quinta-feira, 12 de junho de 2008

O bonitão que chega no nada e resolve a gig e A família

Terça-feira eu cheguei em casa e lembrei que o Telecine Light estava com o sinal aberto. "Beleza, tô sem grana mesmo, vou ter que ficar em casa mesmo, pelo menos vejo uns filminhos". Tava
passando "O amor é cego", aquele em que o Jack Black vê a beleza interior da Gwyneth Paltrow; ela é muito gorda e ele a vê magérrima. Sim, porque pra representar a beleza interior, nada
como representá-la com corpinho de modelo. Ok, ok. Depois começou "Casamento Grego", aquele em que o cara se apaixona pela grega estranhinha e meio que "vira grego" pra se casar com ela.

Eu fiquei pensando... esses filmes fazem um sucesso estrondoso... e por quê? Porque eles dizem e mostram o que muita gente quer ver: que em algum momento da sua vida vai chegar um cara que vai gostar de você exatamente pelo que você é, não importando se você foge dos padrões convencionais de beleza e de comportamento. Aliás, se vc estiver fora desses padrões, melhor ainda! Se você for muito gorda, ou tiver um nariz enorme e uma família com costumes bizarros, um dia vai chegar um cara muito legal, que pode até ser bonitão, e se encantar pelo seu jeitinho especial. Ã-hã...

Eu também sempre acreditei nisso. Mas às vezes me parece um pouco coisa de contos-de-fadas, ou coisas de filminho de Telecine Light. Aliás, cada vez mais me parece mesmo uma balela. Cada
vez mais a realidade me mostra que os homens são todos uns babacas, que no fundo o que eles querem mesmo é um corpinho bonitinho, venha ele com cabeça acoplada ou não. E que querem
uma coisinha cor-de-rosa e feminina e idiota e sem-graça e sem personalidade e hihihi. Palmas para os machos da nossa geração: bando de retardados!!

Ok, ok, estou sendo injusta. Tem alguns que fogem à regra. Meus amigos gays, por exemplo, são pessoas maravilhosas.

Voltando...

Enfim, parece q a indústria cinematográfica sacou que a mulherada quer ouvir e ver histórias bonitas sobre caras bonitos e íntegros que amam as pessoas pelo que elas são e não por como
elas são. Caras que procuram por mulheres diferentes, pois já estão cansados de todas as iguais que eles comeram/tiveram (dependendo da pudicícia do leitor). Caras que não se preocupam
com o corpo perfeito, aliás, caras que querem fugir do corpo perfeito. Ã-hã... acorda, Alice!

Mas a questão que eu queria comentar não era exatamente essa. Esse foi o primeiro pensamento que me ocorreu, confesso. Daí fiquei um pouco revoltada (imagine, quase nada, eu nem sou
revoltada). Mas daí continuei a ver Casamento Grego (sim, perguntem, "por que, se vc acha ridículo e um golpe de marketing da indústria cinematográfica, se você não acredita q pode
acontecer e talz"... sim, eu respondo: eu também não acho q vai chegar um hobitt na minha frente, mas assisto ao Senhor dos Anéis... e, no, fundo, eu sou uma dessas mulheres com
esperança, vai...). Ok, eu fiquei vendo aquelas coisas todas, aquelas cenas ridículas pelas quais o cara tem q passar pra entrar pra família, e vc fica pensando "ele não vai agüentar, não vale a
pena, vai é sair por aí e catar qualquer loirinha magra q não exija tanto". Mas o cara agüenta. Ã-hã.

Enfim, mudei o foco e comecei a prestar atenção na família dela, no filme. Óbvio q é um exagero. Uma família barulhenta, numerosa e louca. Alegre e engraçada. Com seus problemas, mas
problemas de filme, né? Daí eu comecei a pensar na minha família. E o filme tem essa coisa mágica de fazer a gente se sentir bem no final. Fiquei pensando em como a minha família é especial e no quanto eu gosto dela. Estou falando principalmente do meu pai, da minha mãe e da minha irmã, q são a minha família de fato, pessoas com quem eu moro e convivo. Pensei em todos os problemas que tive, tenho e ainda vou ter com eles. Em todas as coisas q eu não gosto deles, algumas das quais me envergonho. E vi q tudo isso é uma besteira sem fim... meus pais são maravilhosos, fazem tudo o q podem e às vezes o q não podem por mim (eu é q quero demais...). Eles foram criados de maneira diferente e em tempos diferentes dos de hoje, então não adianta
eu querer q eles pensem como eu. Sempre fizeram de tudo q eu quis, sempre me apoiaram, sempre me prestigiaram, meus maiores fãs. Minha casa é uma alegria, e às vezes eu reclamo
disso. Todo mundo fala alto (meu pai, um pouco menos), as pessoas cantam, dançam, fazem piada. Todo mundo tem muito senso de humor em casa, todo mundo gosta de bater papo e de
agradar as pessoas. Fico aqui pensando na quantidade de amigos/amigas que tenho com pais quietos, chatos, calados, velório em casa. Minha casa não é assim. Graças a Deus.

Tenho que agradecer (de novo) pela família que eu tenho. Ela não é de filme, está longe de ser perfeita. Mas eu sinto muito amor dentro da minha casa. E isso faz de mim uma pessoa especial, e isso faz deles pessoas especiais. Eles gostam de mim pelo que eu sou e como eu sou, e isso não é um consolo idiota, como eu pensava. Isso é muito. De verdade.

Amo todos os três (quatro, contando com o/a sobrinho/a que vai chegar).

Nenhum comentário: