quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Juliana O Palermo

Quando eu tinha 7 anos, meu avô escreveu um acróstico pra mim (com Juliana O Palermo) - o O é de Oliveira, o sobrenome dele, que eu não uso. Meu vô era foda. Me enxergava como poucas pessoas na vida me enxergaram.

Ontem eu encontrei o acróstico no meio de uma papelada enorme. E fiquei meio abismada, porque, veja bem, eu tinha só 7 anos... e ele já me via desse jeito. Eu já era desse jeito. Ele já me dava uma puta bronca desse jeito... Mas ele só podia falar assim porque ele era igualzinho a mim.

Taí:

Jovem, menina, levada
Uma menina assanhada
Leva uma vida atribulada
Irmã da Mariana, loirada
Agora já crescidinha
Na escola indisciplinada
Adora levar palmada

Olhando sempre cismada
Para seu futuro um dia
Anseia o palco e a passarela
Levanta a cabeça, menina
Estuda bem comportada
Reprima sua atitude
Modere seu comportamento,
Orgulho, altivez e o seu temperamento

(Cláudio, 13/01/88)

Cara, eu tinha 7 anos... esse negócio foi escrito há 20 anos... não é qualquer avô que escreve um
troço desses pra neta. Não é qualquer avô que diz essas coisas pra uma neta de 7 anos. Mas, também, não é qualquer neta que agüenta, que entende.

Meu vô era foda. Somos foda, eu e meu avô, onde quer que ele esteja. Ele me dizia que eu era a neta com a qual ele mais se preocupava, não em questões de estudo, que ele sabia que isso eu tirava de letra. Mas ele dizia que, dos 4 netos dele, ele sabia que eu era a que mais longe podia ir, mas que eu era a mais insatisfeita de todos, e que por isso ele temia por mim. Sábio homem... A síndrome da minha vida, a insatisfação. Ele também dizia que eu era estrela como ele.

Sou, vô. E eu sei que daí onde você está, a sua estrela reflete na minha. E assim caminhamos.

3 comentários:

Eduardo disse...

Lindo...
Lindo;
lindo!

Ju, lindo isso...

Já disse? Lindo.

Gruda embaixo do travesseiro.

Tatiana disse...

Ainda bem que vc guardou.
Vinte anos esperando você reler e sacar.
Lindo...

Tatiana disse...

Tem um presentinho pra vc lá no blog