Do you remember?
Jesus Christ, olha o meu cabelo...
http://www.youtube.com/watch?v=rY4A_VvyiFk
Diazinho estranho, mas vídeo legal.
domingo, 31 de agosto de 2008
Cu cu cu cu cu
Cu cu cu cu cu.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Pronto, passou. Precisava dar um grito virtual.
Minha cabeça tá o samba do crioulo doido, a festa do caqui com ovo. Em questão de horas, vou do céu ao inferno, como uma pessoa pode ser tão estranha assim? Uma hora me sinto leve e feliz, canto e danço e pulo e rio do nada. Algumas horas depois meu peito aperta, fico de bode. Depois agradeço tudo o que tenho de bom e a estrada aos meus pés; minutos depois choro sem saber por que, tento descobrir por que estou chorando e vem milhares de coisas na minha cabeça, um monte de cenas, um monte de gente, um barulho, uma confusão, eu só peço bem baixinho por favor, para que saiam, saiam todos vocês e me deixem aqui quieta, baixinho mesmo porque nem gritar eu consigo.
Montanha-russa do caralho.
Segunda-feira chegando assusta a gente. Deve ser isso. Não é, mas vamos fingir que é.
Cu cu cu cu cu.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Pronto, passou. Precisava dar um grito virtual.
Minha cabeça tá o samba do crioulo doido, a festa do caqui com ovo. Em questão de horas, vou do céu ao inferno, como uma pessoa pode ser tão estranha assim? Uma hora me sinto leve e feliz, canto e danço e pulo e rio do nada. Algumas horas depois meu peito aperta, fico de bode. Depois agradeço tudo o que tenho de bom e a estrada aos meus pés; minutos depois choro sem saber por que, tento descobrir por que estou chorando e vem milhares de coisas na minha cabeça, um monte de cenas, um monte de gente, um barulho, uma confusão, eu só peço bem baixinho por favor, para que saiam, saiam todos vocês e me deixem aqui quieta, baixinho mesmo porque nem gritar eu consigo.
Montanha-russa do caralho.
Segunda-feira chegando assusta a gente. Deve ser isso. Não é, mas vamos fingir que é.
Cu cu cu cu cu.
Portas abertas
Sejam bem-vindos. Seja bem-vindo, mundo. A partir de hoje, o blog está aberto a quem quiser ver. Foda-se.
Este blog começou com uma história estranha, maluca, eu precisava escrever pra organizar minhas idéias, pra não surtar. Daí só eu lia. Depois eu e mais duas amigas. Agora tem uns poucos amigos fiéis que me visitam e deixam seus recados maravilhosos. Mas, quer saber? Eu não quero e nem preciso esconder nada de ninguém. Tô aqui, exposta.
Pra variar. Por que é que na Internet tinha que ser diferente?
Pronto, portas abertas. Por favor, limpe os pés antes de entrar, pra não sujar tanto. Sirva-se à vontade, não tem muita coisa, mas do que tem não falta nada. Cuidado pra não quebrar nada meu. Não leve embora minhas coisas sem falar comigo, eu sou uma taurina muito possessiva com o que é meu, mas empresto de boa. Procure não fazer muito barulho, tem dias que só quero o silêncio. Mas se quiser bater papo, ah, é comigo mesma!! Tente não pisar muito forte, por incrível que pareça eu me machuco muito fácil (é que eu escondo).
Mas não mais. Portas abertas, seja bem-vindo, mundo!
A pôrra do Telecine Light
Eu vi hoje pedaços de dois filmes na merda do Telecine Light. Não que eu queira parecer repetitiva but I can't help it.
Por que raios a gente tem q ver essas merdas? Por que raios as pessoas insistem em nos passar essas mensagens, essas imagens, as regras malditas que temos que seguir, um casal, os dois bonitos, as mulheres são geralmente loiras, ou morenas muito muito muito bonitas, e o cara sempre é gentil e bem resolvido, apaixonado, faz coisas legais, as musiquinhas bonitas tocam e eles são felizes. E se você não é assim, e se a sua vida não é assim, você tem que se sentir uma merda por isso?? Não. Mas por que você se sente?
Depois era um pedaço de um filme de uma mulher bem gorda, uma negona enorme de gorda e ela vai pra um spa e conhece um nigeriano que acha lindo ela ser balofa, e ela cria uma grife para gordinhas, muda o padrão de beleza e vai pra Nigéria ser feliz com o cara.
Que merda. Eu não quero ir pra Nigéria. Desculpa, mas gosto é gosto, eu gosto de homens brancos, branco geladeira, acho lindo. Eu não quero ir pra Nigéria pra ser feliz.
Alguém pode me dizer por que raios eu assisto a essas merdas? Por que raios eu fico tão puta com essas merdas que querem fazer a gente engolir goela abaixo?
Sábado de merda.
Por que raios a gente tem q ver essas merdas? Por que raios as pessoas insistem em nos passar essas mensagens, essas imagens, as regras malditas que temos que seguir, um casal, os dois bonitos, as mulheres são geralmente loiras, ou morenas muito muito muito bonitas, e o cara sempre é gentil e bem resolvido, apaixonado, faz coisas legais, as musiquinhas bonitas tocam e eles são felizes. E se você não é assim, e se a sua vida não é assim, você tem que se sentir uma merda por isso?? Não. Mas por que você se sente?
Depois era um pedaço de um filme de uma mulher bem gorda, uma negona enorme de gorda e ela vai pra um spa e conhece um nigeriano que acha lindo ela ser balofa, e ela cria uma grife para gordinhas, muda o padrão de beleza e vai pra Nigéria ser feliz com o cara.
Que merda. Eu não quero ir pra Nigéria. Desculpa, mas gosto é gosto, eu gosto de homens brancos, branco geladeira, acho lindo. Eu não quero ir pra Nigéria pra ser feliz.
Alguém pode me dizer por que raios eu assisto a essas merdas? Por que raios eu fico tão puta com essas merdas que querem fazer a gente engolir goela abaixo?
Sábado de merda.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Bonito, profundo e sério (a segunda parte)
Sexta-feira é um dia longo.
Sexta-feira é um dia looooooooooooongo.
5 aulas de manhã, almoço, Papirus de tarde, ensaio de noite. Mas, como eu já disse por aqui, gosto de tudo. Gosto tanto de tudo que o dia nem fica mais longo. Fica um dia cheio. Mas cheio de coisa boa, então tá bom.
Eu geralmente acordo me preocupando com a minha noite. Isso não só de sexta-feira, mas todos os dias. Acordo e penso: o que vou fazer depois das 6? Porque, por mais cansada que eu esteja, 6 da tarde um bichinho me pica e eu acordo. Fico insuportável.
Mas hoje eu acordei tão de boa. Com um pouquinho de sono a mais, mas já passou. 4 da tarde e já passou. Tô no meio do meu dia, e ainda tenho tanta coisa boa. O ensaio é sempre legal. Tem sido. E eu não tô mesmo me preocupando com a minha noite, pela primeira vez em muito tempo. Como é bom deixar os pesos no chão. Pra que carregar tanta coisa, meu deus!? Pra que tanto problema, tanta preocupação, tanto "será que... ?". Pra nada. Pra estressar.
Quando eu durmo pouco eu fico assim meio lenta. Mas eu gosto. Tô tranqüila. Sexta-feira, 29 de agosto de 2008. Um dia bonito. Um dia sem fardos. Sem preocupações, sem pesos, sem cargas, sem expectativas, logo sem frustrações.
Tenho as costas livres. Tenho a mim e ao meu cansaço, e à minha animação. Tenho as costas e as mãos e o peito livre, e um caminho pela frente. Pé na estrada. Respira fundo e vambora.
* "Discutindo tudo isso, eles deixaram o parque. Caminhavam lado a lado, Clémence saltitava, colhia flores, perseguia os pássaros para tocá-los. Ela tinha, mais ou menos, a idade de Antoine; por momentos ficava muitíssimo séria e, no instante seguinte, desenvolta e leve, a sua personalidade não cessava de virevoltear. Com ar cândido, ela exclamou abrindo os braços:
- Por que a gente não teria o direito de criticar, de achar certas pessoas babacas e fracas, sob pretexto de que teríamos um clima pesado e ciumento? Todo o mundo se comporta como se fôssemos todos iguais, como se fôssemos todos ricos, educados, poderosos, brancos, jovens, belos, machos, felizes, como se todos estivéssemos com boa saúde, como se todos tivéssemos um carrão... Mas isso, obviamente, não é verdade. Por isso, tenho o direito de gritar, de estar de mau humor, de não sorrir idiotamente todo o tempo, de dar a minha opinião quando vejo coisas não-normais e injustas, e até de insultar as pessoas. Tenho o direito de protestar.
- Estou de acordo, mas... isso é fatigante. Podemos fazer isso de um jeito melhor, não?
- Você tem razão - concedeu Clémence. - É idiota gastarmos toda a nossa energia com coisas com as quais não vale a pena gastá-la. Mais vale guardarmos as nossas forças para nos divertir.
- E para passear na margem do rio.
- Passear na margem do rio... Isso é de uma canção, não?
