quinta-feira, 30 de julho de 2009
Voz e violão
É muito diferente de cantar com a banda. Porque na banda eu ouço a metaleira atrás de mim, ouço toda ela. Ouço a bateria, o baixo, o teclado a guitarra, e ouço a minha voz e a do Diego, mas lá no fundo. Não adianta: por melhor que seja o som, a voz fica pra trás.
Daí que eu quase morri fazendo voz e violão. Porque eu ouço tudo. Porque eu tenho que preencher tudo. Porque eu não posso ficar dançando e fazendo a palhaça. Porque o repertório ainda não tá fechado, e temos que mudar algumas coisas. Porque eu tenho muito pra aprender. Mas muito mesmo.
Mas taí. Nasceu. Agora, é trabalhar.
*Fotos: Juliana Hilal (acho que a primeira é do Dan Torres).
Flamenco
Como eu já contei em um post aí embaixo, vi um show de flamenco jazz em Sampa no domingo. E os caras despertaram meu duende, que dormia incomodado em algum canto do meu peito. Não dá. Ele queria acordar, eu queria que ele acordasse. Ele acordou.
Fiz a matrícula na segunda. Voltei. Fiz a primeira aula ontem. Depois de cinco anos parada. Meus braços hoje doem e gritam. Minha cintura chora e range. Minhas pernas reclamaram, mas estão inteiras e sem grandes problemas.
Como eu pude ficar tanto tempo longe? Duendinho preguiçoso da pôrra. Mentira. Eu que nocauteei o duende. Esmurrei pra ele ficar quieto. Porque não dava pra voltar. Mas não adianta: tá no meu sangue, meu sangue ouve a guitarra flamenca e berra, e corre, e baila. E eu bailando junto.
* Sou eu mesma nas fotos, há muuuuito tempo...
Reformando a Reforma
Todo mundo sabe, mas na verdade poucos sabem.
A Reforma Ortográfica entrou em vigor no começo do ano, em janeiro mesmo. Muito se falou, muito se escreveu sobre o assunto, mas não adiantou nada, lei é lei. Acredito até que já escrevi sobre isso aqui. Fiz meus alunos fazerem uma pesquisa no ano passado sobre a Reforma, porque eles (e todo mundo) têm que saber o que está acontecendo, o que se passa e o que deixa de passar. Já coloquei minha opinião. Quando rolou o debate, anos atrás, sobre a legalização ou não das armas, foi realizado um plebiscito e a população votou. Dessa vez, pra mexer com a nossa língua, com a língua que usamos diariamente pra escrever, pra xingar, pra mandar e-mail pro namorado, pra mãe, pro chefe, ninguém pediu opinião. A lei foi baixada, e acabou.
E não adianta, gente. Se ninguém fez nada, não tem como reclamar, não tem como não usar. Escreveu fora da nova lei, está errado. E ponto.
Tem lá o caso da galera do Acre, brigando na justiça pelo direito de continuar a ser acreano, e não acriano. Mas, fora isso, ninguém se manifestou. Então é lei.
Daí que eu quero morrer com esse povo que escreve mais ou menos. Ou não acata a Reforma, e daí o seu texto está errado (do ponto de vista da gramática normativa) e pronto, ou acata tudo. Canso de ver gente escrevendo textos e só deixando de acentuar ideia, porque essa é a única palavra que a pessoa decorou. De boa: ou não faz, ou faz direito. Tá com dúvida? Contrate um revisor. Meu e-mail é jupalermo@gmail.com. Metade do dia professora de português, metade do dia revisora do português. Sobra tempo pra uns freelas.
E tenho dito.
A Reforma Ortográfica entrou em vigor no começo do ano, em janeiro mesmo. Muito se falou, muito se escreveu sobre o assunto, mas não adiantou nada, lei é lei. Acredito até que já escrevi sobre isso aqui. Fiz meus alunos fazerem uma pesquisa no ano passado sobre a Reforma, porque eles (e todo mundo) têm que saber o que está acontecendo, o que se passa e o que deixa de passar. Já coloquei minha opinião. Quando rolou o debate, anos atrás, sobre a legalização ou não das armas, foi realizado um plebiscito e a população votou. Dessa vez, pra mexer com a nossa língua, com a língua que usamos diariamente pra escrever, pra xingar, pra mandar e-mail pro namorado, pra mãe, pro chefe, ninguém pediu opinião. A lei foi baixada, e acabou.
E não adianta, gente. Se ninguém fez nada, não tem como reclamar, não tem como não usar. Escreveu fora da nova lei, está errado. E ponto.
Tem lá o caso da galera do Acre, brigando na justiça pelo direito de continuar a ser acreano, e não acriano. Mas, fora isso, ninguém se manifestou. Então é lei.
Daí que eu quero morrer com esse povo que escreve mais ou menos. Ou não acata a Reforma, e daí o seu texto está errado (do ponto de vista da gramática normativa) e pronto, ou acata tudo. Canso de ver gente escrevendo textos e só deixando de acentuar ideia, porque essa é a única palavra que a pessoa decorou. De boa: ou não faz, ou faz direito. Tá com dúvida? Contrate um revisor. Meu e-mail é jupalermo@gmail.com. Metade do dia professora de português, metade do dia revisora do português. Sobra tempo pra uns freelas.
E tenho dito.
Palmas!
Palmas, muitas palmas em um único fim de semana. Demorei pra escrever porque essa semana tá sendo corrida. Enfim, fim de semana em São Paulo. Eita cidade porreta. Palmas, muitas palmas.
Primeiro, palmas pros meus queridos colegas do Café Tango, quinteto que toca Piazzolla, e agora está tocando sons próprios. Eles são foda, muito foda. Lindos. Puta som. Brasileiro é foda mesmo, consegue tocar qualquer coisa. Fala “Vamos tocar tango argentino?” e toca. E toca pra caralho, e depois compõe sobre o modelo. Lindos, lindos, lindos. Palmas!
Depois, palmas pra galera do chorinho na feirinha da Benedito Calixto. Aliás, palmas pra Benedito Calixto. Segundo minha mãe, meu padroeiro é São Benedito. Ela que disse. Enfim, apesar da chuva, a praça é o máximo, a feirinha tem coisas super legais e diferentes, e só mesmo o Du pra me demover da ideia de comprar um vestido de bolinhas lindo lindo lindo que eu vi. Eu só vi um pouco do chorinho, mas palmas. E palmas pra barraquinha dos doces, nos tachos. Delícia. Palmas.
Depois, palmas pra peça do Lume, Kavka. Apesar de eu não ter gostado, a gente sempre bate palma, até porque o trabalho merece. Não me agradou, mas merece. Palmas.
Depois, palmas pros tiozinhos que estavam mandando ver no Bar Piratininga. Trio de jazz/MPB. De leve, de boa, sonzinho bom da peste. Baixista quebrando tudo, saxofonista dos bons e pianista segurando tudo. Pena não saber o nome deles. Anyway, palmas.
Palmas pro meu querido e talentosíssimo amigo Dan Torres, e sua conclusão de curso. Deixou o cabelo da Simone demais. Lindo (o cabelo, e o Dan). Palmas!
Palmas pra mim e pro Du, que conseguimos tirar todos os palavrões da Ópera do Malandro. Quer dizer... no fundo, no fundo, é uma merda, uma hipocrisia do caralho, mas normas são normas, e a gente conseguiu. Palmas.
Palmas pra cantina Piolim. Pode falar o que quiser, pode me chamar de Garfield, mas aquela lasanha é de foder. Não dá, não consigo comer outra coisa lá, e adoro. Palmas pra lasanha verde com molho 5 formaggio (Jesus!). Palmas!
Palmas pro Café Noir, na Augusta, e o show de flamenco jazz. Embora o cara fosse mucho loco e misturasse milhares de referências, o show foi muito legal (e as partes não legais me fizeram morrer de rir), os músicos eram foda e quebraram tudo. Palmas. Palmas principalmente porque eles despertaram meu duende, há tanto adormecido. Palmas!
Palmas pra São Paulo, cidadezinha porreta. Palmas pros meus amigos, palmas pro Mãozinho que apareceu só no final, mas apareceu. Palmas, palmas, palmas!
Primeiro, palmas pros meus queridos colegas do Café Tango, quinteto que toca Piazzolla, e agora está tocando sons próprios. Eles são foda, muito foda. Lindos. Puta som. Brasileiro é foda mesmo, consegue tocar qualquer coisa. Fala “Vamos tocar tango argentino?” e toca. E toca pra caralho, e depois compõe sobre o modelo. Lindos, lindos, lindos. Palmas!
Depois, palmas pra galera do chorinho na feirinha da Benedito Calixto. Aliás, palmas pra Benedito Calixto. Segundo minha mãe, meu padroeiro é São Benedito. Ela que disse. Enfim, apesar da chuva, a praça é o máximo, a feirinha tem coisas super legais e diferentes, e só mesmo o Du pra me demover da ideia de comprar um vestido de bolinhas lindo lindo lindo que eu vi. Eu só vi um pouco do chorinho, mas palmas. E palmas pra barraquinha dos doces, nos tachos. Delícia. Palmas.
Depois, palmas pra peça do Lume, Kavka. Apesar de eu não ter gostado, a gente sempre bate palma, até porque o trabalho merece. Não me agradou, mas merece. Palmas.
Depois, palmas pros tiozinhos que estavam mandando ver no Bar Piratininga. Trio de jazz/MPB. De leve, de boa, sonzinho bom da peste. Baixista quebrando tudo, saxofonista dos bons e pianista segurando tudo. Pena não saber o nome deles. Anyway, palmas.
Palmas pro meu querido e talentosíssimo amigo Dan Torres, e sua conclusão de curso. Deixou o cabelo da Simone demais. Lindo (o cabelo, e o Dan). Palmas!
Palmas pra mim e pro Du, que conseguimos tirar todos os palavrões da Ópera do Malandro. Quer dizer... no fundo, no fundo, é uma merda, uma hipocrisia do caralho, mas normas são normas, e a gente conseguiu. Palmas.
Palmas pra cantina Piolim. Pode falar o que quiser, pode me chamar de Garfield, mas aquela lasanha é de foder. Não dá, não consigo comer outra coisa lá, e adoro. Palmas pra lasanha verde com molho 5 formaggio (Jesus!). Palmas!
Palmas pro Café Noir, na Augusta, e o show de flamenco jazz. Embora o cara fosse mucho loco e misturasse milhares de referências, o show foi muito legal (e as partes não legais me fizeram morrer de rir), os músicos eram foda e quebraram tudo. Palmas. Palmas principalmente porque eles despertaram meu duende, há tanto adormecido. Palmas!
Palmas pra São Paulo, cidadezinha porreta. Palmas pros meus amigos, palmas pro Mãozinho que apareceu só no final, mas apareceu. Palmas, palmas, palmas!
sexta-feira, 24 de julho de 2009
A carta da Maria Helena
Maria Helena. Era uma colega de trabalho da minha mãe no Centro Médico (não, Du, não é sua avó. É outra Maria Helena.). Ficou pouco tempo trabalhando com ela, lá. Era uma doidinha. Pelo menos essa é a visão que eu tenho dela. Eu devia ter o quê, uns 10 anos? Por aí. Minha mãe sempre foi muito séria, agora que descambou. Mas antes era muito séria, não falava besteira. E a Maria Helena era o máximo. Chiquérrima, com uns colares enormes, toda perfumada e com cores berrantes.
Não sei bem por que ela me escreveu essa carta. Tento lembrar e não consigo. Acho que foi na época em que minha mãe ficou doente, mas não tenho certeza. Faz muitos anos, quase 20. O fato é que um dia ela me escreveu uma carta, e pediu pra minha mãe me entregar. E essa carta é um dos tesouros que eu trago comigo.
