O começo dessa história você encontra aqui, ó.
Ano terráqueo: 1980
Fogo. De seus dedos longos, o fogo se produz. Basta um gesto de Lúcifer para que o fogo surja por entre seus dedos brancos, subindo por suas unhas negras e brilhantes. Ele acende um cigarro. Mais um, dentre tantos, que não pode ser desfrutado como se deve. Impossível fumar como um mortal terráqueo. Nada se compara ao prazer humano de encher os pulmões de fumaça. Ele não tem pulmões. Assim não tem a mínima graça. Quantos cigarros mais seriam desperdiçados? Quanto tempo mais demoraria para convencer esse velho barbudo démodé de seus planos? Quanto tempo mais?
- Pensando bem, caro Lúcifer, não acho que essa seja uma boa ideia...
Deus estava preocupado em utilizar os argumentos certos para conseguir demover Lúcifer de seus planos. Sabia que, no fundo, o que o tinhoso queria era destruir o mundo que Ele criara, com tanto esforço, em 7 dias, e que vinha mantendo, a duras penas, há tantos anos. O grande sonho de Lúcifer sempre fora derrubar tudo e começar de novo, do seu jeito. Para mostrar que ele seria mais capaz. Mas dar o braço a torcer agora não parecia uma boa ideia. E Deus sabia que essa conversinha de trocar de lugar era só uma desculpa do Tranca Rua pra conseguir finalmente provar que ele era melhor. Era, na verdade, um grande truque. Para Lúcifer, era impossível destruir o mundo lá de baixo, do inferno. Seria preciso ter acesso à Sala de Controle, no céu, guardada pelos anjos virginianos, tão organizados e obedientes. E isso só poderia ser feito por Deus. Ele já pensara várias vezes em apertar o grande botão vermelho de emergência e começar tudo de novo. Mas isso seria mostrar a bunda ao inimigo, assumir que errara, que não fora competente. Por isso há tantos anos, segurava a barra e ia tocando o mundo como estava, mesmo. Havia o plano de destruir tudo finalmente em 2012, então seria preciso esperar até lá.
- Pense bem, meu querido, pense com a cabeça, Deus. Você poderia se divertir demais lá embaixo, só no joystick, comandando as forças do Mal. Eu é que iria penar um bocado por aqui, com esse bando de anjo chato, tendo que fazer o Bem. Mas eu prometo fazer bonito. Só por uns tempos...
Maldito velho encardido, não vai aceitar a proposta jamais. Será que Ele sabe que tudo o que eu quero é finalmente apertar o botão de emergência? Ter acesso àquela maldita sala e acabar com esse joguinho idiota? Vai demorar muito pra eu ter que apresentar o outro plano?
Mas Deus sabia, sim. Pô, ele era sagaz! Apesar de ser um velho, era muito inteligente. Afinal, criara o mundo, a Física Quântica, a Química Orgânica, as equações do segundo grau e a mente das mulheres. Pra Ele, entender as motivações de Lúcifer era fichinha. Difícil seria convencê-lo de mudar de ideia sem provocar uma guerra.
- Lu, veja bem, será que não há outra maneira de nos divertirmos? Sei lá, podemos pensar em outra peste, outra guerra, trazer logo o Michael Jackson pra cá, ao invés de só daqui a 30 anos, ou mandar o Elvis de volta, tem um monte de gente que acha que ele não morreu, mesmo...
- Outra guerra? Os planetas já têm guerras suficientes. Elvis faz muito sucesso por aqui, e ele ainda tem duas turnês pra completar lá no inferno, assim que seus anjos pararem de babar ovo nele e finalmente aprenderem as coreôs. Aliás, nunca vi anjos mais burros!! Meus servos já sabem todos os passos de todas as músicas dele de cor e salteado. Eu bem que falei pra você que aquela academia na qual você mandou eles fazerem estágio era uma merda... Também, né? Brasil??? Campinas??? Tenha a maldita paciência...
- Pois é, assumo o erro. Mas não se preocupe, em 2012 aquela academia vai ter um fim especial. Estou planejando com calma a destruição da...
- Ok, então eu tenho uma nova proposta. Algo de que podemos brincar até 2012, quando você finalmente vai reconhecer seu erro e se redimir.