Clémence cantarolou uma vaga canção. Eles caminhavam na calçada entre a multidão de trabalhadores e desempregados, estudantes, velhos e crianças. As lojas, as padarias, os bancos continuavam cheios desses glóbulos variegados que são os seres humanos no aparelho circulatório da cidade. Um carro passou diante deles buzinando e parou dez metros adiante, num sinal vermelho. Clémence tomou Antoine pelo braço.
- Feche os olhos - pediu-lhe ela. - Eu tenho uma surpresa para você.
Antoine fechou os olhos. Um vento leve e quente eriçou os cabelos dos dois jovens. Clémence conduziu Antoine puxando-o pelo braço; ela o levou para o meio da rua. A uns cem metros, vinha um veículo negro.
- Bem, você já pode abrir os olhos.
- Clémence, está vindo aí um automóvel negro - constatou tranqüilamente Antoine.
-Você prometeu que teria toda a confiança em mim.
- Não, de maneira nenhuma, eu nunca disse isso.
- Ah, sim, eu esqueci de lhe pedir que tivesse toda a confiança em mim. Tenha confiança em mim, certo?
- Clémence, o automóvel...
- Jure que você vai ter toda a confiança em mim e pare de gemer, seu medroso. Você não deve mexer-se, isso é muito importante. Jure.
- Está bem, eu juro. Eu não vou mexer-me, eu não... vou mexer-me...
O carro estava já a não mais de trinta metros, a sua buzina urrava para que os dois jovens saíssem do meio da rua. Antoine e Clémence não se mexiam, os passantes olhavam para eles. No penúltimo instante, Clémence puxou Antoine pelo braço e eles caíram na calçada. O carro negro passou resmungando ferozmente e arreganhando-lhes os dentes.
- Eu salvei a sua vida - disse Clémence. - Eu sou a sua heroína! - Ela se levantou e ajudou Antoine a se pôr de pé. - Isso quer dizer que nós estamos ligados pela vida. Doravante nós somos responsáveis um pelo outro. Como os chineses.
- Eu acho que já tive suficientes emoções por hoje.
- Você tem algum número de emoções que não pode ultrapassar?
- Sim, tenho, é isso, senão corro o risco de morrer de overdose. E não me diga que as overdoses de emoções são geniais, porque não estou acostumado a elas."
(Eu teria muitas coisas pra comentar sobre esse trecho do Martin Page - de um livro que já falei aqui. Mas isso é tão sério e profundo e bonito pra mim, que eu nem sei por onde começar. Eu não tenho um limite de emoções que posso ultrapassar, eu nunca tive, e eu não quero ter, e eu acho um absurdo que a pessoas tenham. Mas cada um é cada um. E isso também é lindo. Esse trecho é uma das coisas mais (de novo) bonitas e profundas e sérias que eu já encontrei em toda a minha vida. E o trecho posterior a esse também. Desejos de menina de verdade, de menina única, nem Pinochio nem David. A Fada Azul que sabe. E chega, que tô enlouquecendo e meu dia hoje é longo e cheio. Ainda bem.)
Sexta-feira é um dia looooooooooooongo.
5 aulas de manhã, almoço, Papirus de tarde, ensaio de noite. Mas, como eu já disse por aqui, gosto de tudo. Gosto tanto de tudo que o dia nem fica mais longo. Fica um dia cheio. Mas cheio de coisa boa, então tá bom.
Eu geralmente acordo me preocupando com a minha noite. Isso não só de sexta-feira, mas todos os dias. Acordo e penso: o que vou fazer depois das 6? Porque, por mais cansada que eu esteja, 6 da tarde um bichinho me pica e eu acordo. Fico insuportável.
Mas hoje eu acordei tão de boa. Com um pouquinho de sono a mais, mas já passou. 4 da tarde e já passou. Tô no meio do meu dia, e ainda tenho tanta coisa boa. O ensaio é sempre legal. Tem sido. E eu não tô mesmo me preocupando com a minha noite, pela primeira vez em muito tempo. Como é bom deixar os pesos no chão. Pra que carregar tanta coisa, meu deus!? Pra que tanto problema, tanta preocupação, tanto "será que... ?". Pra nada. Pra estressar.
Quando eu durmo pouco eu fico assim meio lenta. Mas eu gosto. Tô tranqüila. Sexta-feira, 29 de agosto de 2008. Um dia bonito. Um dia sem fardos. Sem preocupações, sem pesos, sem cargas, sem expectativas, logo sem frustrações.
Tenho as costas livres. Tenho a mim e ao meu cansaço, e à minha animação. Tenho as costas e as mãos e o peito livre, e um caminho pela frente. Pé na estrada. Respira fundo e vambora.
* "Discutindo tudo isso, eles deixaram o parque. Caminhavam lado a lado, Clémence saltitava, colhia flores, perseguia os pássaros para tocá-los. Ela tinha, mais ou menos, a idade de Antoine; por momentos ficava muitíssimo séria e, no instante seguinte, desenvolta e leve, a sua personalidade não cessava de virevoltear. Com ar cândido, ela exclamou abrindo os braços:
- Por que a gente não teria o direito de criticar, de achar certas pessoas babacas e fracas, sob pretexto de que teríamos um clima pesado e ciumento? Todo o mundo se comporta como se fôssemos todos iguais, como se fôssemos todos ricos, educados, poderosos, brancos, jovens, belos, machos, felizes, como se todos estivéssemos com boa saúde, como se todos tivéssemos um carrão... Mas isso, obviamente, não é verdade. Por isso, tenho o direito de gritar, de estar de mau humor, de não sorrir idiotamente todo o tempo, de dar a minha opinião quando vejo coisas não-normais e injustas, e até de insultar as pessoas. Tenho o direito de protestar.
- Estou de acordo, mas... isso é fatigante. Podemos fazer isso de um jeito melhor, não?
- Você tem razão - concedeu Clémence. - É idiota gastarmos toda a nossa energia com coisas com as quais não vale a pena gastá-la. Mais vale guardarmos as nossas forças para nos divertir.
- E para passear na margem do rio.
- Passear na margem do rio... Isso é de uma canção, não?
Clémence cantarolou uma vaga canção. Eles caminhavam na calçada entre a multidão de trabalhadores e desempregados, estudantes, velhos e crianças. As lojas, as padarias, os bancos continuavam cheios desses glóbulos variegados que são os seres humanos no aparelho circulatório da cidade. Um carro passou diante deles buzinando e parou dez metros adiante, num sinal vermelho. Clémence tomou Antoine pelo braço.
- Feche os olhos - pediu-lhe ela. - Eu tenho uma surpresa para você.
Antoine fechou os olhos. Um vento leve e quente eriçou os cabelos dos dois jovens. Clémence conduziu Antoine puxando-o pelo braço; ela o levou para o meio da rua. A uns cem metros, vinha um veículo negro.
- Bem, você já pode abrir os olhos.
- Clémence, está vindo aí um automóvel negro - constatou tranqüilamente Antoine.
-Você prometeu que teria toda a confiança em mim.
- Não, de maneira nenhuma, eu nunca disse isso.
- Ah, sim, eu esqueci de lhe pedir que tivesse toda a confiança em mim. Tenha confiança em mim, certo?
- Clémence, o automóvel...
- Jure que você vai ter toda a confiança em mim e pare de gemer, seu medroso. Você não deve mexer-se, isso é muito importante. Jure.
- Está bem, eu juro. Eu não vou mexer-me, eu não... vou mexer-me...
O carro estava já a não mais de trinta metros, a sua buzina urrava para que os dois jovens saíssem do meio da rua. Antoine e Clémence não se mexiam, os passantes olhavam para eles. No penúltimo instante, Clémence puxou Antoine pelo braço e eles caíram na calçada. O carro negro passou resmungando ferozmente e arreganhando-lhes os dentes.
- Eu salvei a sua vida - disse Clémence. - Eu sou a sua heroína! - Ela se levantou e ajudou Antoine a se pôr de pé. - Isso quer dizer que nós estamos ligados pela vida. Doravante nós somos responsáveis um pelo outro. Como os chineses.
- Eu acho que já tive suficientes emoções por hoje.
- Você tem algum número de emoções que não pode ultrapassar?
- Sim, tenho, é isso, senão corro o risco de morrer de overdose. E não me diga que as overdoses de emoções são geniais, porque não estou acostumado a elas."
(Eu teria muitas coisas pra comentar sobre esse trecho do Martin Page - de um livro que já falei aqui. Mas isso é tão sério e profundo e bonito pra mim, que eu nem sei por onde começar. Eu não tenho um limite de emoções que posso ultrapassar, eu nunca tive, e eu não quero ter, e eu acho um absurdo que a pessoas tenham. Mas cada um é cada um. E isso também é lindo. Esse trecho é uma das coisas mais (de novo) bonitas e profundas e sérias que eu já encontrei em toda a minha vida. E o trecho posterior a esse também. Desejos de menina de verdade, de menina única, nem Pinochio nem David. A Fada Azul que sabe. E chega, que tô enlouquecendo e meu dia hoje é longo e cheio. Ainda bem.)
Norah Jones = Bitch.
Ela vem com aquela vozinha (de voz, não de vó) de quem não quer nada e destrói a gente.
Ontem de noite (bem de noite) ela entrou no meu carro sem ser convidada, sentou no banco de trás e começou a cantar na hora mais imprópria que podia existir... a música mais imprópria para o momento.