Arrumando meu quarto outro dia, encontrei. Não que eu tivesse perdido: tava guardada junto com os tesouros. Mas achei de novo.
Reproduzo aqui a carta na íntegra. Do jeitinho que foi escrita. Se pudesse, escaneava, mas não tenho scanner. A letra dela era linda. Letra de doidinha.
De vez em quando, de anos em anos, releio a carta. E cada vez ela me parece mais atual.
Ju, querida.
Tenho mesmo pensado em você.
Pensado que você é uma menina tão especial, que todas as coisas especiais haverão de acontecer para você de um modo muito gostoso e muito bom.
É assim que eu faço com as minhas filhotinhas quando elas estão preocupadas e às vezes até mesmo não muito felizes com elas mesmas, ou até comigo. Sabe como é né, Juliana, nem sempre tudo é muito fácil, a gente complica um pouquinho as coisas, as coisas nos complicam e assim é que a vida tem valor. A gente vive, a gente cresce diante das circunstâncias.
Puxa, tocou o telefone três vezes e eu não segurei o pensamento como diz sua mãe.
Bem, como eu ia dizendo... (que é que eu ia dizendo mesmo?)
Olha aqui, paixãozinha, a verdade é que não é bolinho ser e estar bem diante de todas as coisas que nos acontecem. Não é fácil, mas é bom demais, Ju, porque só assim é que teremos certeza de ser felizes, porque todas as escolhas serão nossas. Claro que outras pessoas (que nos amam muito) vão nos ajudar, mas se for pra valer, a opção tem que ser “nossa”.
Linda, você é linda por dentro e por fora. Essa beleza é própria de pessoas especiais e que terão que se responsabilizar por todos os outros que a cercarem. Esse é o preço de ser estrela com luz própria (estrelinha de verdade, saca?).
Ju, preciso parar de escrever. Que letra horrorosa, desculpe, viu?
Um super beijo para você. Adorei a cachorrinha.
Não esqueci das menininhas. Vamos nos encontrar?
Bye, bye.
Maria Helena.
Para pensar: “Somos o que somos, não o que parecemos ser, nunca maior ou menor diante dos olhos de Deus.”
OBS. : - Beijos para a Marianinha
Fico aqui pensando por que raios ela escreveu uma carta dessas pra uma menina de 9, 10 anos. Na verdade, acho que ela sabia que eu entenderia. Só não sei se ela sabia que eu entenderia cada vez mais. Até hoje.
Não sei onde essa mulher está hoje em dia. Uma pena. Porque essa carta, como eu disse, vem comigo pela vida toda. E ela vem junto, mesmo sem saber.
Não sei bem por que ela me escreveu essa carta. Tento lembrar e não consigo. Acho que foi na época em que minha mãe ficou doente, mas não tenho certeza. Faz muitos anos, quase 20. O fato é que um dia ela me escreveu uma carta, e pediu pra minha mãe me entregar. E essa carta é um dos tesouros que eu trago comigo.
Arrumando meu quarto outro dia, encontrei. Não que eu tivesse perdido: tava guardada junto com os tesouros. Mas achei de novo.
Reproduzo aqui a carta na íntegra. Do jeitinho que foi escrita. Se pudesse, escaneava, mas não tenho scanner. A letra dela era linda. Letra de doidinha.
De vez em quando, de anos em anos, releio a carta. E cada vez ela me parece mais atual.
Ju, querida.
Tenho mesmo pensado em você.
Pensado que você é uma menina tão especial, que todas as coisas especiais haverão de acontecer para você de um modo muito gostoso e muito bom.
É assim que eu faço com as minhas filhotinhas quando elas estão preocupadas e às vezes até mesmo não muito felizes com elas mesmas, ou até comigo. Sabe como é né, Juliana, nem sempre tudo é muito fácil, a gente complica um pouquinho as coisas, as coisas nos complicam e assim é que a vida tem valor. A gente vive, a gente cresce diante das circunstâncias.
Puxa, tocou o telefone três vezes e eu não segurei o pensamento como diz sua mãe.
Bem, como eu ia dizendo... (que é que eu ia dizendo mesmo?)
Olha aqui, paixãozinha, a verdade é que não é bolinho ser e estar bem diante de todas as coisas que nos acontecem. Não é fácil, mas é bom demais, Ju, porque só assim é que teremos certeza de ser felizes, porque todas as escolhas serão nossas. Claro que outras pessoas (que nos amam muito) vão nos ajudar, mas se for pra valer, a opção tem que ser “nossa”.
Linda, você é linda por dentro e por fora. Essa beleza é própria de pessoas especiais e que terão que se responsabilizar por todos os outros que a cercarem. Esse é o preço de ser estrela com luz própria (estrelinha de verdade, saca?).
Ju, preciso parar de escrever. Que letra horrorosa, desculpe, viu?
Um super beijo para você. Adorei a cachorrinha.
Não esqueci das menininhas. Vamos nos encontrar?
Bye, bye.
Maria Helena.
Para pensar: “Somos o que somos, não o que parecemos ser, nunca maior ou menor diante dos olhos de Deus.”
OBS. : - Beijos para a Marianinha
Fico aqui pensando por que raios ela escreveu uma carta dessas pra uma menina de 9, 10 anos. Na verdade, acho que ela sabia que eu entenderia. Só não sei se ela sabia que eu entenderia cada vez mais. Até hoje.
Não sei onde essa mulher está hoje em dia. Uma pena. Porque essa carta, como eu disse, vem comigo pela vida toda. E ela vem junto, mesmo sem saber.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
O gato de Paraty
Foi em Paraty, terra mágica, de águas muito verdes e muito azuis, de céus muito azuis e muito rosas. Foi no carnaval, época de catarse e de paz, época de fantasia. Eu não estava esperando.
Quando cheguei, ele já estava lá. Achei uma graça de cara. Tentei uma aproximação, ele me olhou e nem me deu bola. Deixei pra lá. Logo na primeira noite, senti um volume a mais na minha cama, ou melhor, no colchão no chão em que eu dormia. Era ele. Não pediu licença, nem falou comigo, veio chegando e se instalou. Eu deixei, porque gostei, confesso. Um misto de medo com vontade de companhia. Tá, foda-se, quer ficar, fique. Não vou ficar pirando por isso.
De dia, ele sumia. Tomava o café com a gente e sumia. Sem cerimônia, da mesma maneira que tinha pulado pra minha cama, sentava no colo das minhas amigas, na minha frente. E eu ali, querendo que ele viesse pro meu lado. Às vezes ele vinha, sem que eu esperasse. Às vezes eu obrigava, puxava, ele vinha e ficava, mas não muito. Um dia, dormiu no meu colo, eu fazendo cafuné.
Lindo. Lindo. E eu querendo mais.
No último dia, surgiu um outro figura. Não era tão bonito, mas era muito carinhoso, e conquistou meu coração (que coisa mais Teresinha). Ficamos preocupadas, eu e minhas amigas, com a reação do outro, o primeiro. Quando se viram, brigaram, saíram na porrada. Mas não foi nada grave. Disputa de território.
Mas tudo o que é bom dura pouco. Eu tinha que vir embora. Adeus, gato. Volto pra minha terra, sem águas azuis e verdes, sem esses céus, sem você, que você pertence a esse lugar.
Como lembrança, somente essa foto. Que mostra o quanto a gente se deu bem.
Quando cheguei, ele já estava lá. Achei uma graça de cara. Tentei uma aproximação, ele me olhou e nem me deu bola. Deixei pra lá. Logo na primeira noite, senti um volume a mais na minha cama, ou melhor, no colchão no chão em que eu dormia. Era ele. Não pediu licença, nem falou comigo, veio chegando e se instalou. Eu deixei, porque gostei, confesso. Um misto de medo com vontade de companhia. Tá, foda-se, quer ficar, fique. Não vou ficar pirando por isso.
De dia, ele sumia. Tomava o café com a gente e sumia. Sem cerimônia, da mesma maneira que tinha pulado pra minha cama, sentava no colo das minhas amigas, na minha frente. E eu ali, querendo que ele viesse pro meu lado. Às vezes ele vinha, sem que eu esperasse. Às vezes eu obrigava, puxava, ele vinha e ficava, mas não muito. Um dia, dormiu no meu colo, eu fazendo cafuné.
Lindo. Lindo. E eu querendo mais.
No último dia, surgiu um outro figura. Não era tão bonito, mas era muito carinhoso, e conquistou meu coração (que coisa mais Teresinha). Ficamos preocupadas, eu e minhas amigas, com a reação do outro, o primeiro. Quando se viram, brigaram, saíram na porrada. Mas não foi nada grave. Disputa de território.
Mas tudo o que é bom dura pouco. Eu tinha que vir embora. Adeus, gato. Volto pra minha terra, sem águas azuis e verdes, sem esses céus, sem você, que você pertence a esse lugar.
Como lembrança, somente essa foto. Que mostra o quanto a gente se deu bem.
O Leitor e a gripe
Uma gripe do caralho. Garganta, um lado do nariz e um ouvido, tudo entupido. Merda. Merda. A percepção do mundo da gente muda... sei lá, cheguei no trabalho e vejo tudo estranho... ouço tudo estranho.
Ontem, a gripe no começo. Chegar em casa depois do trabalho. Terça-feira. Eu só queria me enfiar debaixo das cobertas. No meio delas. Um cobertor embaixo, outro em cima. Comer um lanchinho e bora pras cobertas. E daí, minha gente, eu vi um filme foda. Foda, foda, foda. Que eu deveria ter visto há muito tempo, já, mas só vi ontem. “O leitor”. Se você ainda não viu, aqui vão dois avisos:
1) Não leia o resto, porque pode ter spoilers.
2) Assista hoje mesmo. Agora. Pare tudo o que está fazendo e vá ver.
Puta que pariu, que filme foda. Por que eu não vi antes? Por que enrolei tanto pra ver?
Algumas considerações...
A Kate Winslet é uma puta atriz. Eu já sabia isso desde o “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, mas realmente ela se supera. Me arrebentei de chorar na cena em que ela, velhota, aprende a ler sozinha na prisão. Puta que pariu!
As cenas em que ele lê pra ela na cama são maravilhosas. A expressão dela ouvindo, a intimidade dos dois, os clássicos... Coisa mais linda.
Achei que a relação dos dois seria uma coisa estranha, disgusting. Mas não é. É lindo. Porque ela não parece tão mais velha, porque ele não parece tão menino com ela, porque você vê na expressão dela o desejo, o medo, a vontade, a censura, o amor. Lindo.
Ela está magérrima no filme, até um pouco demais. Mas eu achei o máximo o seio de verdade. Sem silicone. Que balança como de uma mulher normal, de verdade. E olha que nem são bonitos, acho escuros demais pra ela, tão branquinha. Mas têm vida, sem vergonha, sem disfarces. Lindo.
Fiquei aqui pensando... a mulher destruiu a vida do cara, com alguns meses de convivência. Será que isso é possível? Será que tem pessoas que têm esse poder? A resposta assustadora é: sim.
Chorei como uma menininha vendo Dumbo.
As sutilezas em alguns diálogos compensam as coisas que o diretor entrega de bandeja antes da hora. Nada que estrague o filme, não.
Antes de ver “O leitor”, eu vi “Quem quer ser um milionário”. Muito bom também. Mas “O leitor” mexeu comigo. Junte isso a uma gripe do cão e o resultado é uma péssima noite de sono.
Mas não tem nada, não. Bola pra frente, que atrás vem gente (vem?). Minhas semi-férias estão no final e, droga, eu fiz tão pouca coisa...
