapando o nariz e a boca. Alguém grita “spray de pimenta!”. Me mandam cobrir o nariz e a boca. O cheiro não passa. Olho do lado e vejo um cara imenso empurrando um policial. O policial revida mandando uma chuva de spray de pimenta. Uma menina de 15 anos me pega pela mão, me puxa e grita “CORRE!!”. Eu corro. O mundo corre. Dispersão, diáspora. 5 minutos depois, ainda estou tremendo. Ela me olha como se nada tivesse acontecido e fala “pronto, vamos voltar”. Trilha sonora perfeita do inferno: 3 trios elétricos ao mesmo tempo tocando axé. Falta muito pro mundo acabar? Nessas horas, eu acho que não.
• Segunda de Carnaval. Obrigada, Thunder Voice: Epitáfios é realmente incrível e salvou meu Carnaval. Impossível sair com o sol no céu. Enquanto isso, a gente fica em casa e assiste a essa série argentina fodástica. Recomendo. Vi os 13 episódios da primeira temporada em 6 dias. Bora atrás da segunda.
• Eu definitivamente não consigo mijar na rua. Desculpem, mas não dá. Acho uma falta de dignidade tremenda, falta de higiene total, nojento e repugnante. Podem mijar, vocês mulheres que conseguem, mas pra mim não dá. Eu prefiro pagar 3 reais (preço de uma cerva!!) pra ter a dignidade de mijar numa privada limpinha, com papel, descarga, lavar as mãos e dar aquela olhadinha básica no espelho. Mijar na rua, mulherada, não dá! No sábado, lá em Barão, duas amigas queridas foram mijar na rua e eu fui junto, de curiosidade mórbida. De boa, pra mim não dá. Era tipo um estabelecimento comercial, a varandinha de um comércio. Fechado, claro. Mas mesmo assim. Abaixar a calça, mijar de cócoras, não se limpar, colocar a calcinha e sair pingando, de boa, eu não consigo. Comentei com a minha amiga que parecia “Ensaio sobre a cegueira”, todo mundo cagando e mijando pela rua. Com a diferença e o agravante de que aqui todo mundo vê. Definitivamente, mijar na rua não é pra mim. E tenho dito.
• Dedico a minha noite de terça-feira a algumas pessoinhas. Tatiana Rocha, vulga Branca de Neve, que me levou pra esbórnia. João Fernando e Luan, que me fizeram rir muito e muito e muito mesmo. O moço que dançou Bandeira Branca comigo no meio da rua e que me fez lembrar como é que o Carnaval é mesmo. Hihi.
• Sexta-feira. Trabalho em dose dupla. City depois. Irritadíssima com o Carnaval que se aproxima (vide post abaixo). Mas com as cervejas, as coisas vão melhorando. Chego e casa uma e pouco da manhã e o axé tá comendo solto lá embaixo. Fecho a janela. Fecho o vidro da janela. Encosto um colchão na janela, pra tentar abafar o som. Fecho a porta dos quartos, pra evitar que mais som entre e passe pelo corredor. Fecho o vitrô do banheiro. Fecho o box do banheiro. Fecho a porta do banheiro. Meus pais colocam o colchão deles na sala. Fracos. Entro no quarto, ligo o ventilador, ligo o note. Fone de ouvido, dorflex. Durmo em menos de uma hora. Acordo morrendo de calor no sábado, mas mais aliviada.
• Sábado. Cerveja com Isabela, 3 da tarde. Tranquinha. Duas velhas tomando breja e jogando tranca. Perco várias mas ganho a partida no final. Flavinho chega. Assistimos a “Obrigado por fumar”, de novo. Ligações pra galera. Todos vão estar no bloco de rua em Barão. E a gente também, fazer o quê? Foi legal. Um monte de gente querida, conversa boa e cervejinha gelada. Até 4 da manhã dando risada. Chego em casa e o trio elétrico do meu quintal já parou. Glória-glória-aleluia.