Lúcifer não cabia em si de contentamento. Sabia que Deus não iria aceitar sua primeira ideia assim de cara. Por isso havia pensado no plano B. Afinal, ele não era tão burro assim. Pô, ele era sagaz! Ora, ele criara todas as doenças, o acorde trítono e estruturara toda a complexa engenharia da inveja, pra colocar no coração dos humanos. Ele sabia que Deus estava tão desesperado pra demovê-lo da ideia da troca que aceitaria sua outra solução sem pensar muito.
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Ano terráqueo: 2008
- Não, filha, esse não! Esse não realça seus peitos! Coloca esse aqui, ó! Melhor: eu tenho uma camisa ma-ra-vi-lho-as aqui que vai ficar linda em você. Deixa ver onde está... ah, aqui! Coloca lá no banheiro. Depois vem me mostrar.
Enquanto Maura Rúbia, com aquele sorriso idiota, corria para o banheiro para seguir suas instruções, Jacintha pensava. Pois é, parecia que aquela seria mesmo a fêmea ideal para seu filhote. Principalmente porque ela acatava todas as sugestões da sogrinha. Seria muito fácil continuar a controlar a vida de Matheus Ricardo, pois ela controlaria também a vida de Maura Rúbia.
- Deixa eu ver. Isso, linda! Agora passa esse perfume aqui. Comprei na Sacks. Chegou ontem. Maravilhoso, não é? Olha que buquê!! Passa esse óleo com glitter na perna, vai ficar show. Isso. Passa um pouco no meio dos peitos também. Pode passar. Isso! Não, esse batom, não! Usa esse outro aqui, meu, é novo. Isso, combina mais com a sua pele. E solta esse cabelo. Deixa bem bonito. Nossa, o filhote vai ficar doido! Tá usando a calcinha fio-dental que eu te dei? Hahahaha, ele vai enlouquecer! O filhote adora uma bunda como a sua. Ele nunca gostou muito das magrelas, sabe? Mas também não gosta das gordas. Maura, Maura, não vai descuidar do regime, heim?? Segura a boca e pique no lugar!! Agora vai. Tá linda.
Enquanto observava a tonta sair pela porta de seu quarto, Jacintha lebrava-se do nascimento de Matheus Ricardo. Fora mesmo um dia especial. Ela sofrera muito com as dores, mas se lembra até hoje da luz. Todos disseram que eram os remédios, mas ela vira a imensa luz branca que saíra de sua vagina quando o filhote viera ao mundo. Sabia que ele era especial, muito especial. Pena que tivesse se desvirtuado tanto no caminho, todas aquelas companhias erradas, o maldito curso de teatro, o maldito sapateado (ai, que arrependimento de ter permitido a matrícula!)... Mas Maura Rúbia estava ali para isso. Para consertar tudo.
Do lado de fora do quarto, Maura Rúbia pensava no quanto ainda teria que aguentar os mandos e desmandos de Jacintha. Mas valeria a pena. O que era um regiminho, o que era fazer as vontades da velha? Nada, perto da grana na qual botaria as mãos assim que se casasse com Matheus Ricardo e eliminasse mãe e filhote.
Ano terráqueo: 1980
Estava tudo preparado. Lúcifer fumava seu cigarro, observando as espirais de fumaça. Tentava manter sua expressão blasé, mas por dentro fervilhava de contentamento. O velho caíra direitinho em sua rede. Não era divertimento que Ele queria? Não era dar uma sacudida? Pois Ele teria uma sacudida e tanto pela frente nos próximos anos...
- Lu, então está tudo pronto. Acho que vai ser mesmo divertido.
- Certamente, meu caro. E em alguns anos terráqueos, nos veremos novamente e poderemos rir juntos de todas as situações que ocorrerem. Vai passar rapidinho.
- O toque de mestre de sua ideia foi esse lance da consciência perdida... Vai ser muito interessante não me lembrar de quem eu sou, e você não fazer a menor ideia de quem é...
- Sim... e podermos viver como humanos por alguns anos. Sentir na pele os problemas, aflições e delícias dos mortais. Diz, não vai ser uma diversão das boas?
- Claro, claro, foi uma brilhante proposta. Já está tudo combinado com o anjo Bironel. Ele vai ficar no meu lugar nesses tempos. Tenho plena confiança nele, e, depois, esses anos vão passar num piscar de olhos. Nada como um anjo aquariano pra manter o mundo em paz.
