E se?
E se eu tivesse ligado antes? E se eu tivesse feito o que estava com vontade de fazer?
E se?
Às vezes penso que somos mesmo marionetes idiotas do destino ou seja lá do que for isso. Achamos que podemos controlar nossas vidas, que podemos controlar as vidas dos outros, que podemos escolher. Mera ilusão. Somos joguetes, bobinhos, tolos. Não dá pra controlar nada.
Quantas vezes a gente se pergunta "E se?". E se eu tivesse ido à festa? E se eu tivesse ficado em casa? E se eu não tivesse esquecido o celular? E se eu tivesse passado de carro por aquele lugar àquela hora? E se eu não tivesse ido? E se eu tivesse ido a pé? E se eu não tivesse atrasado 5 minutos?
A gente nunca vai saber.
Ontem, voltando pra Campinas, eu estava conversando com a minha querida melhor amiga. Estávamos falando de fins de relacionamentos (mas isso é assunto pra outro post). Ela se lembrou de um dia importante e triste na vida dela em que eu estava presente. Falando assim parece idiota. Mas não é. Eu explico, e vou tentar explicar também por que tive vontade de chorar nessa hora, ontem, no carro, mais de 11 horas da noite, voltando pra Campinas.
Numa época X da minha vida, eu me distanciei de todos os meus amigos. Na verdade, eu me distanciei de mim e da minha vida, mas a maioria das pessoas comete esse erro na vida (e eu já aprendi, depois da terceira vez). Enfim, eu estava namorando e estava cega, e me afastei de todas as pessoas queridas da minha vida. E também dessa amiga, que sempre foi uma amigona. As pessoas ficaram com raiva de mim. Eu também ficaria. Mas, quase um ano depois, essa amiga fez aniversário, e eu fui. Eu estava afastada de todo mundo há muito tempo, e tinha acabado de levar um pé na bunda, e estava morrendo de vergonha de aparecer. Porque, uma semana antes, quando eu ainda não tinha levado o pé, eu jurei que iria no aniversário dela. Daí eu levei o pé, e fiquei com medo das pessoas acharem que eu só tava indo porque estava sozinha. Mas eu fui, mesmo assim. Foi bem estranho, todo mundo frio comigo, mas eu merecia.
O fato é que essa noite, aniversário dessa amiga, foi um dos piores dias da vida dela, no fim das contas. No fim da festa. Eu fui mesmo, e fiquei até o fim. E, assim, acabei presenciando esse momento horrível, mas importante.
Cara, que coisa é o destino! Ontem eu fiquei pensando nisso, quando ela disse "E você estava lá". Pois é. Eu estava. Um ano depois. Eu estava lá.
Sei lá, me deu uma vontade muito grande de chorar. Não só porque eu estou eu um período sensível do mês (fêmeas e seus ciclos), mas porque mexeu comigo mesmo essa coisa de pensar que as coisas acontecem quando e da maneira que têm que acontecer. A gente pensa que está no comando, mas não passamos de peões nas mãos de alguém que tá jogando xadrez.
Eu queria poder escolher. Ser o Cavalo, pelo menos, que anda em L e é super legal, o único que pula. Ou o Bispo, andando na diagonal, mas sempre numa cor só (que triste). Ou uma Torre, tão forte, esquadrinhando o tabuleiro nas horizontais e verticais, derrubando tudo. Queria mesmo era poder ser a Rainha, andar pra todos os lados e quanto eu quiser. Mas nada disso. Somos peões do destino, que coloca a gente onde quer, avançando uma casa por vez, às vezes comendo alguém na diagonal e mudando de repente de caminho; às vezes, ficamos parados no mesmo lugar horas, enquanto ele mexe outras peças. Mas não é que de repente essas peças vêm parar do nosso lado?
Muito xeque-mate pro meu gosto.
2 comentários:
Oi Juju,
Não é que você estava mesmo lá? Na hora errada, no lugar errado, no meio daquela coisa toda. Na hora você não entendeu nada. Eu não percebi o seu papel. Hoje a gente entede tudo.
Nada como o tempo para fazer a gente entender essas guinadas na diagonal dos peões.
O jeito é seguir jogando, meu bem, e ver no que dá. Que venha o xeque-mate, de novo e de novo. A gente arruma o tabuleiro, rei branco na casa preta, preto na branca e segue comendo e perdendo peça por aí.
Beijos também emocionados com tudo o que rolou no nosso fim de semana furacão.
Amo você querida. Obrigada por tudo.
Textão, meu amor! Textão!!!
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