• Se você não pode com seu inimigo, junte-se a ele. Nem que seja pra descobrir os motivos por que ele se tornou seu inimigo. Domingo de Carnaval. Depois de tomar uma com a querida Má Franco no City, lá fui eu pra Barão, tentar repetir a dose de sábado (que tava tão legal). Má não quis ir e eu fui sozinha. Mas nem tinha nada. Um lixo, uma molecada, funk rolando nos carros, nem sinal de bloco. Desisti e voltei, mas ainda era 1 da manhã, e o trio do meu quintal (vide post abaixo) só parava às 4. Fazer o quê? Revesti-me de coragem e fui... para o túnel. Só pra descobrir mesmo que é uma merda. Encontrei um amigo de outros tempos, querido, e ficamos ali com a galerinha dele. Encontrei também um aluno. Encontrei também confusão. Tomei uma nas costas, no meio de uma briga, um cara saiu correndo e bateu com o braço em cheio no meio das minhas costas. Voei (e olha que eu nem sou levinha assim). Olho ao redor e vejo todos tapando o nariz e a boca. Alguém grita “spray de pimenta!”. Me mandam cobrir o nariz e a boca. O cheiro não passa. Olho do lado e vejo um cara imenso empurrando um policial. O policial revida mandando uma chuva de spray de pimenta. Uma menina de 15 anos me pega pela mão, me puxa e grita “CORRE!!”. Eu corro. O mundo corre. Dispersão, diáspora. 5 minutos depois, ainda estou tremendo. Ela me olha como se nada tivesse acontecido e fala “pronto, vamos voltar”. Trilha sonora perfeita do inferno: 3 trios elétricos ao mesmo tempo tocando axé. Falta muito pro mundo acabar? Nessas horas, eu acho que não.
• Segunda de Carnaval. Obrigada, Thunder Voice: Epitáfios é realmente incrível e salvou meu Carnaval. Impossível sair com o sol no céu. Enquanto isso, a gente fica em casa e assiste a essa série argentina fodástica. Recomendo. Vi os 13 episódios da primeira temporada em 6 dias. Bora atrás da segunda.
• Eu definitivamente não consigo mijar na rua. Desculpem, mas não dá. Acho uma falta de dignidade tremenda, falta de higiene total, nojento e repugnante. Podem mijar, vocês mulheres que conseguem, mas pra mim não dá. Eu prefiro pagar 3 reais (preço de uma cerva!!) pra ter a dignidade de mijar numa privada limpinha, com papel, descarga, lavar as mãos e dar aquela olhadinha básica no espelho. Mijar na rua, mulherada, não dá! No sábado, lá em Barão, duas amigas queridas foram mijar na rua e eu fui junto, de curiosidade mórbida. De boa, pra mim não dá. Era tipo um estabelecimento comercial, a varandinha de um comércio. Fechado, claro. Mas mesmo assim. Abaixar a calça, mijar de cócoras, não se limpar, colocar a calcinha e sair pingando, de boa, eu não consigo. Comentei com a minha amiga que parecia “Ensaio sobre a cegueira”, todo mundo cagando e mijando pela rua. Com a diferença e o agravante de que aqui todo mundo vê. Definitivamente, mijar na rua não é pra mim. E tenho dito.
• Dedico a minha noite de terça-feira a algumas pessoinhas. Tatiana Rocha, vulga Branca de Neve, que me levou pra esbórnia. João Fernando e Luan, que me fizeram rir muito e muito e muito mesmo. O moço que dançou Bandeira Branca comigo no meio da rua e que me fez lembrar como é que o Carnaval é mesmo. Hihi.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
CARNAVAL DO CARALHO!!!!!!!!!
Carnaval de cu é rola. Primeiro que eu odeio Carnaval: só é bom mesmo por ser feriadão, porque de resto, só traz coisas ruins. Um monte de bêbado pela rua. Um monte de acidente. Música lixo, que nem merece ser chamada de música. Piriguetes soltas, malandros, bandidos e trombadinhas fazendo a festa. Gente amontoada, suando, pingando, NOJENTO!! Gente vomitando de tanto beber, gente pisando no pé, trânsito nas estradas, fila pra tudo, o preço de tudo sobe, a paz não existe. Quer dizer, existir até existe, se você tiver possibilidade de sumir.
