segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sobre alunos e plins

Sabe aquela história de professor, de que na classe sempre salva um? Ou alguns? Aquele lance de "poucos se salvam", quando o professor quer dizer que a maioria não presta e que apenas alguns são bons? Então...

Tem coisas que não dá pra negar. Apesar de todas as pedagogices que eu já estudei na vida (e olha que foi muito: apesar de não ter feito Pedagogia, fiz Magistério, fiz Licenciatura, então estudei na Pedagogia, fiz trabalhos pra alunos de Pedagogia e até hoje, na editora, reviso livros de Pedagogia), apesar de todas as teorias, não dá pra negar: tem alunos que não dão pra coisa. Não adianta. Você vê que aquele carinha não vai longe, não vai fazer uma boa faculdade, não vai ter interesse pelo conhecimento. E pode até ser que ele se dê bem em outras áreas, pode ser que ele trabalhe pra caramba e seja feliz. Mas não tem uma relação legal com a construção do conhecimento, com o saber, com o aprender.

Vejo todos os dias, TODOS OS DIAS MESMO, os professores reclamando na sala dos professores. Claro que há muito pra se reclamar. Eu também poderia reclamar o dia inteiro, se quisesse. Mas não quero. Não quero porque amo o que faço, porque reconheço que as falhas muitas vezes são nossas, ou dos pais, ou do sistema, e não exclusivamente dos alunos. Não quero porque reclamar não vai me ajudar, não vai mudar minha realidade. Não quero porque vejo o lado bom de todas as coisas. Até daqueles alunos que irritam. Não é a deles, escola não é a deles. Triste (ou não), mas verdade. Sei lá, creio que minha função é tentar entender o porquê das coisas serem como são, tentar trazer essas almas pra ver um pouco do que eu tenho pra mostrar. Tem gente que aproveita 100% do que eu ensino; tem gente que aproveita 5%. E tudo bem, porque é só o que esses podem dar. Eu reconheço, e quero tentar fazer com que eles aproveitem 6% amanhã, vai saber. Mas reclamar, tenha dó!

Agora, deixa eu falar outra verdade: que delícia que é ver aqueles alunos que são seus pares. Que podem ser professores amanhã, ou grandes profissionais em suas áreas, que amam aprender e sacar coisas. Como é gostoso o reconhecimento de iguais que rola quando vemos o bilho no olho deles, quando vemos que eles entendem, que gostam. E não estou falando dos CDF puxa-saco, não. Tô falando daquele menino inteligente, que pode até tirar notas baixas, mas que saca do que você tá falando. Que reconhece e entende, que tem insights. Você pode ouvir, se prestar atenção, um barulhinho de PLIM! que a mente dele faz quando ele pesca alguma coisa. É arrepiante.

Ouçam, professores. Ouçam.

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