Ontem, a gripe no começo. Chegar em casa depois do trabalho. Terça-feira. Eu só queria me enfiar debaixo das cobertas. No meio delas. Um cobertor embaixo, outro em cima. Comer um lanchinho e bora pras cobertas. E daí, minha gente, eu vi um filme foda. Foda, foda, foda. Que eu deveria ter visto há muito tempo, já, mas só vi ontem. “O leitor”. Se você ainda não viu, aqui vão dois avisos:
1) Não leia o resto, porque pode ter spoilers.
2) Assista hoje mesmo. Agora. Pare tudo o que está fazendo e vá ver.
Puta que pariu, que filme foda. Por que eu não vi antes? Por que enrolei tanto pra ver?
Algumas considerações...
A Kate Winslet é uma puta atriz. Eu já sabia isso desde o “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, mas realmente ela se supera. Me arrebentei de chorar na cena em que ela, velhota, aprende a ler sozinha na prisão. Puta que pariu!
As cenas em que ele lê pra ela na cama são maravilhosas. A expressão dela ouvindo, a intimidade dos dois, os clássicos... Coisa mais linda.
Achei que a relação dos dois seria uma coisa estranha, disgusting. Mas não é. É lindo. Porque ela não parece tão mais velha, porque ele não parece tão menino com ela, porque você vê na expressão dela o desejo, o medo, a vontade, a censura, o amor. Lindo.
Ela está magérrima no filme, até um pouco demais. Mas eu achei o máximo o seio de verdade. Sem silicone. Que balança como de uma mulher normal, de verdade. E olha que nem são bonitos, acho escuros demais pra ela, tão branquinha. Mas têm vida, sem vergonha, sem disfarces. Lindo.
Fiquei aqui pensando... a mulher destruiu a vida do cara, com alguns meses de convivência. Será que isso é possível? Será que tem pessoas que têm esse poder? A resposta assustadora é: sim.
Chorei como uma menininha vendo Dumbo.
As sutilezas em alguns diálogos compensam as coisas que o diretor entrega de bandeja antes da hora. Nada que estrague o filme, não.
Antes de ver “O leitor”, eu vi “Quem quer ser um milionário”. Muito bom também. Mas “O leitor” mexeu comigo. Junte isso a uma gripe do cão e o resultado é uma péssima noite de sono.
Mas não tem nada, não. Bola pra frente, que atrás vem gente (vem?). Minhas semi-férias estão no final e, droga, eu fiz tão pouca coisa...
terça-feira, 21 de julho de 2009
Mais cor
Ele olha no meu rosto e escreve. Eu fico curiosa e sem jeito. O que eu faço agora?
Um guardanapo. Algumas coisas riscadas, mas dá pra ler. Tá riscado, mas eu leio, porque gosto de entender o fluxo do pensamento. Eu leio.
sorriso
que parece
mais nuvem
Mas isso ele riscou.
Embaixo, o texto sem riscar. Leio.
mais nuvem
que riso
espero
chuva
em mim
gotas
descem:
enraízo.
Entendi. Adoro.
Ele não fica me enchendo o saco por causa do meu cigarro. Ele não tem vergonha de mim. Ele beija minha mão, como se tivesse 80 anos e não fosse o menino que é. Ele gosta do meu cabelo enrolado e também gosta liso. Eu não consigo ir embora. Eu preciso, seria bom, mas não consigo. Me diz como é que eu faço pra desgrudar de você. Como coloco na cabeça que tenho que deixar um espaço de pelo menos 5 centímetros pra não grudar de novo e conseguir ir embora. Levo horas pra conseguir. Mas consigo. Droga.
Hoje me olhei no espelho. Ele fala tanto, mas tanto, que eu começo a acreditar. Hoje me olhei no espelho e me achei bonita.
Um guardanapo. Algumas coisas riscadas, mas dá pra ler. Tá riscado, mas eu leio, porque gosto de entender o fluxo do pensamento. Eu leio.
sorriso
que parece
mais nuvem
Mas isso ele riscou.
Embaixo, o texto sem riscar. Leio.
mais nuvem
que riso
espero
chuva
em mim
gotas
descem:
enraízo.
Entendi. Adoro.
Ele não fica me enchendo o saco por causa do meu cigarro. Ele não tem vergonha de mim. Ele beija minha mão, como se tivesse 80 anos e não fosse o menino que é. Ele gosta do meu cabelo enrolado e também gosta liso. Eu não consigo ir embora. Eu preciso, seria bom, mas não consigo. Me diz como é que eu faço pra desgrudar de você. Como coloco na cabeça que tenho que deixar um espaço de pelo menos 5 centímetros pra não grudar de novo e conseguir ir embora. Levo horas pra conseguir. Mas consigo. Droga.
Hoje me olhei no espelho. Ele fala tanto, mas tanto, que eu começo a acreditar. Hoje me olhei no espelho e me achei bonita.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Colorindo
Não é azul. É verde. De um verde que, de muito perto, tira o nosso ar, o nosso chão, emudece, tonteia. A gente fica boba, mole, pisca devagar e sorri, de um sorriso gostoso, cheio, pleno. Tem vontade de derreter, de beijar, de abraçar. Branco. Branco muito branco, de um branco que ofusca, que me agrada, que cala os barulhos do mundo lá fora. É macio e intenso, carinho e voracidade, coisa de homem e coisa de menino, e eu sou tão mulher e tão menina nessas horas. Fogo. Áries. Os braços do ariano. Os lábios do ariano. O beijo do ariano. Desliguem o mundo que eu quero morrer aqui.
Uma pessoa uma vez escreveu um poema pra mim, há anos atrás. O poema se chamava “Juliana” e terminava assim: “Arde. Mas é doce”. Lembrei disso. Que merda. Anos depois, mais uma pessoa descobre a minha doçura, que eu tento tanto esconder do mundo. E me diz isso, ontem, me deixando sem fala. Merda.
Uma pessoa uma vez escreveu um poema pra mim, há anos atrás. O poema se chamava “Juliana” e terminava assim: “Arde. Mas é doce”. Lembrei disso. Que merda. Anos depois, mais uma pessoa descobre a minha doçura, que eu tento tanto esconder do mundo. E me diz isso, ontem, me deixando sem fala. Merda.
domingo, 19 de julho de 2009
Só mais uma vez
Eu só tenho uma coisa a dizer sobre ontem, e espero dizer só mais uma vez: só o meu segurança sabe o real estado em que eu chego em casa.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Por quê?
E daí tem aquele cara que vive dizendo que quer me pegar. Ontem encontrei com ele. E ele perguntou por que não. E eu disse.
Primeiro, porque você é meu amigo (o que não quer dizer nada, vamos combinar). Segundo, porque eu conheço a sua namorada (o que quer dizer muito). Terceiro, porque, toda vez que você fala isso, tem uma parte de mim que sempre acha que você está brincando (e isso é verdade).
Os parênteses são os meus pensamentos. Mas não todos, confesso.
Primeiro, porque você é meu amigo (o que não quer dizer nada, vamos combinar). Segundo, porque eu conheço a sua namorada (o que quer dizer muito). Terceiro, porque, toda vez que você fala isso, tem uma parte de mim que sempre acha que você está brincando (e isso é verdade).
Os parênteses são os meus pensamentos. Mas não todos, confesso.
Décadence avec élégance
O que sobra de uma cantora no fim da noite?
Bom, em primeiro lugar, eu queria saber por que raios eu sempre olho pro cara que vai olhar pra uma mina que é o meu oposto. Parece um raio de ímã quebrado, um dedo podre. Se eu curti a pessoa, ele vai curtir exatamente tudo aquilo que eu não sou. Vai escolher uma menininha novinha, gostosinha, sem gordurinhas, de cabelo liso e enorme, com a roupa da modinha, padrão padrão padrão. Vai entender.
O show foi animal, principalmente do meio pra frente. O final foi apoteótico. Casa cheia, galera animada, ferveção total. Consegui me divertir no palco como há muito não me divertia. Serião.
Depois do show, veio a melhor parte. Eu poderia ter ficado de bode porque um atacante qualquer fez dois gols em dois times diferentes na mesma noite, e eu não era nenhum desses times. Mas, quer saber? Foda-se.
O que restou?
Uma e meia da manhã. Eu sentada no meio do bar, numa rodinha de cadeiras. Ao centro, garrafas de cerveja. Como companhia, 4 queridos colegas músicos da banda. A conversa começa sobre o show, sobre o repertório, sobre as reuniões e churras que precisamos fazer de novo. Vai para outras bandas e outros sons. Daí o assunto começa a ser a gostosinha que o atacante tava pegando. Meu querido amigo Tortinha de morango disse que ela não era bonita, Ah, os amigos... Adoro. Ela era bonita, sim. Que eu sou honesta. Vou mentir pra quê? Mas Tortinha de morango não gostou. Então o assunto foi pras outras mulheres do bar. Impressionante como eu realmente não entendo o gosto masculino. Acho que nunca vou entender. Passava uma menina e ficávamos analisando. Eu só concordei com uma. Meus amigos gostam de umas coisas muito esquisitas. Mas eles também não concordaram com o meu gosto sobre os caras. Cada um mesmo com o seu cu.
Duas e meia da manhã. Depois de receber o cachê, o momento do x-músico. Eu e mais três queridos comendo o pãozinho murcho, mas que depois de todas as brejas tava divino. Tinha 9, um pra cada integrante da banda, mas a galera tinha ido embora. Tortinha de morango mandou três pra dentro. Juquinha comeu dois e levou um no bolso. Paia comeu só um, porque Paia mais fala do que come. Em todos os sentidos.
A conversa já era sobre outros integrantes da banda; depois passou a ser sobre o meu presente, que ganhei de amigos queridos e ainda não usei (eles ficaram indignados). Homem é mesmo um bicho muito simples. Hahaha.
Três da manhã. Carregando os carros. Um frio da pôrra, meus pés gritando que não ficavam mais um minuto dentro da sandália. Tchau, amores. Até o ensaio.
Epílogo
Três e tralalá da manhã, a cantora chega em casa. A maquiagem tá uma desgraça, o cabelo mais armado que integrante de milícia do Rio de Janeiro, os pés descalços (e doendo só de encostar nos pedais do carro). O segurança que ela chamou espera ao lado da moto. Ela desce descalça do carro, guarda o carro, larga a sandália no carro e vai pra casa mancando, descalça, pela rua. Grita ainda para ele “Olha a decadência da cantora no fim da noite!”. Mas só o segurança vê. Até então, na frente de todos, em cima do salto. Só este homem sabe o que resta da cantora no fim da noite. Aliás, nem ele. Porque sozinha, no quarto, livre da maquiagem, livre da roupitcha e de todos os colares, anéis, brincos, relógio, meia-calça, sutiã, livre de todas as obrigações sociais e de todas as pressões, livre enfim, a cantora dorme. E o que ela sonha, e por que sorri, ninguém jamais vai saber.
Bom, em primeiro lugar, eu queria saber por que raios eu sempre olho pro cara que vai olhar pra uma mina que é o meu oposto. Parece um raio de ímã quebrado, um dedo podre. Se eu curti a pessoa, ele vai curtir exatamente tudo aquilo que eu não sou. Vai escolher uma menininha novinha, gostosinha, sem gordurinhas, de cabelo liso e enorme, com a roupa da modinha, padrão padrão padrão. Vai entender.
O show foi animal, principalmente do meio pra frente. O final foi apoteótico. Casa cheia, galera animada, ferveção total. Consegui me divertir no palco como há muito não me divertia. Serião.
Depois do show, veio a melhor parte. Eu poderia ter ficado de bode porque um atacante qualquer fez dois gols em dois times diferentes na mesma noite, e eu não era nenhum desses times. Mas, quer saber? Foda-se.
O que restou?
