Ele me perguntou se eu fazia versos. Na verdade foi um mal-entendido. Eu perguntei sobre os versos das folhas, e ele entendeu errado. Geralmente sou eu quem não entende o q ele fala. Se bem que às vezes ele entende errado também.
Enfim, ele me perguntou se eu fazia versos. E eu disse obviamente que não, e ri. Porque eu não faço mesmo. Qdo era uma adolescente bizarra, fazia. E era realmente bizarro. Eu tinha um caderno com uma capa dourada, meio brilhante, nem lembro como consegui, acho q minha mãe me deu. E era o meu caderno de poesias. Aquelas coisas estranhas q as adolescentes fazem, qdo gostam de um moleque e ele nem liga pra elas, daí parece q o mundo vai desabar, q tudo vai ruir, q não vale a pena viver. Era realmente muito brega. Escrevia coisas muito piegas.
Anos depois, peguei pra reler e tive vontade de me matar. De matar a adolescente idiota q eu fui. Como eu pude escrever tanta asneira? Qdo a gente é adolescente tudo é uma tragédia... Fiquei com vergonha de mim, com vergonha do q eu fui. Sou uma pessoa muito crítica. Com os outros, obviamente, e comigo também, se bem q nem sempre. Então fiquei com essa idéia de q as coisas q a gente escreve no calor do momento são ruins, pq vc vai ler depois qdo tudo esfria e morre de vergonha. Então pra q escrever? Pra achar tudo ridículo depois? Eu sei aquele lance todo do Fernandinho, de q todas as cartas de amor são ridículas e bla-bla-bla. Tá, serve pra eternizar o momento. E daí?
Fiquei mesmo, então, com essa ica de escrever, com esse medo, achando inútil escrever hoje pra rasgar ou apagar amanhã. E eu tb tenho uma certa ica de poesia, pelo menos da minha. Não é bom o suficiente. Nunca é bom o suficiente. Eu tenho a mania de escrever como eu falo, e eu falo como eu penso, então nunca fica nada como a gente está acostumado a ler, aquele lance de transpiração, de trabalho, de técnica. Minhas palavras escritas são somente o reflexo do fluxo do meu pensamento, correndo pela tela (pq agora no papel é mais difícil). E nem sempre fica bonito. Pq nem sempre o q eu penso é bonito, ou a forma como eu penso.
Ele me disse (me escreveu) q, qdo lê meus mails, parece q me ouve falando. Ele não é o primeiro a dizer isso. Mas, na verdade, é assim. É exatamente assim, e eu fico feliz por ele captar isso do meu jeito de ser: eu escrevo exatamente como eu falo. Sem ficar pensando muito, sem ficar bloqueando, cerceando. O problema é qdo preciso escrever alguma coisa importante pra alguém. Daí fico preocupada em cortar, em enxugar, em diminuir, em não deixar transparecer tudo o q eu queria dizer e não posso. Uma merda mesmo. E sempre acaba passando alguma coisa. Pelo menos eu vejo. Vejo gritando em néon azul, por entre as linhas, aquilo tudo q eu quis dizer. No meio das palavras, como aqueles malditos livros em 3D q eu nunca consegui enxergar. Entre todas as palavrinhas comuns e as frases milimetricamente construídas, eu vejo aquele "EU ME IMPORTO" berrando através do meu texto. Enxergo aquele "EU QUERO MUITO" atrás das minhas palavras calculadas.
Talvez seja nóia minha. Talvez não. Vai saber...
Enfim, eu gosto de escrever, pelo menos no momento em q escrevo. Fico com ica depois, mas gosto. Ontem me perguntaram pq eu não fazia um blog. Já tinham me perguntado isso antes. Já comecei alguns, e nunca acabei. Quer dizer, acabei com todos, nunca levei adiante, por essa história mesmo de achar tudo feio e banal depois de escrever. Quem sabe agora. Agora q eu estou revendo alguns conceitos e tentando ser uma pessoa mais calma, mais centrada, mais adulta. Não q isso tenha nada a ver com ter um blog. Somente com rever conveitos. E, se me der na telha, eu apago tudo de novo.
Agora, versos, jamais. Nem pensar (e no balanço das horas tudo pode mudar).
Nenhum comentário:
Postar um comentário