Mentira. Ela nunca acertou tanto. Eu não mudaria nenhuma palavra, nenhuminha...
Maldita Norah. Maldita.
Depois do solo, ela volta cantando assim:
Yeah well if my sky should fall
Would you even call?
Opened up my heart
Never wanna part
I'm giving you the ball
When I look in your eyes
I can feel butterflies
Could you find a love in me?
Would you carve me in a tree?
Don't fill my heart with lies
I will you love when you're blue
So tell me darlin' true
What am I to you?
Vida irônica, vida louca. Mais louca do que eu...
(Eu não vi o vídeo, pq aqui não posso ver, mas a música é essa. Vejam por mim.)
http://www.youtube.com/watch?v=VnolNQUxzdo
Ontem de noite (bem de noite) ela entrou no meu carro sem ser convidada, sentou no banco de trás e começou a cantar na hora mais imprópria que podia existir... a música mais imprópria para o momento.
Mentira. Ela nunca acertou tanto. Eu não mudaria nenhuma palavra, nenhuminha...
Maldita Norah. Maldita.
Depois do solo, ela volta cantando assim:
Yeah well if my sky should fall
Would you even call?
Opened up my heart
Never wanna part
I'm giving you the ball
When I look in your eyes
I can feel butterflies
Could you find a love in me?
Would you carve me in a tree?
Don't fill my heart with lies
I will you love when you're blue
So tell me darlin' true
What am I to you?
Vida irônica, vida louca. Mais louca do que eu...
(Eu não vi o vídeo, pq aqui não posso ver, mas a música é essa. Vejam por mim.)
http://www.youtube.com/watch?v=VnolNQUxzdo
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Ferris Bueller's Day Off
Alguém merece chegar do primeiro emprego e, antes de ir pro segundo, ligar a TV e ver esse filme? Não, né? Talvez eu mereça, porque foi justamente o que aconteceu comigo hoje.
Vontade de matar o dia, também. De ficar a tarde inteira por aí, mas não dormindo!! De pegar um dia qualquer, pode ser uma quinta-feira como hoje, sem ser feriado, isso seria fundamental. Marcar com alguns poucos e bons amigos e sair tocando o terror. Ir a cinema, museu, parque de diversões...
Ah, que vontade!
Vontade de matar o dia, também. De ficar a tarde inteira por aí, mas não dormindo!! De pegar um dia qualquer, pode ser uma quinta-feira como hoje, sem ser feriado, isso seria fundamental. Marcar com alguns poucos e bons amigos e sair tocando o terror. Ir a cinema, museu, parque de diversões...
Ah, que vontade!
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Casa e a mensagem cifrada
Quando a gente chama alguém pra nossa casa, a gente tem que arrumar a casa antes, pra receber a visita. Não dá pra chamar a pessoa e ela encontrar a bagunça. Pra pessoa entrar e te ajudar a arrumar. A casa é sua. Você que tem que arrumar. A pessoa tem que desfrutar de uma casa organizada, ela está lá pra passar bons momentos, não pra arrumar a casa com você, ou, pior, pra você.
Não é?
Outra coisa, só mais uma coisinha: eu que eu queria mesmo era assombrar a cidade. Queria tanto! Há tantos anos! Mas tá difícil... Acho que tenho que arrumar minha casa antes.
Então, mãos à obra!
Não é?
Outra coisa, só mais uma coisinha: eu que eu queria mesmo era assombrar a cidade. Queria tanto! Há tantos anos! Mas tá difícil... Acho que tenho que arrumar minha casa antes.
Então, mãos à obra!
Terça-feliz
My Monday was supposed to be happy. No geral. Minhas segundas felizes. Mas as terças têm batido um bolão!
Strogonoff, vinho, música, risadas, plantinha, gato, cachorro, amigas, meninos lindos e divinas, divinas e maravilhosas, violão, coca-cola, chocolate, papos brabos, gargalhadas de doer a barriga, fotos, sonzeira.
O que mais eu podia querer?
Se eu quiser mais que isso, eu sou uma burra idiota.
(Por uns minutos eu sou, depois passa).
Obrigada, queridos, pela noite de ontem. Pena que a trabalhadora do Brasil tem que ir embora meia-noite, perigando virar abóbora...
Strogonoff, vinho, música, risadas, plantinha, gato, cachorro, amigas, meninos lindos e divinas, divinas e maravilhosas, violão, coca-cola, chocolate, papos brabos, gargalhadas de doer a barriga, fotos, sonzeira.
O que mais eu podia querer?
Se eu quiser mais que isso, eu sou uma burra idiota.
(Por uns minutos eu sou, depois passa).
Obrigada, queridos, pela noite de ontem. Pena que a trabalhadora do Brasil tem que ir embora meia-noite, perigando virar abóbora...
Levando um lero com a Fada Azul
Os meus horários de almoço são muito corridos de segunda e quarta. Porque nesses dias eu dou aula até 12h45, corro pra casa, almoço e tenho que entrar na editora às 14h00. Eu sempre acabo comendo na frente da TV. E essa semana, com o sinal do Telecine aberto, tenho visto algumas coisas, alguns pedaços de coisas.
Hoje estava passando Inteligência Artificial. Eu amo esse filme, podem falar o que quiser. Eu vejo o Kubrick no filme (claro, o projeto era dele). Vejo muito, por trás do Spielberg. Estava justamente no final, na parte em que David vai pra Cidade Perdida (Manhattan), encontra a Fada Azul, e daí pra frente. Eu fico grudada na frente da TV, sem nem respirar direito, porque eu acho isso muito bonito, muito bonito.
Ando bem estranha, mesmo. Eu não diria sentimentalóide, diria super-emocionável. Qualquer coisa me emociona, me desestabiliza. E esse filme é foda. Fiquei pensativa pacas quando vi a cena do David com seu construtor, quando o cara fala que ele (David) tem a maior bênção dos seres humanos, que é a de lutar por seus sonhos, e também a maior bobagem, que é acreditar em coisas que não existem. Bonito, bonito. Somos assim mesmo, nós seres humanos. Não todos, óbvio. Mas desses, que não são assim, eu nem quero saber.
A jornada toda de David no filme é uma só, e isso tem muito a ver com a conversa que tive ontem com Tatiana na cozinha dela. O robô-menino, menino-robô passa o filme todo atrás de se tornar um menino de verdade, como o Pinochio. Ele quer ser único. Quer encontrar a Fada Azul e pedir a ela que faça com que ele se torne um menino de verdade. Um menino único. Ele vai literalmente até o fim do mundo atrás de seus sonhos. E, contra todas as expectativas, ele encontra a Fada Azul, mesmo que ela não seja exatamente o que ele pensava, e mesmo que seu sonho nunca possa se tornar real.
Irônico, muito irônico, é David descobrir que estavam se preparando para lançar uma linha de Davids. Ele, que queria ser único. Ele, que queria ser um menino de verdade, vê a si mesmo na linha de produção, tantos e tantos iguais. Mas o que ele não sabe e a gente sabe é que ele é, sim, único. Ele chora, ele sente. Tão fácil ver as coisas da vida dos outros. Tão difícil olhar pra dentro de nós mesmos.
Quem sou eu? O que quero deixar no mundo, como marca minha? Por que quero ser único? David viaja por mais de duas horas de filme atrás dessas questões, na verdade, atrás da única questão que realmente interessa.
E eu me arrepio. E eu tenho vontade de chorar. Porque também queria ser única, porque também queria ser uma menina de verdade, porque também iria até o fim do mundo atrás dos meus sonhos, dos meus desejos. David quer sua mãe de volta, mesmo que por um dia. Mesmo sabendo racionalmente, com sua mente de robô, que seria só um dia e ponto final. 2 mil anos se passam. Seres humanos não existem mais. Robôs não existem mais. David é único.
Mas ele já não era?
Era. Mas não via.
Eu vejo. Juro. Queria fazer todo mundo ver também. Mas pérolas e porcos são incompatíveis. A Tati disse. O mundo disse antes dela. E estão todos certos.
Quantas vezes queremos algo apenas por um dia, mesmo que saibamos que depois nunca mais? Discutimos isso entre amigos esse fim de semana. Quanto vale a pena? Quantas vezes já senti isso... Não sinto mais, agora, acho que ando mesmo velha e calma, mas, ah, já senti demais o desespero e já tentei me enganar por diversas vezes com esse papo de "só por hoje". Não quero mais nada só por hoje, não. David quer sua mãe, mesmo que por um dia. Eu não sou robô. Não sou mesmo.
Por isso, me vejo em busca da Fada Azul, que eu sei que não existe, fazendo pedidos que talvez sejam impossíveis. Porque eu sou humana. Porque acredito em coisas que não existem, e porque vou atrás de meus sonhos. Deixa, então, eu tentar pedir direito, o que realmente importa.
Fada, Fada, eu quero saber quem eu sou. Quero saber qual a marca que quero deixar, e por quê. Não vou pedir pra ser uma menina de verdade, e nem única, porque isso eu já sei que eu sou. Tira o Demônio Auto-estima do meu ombro. Deixa que eu seja quem eu realmente sou.
O resto, ah, meu bem, o resto é puro resto. Puro e simples resto.