Uma e meia da manhã. Eu sentada no meio do bar, numa rodinha de cadeiras. Ao centro, garrafas de cerveja. Como companhia, 4 queridos colegas músicos da banda. A conversa começa sobre o show, sobre o repertório, sobre as reuniões e churras que precisamos fazer de novo. Vai para outras bandas e outros sons. Daí o assunto começa a ser a gostosinha que o atacante tava pegando. Meu querido amigo Tortinha de morango disse que ela não era bonita, Ah, os amigos... Adoro. Ela era bonita, sim. Que eu sou honesta. Vou mentir pra quê? Mas Tortinha de morango não gostou. Então o assunto foi pras outras mulheres do bar. Impressionante como eu realmente não entendo o gosto masculino. Acho que nunca vou entender. Passava uma menina e ficávamos analisando. Eu só concordei com uma. Meus amigos gostam de umas coisas muito esquisitas. Mas eles também não concordaram com o meu gosto sobre os caras. Cada um mesmo com o seu cu.
Duas e meia da manhã. Depois de receber o cachê, o momento do x-músico. Eu e mais três queridos comendo o pãozinho murcho, mas que depois de todas as brejas tava divino. Tinha 9, um pra cada integrante da banda, mas a galera tinha ido embora. Tortinha de morango mandou três pra dentro. Juquinha comeu dois e levou um no bolso. Paia comeu só um, porque Paia mais fala do que come. Em todos os sentidos.
A conversa já era sobre outros integrantes da banda; depois passou a ser sobre o meu presente, que ganhei de amigos queridos e ainda não usei (eles ficaram indignados). Homem é mesmo um bicho muito simples. Hahaha.
Três da manhã. Carregando os carros. Um frio da pôrra, meus pés gritando que não ficavam mais um minuto dentro da sandália. Tchau, amores. Até o ensaio.
Epílogo
Três e tralalá da manhã, a cantora chega em casa. A maquiagem tá uma desgraça, o cabelo mais armado que integrante de milícia do Rio de Janeiro, os pés descalços (e doendo só de encostar nos pedais do carro). O segurança que ela chamou espera ao lado da moto. Ela desce descalça do carro, guarda o carro, larga a sandália no carro e vai pra casa mancando, descalça, pela rua. Grita ainda para ele “Olha a decadência da cantora no fim da noite!”. Mas só o segurança vê. Até então, na frente de todos, em cima do salto. Só este homem sabe o que resta da cantora no fim da noite. Aliás, nem ele. Porque sozinha, no quarto, livre da maquiagem, livre da roupitcha e de todos os colares, anéis, brincos, relógio, meia-calça, sutiã, livre de todas as obrigações sociais e de todas as pressões, livre enfim, a cantora dorme. E o que ela sonha, e por que sorri, ninguém jamais vai saber.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Relendo
Retrospectiva no blog. Quer dizer, não é bem uma retrospectiva, é mais uma relida. Andei relendo meus primeiros textos daqui. Alguns engraçados, alguns achei muito bons, outros deu vergonha e vontade de apagar, mas não apaguei. Deixa aí. Fase estranhinha. De repensar as coisas, mas sem muito tempo de parar. Pensa e vai, continua andando. Vou ler todos de novo, juro, depois vou tentar montar uma retrospectiva bacana.
Apesar das férias da escola, tô trabalhando na agência. E, mais do que nunca, meu nome é trabalho. Mas também tenho tido tempo de arrumar algumas coisas. Meu quarto, por exemplo. E arrumar meu quarto sempre me dá no que pensar.
Queria que muitas coisas boas acontecessem comigo agora. Mas, na real, tem coisas boas acontecendo. Um monte. Não as que eu pedi, é bem verdade, mas tem. Muito legais. E daí pro resto? E daí se ele não sabe o que quer da vida? E daí se eu ainda não encontrei em mim a vontade real de emagrecer? E daí se eu não ganhei na megasena? Eu nem joguei... Eu nem fiz nada pra emagrecer... Pelo menos no caso dele eu disse (escrevi) pra ele tudo o que tinha que dizer. E a bola não tá mais comigo, então pra quê? Pensa aí, meu filho. Que eu penso de cá (e não sei a resposta ainda, como posso querer que você saiba?).
Hoje é dia de show. Cada dia de show é uma surpresa. Vamos ver qual a de hoje. Se boa, se ruim.
Apesar das férias da escola, tô trabalhando na agência. E, mais do que nunca, meu nome é trabalho. Mas também tenho tido tempo de arrumar algumas coisas. Meu quarto, por exemplo. E arrumar meu quarto sempre me dá no que pensar.
Queria que muitas coisas boas acontecessem comigo agora. Mas, na real, tem coisas boas acontecendo. Um monte. Não as que eu pedi, é bem verdade, mas tem. Muito legais. E daí pro resto? E daí se ele não sabe o que quer da vida? E daí se eu ainda não encontrei em mim a vontade real de emagrecer? E daí se eu não ganhei na megasena? Eu nem joguei... Eu nem fiz nada pra emagrecer... Pelo menos no caso dele eu disse (escrevi) pra ele tudo o que tinha que dizer. E a bola não tá mais comigo, então pra quê? Pensa aí, meu filho. Que eu penso de cá (e não sei a resposta ainda, como posso querer que você saiba?).
Hoje é dia de show. Cada dia de show é uma surpresa. Vamos ver qual a de hoje. Se boa, se ruim.
domingo, 12 de julho de 2009
Balada Gay
- Vamos, Ju!
- Não.
- É VIP, de graça, tipo injeção na testa. Vamos!
- Não.
- Por que não, gata?
- Porque não. Primeiro, eu não gosto de balada. Ponto. Não gosto das músicas, do clima de balada. Segundo, ainda mais balada gay. Já tentei ir e nunca me diverti. Na verdade, meu amigo, eu sou uma velha de alma. Muito velha.
Duas cervejas depois...
- Vâmo, pôrra.
Uma fila gigante, mas a nossa, a fila VIP, era menor. Conheci os dois amigos do meu amigo na fila, dois figuras ótimos. E já encontrei duas bibas amigas na fila. Biba é modo de dizer, pelo menos em um dos casos. O fato é que, se eu estivesse em uma balada normal, a chance de não encontrar ninguém conhecido seria grande. Mas numa balada gay, com o meu círculo de amizades, meu bem, não tem erro.
Entramos e já encontrei mais dois. Um de anos atrás e um queridérrimo, com quem tive um momento catártico dançando Madonna algumas horas depois. Pois é. Porque a minha adaptação em baladas não se dá assim facilmente.
O lugar era grande. Legal, até. Odeio inferninhos e lugares lotados e pequenos (meu lado sociopata). Dava pra andar, dava pra respirar, podia fumar. Maravilha. Me vê uma cerveja.
Começo naquelas de sacudir o corpitcho com contenção, olhando ao redor e sacando o ambiente. Adoro reconhecer padrões de comportamento. Segundo meu amigo, nessa noite ele podia se soltar e dançar como quisesse, uma vez que não é solteiro. Segundo ele, bicha solteira faz a masculina, fica se contendo. Hahahaha. Observei e vi que a observação era, na maioria dos casos, verdadeira.
Apesar de não conhecer a maioria das músicas, me diverti. Não era aquela coisa putz-putz só. Eu não entendo N-A-D-A de música eletrônica, mas essa tava mais pro que antes de chamava de Dance Music, com letras, com uma batida legal.
Vamos subir? Porque a nossa fitinha verde no braço era do camarote VIP. Bora.
Lá de cima, uma visão melhor do lugar. Com minha segunda cervejinha gelada na mão, fiquei a observar as pessoas se divertindo, as pessoas tentando se divertir, as pessoas dançando super, as pessoas caçando, as pessoas bebendo, as pessoas se beijando, as pessoas cantando e movendo os braços pra cima.
Banheiro. Vou aqui em cima mesmo. Grande erro. O banheiro de cima, menor, tinha três mictórios e só uma casinha. E era minúsculo. Três bichas mijando ali, eu na fila atrás de uma e mais duas atrás de mim. Só eu de mulher no banheiro. Me senti super deslocada, tipo, aqui não é o meu lugar. Eles são homens, eu sou mulher. Eles são gays, eu sou hetero. Eles mijam de pé, eu preciso sentar. Totalmente errada. Mas fazer o quê? Todo mundo ali gostava da mesma coisa: pinto. Então eu não estava tão por fora.
Vagou um mictório e eu olhei pro cara atrás de mim na fila, tipo, pode ir. Ele disse que era tímido e preferia a casinha. Hahaha. Eu disse “se eu pudesse, já tava mijando de pé ali, mas veja bem, não tem jeito... vou tentar ser rápida, tá?”. “Imagina, querida, fique à vontade”.
Entro na casinha. E quem disse que eu conseguia mijar? Era pressão demais pra mim, gente. Toda errada no banheiro, com um monte de bibas querendo usar a casinha e eu ali, mulher, demorando no xixi, com a consciência de que tinha um monte de gente apertada lá fora, e ainda o cara foi legal comigo, “Imagina, querida”. Não saía a merda do xixi. Pensei comigo mesma “Que que tem, imagina que você ta dividindo o banheiro com amigos. Relaxa, finge que é o Du e o Dan”. Pronto. Deu certo. Xixi. Obrigada, amores.
Voltei pro meu mirante, minha cerveja já não tão gelada. De repente, as luzes se apagam, a batida fica mais forte. Pronto, fudeu. As bis gritavam, e eu morria de rir, imagina que legal, pra quem estava se divertindo, a luz apagar assim e a batida crescer. No palco, uma trava e dois go-go. Aí foi que eu morri de rir mesmo. Principalmente porque os caras eram gostosos daquele tipo padrão de gostoso de go-go boy. E ficavam rebolando super (segundo o amigo do meu amigo, eles eram fracos no rebolado, mas, gente, pra mim estava ok, rebolavam até demais). E o pior era a trava, segundo meu amigo, “só no carão”. Hahahahaha, era verdade. Ela nem dublava. Só mexia o cabelo, fazia pose e carão. E desfilava de lá pra cá. “Ela jura que é a Giselle”, meu amigo. Eu racho.
Descemos pra ver mais de perto. Tinha um ventilador na frente da trava, embaixo, e ela ficava mexendo no cabelo e fazendo carão. E eu morrendo de rir, porque era mesmo muito engraçado. E os go-go se contorcendo como minhocas musculosas em uma sunguinha prateada que às vezes eles desciam pra gente ver o rego. Muito, muito bom.
De repente uma comotion com uma música que eu não conhecia. Meu amigo fervendo horrores. “É a música da Beyonce”. Ah. Brigada. “É a música da novela”. Ah. Brigada, eu nunca saberia. “Eu A-M-O essa música!”. Hum. Depois, no refrão, reconheci. Era uma musiquinha romântica, claro que no beat de balada. As pessoas fervendo e sentindo super. Até eu comecei a pensar em coisas que não queria pensar. No refrão melosinho, as luzes se apagaram de novo e a batida meio que sumiu, ficou só a voz dela e a harmona, e eu me deixei levar. Por um momento desejei que ele estivesse ali comigo. Só pra eu poder segurar na mão dele e não me sentir sozinha. Só pra poder dividir esse momento. Pra saber que tinha uma mão ali pra eu segurar. As luzes voltaram, o beat também. Não tinha mão nenhuma. Eu estava sozinha. Mas não era a primeira vez, e com certeza não seria a última. Bola pra frente.
Subimos de novo. Um amigo meu engolindo outro no sofá. Não literalmente, claro. Mas nem dava pra ver quem era quem. O colega do meu amigo que veio com a gente falou “Olha aqueles dois ali” e eu “O de baixo é meu amigo”. Hihihi. Era mesmo.
To lá dançando e vem um cara “Você não é a vocalista da Soul na Goela??”. Pronto, fui reconhecida. Sou eu. Era uma galerinha que está nos nossos shows sempre, inclusive uma japonesinha louca que sempre surta na primeira fileira. Legal. Legal mesmo.