- Hitler também fará um belo trabalho durante minhas férias. Confio-lhe o inferno plena e cegamente.
- Então acho que chegou a hora. Pronto?
- Prontíssimo!
Fora uma ideia fenomenal, digna da grande mente poderosa do Djanho. Deus e ele tirariam umas pequenas férias no planeta Terra, como humanos (não aquela baboseira de Jesus, Pai, Filho, Espírito Santo, trindade, ser Uno, aquela coisa complicadérrima). Dessa vez, eles perderiam suas consciências e encarnariam em seres humanos, penetrando em sua alma desde o nascimento. Não saberiam por nenhum momento que eram, de fato, Jeová e o Belzebu. Ou melhor, o velho não saberia. Lúcifer usaria seus poderes para trancar a mente, de maneira a não permitir o apagamento de sua consciência quando passassem pelo grande Lava a Jato Divino. E então, seu período de folga na Terra seria muito melhor aproveitado e, com Deus como humano, seus planos seriam realidade em alguns anos.
- Os corpos estão prontos! As crianças vão nascer! Vocês precisam passar pelo Lava a Jato e descer imediatamente.
- Meu caro Lúcifer, nos veremos em breve!
- Sim, companheiro. Muito em breve...
Lúcifer jogou sua bituca fora. Finalmente provaria o gozo de se fumar um cigarro humano.
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Ano terráqueo: 2009
Empapado de suor e de mijo, Matheus Ricardo acordou. Tivera o sonho mais estranho. Precisava escrever, segundo instruções de seu terapeuta de anos. Pensou ainda que seria uma excelente ideia ler o sonho para Maura Rúbia, enfatizando a parte de que há mais coisas no mundo além da vontade divina. Quem sabe assim ela compreenderia... Mas precisava omitir a parte final. Aquela parte que o aterrorizara, sem que soubesse exatamente o porquê. No fim do sonho, em meio ao buraco negro e a Deus, Matheus Ricardo reconhecera os olhos de uma pessoa que chegara chegando. Ainda assustado, levantou-se e sentou para escrever, tentando tirar da lembrança a imagem de seus próprios olhos enfurecidos, cheios de ódio, que invadiram seu sonho, chegando chegando, para falar sabe-se lá o que com Deus, no meio daquela escuridão toda e daquele nada. Que raios isso queria dizer? A pessoa que chegava chegando era ele!!!
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Ano terráqueo: 2009
Carlos Frederico sorria consigo mesmo. Tirando um cigarro do maço, pensava que tudo estava saindo exatamente como o planejado. Deu uma sacudida para tirar a cinza que se instalara em sua calça Armani e sorriu por dentro com o resultado das coisas.
Onde estava o isqueiro? Essa era uma parte ruim de ser humano: não poder invocar o fogo com as próprias mãos. E sempre tinha algum lazarento que roubava seu isqueiro. Mas o resto todo compensava, pensou enquanto tragava deliciosamente a fumaça para dentro de seus pulmões.
Há quase 30 anos atrás, quando encarnara no corpo de Carlos Frederico, Lúcifer só pensava em aproveitar as delícias humanas. E, dentre elas, a maior de todas as delícias: o corpo de um homem. Com a consciência de tudo o que acontecera intacta, Lúcifer foi conduzindo sua vida desde pequeno para tudo o que havia de bom. Aproveitou todo o lado da moda e do glamour. E também toda a parte boa do sexo com homens e mulheres. Principalmente com homens. Tinha de dar o braço a torcer: aquela era a melhor invenção do velho lá de cima. Nada como o corpo de um homem, a barba roçando no seu pescoço, as mãos fortes em suas coxas, o hálito fresco em sua orelha. Mas o melhor estava por vir.
Assim que o corpo de Carlos Frederico completou 29 anos, ele foi em busca de Matheus Ricardo. Porque, veja bem, Lúcifer sempre tivera um sonho secreto. Mais do que destruir o mundo, queria poder realizar sua vontade. Tem gente que quer comer a Madonna. Ele, não. Ele queria comer Deus!