Mas eu não tenho. Não esse ano. Porque tô altamente sem grana pra sair pra qualquer lugar e me internar at†e esquecer que é Carnaval. Eu bem que tentei convencer os amigos a arrumar uma chácara aqui por perto, pra não ter que enfrentar o inferno das estradas. Uma chacrinha pertinho, pra gente se isolar com jogos, piscina e churrasco, música de qualidade, filmes bons. Pra lembrar que o Carnaval existe só lá pela Quarta de Cinzas, mas aí já ia ter passado mesmo e tudo bem. Mas nem rolou. Também, ninguém ficou muito interessado em agitar o negócio. Talvez porque ninguém mais more no inferno. Só eu.
Sim, eu moro no inferno.
Moro na rua de trás de onde a pôrra da Prefeitura da merda da cidade de Campinas resolveu, há 2 anos, fazer o caralho do Carnaval. O Carnaval é no meu quintal. A janela do meu quarto dá exatamente para a putaquepariu da avenida do samba. Que, o ano todo, é a avenida do túnel. Mas, nessa época infernal, torna-se a avenida do samba. Se assim fosse, tava bom. Mas é a avenida do inferno. 7 e meia da noite começam os “blocos”. Você sabe como são os blocos de Campinas? Consegue imaginar? Tenta. Aposto que, por pior que você imagine, não vai conseguir ter um vislumbre da realidade. Hoje, sexta-feira, temos o "Bloco da Municipalidade", o “Bloco da Inclusão”, o “Bloco da Juventude” e o “Bloco do Idoso”. Alguém merece? Eu, definitivamente, não mereço.
Mas não para por aí. Ah, não! Porque depois disso, das 9 à meia-noite, tem desfile de 3 escolas de samba. Isso, escola de samba de Campinas. Imaginou? Ainda nem é o pior: se fosse só o desfile das escolas de samba, eu ainda aguentava Porque samba é samba, e samba de enredo é samba de enredo, e se acabasse mesmo lá pela meia-noite eu nem ia reclamar tanto. Mas o demônio definitivamente mora no corpo do filhodaputa do Dr. Hélio. Aliás, esse pulha deve morar bem longe do carnaval. Certeza. Acha que ele ia querer na casa dele, da meia-noite às QUATRO DA MANHÃ (!!!!!!!!!!!!!!), o desfile dos trios (!!!!!!!!)? Saca só os nomes: “Trio Elétrico Ninja com a Banda Filomena Bagaceira e o Bloco Band Folia”, “Trio Elétrico Nave-TVB-SBT, Banda Axé Maria e Josefina Furacão” e “Trio Elétrico Cyclone com o Bloco as Águas Vão Rolar, Monika Araújo e Banda Kizumbau”. Você acha que tem alguém que merece??? Você acha que eu mereço???
Puta merda, eu sou uma menina boa. Eu juro. Eu sempre fiz as minhas lições de casa direitinho, eu sempre tive boas notas, eu sou responsável, não sou drogada nem bêbada, tenho dois empregos e mais freelas, sou comportada, não sou biscate, sou boa filha, sempre faço tudo direitinho e (quase sempre) dentro da lei. Eu mais falo besteira do que faço, na verdade eu não faço mal nem pra uma mosca, pobre de mim. Então por quê? Por que comigo??? Por que na janela do meu quarto?? Caralho, isso me revolta deveras. Dá vontade de chamar uns mano pra jogar uma bomba nessa merda. Mas eu sou tão boazinha que nem conheço mano nenhum com esses poderes. Alem do que, vamos combinar, os manos devem adorar o carnaval. Vão estar todos lá, no meu quintal, dançando ao som de funk e das músicas da Vaca Leitte.
Eu só queria um feriadinho de paz. Meus livrinhos na minha rede, balançando pra lá e pra cá. Minhas séries que eu comprei, na minha TV, em paz, sossego e com o ventilador ligado. Queria um silêncio que é direito meu enquanto cidadã. Queria que não fechassem as ruas que dão acesso à minha casa e não me obrigassem a dar uma volta federal pra chegar na minha humilde residência e ainda encontrar o caos armado. Queria escurinho e silêncio. Queria que a merda da lei do silêncio funcionasse agora, porque eu tenho o direito de descansar. Queria que o Dr. Hélio, o Secretario da Cultura (quáquáquá, Culura em Campinas?? Banda Filomena Bagaceira...) e todas essas antas que montaram essa merda dessa festa na minha janela transferissem essa pôrra toda pro bairro deles, pra rua deles, pro cu deles. Qualquer lugar longe de mim.