Mais um pouco de dança e duas ices depois, acho que quero ir embora. Não por bode, nada disso. Tentei fazer xixi de novo, mas a fila era imensa, a da casinha, com todas as bichas tímidas e as mulheres (poucas, na real). Olhei pros lados uma hora e vi um cara, nem deu tempo de pensar, meu amigo solta “Odeio bicha velha na balada, me dá um medo do futuro...”. Eu tinha justamente olhado a bicha velha. Morri de rir com os comentários do meu amigo sobre o corpo do go-go, que tinha descido e estava dançando numa gaiola pertinho da gente. “Olha, Ju. Olha.” Meu, eu não ligo pra isso. Eu tenho medo dele. Ele é muito grande, ele tem uma cara feia que dói. “Ju, camarão, gata, esquece a cara, olha a barriga trincada”. E quem disse que eu ligo pra isso? Gosto de carinha, de olhar pra carinha. Hahahahaha. Até eu ri, mas é verdade. Ele foi perguntar se o cara era hetero (pra quê???), e o cara disse “Com certeza!”. Hahahahaha. Conta outra. Com aquele corpo, rebolando daquele jeito, com certeza??? O melhor foi a resposta do meu amigo pra ele: “Assim que eu gosto”. Huahuahuahua, eu me mijo de rir.
Fui embora surda, mas feliz. Nunca me diverti tanto numa balada gay, é verdade. Os gays são cruéis, cruéis demais com essa coisa do corpo perfeito, mas é tudo balela no fundo, porque tem um monte de bicha que pega umas bichas feias que dói. E o que importa no fundo não é isso. Acho que me senti livre porque, se fosse em uma balada “normal” (se é que podemos chamar alguma balada de normal), teria um monte de patricinhas todas iguais com os cabelos iguais e as roupas iguais e os saltos iguais e os gestos iguais me avaliando quando eu passasse ou quando eu me movesse, e eu ia olhar os caras e querer vomitar, e até achar um ou outro bonitinho, mas me decepcionar depois de vê-lo dançando e cantando a modinha ou atrás de uma patricinha da modinha. Ali, eu era praticamente invisível (fora meus amigos – 7 bis conhecidas no total! – e a galera que me reconheceu da banda). Podia dançar como quisesse, podia fazer o que quisesse. Não sei porque nunca tinha me sentido assim em outras baladas. Sei lá, talvez eu esteja diferente dos outros tempos.
Foi divertido. Foi mesmo. Juro juro. Obrigada, querido.
- Não.
- É VIP, de graça, tipo injeção na testa. Vamos!
- Não.
- Por que não, gata?
- Porque não. Primeiro, eu não gosto de balada. Ponto. Não gosto das músicas, do clima de balada. Segundo, ainda mais balada gay. Já tentei ir e nunca me diverti. Na verdade, meu amigo, eu sou uma velha de alma. Muito velha.
Duas cervejas depois...
- Vâmo, pôrra.
Uma fila gigante, mas a nossa, a fila VIP, era menor. Conheci os dois amigos do meu amigo na fila, dois figuras ótimos. E já encontrei duas bibas amigas na fila. Biba é modo de dizer, pelo menos em um dos casos. O fato é que, se eu estivesse em uma balada normal, a chance de não encontrar ninguém conhecido seria grande. Mas numa balada gay, com o meu círculo de amizades, meu bem, não tem erro.
Entramos e já encontrei mais dois. Um de anos atrás e um queridérrimo, com quem tive um momento catártico dançando Madonna algumas horas depois. Pois é. Porque a minha adaptação em baladas não se dá assim facilmente.
O lugar era grande. Legal, até. Odeio inferninhos e lugares lotados e pequenos (meu lado sociopata). Dava pra andar, dava pra respirar, podia fumar. Maravilha. Me vê uma cerveja.
Começo naquelas de sacudir o corpitcho com contenção, olhando ao redor e sacando o ambiente. Adoro reconhecer padrões de comportamento. Segundo meu amigo, nessa noite ele podia se soltar e dançar como quisesse, uma vez que não é solteiro. Segundo ele, bicha solteira faz a masculina, fica se contendo. Hahahaha. Observei e vi que a observação era, na maioria dos casos, verdadeira.
Apesar de não conhecer a maioria das músicas, me diverti. Não era aquela coisa putz-putz só. Eu não entendo N-A-D-A de música eletrônica, mas essa tava mais pro que antes de chamava de Dance Music, com letras, com uma batida legal.
Vamos subir? Porque a nossa fitinha verde no braço era do camarote VIP. Bora.
Lá de cima, uma visão melhor do lugar. Com minha segunda cervejinha gelada na mão, fiquei a observar as pessoas se divertindo, as pessoas tentando se divertir, as pessoas dançando super, as pessoas caçando, as pessoas bebendo, as pessoas se beijando, as pessoas cantando e movendo os braços pra cima.
Banheiro. Vou aqui em cima mesmo. Grande erro. O banheiro de cima, menor, tinha três mictórios e só uma casinha. E era minúsculo. Três bichas mijando ali, eu na fila atrás de uma e mais duas atrás de mim. Só eu de mulher no banheiro. Me senti super deslocada, tipo, aqui não é o meu lugar. Eles são homens, eu sou mulher. Eles são gays, eu sou hetero. Eles mijam de pé, eu preciso sentar. Totalmente errada. Mas fazer o quê? Todo mundo ali gostava da mesma coisa: pinto. Então eu não estava tão por fora.
Vagou um mictório e eu olhei pro cara atrás de mim na fila, tipo, pode ir. Ele disse que era tímido e preferia a casinha. Hahaha. Eu disse “se eu pudesse, já tava mijando de pé ali, mas veja bem, não tem jeito... vou tentar ser rápida, tá?”. “Imagina, querida, fique à vontade”.
Entro na casinha. E quem disse que eu conseguia mijar? Era pressão demais pra mim, gente. Toda errada no banheiro, com um monte de bibas querendo usar a casinha e eu ali, mulher, demorando no xixi, com a consciência de que tinha um monte de gente apertada lá fora, e ainda o cara foi legal comigo, “Imagina, querida”. Não saía a merda do xixi. Pensei comigo mesma “Que que tem, imagina que você ta dividindo o banheiro com amigos. Relaxa, finge que é o Du e o Dan”. Pronto. Deu certo. Xixi. Obrigada, amores.
Voltei pro meu mirante, minha cerveja já não tão gelada. De repente, as luzes se apagam, a batida fica mais forte. Pronto, fudeu. As bis gritavam, e eu morria de rir, imagina que legal, pra quem estava se divertindo, a luz apagar assim e a batida crescer. No palco, uma trava e dois go-go. Aí foi que eu morri de rir mesmo. Principalmente porque os caras eram gostosos daquele tipo padrão de gostoso de go-go boy. E ficavam rebolando super (segundo o amigo do meu amigo, eles eram fracos no rebolado, mas, gente, pra mim estava ok, rebolavam até demais). E o pior era a trava, segundo meu amigo, “só no carão”. Hahahahaha, era verdade. Ela nem dublava. Só mexia o cabelo, fazia pose e carão. E desfilava de lá pra cá. “Ela jura que é a Giselle”, meu amigo. Eu racho.
Descemos pra ver mais de perto. Tinha um ventilador na frente da trava, embaixo, e ela ficava mexendo no cabelo e fazendo carão. E eu morrendo de rir, porque era mesmo muito engraçado. E os go-go se contorcendo como minhocas musculosas em uma sunguinha prateada que às vezes eles desciam pra gente ver o rego. Muito, muito bom.
De repente uma comotion com uma música que eu não conhecia. Meu amigo fervendo horrores. “É a música da Beyonce”. Ah. Brigada. “É a música da novela”. Ah. Brigada, eu nunca saberia. “Eu A-M-O essa música!”. Hum. Depois, no refrão, reconheci. Era uma musiquinha romântica, claro que no beat de balada. As pessoas fervendo e sentindo super. Até eu comecei a pensar em coisas que não queria pensar. No refrão melosinho, as luzes se apagaram de novo e a batida meio que sumiu, ficou só a voz dela e a harmona, e eu me deixei levar. Por um momento desejei que ele estivesse ali comigo. Só pra eu poder segurar na mão dele e não me sentir sozinha. Só pra poder dividir esse momento. Pra saber que tinha uma mão ali pra eu segurar. As luzes voltaram, o beat também. Não tinha mão nenhuma. Eu estava sozinha. Mas não era a primeira vez, e com certeza não seria a última. Bola pra frente.
Subimos de novo. Um amigo meu engolindo outro no sofá. Não literalmente, claro. Mas nem dava pra ver quem era quem. O colega do meu amigo que veio com a gente falou “Olha aqueles dois ali” e eu “O de baixo é meu amigo”. Hihihi. Era mesmo.
To lá dançando e vem um cara “Você não é a vocalista da Soul na Goela??”. Pronto, fui reconhecida. Sou eu. Era uma galerinha que está nos nossos shows sempre, inclusive uma japonesinha louca que sempre surta na primeira fileira. Legal. Legal mesmo.
Mais um pouco de dança e duas ices depois, acho que quero ir embora. Não por bode, nada disso. Tentei fazer xixi de novo, mas a fila era imensa, a da casinha, com todas as bichas tímidas e as mulheres (poucas, na real). Olhei pros lados uma hora e vi um cara, nem deu tempo de pensar, meu amigo solta “Odeio bicha velha na balada, me dá um medo do futuro...”. Eu tinha justamente olhado a bicha velha. Morri de rir com os comentários do meu amigo sobre o corpo do go-go, que tinha descido e estava dançando numa gaiola pertinho da gente. “Olha, Ju. Olha.” Meu, eu não ligo pra isso. Eu tenho medo dele. Ele é muito grande, ele tem uma cara feia que dói. “Ju, camarão, gata, esquece a cara, olha a barriga trincada”. E quem disse que eu ligo pra isso? Gosto de carinha, de olhar pra carinha. Hahahahaha. Até eu ri, mas é verdade. Ele foi perguntar se o cara era hetero (pra quê???), e o cara disse “Com certeza!”. Hahahahaha. Conta outra. Com aquele corpo, rebolando daquele jeito, com certeza??? O melhor foi a resposta do meu amigo pra ele: “Assim que eu gosto”. Huahuahuahua, eu me mijo de rir.
Fui embora surda, mas feliz. Nunca me diverti tanto numa balada gay, é verdade. Os gays são cruéis, cruéis demais com essa coisa do corpo perfeito, mas é tudo balela no fundo, porque tem um monte de bicha que pega umas bichas feias que dói. E o que importa no fundo não é isso. Acho que me senti livre porque, se fosse em uma balada “normal” (se é que podemos chamar alguma balada de normal), teria um monte de patricinhas todas iguais com os cabelos iguais e as roupas iguais e os saltos iguais e os gestos iguais me avaliando quando eu passasse ou quando eu me movesse, e eu ia olhar os caras e querer vomitar, e até achar um ou outro bonitinho, mas me decepcionar depois de vê-lo dançando e cantando a modinha ou atrás de uma patricinha da modinha. Ali, eu era praticamente invisível (fora meus amigos – 7 bis conhecidas no total! – e a galera que me reconheceu da banda). Podia dançar como quisesse, podia fazer o que quisesse. Não sei porque nunca tinha me sentido assim em outras baladas. Sei lá, talvez eu esteja diferente dos outros tempos.
Foi divertido. Foi mesmo. Juro juro. Obrigada, querido.
O ovo
Eu precisava do ovo.
Eu não queria fazer uma gemada nem um omelete, nada dessas coisas fáceis e superficiais. Eu queria fazer um super bolo. Com recheio, cobertura e tudo o mais. Eu tinha os ingredientes pro recheio, pra cobertura, tudo beleza. Ia ser lindo, eu acho. Mas a gente precisa fazer pra saber, né? E a vontade conta. E eu estava com vontade de fazer um super bolo. Mas precisava fazer a massa. E, pra fazer a massa, eu precisava do ovo.