Hoje estava passando Inteligência Artificial. Eu amo esse filme, podem falar o que quiser. Eu vejo o Kubrick no filme (claro, o projeto era dele). Vejo muito, por trás do Spielberg. Estava justamente no final, na parte em que David vai pra Cidade Perdida (Manhattan), encontra a Fada Azul, e daí pra frente. Eu fico grudada na frente da TV, sem nem respirar direito, porque eu acho isso muito bonito, muito bonito.
Ando bem estranha, mesmo. Eu não diria sentimentalóide, diria super-emocionável. Qualquer coisa me emociona, me desestabiliza. E esse filme é foda. Fiquei pensativa pacas quando vi a cena do David com seu construtor, quando o cara fala que ele (David) tem a maior bênção dos seres humanos, que é a de lutar por seus sonhos, e também a maior bobagem, que é acreditar em coisas que não existem. Bonito, bonito. Somos assim mesmo, nós seres humanos. Não todos, óbvio. Mas desses, que não são assim, eu nem quero saber.
A jornada toda de David no filme é uma só, e isso tem muito a ver com a conversa que tive ontem com Tatiana na cozinha dela. O robô-menino, menino-robô passa o filme todo atrás de se tornar um menino de verdade, como o Pinochio. Ele quer ser único. Quer encontrar a Fada Azul e pedir a ela que faça com que ele se torne um menino de verdade. Um menino único. Ele vai literalmente até o fim do mundo atrás de seus sonhos. E, contra todas as expectativas, ele encontra a Fada Azul, mesmo que ela não seja exatamente o que ele pensava, e mesmo que seu sonho nunca possa se tornar real.
Irônico, muito irônico, é David descobrir que estavam se preparando para lançar uma linha de Davids. Ele, que queria ser único. Ele, que queria ser um menino de verdade, vê a si mesmo na linha de produção, tantos e tantos iguais. Mas o que ele não sabe e a gente sabe é que ele é, sim, único. Ele chora, ele sente. Tão fácil ver as coisas da vida dos outros. Tão difícil olhar pra dentro de nós mesmos.
Quem sou eu? O que quero deixar no mundo, como marca minha? Por que quero ser único? David viaja por mais de duas horas de filme atrás dessas questões, na verdade, atrás da única questão que realmente interessa.
E eu me arrepio. E eu tenho vontade de chorar. Porque também queria ser única, porque também queria ser uma menina de verdade, porque também iria até o fim do mundo atrás dos meus sonhos, dos meus desejos. David quer sua mãe de volta, mesmo que por um dia. Mesmo sabendo racionalmente, com sua mente de robô, que seria só um dia e ponto final. 2 mil anos se passam. Seres humanos não existem mais. Robôs não existem mais. David é único.
Mas ele já não era?
Era. Mas não via.
Eu vejo. Juro. Queria fazer todo mundo ver também. Mas pérolas e porcos são incompatíveis. A Tati disse. O mundo disse antes dela. E estão todos certos.
Quantas vezes queremos algo apenas por um dia, mesmo que saibamos que depois nunca mais? Discutimos isso entre amigos esse fim de semana. Quanto vale a pena? Quantas vezes já senti isso... Não sinto mais, agora, acho que ando mesmo velha e calma, mas, ah, já senti demais o desespero e já tentei me enganar por diversas vezes com esse papo de "só por hoje". Não quero mais nada só por hoje, não. David quer sua mãe, mesmo que por um dia. Eu não sou robô. Não sou mesmo.
Por isso, me vejo em busca da Fada Azul, que eu sei que não existe, fazendo pedidos que talvez sejam impossíveis. Porque eu sou humana. Porque acredito em coisas que não existem, e porque vou atrás de meus sonhos. Deixa, então, eu tentar pedir direito, o que realmente importa.
Fada, Fada, eu quero saber quem eu sou. Quero saber qual a marca que quero deixar, e por quê. Não vou pedir pra ser uma menina de verdade, e nem única, porque isso eu já sei que eu sou. Tira o Demônio Auto-estima do meu ombro. Deixa que eu seja quem eu realmente sou.
O resto, ah, meu bem, o resto é puro resto. Puro e simples resto.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Geni e o Zepelim
Mais uma coisa que me deu vontade de chorar, e eu preciso contar. Ando chorona de morte esses dias. Faz parte.
Hoje eu trabalhei com Geni e o Zepelim, do Chico, com quatro das minhas onze turmas. Era uma idéia que eu tinha há muito tempo, daquelas assim "Quando eu for professora de adolescentes, vou trabalhar com Geni". Chegou o dia.
Apresentei pra eles a obra Ópera do Malandro, brevemente. Antes, fiz uma revisão sobre narração. Daí coloquei a música e entreguei a letra, pra eles seguirem. E então se dava o momento mágico. A música começava, uma versão maravilhosa que o querido Du me arrumou. Violinos arrepiantes. Interpretação fudida. A sala quieta. Curtindo, sérios, depois rindo, depois sérios novamente. Interessadíssimos.
Lindo de ver. Muitos daqueles seres de 16, 17 e 18 anos nunca tinham ouvido Chico Buarque antes. E estavam ouvindo e curtindo. Imersos no som, nas palavras, na história. E eu ali agradecendo de verdade pela oportunidade de estar ali e de oferecer Chico Buarque a essas mentes e a esses corações.
Passava os olhos pela sala, extasiada. Levantei os olhos pro alto e agradeci. Obrigada, meu Deus, obrigada mesmo. Agora, só não me deixa chorar aqui, porque vai ficar feio.
Bendita Geni!!
Hoje eu trabalhei com Geni e o Zepelim, do Chico, com quatro das minhas onze turmas. Era uma idéia que eu tinha há muito tempo, daquelas assim "Quando eu for professora de adolescentes, vou trabalhar com Geni". Chegou o dia.
Apresentei pra eles a obra Ópera do Malandro, brevemente. Antes, fiz uma revisão sobre narração. Daí coloquei a música e entreguei a letra, pra eles seguirem. E então se dava o momento mágico. A música começava, uma versão maravilhosa que o querido Du me arrumou. Violinos arrepiantes. Interpretação fudida. A sala quieta. Curtindo, sérios, depois rindo, depois sérios novamente. Interessadíssimos.
Lindo de ver. Muitos daqueles seres de 16, 17 e 18 anos nunca tinham ouvido Chico Buarque antes. E estavam ouvindo e curtindo. Imersos no som, nas palavras, na história. E eu ali agradecendo de verdade pela oportunidade de estar ali e de oferecer Chico Buarque a essas mentes e a esses corações.
Passava os olhos pela sala, extasiada. Levantei os olhos pro alto e agradeci. Obrigada, meu Deus, obrigada mesmo. Agora, só não me deixa chorar aqui, porque vai ficar feio.
Bendita Geni!!
Link
Texto muito engraçado e bom da Jujubs sobre o dia de ontem... hilário. Eu não escreveria melhor... Portanto, confiram:
http://retalhosdejulianahilal.blogspot.com/2008/08/24-de-agosto.html
http://retalhosdejulianahilal.blogspot.com/2008/08/24-de-agosto.html
E se...?
E se?
E se eu tivesse ligado antes? E se eu tivesse feito o que estava com vontade de fazer?
E se?
Às vezes penso que somos mesmo marionetes idiotas do destino ou seja lá do que for isso. Achamos que podemos controlar nossas vidas, que podemos controlar as vidas dos outros, que podemos escolher. Mera ilusão. Somos joguetes, bobinhos, tolos. Não dá pra controlar nada.
Quantas vezes a gente se pergunta "E se?". E se eu tivesse ido à festa? E se eu tivesse ficado em casa? E se eu não tivesse esquecido o celular? E se eu tivesse passado de carro por aquele lugar àquela hora? E se eu não tivesse ido? E se eu tivesse ido a pé? E se eu não tivesse atrasado 5 minutos?
A gente nunca vai saber.
Ontem, voltando pra Campinas, eu estava conversando com a minha querida melhor amiga. Estávamos falando de fins de relacionamentos (mas isso é assunto pra outro post). Ela se lembrou de um dia importante e triste na vida dela em que eu estava presente. Falando assim parece idiota. Mas não é. Eu explico, e vou tentar explicar também por que tive vontade de chorar nessa hora, ontem, no carro, mais de 11 horas da noite, voltando pra Campinas.
Numa época X da minha vida, eu me distanciei de todos os meus amigos. Na verdade, eu me distanciei de mim e da minha vida, mas a maioria das pessoas comete esse erro na vida (e eu já aprendi, depois da terceira vez). Enfim, eu estava namorando e estava cega, e me afastei de todas as pessoas queridas da minha vida. E também dessa amiga, que sempre foi uma amigona. As pessoas ficaram com raiva de mim. Eu também ficaria. Mas, quase um ano depois, essa amiga fez aniversário, e eu fui. Eu estava afastada de todo mundo há muito tempo, e tinha acabado de levar um pé na bunda, e estava morrendo de vergonha de aparecer. Porque, uma semana antes, quando eu ainda não tinha levado o pé, eu jurei que iria no aniversário dela. Daí eu levei o pé, e fiquei com medo das pessoas acharem que eu só tava indo porque estava sozinha. Mas eu fui, mesmo assim. Foi bem estranho, todo mundo frio comigo, mas eu merecia.