Gente mais sem coração! A Vila é um lugar de idosos, gente! Só tem velhinho no meu bairro!! Caralho, vão infartar uns 50 nesses 5 dias de “festa” ª(leia-se merda). Tem gente que trabalha! Meu pai trabalha na segunda, como vai dormir no domingo com o caralho do Trio Elétrico Cyclone com o Bloco as Águas Vão Rolar, Monika Araújo e Banda Kizumbau tocando até 4 da manhã?? Cadê a responsabilidade social, cadê o direito à paz dos cidadãos, cadê o respeito, pôrra???
Liguei na prefeitura e, óbvio, não adianta nada. Nem pra pagar hotel pra mim. Não que eu quisesse de fato, porque imagina a merda de hotel que a Prefeitura de Campinas ia pagar... e porque não acho justo eu ter que sair da minha casa pro povão se divertir. Mas até tentei, seria menos injusto do que eu não dormir. Claro que não adiantou bosta nenhuma. Abri protocolo e é isso. Falei na Ouvidoria e nada. Pra fechar bar que toca até depois das 10 da noite, neguinho é bom. Pra fazer barulho até quatro da manhã em bairro residencial de idosos, por 5 noites seguidas, também. Filhos da puta.
E agora, o que eu faço?? Alguém me adota? Mas tem que ser urgente, hoje! De preferência, alguém que tenha casa com piscina, churrasqueira e que goste de jogos. E que more longe do inferno. E que veja filmes e séries com a veia aqui.
Tô pensando em ir dormir num motel. Sei lá, levar o note com meus DVDs de filmes e séries, encher a banheira, pedir pizza, depois tomar um banhinho quentinho, ligar o ar condicionado e ficar de boa. Alguém aí quer dividir a paz e a diária? Na amizade?
Mas eu não tenho. Não esse ano. Porque tô altamente sem grana pra sair pra qualquer lugar e me internar at†e esquecer que é Carnaval. Eu bem que tentei convencer os amigos a arrumar uma chácara aqui por perto, pra não ter que enfrentar o inferno das estradas. Uma chacrinha pertinho, pra gente se isolar com jogos, piscina e churrasco, música de qualidade, filmes bons. Pra lembrar que o Carnaval existe só lá pela Quarta de Cinzas, mas aí já ia ter passado mesmo e tudo bem. Mas nem rolou. Também, ninguém ficou muito interessado em agitar o negócio. Talvez porque ninguém mais more no inferno. Só eu.
Sim, eu moro no inferno.
Moro na rua de trás de onde a pôrra da Prefeitura da merda da cidade de Campinas resolveu, há 2 anos, fazer o caralho do Carnaval. O Carnaval é no meu quintal. A janela do meu quarto dá exatamente para a putaquepariu da avenida do samba. Que, o ano todo, é a avenida do túnel. Mas, nessa época infernal, torna-se a avenida do samba. Se assim fosse, tava bom. Mas é a avenida do inferno. 7 e meia da noite começam os “blocos”. Você sabe como são os blocos de Campinas? Consegue imaginar? Tenta. Aposto que, por pior que você imagine, não vai conseguir ter um vislumbre da realidade. Hoje, sexta-feira, temos o "Bloco da Municipalidade", o “Bloco da Inclusão”, o “Bloco da Juventude” e o “Bloco do Idoso”. Alguém merece? Eu, definitivamente, não mereço.