E eu achei que tinha o ovo. E que ia fazer a massa, colocar o recheio e a cobertura e ser tudo lindo.
Acontece que eu contava com o ovo. Mas eu não o tinha. Eu estava contando com o ovo quando ele estava, quase que literalmente, no cu da galinha.
(Pegou?)
*Back to Black
De volta a Amy. Fazia tempo que eu não ouvia Amy. Mas é inevitável. De volta. Back. Back to black. “We only said goodbye with words, I died a hundred times, you go back to her and I go back to black”. Não é a primeira vez, but it feels like. Hilário. Irônico.
Eu não queria fazer uma gemada nem um omelete, nada dessas coisas fáceis e superficiais. Eu queria fazer um super bolo. Com recheio, cobertura e tudo o mais. Eu tinha os ingredientes pro recheio, pra cobertura, tudo beleza. Ia ser lindo, eu acho. Mas a gente precisa fazer pra saber, né? E a vontade conta. E eu estava com vontade de fazer um super bolo. Mas precisava fazer a massa. E, pra fazer a massa, eu precisava do ovo.
E eu achei que tinha o ovo. E que ia fazer a massa, colocar o recheio e a cobertura e ser tudo lindo.
Acontece que eu contava com o ovo. Mas eu não o tinha. Eu estava contando com o ovo quando ele estava, quase que literalmente, no cu da galinha.
(Pegou?)
*Back to Black
De volta a Amy. Fazia tempo que eu não ouvia Amy. Mas é inevitável. De volta. Back. Back to black. “We only said goodbye with words, I died a hundred times, you go back to her and I go back to black”. Não é a primeira vez, but it feels like. Hilário. Irônico.
Falando em ex e em ex-quase-futuro-que-não-deu-em-nada-e-eu-sabia
A vida pode ser engraçada. Achei esse texto no meu computador. Tinha me esquecido dele.
Mentira. Tinha escrito, na véspera do meu aniversário. 6 de maio. Na verdade, foi depois da minha noite, mas tecnicamente pra mim só é o outro dia quando acordo, e eu nasci às 12h40, então ainda não era meu aniversário. Era a véspera.
Resolvi postar hoje por dois motivos. Primeiro porque o começo dele prova que eu não estou enlouquecendo. Pra quem quiser acreditar (e eu não tenho por que mentir), esse texto foi escrito há dois meses. Depois porque hoje foi o churrasco de despedida do meu ex-namorado, que tá indo pros States. Eu ia, mas acabei acordando tarde demais, e deixei pra lá. Mas, como ele tá indo mesmo, sei lá. Achei que devia postar. Não faz sentido nenhum. Mas um texto escrito merece ser postado. Eu acho.
Enjoy it.
Eu até achei um cara perfeito pras minhas vontades e pro meu padrão. Quando eu digo perfeito, é bom lembrar, não significa que ele não tenha defeitos; quer dizer somente que ele tem defeitos com os quais eu posso conviver, que são defeitos não-mortais (não fala "pobrema", não gosta de sertanexo-axé-pagode, e outras coisas do meu preconceito – tenho, mas quem não tem?).
O fato é que ele tem namorada. Óbvio, ele tem namorada.
Não fiquei apaixonadinha nem nada. Só constatei o fato de que esse seria uma boa pedida, um bom lugar para investir. Se – e somente se – ele fosse livre. Não é. Ponto final. Página virada.
E isso me fez pensar nas minhas escolhas, no meu padrão. Nas coisas que acho interessantes num cara. Nas coisas que quero pra mim. E cheguei à conclusão de que meu último namorado (tanto tempo, já) me deixou foi muito mal-acostumada.
O primeiro filme que vimos juntos foi Veludo Azul, do Lynch. E nem tínhamos nos beijado ainda. Venhamos e convenhamos, um cara que te chama pra assistir a Veludo Azul no primeiro encontro tem que ser um cara foda. Acho que esse é um dos exemplos que melhor explica o que eu quero dizer quando falo que ele me acostumou mal. Me diga que graça tem um cara que me chame pro rodeio, agora...
Ele me deixou mal-acostumada porque me apresentou vários filmes foda, e porque deixou que eu apresentasse a ele vários filmes foda (iniciei o cara em Monty Python), e porque descobrimos juntos vários filmes foda. Toda noite, every sacred night, antes de dormir, víamos, doidões, um trecho de um de nossos filmes de cabeceira: ou Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, ou Amadeus, ou Borat (principalmente esses três). Mas teve mais. Teve muito mais filmes e teve muito mais coisas.
Ele me deixou mal-acostumada porque conversávamos horas e horas sobre música, sobre boa música. Porque dividíamos uma banda. Porque dividíamos uma vida. Porque víamos muitas bandas por aí e comentávamos sobre elas. Porque conversávamos sobre o meu futuro. Porque quando ele me beijava eu via estrelas, azuis, bem clarinhas e brilhantes. Porque quando o beijo avançava eu sabia que ele sabia fazer do jeito que eu gostava e queria. Porque ríamos das nossas próprias piadas, das nossas piadas internas de casal maluco; porque ele me chamava de nomes que só ele me chamou, que ele inventava pra mim. Porque estudamos uma língua estrangeira juntos. Porque ele foi o cara mais bonito de toda a minha vida até agora (pelo menos na época em que estivemos juntos, agora não é mais o mesmo). Porque ele era inteligente, bem-humorado, mal-humorado de um mau-humor divertido, culto, interessado em aprender, talentoso. Porque ele gostava de música boa, de filme bom, de programa bom, de comida boa, de cama boa, de lugares bons, e de mim.
Ele me deixou, na verdade, muito mal-acostumada porque foi um filhodaputa muitas vezes. Porque quando passou o encanto, a magia, foi um merda. Covarde. Traidor. Voltou arrependido e eu aceitei. Duas vezes. E depois degringolamos. Ele me deixou mal-acostumada porque eu não podia fazer barulho de manhã, acordá-lo; se eu ia dar um beijo de bom dia antes de ir trabalhar, ele ficava puto porque eu o acordava. Ele me deixou mal-acostumada porque implicava com o meu corpo, embutiu na minha cabeça uma coisa terrível com o fato de ser/estar gordinha, controlava o que eu comia, me punha abaixo de merda de cachorro. Ele me deixou mal-acostumada porque fez com que eu duvidasse seriamente de tudo de bom que um dia eu achei que eu era e tinha. Porque colocou uma lupa de aumento sobre meus defeitos. Porque me atazanou a vida com seus problemas “mentais”, xeretou meu passado que não dizia respeito a ele e me infernizou por muito tempo com questões passadas, que não significavam mais nada pra mim, quanto mais pra ele.
Mas eu também errei, e muito. Só que, como o blog é meu, eu só falo o que eu quero. Lá lá lá, lá.
E o que eu quero falar é que foi bom enquanto durou, e que durou o que tinha que durar. Que muitas das coisas boas me fazem mal hoje. Porque ele me acostumou mal; dos dois jeitos. Com as coisas boas, me acostumou mal porque agora eu acho difícil encontrar um cara com tantas qualidades. E, com as coisas más, me acostumou mal porque agora eu morro de medo de encontrar um cara de novo que me faça passar por tudo aquilo, um cara com todos aqueles defeitos tão terríveis.
A comparação é inevitável. E, pro bem e pro mal, a grande merda é essa.
*Frase de uma amiga nova, descrevendo minha relação com as pessoas:
“Em vez de mostrar o que você tem de bom, você joga seu lixo na frente, como uma barreira, e diz: Taí, esse é o meu lixo, você encara? Se encarar, eu te mostro o resto”.
Nunca uma pessoa que me conhece tão pouco demonstrou saber tanto de mim.
*Trabalhei até mais de 9 horas da noite, saí da agência e passei no ensaio. Saí depois pra tomar cerveja com dois amigos da banda, um deles meu ex-namorado. Conversamos sobre relacionamentos, sexo e traições, separar sexo de amor, mulheres “que dão pra todo mundo”, mulheres que “gostam do esporte”, homens e remorso, o ser humano e sua eterna insatisfação, músicos e suas escalas, namoros e renúncias, trabalho e sono, amores numa redoma e a rotina desgastante. Um papo esclarecedor, pra dizer o mínimo. Me senti tão adulta. Uma velha, na mesa de bar, entendendo um pouco mais da cabeça dos homens e colocando muitas caraminholas na sua cabeça de mulher. Mulher de 28 anos. Ao final, o abraço dos dois de parabéns.
Tenho 28 anos, agora. Na verdade, depois das 12h40, o que é só amanhã, depois que eu acordar. To sem net e vou postar isso amanhã, provavelmente. Dia 7. Dia em que inicio meu retorno de Saturno. Mas sobre isso, falo amanhã. Por hoje chega.
Mentira. Tinha escrito, na véspera do meu aniversário. 6 de maio. Na verdade, foi depois da minha noite, mas tecnicamente pra mim só é o outro dia quando acordo, e eu nasci às 12h40, então ainda não era meu aniversário. Era a véspera.
Resolvi postar hoje por dois motivos. Primeiro porque o começo dele prova que eu não estou enlouquecendo. Pra quem quiser acreditar (e eu não tenho por que mentir), esse texto foi escrito há dois meses. Depois porque hoje foi o churrasco de despedida do meu ex-namorado, que tá indo pros States. Eu ia, mas acabei acordando tarde demais, e deixei pra lá. Mas, como ele tá indo mesmo, sei lá. Achei que devia postar. Não faz sentido nenhum. Mas um texto escrito merece ser postado. Eu acho.
Enjoy it.
Eu até achei um cara perfeito pras minhas vontades e pro meu padrão. Quando eu digo perfeito, é bom lembrar, não significa que ele não tenha defeitos; quer dizer somente que ele tem defeitos com os quais eu posso conviver, que são defeitos não-mortais (não fala "pobrema", não gosta de sertanexo-axé-pagode, e outras coisas do meu preconceito – tenho, mas quem não tem?).
O fato é que ele tem namorada. Óbvio, ele tem namorada.
Não fiquei apaixonadinha nem nada. Só constatei o fato de que esse seria uma boa pedida, um bom lugar para investir. Se – e somente se – ele fosse livre. Não é. Ponto final. Página virada.
E isso me fez pensar nas minhas escolhas, no meu padrão. Nas coisas que acho interessantes num cara. Nas coisas que quero pra mim. E cheguei à conclusão de que meu último namorado (tanto tempo, já) me deixou foi muito mal-acostumada.
O primeiro filme que vimos juntos foi Veludo Azul, do Lynch. E nem tínhamos nos beijado ainda. Venhamos e convenhamos, um cara que te chama pra assistir a Veludo Azul no primeiro encontro tem que ser um cara foda. Acho que esse é um dos exemplos que melhor explica o que eu quero dizer quando falo que ele me acostumou mal. Me diga que graça tem um cara que me chame pro rodeio, agora...
Ele me deixou mal-acostumada porque me apresentou vários filmes foda, e porque deixou que eu apresentasse a ele vários filmes foda (iniciei o cara em Monty Python), e porque descobrimos juntos vários filmes foda. Toda noite, every sacred night, antes de dormir, víamos, doidões, um trecho de um de nossos filmes de cabeceira: ou Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, ou Amadeus, ou Borat (principalmente esses três). Mas teve mais. Teve muito mais filmes e teve muito mais coisas.
