sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Cha-cha-changes

Segunda-feira eu começo num emprego novo. O emprego que eu quis por muito tempo. Por muitos anos. Eu já tinha desistido. Eu já tinha achado que nem queria mais. Mas eu queria, viu? Tanto que aceitei no mesmo dia.

Minha vida vai mudar. Porque o trabalho muda a vida da gente. Eu estou mudando de lugar, e também estou mudando de profissão. Voltando à minha profissão antiga, aquela que muita gente diz que é meu destino. Mas agora é do jeito que eu sempre quis. A partir de segunda-feira eu sou professora de novo. Mas não teacher. Nem professora de criança. A partir de segunda-feira eu sou professora de Português, do Ensino Médio, de um colégio particular. A partir de segunda-feira eu terei alunos de novo, mas alunos adolescentes, mentes pensantes (eu acho), mentes que podem ser ensinadas a pensar. Eu vou lidar com algo que me sinto confiante, algo que eu amo, a minha, a sua, a nossa língua. Eu quero tentar fazer com que meus alunos gostem dela como eu gosto, eu quero poder mostrar que a língua é tão maravilhosa e tão legal, e não um conjunto de regras chatas a serem decoradas. Eu quero enfiar a poesia de Tom Jobim e Vinícius e Chico pelo cu deles, eu quero discutir a linguagem das novelas, eu quero que eles escrevam o que têm dentro de si, nas entranhas, eu quero que eles pensem, sintam, vivam.

Não sei se vou ser capaz. Mas eu quero. E isso já é uma grande coisa.

Eu sempre quis exatamente esse emprego. Dar aulas de Português. Para adolescentes. Em uma escola particular. Vou trabalhar menos do que trabalho agora e ganhar mais do que ganho. Acha que eu deveria pensar?

Pois eu pensei. Pensei porque também gosto do meu trabalho na editora. Pensei porque, apesar das coisas ruins daqui, tem muitas coisas boas, estou aprendendo muito e gosto do que aprendo. Pensei porque não quero deixar as pessoas na mão.

Eu vou ficar por pelo menos dois meses nos dois empregos. Dando aulas de manhã, de tarde na editora. Vai ser cansativo, porque dar aula não é bolinho, não. Pelo menos, não do jeito que eu quero dar. Com paixão, como tudo o que eu faço (quando gosto). Mas eu não quero deixar o povo aqui na mão. Não quero sair correndo, não tem motivo. Sabe Deus o que vai acontecer. Eu não sei.

Estou feliz, estou triste, estou calma, estou confusa.

Estou, com certeza, preparada. Porque eu posso. Não vou mentir: eu sou uma fraude em algumas coisas, mas nisso não. No que eu amo, não.

No fundo, no fundo, eu tenho um medinho de não ser nada daquilo que eu esperava. O lance da merda das expectativas. Mas eu só vou saber tentando. E, se não for... não era.

Wish me luck!!!

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