O fato é que essa noite, aniversário dessa amiga, foi um dos piores dias da vida dela, no fim das contas. No fim da festa. Eu fui mesmo, e fiquei até o fim. E, assim, acabei presenciando esse momento horrível, mas importante.
Cara, que coisa é o destino! Ontem eu fiquei pensando nisso, quando ela disse "E você estava lá". Pois é. Eu estava. Um ano depois. Eu estava lá.
Sei lá, me deu uma vontade muito grande de chorar. Não só porque eu estou eu um período sensível do mês (fêmeas e seus ciclos), mas porque mexeu comigo mesmo essa coisa de pensar que as coisas acontecem quando e da maneira que têm que acontecer. A gente pensa que está no comando, mas não passamos de peões nas mãos de alguém que tá jogando xadrez.
Eu queria poder escolher. Ser o Cavalo, pelo menos, que anda em L e é super legal, o único que pula. Ou o Bispo, andando na diagonal, mas sempre numa cor só (que triste). Ou uma Torre, tão forte, esquadrinhando o tabuleiro nas horizontais e verticais, derrubando tudo. Queria mesmo era poder ser a Rainha, andar pra todos os lados e quanto eu quiser. Mas nada disso. Somos peões do destino, que coloca a gente onde quer, avançando uma casa por vez, às vezes comendo alguém na diagonal e mudando de repente de caminho; às vezes, ficamos parados no mesmo lugar horas, enquanto ele mexe outras peças. Mas não é que de repente essas peças vêm parar do nosso lado?
Muito xeque-mate pro meu gosto.
E se eu tivesse ligado antes? E se eu tivesse feito o que estava com vontade de fazer?
E se?
Às vezes penso que somos mesmo marionetes idiotas do destino ou seja lá do que for isso. Achamos que podemos controlar nossas vidas, que podemos controlar as vidas dos outros, que podemos escolher. Mera ilusão. Somos joguetes, bobinhos, tolos. Não dá pra controlar nada.
Quantas vezes a gente se pergunta "E se?". E se eu tivesse ido à festa? E se eu tivesse ficado em casa? E se eu não tivesse esquecido o celular? E se eu tivesse passado de carro por aquele lugar àquela hora? E se eu não tivesse ido? E se eu tivesse ido a pé? E se eu não tivesse atrasado 5 minutos?
A gente nunca vai saber.
Ontem, voltando pra Campinas, eu estava conversando com a minha querida melhor amiga. Estávamos falando de fins de relacionamentos (mas isso é assunto pra outro post). Ela se lembrou de um dia importante e triste na vida dela em que eu estava presente. Falando assim parece idiota. Mas não é. Eu explico, e vou tentar explicar também por que tive vontade de chorar nessa hora, ontem, no carro, mais de 11 horas da noite, voltando pra Campinas.
Numa época X da minha vida, eu me distanciei de todos os meus amigos. Na verdade, eu me distanciei de mim e da minha vida, mas a maioria das pessoas comete esse erro na vida (e eu já aprendi, depois da terceira vez). Enfim, eu estava namorando e estava cega, e me afastei de todas as pessoas queridas da minha vida. E também dessa amiga, que sempre foi uma amigona. As pessoas ficaram com raiva de mim. Eu também ficaria. Mas, quase um ano depois, essa amiga fez aniversário, e eu fui. Eu estava afastada de todo mundo há muito tempo, e tinha acabado de levar um pé na bunda, e estava morrendo de vergonha de aparecer. Porque, uma semana antes, quando eu ainda não tinha levado o pé, eu jurei que iria no aniversário dela. Daí eu levei o pé, e fiquei com medo das pessoas acharem que eu só tava indo porque estava sozinha. Mas eu fui, mesmo assim. Foi bem estranho, todo mundo frio comigo, mas eu merecia.
O fato é que essa noite, aniversário dessa amiga, foi um dos piores dias da vida dela, no fim das contas. No fim da festa. Eu fui mesmo, e fiquei até o fim. E, assim, acabei presenciando esse momento horrível, mas importante.
Cara, que coisa é o destino! Ontem eu fiquei pensando nisso, quando ela disse "E você estava lá". Pois é. Eu estava. Um ano depois. Eu estava lá.
Sei lá, me deu uma vontade muito grande de chorar. Não só porque eu estou eu um período sensível do mês (fêmeas e seus ciclos), mas porque mexeu comigo mesmo essa coisa de pensar que as coisas acontecem quando e da maneira que têm que acontecer. A gente pensa que está no comando, mas não passamos de peões nas mãos de alguém que tá jogando xadrez.
Eu queria poder escolher. Ser o Cavalo, pelo menos, que anda em L e é super legal, o único que pula. Ou o Bispo, andando na diagonal, mas sempre numa cor só (que triste). Ou uma Torre, tão forte, esquadrinhando o tabuleiro nas horizontais e verticais, derrubando tudo. Queria mesmo era poder ser a Rainha, andar pra todos os lados e quanto eu quiser. Mas nada disso. Somos peões do destino, que coloca a gente onde quer, avançando uma casa por vez, às vezes comendo alguém na diagonal e mudando de repente de caminho; às vezes, ficamos parados no mesmo lugar horas, enquanto ele mexe outras peças. Mas não é que de repente essas peças vêm parar do nosso lado?
Muito xeque-mate pro meu gosto.
Eu queria contar pra você
São Paulo é uma cidade que me mete medo. Eu me sinto muito pequena em São Paulo, muito burra, muito comum, muito minúscula. Tenho medo do que não conheço, tenho fascínio e medo, tenho uma frustração enorme porque nunca vou conseguir conhecer tudo, vou ficar sempre na pontinha do iceberg, isso me desespera, ao ponto de eu nem conseguir escrever sobre isso. São Paulo me assusta. Um dia eu te conto pessoalmente. Ontem pensei nisso, senti um vazio enorme misturado com medo, pensei em você e queria te contar. Um dia eu conto.
Mercúrio (mais assusta do que arde)*
Fez um ano segunda passada, há uma semana. Eu não me lembro exatamente, que coisa incrível. Um dos dias mais foda da minha vida, e eu não me lembro exatamente. Tive que recorrer a calendários e Google, procurando eventos que ocorreram perto da data. Pra quê? Sei lá, mas eu queria me lembrar do dia exato. Descobri. Foi 18 de agosto de 2007. Já fez um ano. Lá se foi um ano. E eu nem senti.
Mentira. Eu senti como uma condenada, eu sofri como uma cadela de rua, eu comi o pão que o Diabo amassou com a bunda e ainda cagou em cima. Mas estou aqui. Viva. Inteira. Curada (?). Sem feridas. Com cicatrizes, mas sem feridas.
Às vezes, penso muito nisso. No que tudo representou pra mim. No que significou pra mim. No que eu senti de fato. No que sobrou. Às vezes, não quero pensar em nada, porque tudo é tão confuso, mas ao mesmo tempo tudo é tão simples. Eu não gostaria de voltar ao passado. Eu não queria mudar o passado. Eu aceito tudo como foi, como tinha que ser. Eu erraria tudo de novo, porque foi importante. E eu não queria que tivesse sido diferente. Não dava pra ser diferente. Tinha que ser exatamente como foi. Porque a gente aprende, e eu aprendi tanto. Porque não era pra ser. Pelo menos não pra sempre. Pelo menos não por tanto tempo. Era pra ser no tempo que foi. E do jeito que foi, pra machucar bastante, pra ensinar a ferro e fogo, que é só assim que eu aprendo.
Eu acho que eu aprendi. Já fez um ano, e eu nem senti.
*Mercúrio assustava muito quando a mãe da gente passava no joelho. Assustava, porque ficava tudo vermelho. Mas não ardia de verdade. E também não existe mais. Gostei mesmo desse título esclarecedor.
Mentira. Eu senti como uma condenada, eu sofri como uma cadela de rua, eu comi o pão que o Diabo amassou com a bunda e ainda cagou em cima. Mas estou aqui. Viva. Inteira. Curada (?). Sem feridas. Com cicatrizes, mas sem feridas.
Às vezes, penso muito nisso. No que tudo representou pra mim. No que significou pra mim. No que eu senti de fato. No que sobrou. Às vezes, não quero pensar em nada, porque tudo é tão confuso, mas ao mesmo tempo tudo é tão simples. Eu não gostaria de voltar ao passado. Eu não queria mudar o passado. Eu aceito tudo como foi, como tinha que ser. Eu erraria tudo de novo, porque foi importante. E eu não queria que tivesse sido diferente. Não dava pra ser diferente. Tinha que ser exatamente como foi. Porque a gente aprende, e eu aprendi tanto. Porque não era pra ser. Pelo menos não pra sempre. Pelo menos não por tanto tempo. Era pra ser no tempo que foi. E do jeito que foi, pra machucar bastante, pra ensinar a ferro e fogo, que é só assim que eu aprendo.
Eu acho que eu aprendi. Já fez um ano, e eu nem senti.