Ele me deixou mal-acostumada porque conversávamos horas e horas sobre música, sobre boa música. Porque dividíamos uma banda. Porque dividíamos uma vida. Porque víamos muitas bandas por aí e comentávamos sobre elas. Porque conversávamos sobre o meu futuro. Porque quando ele me beijava eu via estrelas, azuis, bem clarinhas e brilhantes. Porque quando o beijo avançava eu sabia que ele sabia fazer do jeito que eu gostava e queria. Porque ríamos das nossas próprias piadas, das nossas piadas internas de casal maluco; porque ele me chamava de nomes que só ele me chamou, que ele inventava pra mim. Porque estudamos uma língua estrangeira juntos. Porque ele foi o cara mais bonito de toda a minha vida até agora (pelo menos na época em que estivemos juntos, agora não é mais o mesmo). Porque ele era inteligente, bem-humorado, mal-humorado de um mau-humor divertido, culto, interessado em aprender, talentoso. Porque ele gostava de música boa, de filme bom, de programa bom, de comida boa, de cama boa, de lugares bons, e de mim.
Ele me deixou, na verdade, muito mal-acostumada porque foi um filhodaputa muitas vezes. Porque quando passou o encanto, a magia, foi um merda. Covarde. Traidor. Voltou arrependido e eu aceitei. Duas vezes. E depois degringolamos. Ele me deixou mal-acostumada porque eu não podia fazer barulho de manhã, acordá-lo; se eu ia dar um beijo de bom dia antes de ir trabalhar, ele ficava puto porque eu o acordava. Ele me deixou mal-acostumada porque implicava com o meu corpo, embutiu na minha cabeça uma coisa terrível com o fato de ser/estar gordinha, controlava o que eu comia, me punha abaixo de merda de cachorro. Ele me deixou mal-acostumada porque fez com que eu duvidasse seriamente de tudo de bom que um dia eu achei que eu era e tinha. Porque colocou uma lupa de aumento sobre meus defeitos. Porque me atazanou a vida com seus problemas “mentais”, xeretou meu passado que não dizia respeito a ele e me infernizou por muito tempo com questões passadas, que não significavam mais nada pra mim, quanto mais pra ele.
Mas eu também errei, e muito. Só que, como o blog é meu, eu só falo o que eu quero. Lá lá lá, lá.
E o que eu quero falar é que foi bom enquanto durou, e que durou o que tinha que durar. Que muitas das coisas boas me fazem mal hoje. Porque ele me acostumou mal; dos dois jeitos. Com as coisas boas, me acostumou mal porque agora eu acho difícil encontrar um cara com tantas qualidades. E, com as coisas más, me acostumou mal porque agora eu morro de medo de encontrar um cara de novo que me faça passar por tudo aquilo, um cara com todos aqueles defeitos tão terríveis.
A comparação é inevitável. E, pro bem e pro mal, a grande merda é essa.
*Frase de uma amiga nova, descrevendo minha relação com as pessoas:
“Em vez de mostrar o que você tem de bom, você joga seu lixo na frente, como uma barreira, e diz: Taí, esse é o meu lixo, você encara? Se encarar, eu te mostro o resto”.
Nunca uma pessoa que me conhece tão pouco demonstrou saber tanto de mim.
*Trabalhei até mais de 9 horas da noite, saí da agência e passei no ensaio. Saí depois pra tomar cerveja com dois amigos da banda, um deles meu ex-namorado. Conversamos sobre relacionamentos, sexo e traições, separar sexo de amor, mulheres “que dão pra todo mundo”, mulheres que “gostam do esporte”, homens e remorso, o ser humano e sua eterna insatisfação, músicos e suas escalas, namoros e renúncias, trabalho e sono, amores numa redoma e a rotina desgastante. Um papo esclarecedor, pra dizer o mínimo. Me senti tão adulta. Uma velha, na mesa de bar, entendendo um pouco mais da cabeça dos homens e colocando muitas caraminholas na sua cabeça de mulher. Mulher de 28 anos. Ao final, o abraço dos dois de parabéns.
Tenho 28 anos, agora. Na verdade, depois das 12h40, o que é só amanhã, depois que eu acordar. To sem net e vou postar isso amanhã, provavelmente. Dia 7. Dia em que inicio meu retorno de Saturno. Mas sobre isso, falo amanhã. Por hoje chega.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Criança esperança meu cu
Ai caralho. Li no Portal da Propaganda que a Rede Globo começou a campanha Criança Esperança desse ano. Poucas coisas na vida me deprimem tanto quanto o Criança Esperança. Eu sei, EU SEI que pode ser um projeto legal e tudo o mais, e tal e coisa, e ow ow ow. Mas é um porre. Chatíssimo. Aqueles "cantores" de sempre, aqueles bailarinos de sempre, o Renato Aragão de sempre com a filha dele, aquela menina feia. A Xuxa, Jesus, a Xuxa! Achando que ainda tem 20 anos. Nem eu tenho mais 20 anos. Aquelas musiquinhas tristes, com aquelas histórias tristes. Um porre. Uma merda.
Tenho uma lembrança do Criança Esperança de anos atrás que é foda. Anos mesmo. Eu namorava meu segundo ex-namorado (aquele que virou especial, vide texto Game Over). Tínhamos traçado uma pizza e depois sorvete na sala, e estávamos no quarto. Levantei e fui pegar não sei o quê na sala e vi um rato olhando pra mim. Eu, como vim ao mundo, corri desesperada, berrando. Ele saiu e me deixou no quarto, mandando que eu não saísse até ele achar o rato. Fiquei horas naquele quarto ouvindo meu ex despedaçar a casa com uma vassoura. Horas mesmo. Sabe o que estava passando na TV? Claro. Criança Esperança. E eu vendo pra tentar não ouvir os barulhos da casa sendo destruída.
Uma colega de trabalho de anos atrás, quando eu dava aula em Sumaré, levava as filhas gêmeas pra ver a pôrra da gravação da merda do Criança Esperança todo ano. Depois reclama que criança fica chata. Isso não se faz, velho. Não se faz.
Eu ainda tenho a esperança de que exterminem esse programa um dia desses. Pelo bem da humanidade. Pelo bem do meu bom humor.
Tenho uma lembrança do Criança Esperança de anos atrás que é foda. Anos mesmo. Eu namorava meu segundo ex-namorado (aquele que virou especial, vide texto Game Over). Tínhamos traçado uma pizza e depois sorvete na sala, e estávamos no quarto. Levantei e fui pegar não sei o quê na sala e vi um rato olhando pra mim. Eu, como vim ao mundo, corri desesperada, berrando. Ele saiu e me deixou no quarto, mandando que eu não saísse até ele achar o rato. Fiquei horas naquele quarto ouvindo meu ex despedaçar a casa com uma vassoura. Horas mesmo. Sabe o que estava passando na TV? Claro. Criança Esperança. E eu vendo pra tentar não ouvir os barulhos da casa sendo destruída.
Uma colega de trabalho de anos atrás, quando eu dava aula em Sumaré, levava as filhas gêmeas pra ver a pôrra da gravação da merda do Criança Esperança todo ano. Depois reclama que criança fica chata. Isso não se faz, velho. Não se faz.
Eu ainda tenho a esperança de que exterminem esse programa um dia desses. Pelo bem da humanidade. Pelo bem do meu bom humor.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
De como transformar um pé na bunda em arte
Sophie Calle. Taí. Um nome que anda na minha cabeça. Tinha visto uma notinha sobre a história dela na internet, e tinha achado interessante. Agora, na hora do almoço, resolvi comprar a Bravo! e tem uma matéria justamente sobre isso.
Resumindo a história, ela recebeu um e-mail do namorado terminando a relação. Enviou o e-mail a 104 mulheres perguntando como elas interpretavam aquilo. E montou uma exposição. Vou repetir: montou uma exposição!!
Fantástico! Genial! Fenomenal!
Eu tinha lido na internet que ela foi convidada para uma mesa na Flip, e que o tal (o ex-namorado) também estava lá, na mesma mesa. Uau, imagina que legal, o climão. Parece que ele escreveu um livro também, não sei se antes ou depois do ocorrido. Vou saber, assim que ler a matéria. Mas não aguentei, precisava vir escrever sobre isso antes mesmo de ler a história toda.
Pensei cá com os meus botões: imagina se, a cada pé na bunda que eu já levei, eu tivesse tomado uma atitude edificante como essa... Uma atitude de criação. De bom gosto. Imagine só... teria sido muito melhor, muito mais fácil...
Imagino o que eu faria então com os semi pés na bunda que já tomei... Eu sempre escrevo algum texto, alguma coisa, mas taí uma atitude que me empolgou...
Nota: li na internet que Sophie e o ex andavam de mãos dadas ao fim da Flip. Teria sido tudo um bom truque de marketing? Anyway, me fez pensar.
Quando eu ler, volto e conto mais.
Resumindo a história, ela recebeu um e-mail do namorado terminando a relação. Enviou o e-mail a 104 mulheres perguntando como elas interpretavam aquilo. E montou uma exposição. Vou repetir: montou uma exposição!!
Fantástico! Genial! Fenomenal!
Eu tinha lido na internet que ela foi convidada para uma mesa na Flip, e que o tal (o ex-namorado) também estava lá, na mesma mesa. Uau, imagina que legal, o climão. Parece que ele escreveu um livro também, não sei se antes ou depois do ocorrido. Vou saber, assim que ler a matéria. Mas não aguentei, precisava vir escrever sobre isso antes mesmo de ler a história toda.
Pensei cá com os meus botões: imagina se, a cada pé na bunda que eu já levei, eu tivesse tomado uma atitude edificante como essa... Uma atitude de criação. De bom gosto. Imagine só... teria sido muito melhor, muito mais fácil...
Imagino o que eu faria então com os semi pés na bunda que já tomei... Eu sempre escrevo algum texto, alguma coisa, mas taí uma atitude que me empolgou...
Nota: li na internet que Sophie e o ex andavam de mãos dadas ao fim da Flip. Teria sido tudo um bom truque de marketing? Anyway, me fez pensar.
Quando eu ler, volto e conto mais.
domingo, 5 de julho de 2009
Medo
Ontem de noite fui na casa de uma amiga que mora longe pra cacete. Eu sempre tive dificuldade de saber exatamente onde ela morava. Agora que ela não mora mais lá, porque casou, virou a casa da mãe. E eu ia lá. De carro, pela primeira vez.
Ela tentou me mandar um mapa por e-mail, tentou explicar por e-mail, tentou me explicar por telefone. Eu anotei tudo e fui. Parei, comprei um vinho e fui. Óbvio que errei na primeira vez. Fui parar na Dom Pedro. Tudo bem. Respira fundo. Eu faço a volta. Eu sou capaz de chegar sozinha. Esta é a minha cidade. Não tem problema. Não vou ligar pra ninguém, eu vou chegar.
Fiz a volta toda na Dom Pedro, passei na frente do Iguatemi de novo, desci a Moraes Salles e coloquei gasolina na Norte-Sul. Calma. Agora eu chego. Vou tentar de novo. Não tem problema nenhum. Tô calma e vou chegar.
Não cheguei. Errei. Fui parar em uma outra rodovia, que eu não sei qual era. Na contramão. Um carro parou pra esperar eu virar o carro. Que merda, estou perdida, não faço a menor ideia de onde estou.
Voltei, me enfiei numas quebradas e vi um moço na esquina. Resolvi parar e pedir informação. Não era um moço, eram uns 5. Devia ser uma boca de fumo. Me olharam e disseram "pois não", acho que acharam que eu tava ali pra comprar alguma coisa. Eu pensei "fudeu". Agora já tô aqui mesmo, já abaixei o vidro e parei o carro, não vou sair correndo que vai ser pior. "Por favor, moço, onde fica o Residencial Tal"? O moço me explicou. Explicou direitinho. Quando eu agradeci, ouvi um deles dizendo "Você não é a Juliana?". Eu, confusa, o quê? Um disse "shh, fica quieto" e o outro disse "Nada não, moça, pode ir embora". Eu agradeci de novo e fui. Lívida. Gélida. Danilo me ligando e eu pensando como-é-que-o-cara-sabia-meu-nome? Será que me viu num show? Será que era um aluno? Eu não lembro da cara de nenhum deles, tava escuro pra cacete. Wathever.