Mas não para por aí. Ah, não! Porque depois disso, das 9 à meia-noite, tem desfile de 3 escolas de samba. Isso, escola de samba de Campinas. Imaginou? Ainda nem é o pior: se fosse só o desfile das escolas de samba, eu ainda aguentava Porque samba é samba, e samba de enredo é samba de enredo, e se acabasse mesmo lá pela meia-noite eu nem ia reclamar tanto. Mas o demônio definitivamente mora no corpo do filhodaputa do Dr. Hélio. Aliás, esse pulha deve morar bem longe do carnaval. Certeza. Acha que ele ia querer na casa dele, da meia-noite às QUATRO DA MANHÃ (!!!!!!!!!!!!!!), o desfile dos trios (!!!!!!!!)? Saca só os nomes: “Trio Elétrico Ninja com a Banda Filomena Bagaceira e o Bloco Band Folia”, “Trio Elétrico Nave-TVB-SBT, Banda Axé Maria e Josefina Furacão” e “Trio Elétrico Cyclone com o Bloco as Águas Vão Rolar, Monika Araújo e Banda Kizumbau”. Você acha que tem alguém que merece??? Você acha que eu mereço???
Puta merda, eu sou uma menina boa. Eu juro. Eu sempre fiz as minhas lições de casa direitinho, eu sempre tive boas notas, eu sou responsável, não sou drogada nem bêbada, tenho dois empregos e mais freelas, sou comportada, não sou biscate, sou boa filha, sempre faço tudo direitinho e (quase sempre) dentro da lei. Eu mais falo besteira do que faço, na verdade eu não faço mal nem pra uma mosca, pobre de mim. Então por quê? Por que comigo??? Por que na janela do meu quarto?? Caralho, isso me revolta deveras. Dá vontade de chamar uns mano pra jogar uma bomba nessa merda. Mas eu sou tão boazinha que nem conheço mano nenhum com esses poderes. Alem do que, vamos combinar, os manos devem adorar o carnaval. Vão estar todos lá, no meu quintal, dançando ao som de funk e das músicas da Vaca Leitte.
Eu só queria um feriadinho de paz. Meus livrinhos na minha rede, balançando pra lá e pra cá. Minhas séries que eu comprei, na minha TV, em paz, sossego e com o ventilador ligado. Queria um silêncio que é direito meu enquanto cidadã. Queria que não fechassem as ruas que dão acesso à minha casa e não me obrigassem a dar uma volta federal pra chegar na minha humilde residência e ainda encontrar o caos armado. Queria escurinho e silêncio. Queria que a merda da lei do silêncio funcionasse agora, porque eu tenho o direito de descansar. Queria que o Dr. Hélio, o Secretario da Cultura (quáquáquá, Culura em Campinas?? Banda Filomena Bagaceira...) e todas essas antas que montaram essa merda dessa festa na minha janela transferissem essa pôrra toda pro bairro deles, pra rua deles, pro cu deles. Qualquer lugar longe de mim.
Gente mais sem coração! A Vila é um lugar de idosos, gente! Só tem velhinho no meu bairro!! Caralho, vão infartar uns 50 nesses 5 dias de “festa” ª(leia-se merda). Tem gente que trabalha! Meu pai trabalha na segunda, como vai dormir no domingo com o caralho do Trio Elétrico Cyclone com o Bloco as Águas Vão Rolar, Monika Araújo e Banda Kizumbau tocando até 4 da manhã?? Cadê a responsabilidade social, cadê o direito à paz dos cidadãos, cadê o respeito, pôrra???
Liguei na prefeitura e, óbvio, não adianta nada. Nem pra pagar hotel pra mim. Não que eu quisesse de fato, porque imagina a merda de hotel que a Prefeitura de Campinas ia pagar... e porque não acho justo eu ter que sair da minha casa pro povão se divertir. Mas até tentei, seria menos injusto do que eu não dormir. Claro que não adiantou bosta nenhuma. Abri protocolo e é isso. Falei na Ouvidoria e nada. Pra fechar bar que toca até depois das 10 da noite, neguinho é bom. Pra fazer barulho até quatro da manhã em bairro residencial de idosos, por 5 noites seguidas, também. Filhos da puta.
E agora, o que eu faço?? Alguém me adota? Mas tem que ser urgente, hoje! De preferência, alguém que tenha casa com piscina, churrasqueira e que goste de jogos. E que more longe do inferno. E que veja filmes e séries com a veia aqui.
Tô pensando em ir dormir num motel. Sei lá, levar o note com meus DVDs de filmes e séries, encher a banheira, pedir pizza, depois tomar um banhinho quentinho, ligar o ar condicionado e ficar de boa. Alguém aí quer dividir a paz e a diária? Na amizade?
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