*Mercúrio assustava muito quando a mãe da gente passava no joelho. Assustava, porque ficava tudo vermelho. Mas não ardia de verdade. E também não existe mais. Gostei mesmo desse título esclarecedor.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Telecine light
Ai, Jesus... de 22 a 31 de agosto o Telecine vai abrir o sinal pros pobres mortais que, como eu, não têm os canais de filme em sua grade de programação. Eu tô jurando aqui, fazendo uma promessa mesmo, de que eu não vou ficar vendo os filmes do Telecine Light, aquelas merdas de filme água-com-açúcar que eu odeio, mas quando começa a passar eu não consigo sair de frente da TV, juro, juro, juro que não vou ficar vendo essas coisas, e juro mais forte ainda que não vou ficar aqui escrevendo textos sobre isso, sobre os casais, sobre as manias da sociedade, sobre o que querem colocar na nossa cabeça sobre relacionamentos, sobre as coisas que eu discordo, sobre a raiva que eu tenho dessas coisas, enfim, juro mesmo que não vou.
Se eu não agüentar, podem puxar minha orelha virtualmente, ok? Porque eu sei que meu blog tava muito, muito chato lá perto do dia dos namorados, que ficava passando só essa merda de programação, e eu não conseguia evitar de assistir e, pior, de comentar. Agora estou jurando.
(dedos cruzados)
Se eu não agüentar, podem puxar minha orelha virtualmente, ok? Porque eu sei que meu blog tava muito, muito chato lá perto do dia dos namorados, que ficava passando só essa merda de programação, e eu não conseguia evitar de assistir e, pior, de comentar. Agora estou jurando.
(dedos cruzados)
Farmacinha
Eu quero uma aspirina pra ver se é verdade que tira dor nas costas.
E, se tiver, um remédio que tire neuroses da mente da gente, que deixe a gente relaxar, esquecer do mundo, ser feliz sem ficar procurando problemas, sorrir mais, resolver nossas burocracias num piscar de olhos, falar o que tem vontade de falar, se permitir sentir o que a gente de fato sente, fazer o que tem vontade, abraçar quem a gente quer abraçar, esquecer de quem a gente não gosta, descomplicar tudo, descomplicar e sentir e relaxar e sorrir.
Tem?
** Kit básico da boa educação:
-Por favor
-Obrigado
-Com licença
-Desculpe
-Responder e-mails
(Minha mãe me ensinou).
E, se tiver, um remédio que tire neuroses da mente da gente, que deixe a gente relaxar, esquecer do mundo, ser feliz sem ficar procurando problemas, sorrir mais, resolver nossas burocracias num piscar de olhos, falar o que tem vontade de falar, se permitir sentir o que a gente de fato sente, fazer o que tem vontade, abraçar quem a gente quer abraçar, esquecer de quem a gente não gosta, descomplicar tudo, descomplicar e sentir e relaxar e sorrir.
Tem?
** Kit básico da boa educação:
-Por favor
-Obrigado
-Com licença
-Desculpe
-Responder e-mails
(Minha mãe me ensinou).
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Plástico bolha
Descobri que o plástico bolha não é terapia pra mim. É estressante. Eu aperto tão forte que meus dedos dóem. E fico com um TOC tremendo de ter que estourar todas as bolhinhas, daí me bate a compulsão, o desespero, e o medo de ter deixado passar alguma. Juro. Pra mim, plástico bolha é estressante. Descoberta inútil de segunda-feira.
*Sabe duas pessoas diferentes? Nem tão diferentes assim, mas ao mesmo tempo muito diferentes? Acontece quando as duas têm loucuras diferentes... essa é a diferença. Mas as loucuras são no mesmo nível, bem profundas... O que as torna, de certo modo, parecidas. Iguais. Mas diferentes. O mundo é mesmo uma beleza.
*Sabe duas pessoas diferentes? Nem tão diferentes assim, mas ao mesmo tempo muito diferentes? Acontece quando as duas têm loucuras diferentes... essa é a diferença. Mas as loucuras são no mesmo nível, bem profundas... O que as torna, de certo modo, parecidas. Iguais. Mas diferentes. O mundo é mesmo uma beleza.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Christiane F
Eu juro. Dá um "Christiane F." no Google Imagens... juro por Deus... esse Google é foda... olha lá pela página 4 de resultados...
Levei um susto! Depois morri de rir...
Levei um susto! Depois morri de rir...
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Sonzeira!!!!!
Ontem foi uma noite mágica. Eu fiz mesmo bem em largar tudo o que eu tinha pra fazer e me jogar lá na São Jorge. Não tenho muitas palavras pra explicar o que aconteceu, a força do som, da comunhão, dos músicos muito foda que dividiram o palco e fizeram a gente ferver. Maravilha das maravilhas.
Tatiana descreveu tudo lá no seu blog - Coisa Rara, tem link aí do lado, acesse e confira o texto da data de hoje. Foi lindo.
http://coisarara.blogspot.com/2008/08/como-que-foi.html
Eu fico pensando nessas noites inesperadas em que você se diverte, se acaba, canta, dança, ri, e em como o mundo pode ser bacana e em como a vida pode ser boa. Boazuda mesmo. Boa demais.
Acho que eu não me divertia assim há tempos. Bela noite... bela noite! Compensa todo o sono de hoje (de tarde, porque de manhã dando aula nem tive sono).
Beijos especiais aos queridos Diogo (mano), Marcelo (elfo), Ju (sempre), Dani (lindo), Guilherme (figura nova, maluca), além dos muito foda Tatiana, Paulinho e Ding!!
Foi do caralho. Não dá pra dizer outra coisa. Que bom que eu fui!
Tatiana descreveu tudo lá no seu blog - Coisa Rara, tem link aí do lado, acesse e confira o texto da data de hoje. Foi lindo.
http://coisarara.blogspot.com/2008/08/como-que-foi.html
Eu fico pensando nessas noites inesperadas em que você se diverte, se acaba, canta, dança, ri, e em como o mundo pode ser bacana e em como a vida pode ser boa. Boazuda mesmo. Boa demais.
Acho que eu não me divertia assim há tempos. Bela noite... bela noite! Compensa todo o sono de hoje (de tarde, porque de manhã dando aula nem tive sono).
Beijos especiais aos queridos Diogo (mano), Marcelo (elfo), Ju (sempre), Dani (lindo), Guilherme (figura nova, maluca), além dos muito foda Tatiana, Paulinho e Ding!!
Foi do caralho. Não dá pra dizer outra coisa. Que bom que eu fui!
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
O beija-flor
Não conte a ninguém, mas acho que estou sendo seguida por um beija-flor.
Eu estava dando a minha primeira aula do dia, Redação, 7 e pouco da matina, pra uma turma concentrada e interessada. De repente, gritos. Um beija-flor adentrarara a sala de aula, desorientado, voava feito doido pelo teto. Alguém gritou: "Apaga a luz!!". Apagaram e nada. Eu gritei: "Abre a porta!!!!!". Abriram. E ele saiu voando. Meu coração voltou ao normal e eu continuei minha aula.
Capítulo 2: quase 5 da tarde, estou no meu fumódromo na editora, sossegada, pensando na vida e fazendo uma fumaça. Do nada, de um cano da parede, sai um beija-flor enlouquecido, dá uma volta pelo fumódromo e vaza, em direção ao céu da cidade.
Será que é o mesmo beija-flor? Não sei porque, mas acho que sim. Que raios esse bicho quer comigo, gente? Será que ele descobriu que eu sou doce?
O que estão tentando me dizer? Sejam mais claros, por favor. E não precisa me assustar tanto. Mandem sinais em uma língua que eu entenda...
Eu estava dando a minha primeira aula do dia, Redação, 7 e pouco da matina, pra uma turma concentrada e interessada. De repente, gritos. Um beija-flor adentrarara a sala de aula, desorientado, voava feito doido pelo teto. Alguém gritou: "Apaga a luz!!". Apagaram e nada. Eu gritei: "Abre a porta!!!!!". Abriram. E ele saiu voando. Meu coração voltou ao normal e eu continuei minha aula.
Capítulo 2: quase 5 da tarde, estou no meu fumódromo na editora, sossegada, pensando na vida e fazendo uma fumaça. Do nada, de um cano da parede, sai um beija-flor enlouquecido, dá uma volta pelo fumódromo e vaza, em direção ao céu da cidade.
Será que é o mesmo beija-flor? Não sei porque, mas acho que sim. Que raios esse bicho quer comigo, gente? Será que ele descobriu que eu sou doce?
O que estão tentando me dizer? Sejam mais claros, por favor. E não precisa me assustar tanto. Mandem sinais em uma língua que eu entenda...
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Juliana O Palermo
Quando eu tinha 7 anos, meu avô escreveu um acróstico pra mim (com Juliana O Palermo) - o O é de Oliveira, o sobrenome dele, que eu não uso. Meu vô era foda. Me enxergava como poucas pessoas na vida me enxergaram.
Ontem eu encontrei o acróstico no meio de uma papelada enorme. E fiquei meio abismada, porque, veja bem, eu tinha só 7 anos... e ele já me via desse jeito. Eu já era desse jeito. Ele já me dava uma puta bronca desse jeito... Mas ele só podia falar assim porque ele era igualzinho a mim.