O moço explicou direitinho. Cheguei sã e salva. Na volta me perdi de novo, mas me achei logo. Chegando na casa de outra amiga, três motoqueiros buzinando e correndo junto comigo, me rodeando, cercando o carro. Quase caguei na calça. Eles foram embora.
Meu anjo da guarda loiro e lindo, cuida de mim, que tá foda.
Ela tentou me mandar um mapa por e-mail, tentou explicar por e-mail, tentou me explicar por telefone. Eu anotei tudo e fui. Parei, comprei um vinho e fui. Óbvio que errei na primeira vez. Fui parar na Dom Pedro. Tudo bem. Respira fundo. Eu faço a volta. Eu sou capaz de chegar sozinha. Esta é a minha cidade. Não tem problema. Não vou ligar pra ninguém, eu vou chegar.
Fiz a volta toda na Dom Pedro, passei na frente do Iguatemi de novo, desci a Moraes Salles e coloquei gasolina na Norte-Sul. Calma. Agora eu chego. Vou tentar de novo. Não tem problema nenhum. Tô calma e vou chegar.
Não cheguei. Errei. Fui parar em uma outra rodovia, que eu não sei qual era. Na contramão. Um carro parou pra esperar eu virar o carro. Que merda, estou perdida, não faço a menor ideia de onde estou.
Voltei, me enfiei numas quebradas e vi um moço na esquina. Resolvi parar e pedir informação. Não era um moço, eram uns 5. Devia ser uma boca de fumo. Me olharam e disseram "pois não", acho que acharam que eu tava ali pra comprar alguma coisa. Eu pensei "fudeu". Agora já tô aqui mesmo, já abaixei o vidro e parei o carro, não vou sair correndo que vai ser pior. "Por favor, moço, onde fica o Residencial Tal"? O moço me explicou. Explicou direitinho. Quando eu agradeci, ouvi um deles dizendo "Você não é a Juliana?". Eu, confusa, o quê? Um disse "shh, fica quieto" e o outro disse "Nada não, moça, pode ir embora". Eu agradeci de novo e fui. Lívida. Gélida. Danilo me ligando e eu pensando como-é-que-o-cara-sabia-meu-nome? Será que me viu num show? Será que era um aluno? Eu não lembro da cara de nenhum deles, tava escuro pra cacete. Wathever.
O moço explicou direitinho. Cheguei sã e salva. Na volta me perdi de novo, mas me achei logo. Chegando na casa de outra amiga, três motoqueiros buzinando e correndo junto comigo, me rodeando, cercando o carro. Quase caguei na calça. Eles foram embora.
Meu anjo da guarda loiro e lindo, cuida de mim, que tá foda.
Texto para mim mesma
É engraçado quando você não precisa tomar decisões, quando a vida as toma por você. Pra você. Talvez engraçado não seja a melhor palavra nesse caso. Principalmente quando você achava que já tinha semitomado a decisão certa. Vem a vida e fala "Quietinha aí, fica pianinho que você não decide nada. Quem manda aqui sou eu!".
Puxada de tapete.
Agora coloca os pés no chão e volta a usar a sua cabeça, anta. Tudo aquilo que você achava não era nada. O que você se forçava a ver não era nada. Ou pode até ser. Mas não é você quem decide. Se liga.
Sabe as coisas que você deixou de fazer porque achou que estava certa de algo e no fim não era nada disso? Você se arrepende?
O pior é que não. Porque, no fim, não seria certo. No fim as coisas das quais você abriu mão nesses últimos dias não eram pra você, mesmo. E você sabe, no fundo, que não abriu mão por causa de uma decisão semitomada, mas porque sabia que não era certo de fato. Mesmo que você não estivesse "de mãos atadas", você não faria nada.
E agora? Reconsiderar o que você já tinha deixado de lado? O que aquela amiga "vivida/bibida" te disse que era sua verdadeira natureza e que você estava relegando? E agora? Continuar de pijama lendo aquele livro idiota? Sair pra rua pra pensar? Dirigir correndo pela estrada? Escrever um texto de revolta? Ou tudo isso?
Respirar. Respirar. Respirar.
A primeira providência: tomar um banho. Tirar essa camisola, passar um lápis na cara e sair. Falar, falar, ouvir, ouvir. Dar risada de mim mesma. E pensar de verdade, talvez não tanto mais com a cabeça.
As viagens das pessoas são mesmo coisas impressionantes. Elas vão e vêm numa sincronia interessantíssima. De propósito. Pra você pensar. Pra você decidir. Ou achar que decide.
Eu continuo aqui. Uns vão, outros voltam, uns vêm, e eu aqui. Tentando pensar. E desistindo.
Puxada de tapete.
Agora coloca os pés no chão e volta a usar a sua cabeça, anta. Tudo aquilo que você achava não era nada. O que você se forçava a ver não era nada. Ou pode até ser. Mas não é você quem decide. Se liga.
Sabe as coisas que você deixou de fazer porque achou que estava certa de algo e no fim não era nada disso? Você se arrepende?
O pior é que não. Porque, no fim, não seria certo. No fim as coisas das quais você abriu mão nesses últimos dias não eram pra você, mesmo. E você sabe, no fundo, que não abriu mão por causa de uma decisão semitomada, mas porque sabia que não era certo de fato. Mesmo que você não estivesse "de mãos atadas", você não faria nada.
E agora? Reconsiderar o que você já tinha deixado de lado? O que aquela amiga "vivida/bibida" te disse que era sua verdadeira natureza e que você estava relegando? E agora? Continuar de pijama lendo aquele livro idiota? Sair pra rua pra pensar? Dirigir correndo pela estrada? Escrever um texto de revolta? Ou tudo isso?
Respirar. Respirar. Respirar.
A primeira providência: tomar um banho. Tirar essa camisola, passar um lápis na cara e sair. Falar, falar, ouvir, ouvir. Dar risada de mim mesma. E pensar de verdade, talvez não tanto mais com a cabeça.
As viagens das pessoas são mesmo coisas impressionantes. Elas vão e vêm numa sincronia interessantíssima. De propósito. Pra você pensar. Pra você decidir. Ou achar que decide.
Eu continuo aqui. Uns vão, outros voltam, uns vêm, e eu aqui. Tentando pensar. E desistindo.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
But for now
Existem poucas coisas no mundo mais bonitas do que esse piano simples e essa música maravilhosa.
Clique em ouvir.
http://letras.terra.com.br/jamie-cullum/85797/#
Clique em ouvir.
http://letras.terra.com.br/jamie-cullum/85797/#
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Merda
*Sabe aquela pessoa que disse que ia começar a se cuidar nas férias? Pois é. No primeiro dia, atacou uma lasanha da Macarronada Italiana. Com muito molho branco. E queijo. Delícia. E exultou. Nem se sentiu culpada. Mentira. Em casa, sentiu-se a última das mortais gordinhas. Merda!
*Sabe aquelas lojas em que a gente vai comprar roupa e não deixam a gente experimentar? Talvez porque esteja em promoção, e eles acham que já estão vendendo barato demais pra gente ainda ter o direito de provar. Me diz como é que se compra uma roupa sem saber se fica boa no corpo... Você pode até achar a blusa linda, mas tem que ver se serve, se sobra, se marca. Se te favorece ou não. Você vê dois vestidos lindos, completamente diferentes. E aí? Como saber qual vai ficar melhor? Só colocando na frente? Não dá! Depois escolhe errado, compra, gasta grana, leva pra casa e fica entulhando o armário. Ou, pior, você usa, mas fica um lixo. Se pudesse ter experimentado, talvez não tivesse levado nenhum. Ou os dois. Ou talvez até mais uma blusinha junto. Mas não dá pra saber sem provar. Merda! Manifesto pelo direito de provar!
*Maíra vem do Rio. Maíra vem do Rio no fim de semana e eu adoro. Quero matar as saudades, morrer de rir, conversar até a garganta doer. Sem doer muito, senão eu não canto. Contenção. Merda!
*Queria ter uns três clones, fora eu. Pra poder fazer tudo que eu quero fazer. Não tenho. Vou ter que me virar nos 30. Merda!
*Comprei o livro do Saramago que eu queria. História do cerco de Lisboa. Tava paquerando há um mês. Comprei. Minha sacola da Livraria Cultura é das coisas mais bizarras. Uma pessoa que consegue comprar ao mesmo tempo Saramago, Stephenie Meyer e livros de vestibular. Uma merda...
*O trabalho não para. Na escola, mais turmas surgindo. Na agência, meu horário não está sendo suficiente. Cristo. Eu sou uma só. Adoro os meus dois trabalhos, mas sou uma só. Merda!
*Requisitada. É isso. Finalmente, o mundo me viu. Merda...
*Queria jogar a noite toda. Virar o fim de semana jogando com meus amigos e esquecer de todas as decisões que eu tenho que tomar. Acho que não vai dar. Merda!
*A banda. Mais o projeto violão e voz. Ensaio. Letras. Imprimir. Decorar. Estudar. O tempo passa e já foi. Merda!
Tenho vivido uma fase estranha, às vezes dou risada e às vezes me desespero. É tudo muito novo. Mas no fundo é bom. Mesmo!
*Sabe aquelas lojas em que a gente vai comprar roupa e não deixam a gente experimentar? Talvez porque esteja em promoção, e eles acham que já estão vendendo barato demais pra gente ainda ter o direito de provar. Me diz como é que se compra uma roupa sem saber se fica boa no corpo... Você pode até achar a blusa linda, mas tem que ver se serve, se sobra, se marca. Se te favorece ou não. Você vê dois vestidos lindos, completamente diferentes. E aí? Como saber qual vai ficar melhor? Só colocando na frente? Não dá! Depois escolhe errado, compra, gasta grana, leva pra casa e fica entulhando o armário. Ou, pior, você usa, mas fica um lixo. Se pudesse ter experimentado, talvez não tivesse levado nenhum. Ou os dois. Ou talvez até mais uma blusinha junto. Mas não dá pra saber sem provar. Merda! Manifesto pelo direito de provar!
*Maíra vem do Rio. Maíra vem do Rio no fim de semana e eu adoro. Quero matar as saudades, morrer de rir, conversar até a garganta doer. Sem doer muito, senão eu não canto. Contenção. Merda!
*Queria ter uns três clones, fora eu. Pra poder fazer tudo que eu quero fazer. Não tenho. Vou ter que me virar nos 30. Merda!
*Comprei o livro do Saramago que eu queria. História do cerco de Lisboa. Tava paquerando há um mês. Comprei. Minha sacola da Livraria Cultura é das coisas mais bizarras. Uma pessoa que consegue comprar ao mesmo tempo Saramago, Stephenie Meyer e livros de vestibular. Uma merda...
*O trabalho não para. Na escola, mais turmas surgindo. Na agência, meu horário não está sendo suficiente. Cristo. Eu sou uma só. Adoro os meus dois trabalhos, mas sou uma só. Merda!
*Requisitada. É isso. Finalmente, o mundo me viu. Merda...
*Queria jogar a noite toda. Virar o fim de semana jogando com meus amigos e esquecer de todas as decisões que eu tenho que tomar. Acho que não vai dar. Merda!
*A banda. Mais o projeto violão e voz. Ensaio. Letras. Imprimir. Decorar. Estudar. O tempo passa e já foi. Merda!
Tenho vivido uma fase estranha, às vezes dou risada e às vezes me desespero. É tudo muito novo. Mas no fundo é bom. Mesmo!
Assinar:
Postagens (Atom)