E comera. Ah, como comera! Comera gostoso! O pobre velho, sem fazer ideia de nada, repousava dentro da alma atormentada de Matheus Ricardo, que crescera com tendências homossexuais. Até aí, nenhuma novidade. Lúcifer sempre desconfiara dessa história de Uno, de assexuado. Para ele, Deus sempre fora gay. Isso explicava o mundo. O mundo sempre foi gay! Então, nada mais natural que Deus, dentro de um corpo humano, e sem as barreiras da divindade, deixar aflorar seu lado mais quá-quá-quá. Aproximar-se de Matheus Ricardo tinha sido a coisa mais fácil, ainda mais para o Tranca Rua, sedutor, sexy e glamuroso. E agora, que já tinha satisfeito sua vontade primeira, estava pronto para o grand finale de seu plano diabólico (pleonasmo delicioso).
Enquanto Matheus Ricardo terminava tudo com Maura Rúbia no restaurante, o Belzebu jogou fora sua última bituca como mortal e preparou-se para o passo derradeiro. Não valia Deus destruir o mundo em 2012. Não, a destruição tinha que ser por conta dele! Colocando o dedo no gatilho e empunhando a arma contra a têmpora do corpo de Carlos Frederico, preparou-se para voltar e cantou pra subir.
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O anjo Bironel andava de lá pra cá desesperado. Coçava a barba falsa, aquela cola incomodava pra cacete. Não sabia mais o que fazer para trazer Deus de volta para o céu. Já tentara enviar avisos em sonhos, mas o grande Lava a Jato era realmente poderosíssimo: Deus não conseguia entender os recados. Bironel não aguentava mais ver seu mestre tão humilhado.
O anjo Sensatel, pobre... Nem ele nem ninguém no céu sabia de nada. Todos acreditaram na magia divina e na maquiagem esplêndida do Diabo, e achavam que ele era realmente Deus. Mas agora estava sendo difícil segurar a barra. Pra disfarçar, dizia que estava agoniado com o mundo, e cansado da mesmice. O pobre Sensatel tentava argumentar, animando-o com a possibilidade de destruir o planeta Terra em três anos terráqueos. E Bironel fingia estar entediado, no seu papel de Deus. Mas realmente não sabia mais o que fazer. Iniciou uma conversa com o colega sobre o que os humanos fariam com o tempo que lhes restava. Mas, de repente, o ambiente foi invadido por uma ventania, redemoinhos de substância amorfa e não identificada de tom que misturava aurora boreal com pitadas de verde oliva. Deus, ou melhor, Bironel se agarrava a uma nuvem, sua saia era levada pelo vento, ele viu Sensatel ser levado pra longe gritando “Segura na mão de Deus e vaaaaaaaai...”, e então PUFT! Tudo que existia sumiu em um buraco negro. A total inexistência ali, Bironel, no seu papel de Deus, e um buraco negro.
Alguém chegou realmente chegando.
- Mestre, finalmente!! O que aconteceu?? Por que demoraste tanto??
- Onde está Lúcifer??
- Lúcifer? Ué, por aqui ele não passou!
- Claro que passou, sua besta quadrada! Quem você acha que fez isso??
O som das botas de Lúcifer ecoou no meio do nada, e sua risada maléfica se fez ouvir.
- Huahuahuahuahuahua... Ponto para mim!
Bironel tentava segurar Deus, mas estava difícil. O Criador queria era voar no pescoço do Djanho.
- Admita, seu velho, que dessa vez eu ganhei!!
- Como assim? O que está acontecendo? – Bironel não estava entendendo nada. – Eu não te vi passar por aqui!
- Claro que não. Você e os anjos virginianos estavam muito ocupados com Michael Jackson. E ainda assim não pegaram o MoonWalk. Tcs, tcs, tcs...
- Lúcifer, você pode me explicar o que está havendo??
- Simples, Criador... depois de me livrar do corpo de Carlos Frederico – e aqui Deus sentiu um arrepio, misto de tristeza, amor e espanto - , subi pra cá e apertei o botão de emergência. Agora quem tem uma pergunta sou eu: o que você está fazendo aqui? Você deveria ter sumido junto com o buraco negro!
- Acontece, caro Belzebu, que a vida de Matheus Ricardo, a minha vida, estava um bololô só. Ele, eu, enfim, não aguentava mais! Antes mesmo da picanha argentina chegar, fui ao banheiro e enfiei uma faca de carne em meu peito, no peito de Matheus Ricardo... Por isso que eu estava pensando que ares de inexistência me fariam bem. Queria desistir da vida... No sonho que Bironel me enviou, com a destruição do mundo, tive a ideia de destruir minha existência. Era só um mortal, não podia destruir tudo, mas podia me destruir. E então enfiei a faca. Mas isso aconteceu exatamente na hora em que você apertou o botão, provavelmente... Voltei a ser Espírito e subi imediatamente.