Taí:
Jovem, menina, levada
Uma menina assanhada
Leva uma vida atribulada
Irmã da Mariana, loirada
Agora já crescidinha
Na escola indisciplinada
Adora levar palmada
Olhando sempre cismada
Para seu futuro um dia
Anseia o palco e a passarela
Levanta a cabeça, menina
Estuda bem comportada
Reprima sua atitude
Modere seu comportamento,
Orgulho, altivez e o seu temperamento
(Cláudio, 13/01/88)
Cara, eu tinha 7 anos... esse negócio foi escrito há 20 anos... não é qualquer avô que escreve um
troço desses pra neta. Não é qualquer avô que diz essas coisas pra uma neta de 7 anos. Mas, também, não é qualquer neta que agüenta, que entende.
Meu vô era foda. Somos foda, eu e meu avô, onde quer que ele esteja. Ele me dizia que eu era a neta com a qual ele mais se preocupava, não em questões de estudo, que ele sabia que isso eu tirava de letra. Mas ele dizia que, dos 4 netos dele, ele sabia que eu era a que mais longe podia ir, mas que eu era a mais insatisfeita de todos, e que por isso ele temia por mim. Sábio homem... A síndrome da minha vida, a insatisfação. Ele também dizia que eu era estrela como ele.
Sou, vô. E eu sei que daí onde você está, a sua estrela reflete na minha. E assim caminhamos.
Ontem eu encontrei o acróstico no meio de uma papelada enorme. E fiquei meio abismada, porque, veja bem, eu tinha só 7 anos... e ele já me via desse jeito. Eu já era desse jeito. Ele já me dava uma puta bronca desse jeito... Mas ele só podia falar assim porque ele era igualzinho a mim.
Taí:
Jovem, menina, levada
Uma menina assanhada
Leva uma vida atribulada
Irmã da Mariana, loirada
Agora já crescidinha
Na escola indisciplinada
Adora levar palmada
Olhando sempre cismada
Para seu futuro um dia
Anseia o palco e a passarela
Levanta a cabeça, menina
Estuda bem comportada
Reprima sua atitude
Modere seu comportamento,
Orgulho, altivez e o seu temperamento
(Cláudio, 13/01/88)
Cara, eu tinha 7 anos... esse negócio foi escrito há 20 anos... não é qualquer avô que escreve um
troço desses pra neta. Não é qualquer avô que diz essas coisas pra uma neta de 7 anos. Mas, também, não é qualquer neta que agüenta, que entende.
Meu vô era foda. Somos foda, eu e meu avô, onde quer que ele esteja. Ele me dizia que eu era a neta com a qual ele mais se preocupava, não em questões de estudo, que ele sabia que isso eu tirava de letra. Mas ele dizia que, dos 4 netos dele, ele sabia que eu era a que mais longe podia ir, mas que eu era a mais insatisfeita de todos, e que por isso ele temia por mim. Sábio homem... A síndrome da minha vida, a insatisfação. Ele também dizia que eu era estrela como ele.
Sou, vô. E eu sei que daí onde você está, a sua estrela reflete na minha. E assim caminhamos.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Perguntas dos meus alunos hoje
Professora, você já beijou a três?
Professora, você já beijou alguma mulher?
Professora, você vai pra rave?
Professora, você já traiu algum namorado?
Professora, eu tenho alguma chance?
Professora, você tem mais alguma tatuagem?
Professora, você é casada? Você tem filhos?
Professora, você tem msn? Orkut? ICQ? (E existe ICQ ainda, menino?)
(Comentário de um aluno ao me ver no corredor com outra professora atrás de mim) Olha só, duas professoras lindas no mesmo corredor...
Fora o que terminou a redação assim: "Um beijo no coração".
Pode?
Ah, esses adolescentes...
Professora, você já beijou alguma mulher?
Professora, você vai pra rave?
Professora, você já traiu algum namorado?
Professora, eu tenho alguma chance?
Professora, você tem mais alguma tatuagem?
Professora, você é casada? Você tem filhos?
Professora, você tem msn? Orkut? ICQ? (E existe ICQ ainda, menino?)
(Comentário de um aluno ao me ver no corredor com outra professora atrás de mim) Olha só, duas professoras lindas no mesmo corredor...
Fora o que terminou a redação assim: "Um beijo no coração".
Pode?
Ah, esses adolescentes...
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Chuva
E chove. Chove e o cheiro da chuva sobe, cheiro de chão molhado, que estava quente e agora recebe a água. Chove e fica tudo escuro aqui. Vou até a porta, olho para o céu e o céu está branco, lindo, botando medo. Estava preto até agora, de repente se tornou branco. Chove e tem trovões, fortes, graves, lindos, emocionantes, ressoam no meu peito e eu penso "obrigada". A porta da sala abriu com o vento, entrou um sopro gelado de ar novo, e eu deixei, os papéis voaram e eu deixei, deixa entrar, renovar, modificar, clarear, vem, pode vir!
Adoro chuva.
Adoro chuva.
Fatal (Adélia Prado)
Para Tatiana Rocha
FATAL (de Adélia Prado)
"Os moços tão bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma atriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles não me vêem
como se dissessem: acomoda-te no teu galho,
eu penso: bonitos como potros. Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero.
Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso."
Porque Adélia Prado é foda.
Porque me lembrei de Tatiana, em sua cozinha.
Porque somos mesmo é mulheres "viradas na porra".
FATAL (de Adélia Prado)
"Os moços tão bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma atriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles não me vêem
como se dissessem: acomoda-te no teu galho,
eu penso: bonitos como potros. Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero.
Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso."
Porque Adélia Prado é foda.
Porque me lembrei de Tatiana, em sua cozinha.
Porque somos mesmo é mulheres "viradas na porra".
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Bailando salsa
Eu preciso contar de sábado. Preciso. Eu não tava a fim de ir. Mas eu fui. Tava me sentindo a velha de novo, mas fui. Foi bom, porque no bar tinha muita gente velha, hahaha, eu meio que me senti em casa. Meus amigos queridos, só gente querida. Dançamos muita salsa, cantamos e demos muita risada. Bebi 3 guaranás e não precisava de mais do que isso, sou velha mesmo, "edaí?vaisefoder". Mão chorando de rir, Camis fazendo a gente chorar de rir, Di bailando misturando com forró, engraçadíssimo, Ju também dançando engraçadinha, falando mil vezes que o lugar era super hetero. Era mesmo. Hetero e véio. Foi tão bacana.
Camis me arrasta pra pista. Oye como va. Um véião (mentira, da idade do meu pai), bigodudo, me tira pra dançar (vou falar não?). Ele dança legal, engraçado, mas bem. Me roda pelo salão inteiro, eu me sinto velha-nova, me sinto feliz, me sinto rodopiante. "Después bailamos de novo". Mas eu vou embora. Já valeu. Brigada tio. Fez minha noite. Adoro dançar. Sinto falta de dançar. Fora meu pai (pé-de-valsa) e alguns amigos, nunca ninguém dançou comigo assim, essas danças boas. Odeio dança de balada!
"Sabe quando você tem uma balada pra ir e não queria ir e depois você vai e é super legal?" Pois é. Não suuuuper legal, mas legal. Tenho que parar com essas minhas manias de velha. Definitivamente. Ou não.
Camis me arrasta pra pista. Oye como va. Um véião (mentira, da idade do meu pai), bigodudo, me tira pra dançar (vou falar não?). Ele dança legal, engraçado, mas bem. Me roda pelo salão inteiro, eu me sinto velha-nova, me sinto feliz, me sinto rodopiante. "Después bailamos de novo". Mas eu vou embora. Já valeu. Brigada tio. Fez minha noite. Adoro dançar. Sinto falta de dançar. Fora meu pai (pé-de-valsa) e alguns amigos, nunca ninguém dançou comigo assim, essas danças boas. Odeio dança de balada!
"Sabe quando você tem uma balada pra ir e não queria ir e depois você vai e é super legal?" Pois é. Não suuuuper legal, mas legal. Tenho que parar com essas minhas manias de velha. Definitivamente. Ou não.
Eu sei.
O giz vai destruir minhas mãos. As aulas vão prejudicar minha voz. Os papéis vão me enlouquecer. A madrugada vai tirar meu bom humor. Não vou poder dormir tarde. Não posso me atrasar. Vou ter sempre uma porrada de coisas pra fazer em casa. Vou carregar quilos de papéis e pastas de uma sala pra outra, e depois pra casa. Alguns alunos vão me irritar.
E, ainda assim, eu tô feliz como uma tonta!!!
Como é bom a gente fazer o que gosta! Como é bom a gente gostar do que faz!
Como, quando a gente está feliz, o mundo se abre, as coisas caem no colo, o amanhã chega com o pé na porta e tudo o que a gente tem a dizer é: entra, demorou!!
E, ainda assim, eu tô feliz como uma tonta!!!
Como é bom a gente fazer o que gosta! Como é bom a gente gostar do que faz!
Como, quando a gente está feliz, o mundo se abre, as coisas caem no colo, o amanhã chega com o pé na porta e tudo o que a gente tem a dizer é: entra, demorou!!