- Hum... droga. Bom, acontece... Tenho a eternidade pra tentar de novo...
- Ai, você me cansa...
- Manda vir aí um bloody mary.
- Não tem mais pôrra nenhuma!! Você destruiu tudo!!
- Ah, é. Bom, vamos ter de reconstruir.
- Não, eu tenho uma ideia melhor. Vamos apertar o control + Z e desfazer tudo.
- Isso é possível?
- Claro. Pra Deus, tudo é possível. Eu sempre tive dúvidas sobre destruir ou não tudo. Então deixei esse sistema de stand by, indestrutível, em uma caixa de veludo vermelho bordado com fios dourados – disse Deus, enquanto a caixa flutuava para ele, a seu comando.
- Hum. Tá. Ah, que coisa mais sem graça. Então vai voltar tudo como era?
- Sim. Maura Rúbia ficará sem seu noivo, e Jacintha sem seu filhote, mas o resto continuará normal.
- Não exatamente normal. Eu ganhei essa partida, e mereço o prêmio.
- Tá, tá, tá... O que você quer dessa vez?
- O axé vai ganhar o mundo, e as rádios só vão tocar isso.
- Putz... tá. Que mais?
- O Fausto Silva vai se eleger presidente do Brasil.
- Você só pensa no Brasil... e o resto do mundo?
- Vou pensar... enquanto eu penso, aperta aí o control + Z. Que vai acontecer com os humanos?
- Pra eles vai ser como se nada tivesse acontecido.
- Então borá lá que tô seco por meu Bloody Mary – disse o Capeta, preparando-se para acender seu cigarro com as mãos.
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No enterro de Matheus Ricardo, Maura Rúbia foi a que mais chorou. Fez escândalo, queria se jogar no caixão e ir junto. Jacintha não derrubou sequer uma lágrima. Saíram do enterro direto para um bar.
- Fala, Jacintha, que decisão foi essa que você tomou?
- Eu tinha decidido me mudar sozinha pra Nicarágua. Depois de ver Matheus Ricardo se acabando por Carlos Frederico e de você vir me infernizar aquela noite, decidi desistir de tudo e ir aproveitar a vida. Mas agora tudo mudou.
- Por quê? Você não vai mais?
- Vou. Mas não sozinha. Quero que você vá comigo. Podemos viver felizes e tranquilas por lá, desfrutando do meu dinheiro, pegar vários moçoilos, jogar tranca o dia todo... como nos velhos tempos. No fim das contas, acho que o filhote atrapalhava nossa amizade...
- Poxa, Jacintha... é, pode ser super bacana. Eu vou.
- Vamos hoje mesmo?
- Eu só quero fazer uma coisa antes.
- O quê, meu bem?
- Vamos ao show da Claudinha??
- Claudinha Leitte? Ah, você não sabe? Ela vai estar em turnê na Nicarágua...
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Maura Rúbia e Jacintha fazem o check-in no aeroporto da Cumbica, depois de comprarem a Nova do mês. Um verme sai de dentro do umbigo do corpo de Matheus Ricardo. No céu, Michael ensina a coreografia de Thriller para os anjos do 47º batalhão. No inferno, Elvis é aplaudido depois de tocar Love me Tender.
Lúcifer toma seu bloody mary pensando na próxima estratégia. Vai ser difícil passar a perna no velho novamente. Mas ele há de conseguir. Pô, ele é sagaz! Afinal, ele criou as enchentes em São Paulo, os Hanson e o Bush!
Deus observa os anjos fazendo os passos de monstro, pensando na sua defesa pra próxima vez. Vai ser difícil se proteger dos golpes do Tranca Rua. Mas ele há de conseguir. Pô, ele é sagaz! Afinal, ele criou o Mc Donald’s, o Miles Davis e o corpo masculino!
Um comentário:
Estamos todos aqui reunidos e tão ou mais cozidos que vocês, caros leitores inexistentes.
Respirem, a História 4 está chegando...
beijos.
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