(interlúdio)
Ele estala os pés, o tempo todo, sem colocar as mãos. Ele me olha quieto e com um semi-sorriso na boca. Seus braços apertam forte, mesmo dormindo. Eu olho pra ele e tenho vontade de dizer tanta coisa, eu tenho vontade de fazer tanta coisa, me sinto perdida e decido não olhar. Daí olho e fico meio tonta. Porque eu penso, eu pergunto pra mim mesma, eu não acho as respostas. Eu gosto. Simplesmente. Não me pergunte como nem por quê. Eu me sinto calma, depois tenho vontade de voar no pescoço, depois me sinto calma de novo, e assim vai, e assim vou. Não me reconheço às vezes, não sei; tento lembrar o ontem e não consigo, tem grandes tarjas pretas tapando alguns momentos. Tenho ver o amanhã, em vão. Nem o hoje eu sei direito. Eu preciso saber? Na presença dele sinto paz, sinto carinho, tenho dúvidas, tenho vontade, sorrio, rio, penso, sinto, com o corpo e com a mente. Acho que tá bom, né? Não quero pirar, não. Não me faça perguntas, não me peça nada, tudo o que posso dizer está dito, não esquente a minha cabeça com perguntas que não posso e não consigo responder. Eu sinto. É isso. É bom. Me deixa.
Primeiro dia - professora de novo
Meu deus, quanto papel!! Eu digo que gosto de papel, eu gosto mesmo. Hoje fui acumulando papéis. De tantos alunos novos (e olha que eu não conheci nem metade hoje!), de cada carinha nova. Quem são esses adolescentes, meu deus? Quem é cada um deles, qual a história de cada um, quais suas vontades, seus sonhos, suas frustrações, seus medos, suas vontades? Eu quero descobrir. Do que gostam, o que esperam. O que pensam, o que sentem.
Abri meu armário (já tenho um armário com meu nome) e lá tinha... mais papel! Pastas e pastas, envelopes e envelopes, trabalhos, provas, carômetros. Quero organizar tudo, colocar tudo em ordem, em dia. Vai dar um trabalho do cão. Mas eu gosto.
A maioria dos meus alunos é composta por meninos. Eu sempre me dei bem com os meninos, todo mundo sabe que prefiro eles às meninas, todas iguais. Agora tenho um bando de adolescentes meninos pra lidar. Pra conhecer. Pra trabalhar. Confesso que estou adorando.
Eles olham tudo. Observam e comentam tudo. Minha bota, minha tatuagem, perguntam se eu gosto de rock, de mpb, de Tom Jobim (quase morri!). Querem adivinhar minha idade, saber se sou casada, onde estudei. Acho que não sou a única curiosa do pedaço.
Fico olhando cada um e tentando entrar pelos seus olhos, saber quem são. Fazer com que gostem do que eu tenho pra ensinar. Relembrar como eu me sentia quando tinha 16, 17, 18 anos. Nem faz tanto tempo assim, vai...
É muita gente. É muita coisa. E eu adoro.
Abri meu armário (já tenho um armário com meu nome) e lá tinha... mais papel! Pastas e pastas, envelopes e envelopes, trabalhos, provas, carômetros. Quero organizar tudo, colocar tudo em ordem, em dia. Vai dar um trabalho do cão. Mas eu gosto.
A maioria dos meus alunos é composta por meninos. Eu sempre me dei bem com os meninos, todo mundo sabe que prefiro eles às meninas, todas iguais. Agora tenho um bando de adolescentes meninos pra lidar. Pra conhecer. Pra trabalhar. Confesso que estou adorando.
Eles olham tudo. Observam e comentam tudo. Minha bota, minha tatuagem, perguntam se eu gosto de rock, de mpb, de Tom Jobim (quase morri!). Querem adivinhar minha idade, saber se sou casada, onde estudei. Acho que não sou a única curiosa do pedaço.
Fico olhando cada um e tentando entrar pelos seus olhos, saber quem são. Fazer com que gostem do que eu tenho pra ensinar. Relembrar como eu me sentia quando tinha 16, 17, 18 anos. Nem faz tanto tempo assim, vai...
É muita gente. É muita coisa. E eu adoro.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Certeza
Cha-cha-changes
Segunda-feira eu começo num emprego novo. O emprego que eu quis por muito tempo. Por muitos anos. Eu já tinha desistido. Eu já tinha achado que nem queria mais. Mas eu queria, viu? Tanto que aceitei no mesmo dia.
Minha vida vai mudar. Porque o trabalho muda a vida da gente. Eu estou mudando de lugar, e também estou mudando de profissão. Voltando à minha profissão antiga, aquela que muita gente diz que é meu destino. Mas agora é do jeito que eu sempre quis. A partir de segunda-feira eu sou professora de novo. Mas não teacher. Nem professora de criança. A partir de segunda-feira eu sou professora de Português, do Ensino Médio, de um colégio particular. A partir de segunda-feira eu terei alunos de novo, mas alunos adolescentes, mentes pensantes (eu acho), mentes que podem ser ensinadas a pensar. Eu vou lidar com algo que me sinto confiante, algo que eu amo, a minha, a sua, a nossa língua. Eu quero tentar fazer com que meus alunos gostem dela como eu gosto, eu quero poder mostrar que a língua é tão maravilhosa e tão legal, e não um conjunto de regras chatas a serem decoradas. Eu quero enfiar a poesia de Tom Jobim e Vinícius e Chico pelo cu deles, eu quero discutir a linguagem das novelas, eu quero que eles escrevam o que têm dentro de si, nas entranhas, eu quero que eles pensem, sintam, vivam.
Não sei se vou ser capaz. Mas eu quero. E isso já é uma grande coisa.
Eu sempre quis exatamente esse emprego. Dar aulas de Português. Para adolescentes. Em uma escola particular. Vou trabalhar menos do que trabalho agora e ganhar mais do que ganho. Acha que eu deveria pensar?
Pois eu pensei. Pensei porque também gosto do meu trabalho na editora. Pensei porque, apesar das coisas ruins daqui, tem muitas coisas boas, estou aprendendo muito e gosto do que aprendo. Pensei porque não quero deixar as pessoas na mão.
Eu vou ficar por pelo menos dois meses nos dois empregos. Dando aulas de manhã, de tarde na editora. Vai ser cansativo, porque dar aula não é bolinho, não. Pelo menos, não do jeito que eu quero dar. Com paixão, como tudo o que eu faço (quando gosto). Mas eu não quero deixar o povo aqui na mão. Não quero sair correndo, não tem motivo. Sabe Deus o que vai acontecer. Eu não sei.
Estou feliz, estou triste, estou calma, estou confusa.
Estou, com certeza, preparada. Porque eu posso. Não vou mentir: eu sou uma fraude em algumas coisas, mas nisso não. No que eu amo, não.
No fundo, no fundo, eu tenho um medinho de não ser nada daquilo que eu esperava. O lance da merda das expectativas. Mas eu só vou saber tentando. E, se não for... não era.
Wish me luck!!!
Minha vida vai mudar. Porque o trabalho muda a vida da gente. Eu estou mudando de lugar, e também estou mudando de profissão. Voltando à minha profissão antiga, aquela que muita gente diz que é meu destino. Mas agora é do jeito que eu sempre quis. A partir de segunda-feira eu sou professora de novo. Mas não teacher. Nem professora de criança. A partir de segunda-feira eu sou professora de Português, do Ensino Médio, de um colégio particular. A partir de segunda-feira eu terei alunos de novo, mas alunos adolescentes, mentes pensantes (eu acho), mentes que podem ser ensinadas a pensar. Eu vou lidar com algo que me sinto confiante, algo que eu amo, a minha, a sua, a nossa língua. Eu quero tentar fazer com que meus alunos gostem dela como eu gosto, eu quero poder mostrar que a língua é tão maravilhosa e tão legal, e não um conjunto de regras chatas a serem decoradas. Eu quero enfiar a poesia de Tom Jobim e Vinícius e Chico pelo cu deles, eu quero discutir a linguagem das novelas, eu quero que eles escrevam o que têm dentro de si, nas entranhas, eu quero que eles pensem, sintam, vivam.
Não sei se vou ser capaz. Mas eu quero. E isso já é uma grande coisa.
Eu sempre quis exatamente esse emprego. Dar aulas de Português. Para adolescentes. Em uma escola particular. Vou trabalhar menos do que trabalho agora e ganhar mais do que ganho. Acha que eu deveria pensar?
Pois eu pensei. Pensei porque também gosto do meu trabalho na editora. Pensei porque, apesar das coisas ruins daqui, tem muitas coisas boas, estou aprendendo muito e gosto do que aprendo. Pensei porque não quero deixar as pessoas na mão.
Eu vou ficar por pelo menos dois meses nos dois empregos. Dando aulas de manhã, de tarde na editora. Vai ser cansativo, porque dar aula não é bolinho, não. Pelo menos, não do jeito que eu quero dar. Com paixão, como tudo o que eu faço (quando gosto). Mas eu não quero deixar o povo aqui na mão. Não quero sair correndo, não tem motivo. Sabe Deus o que vai acontecer. Eu não sei.
Estou feliz, estou triste, estou calma, estou confusa.
Estou, com certeza, preparada. Porque eu posso. Não vou mentir: eu sou uma fraude em algumas coisas, mas nisso não. No que eu amo, não.
No fundo, no fundo, eu tenho um medinho de não ser nada daquilo que eu esperava. O lance da merda das expectativas. Mas eu só vou saber tentando. E, se não for... não era.
Wish me luck!!!
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