Eu sou uma idealista burra. Na verdade, eu sou uma ingênua e
uma imbecil. Eu sou uma tapada que acredita que as pessoas gostam quando a
gente é “o que a gente é”, e não dos personagens falsos que construímos. Eu sou
uma anta que acredita que é melhor mostrar o que somos na realidade, que é bom
ser sincera e honesta. Mas é porque eu sou uma idiota, porque na realidade o
mundo gosta mesmo é da falsidade, é do personagenzinho criado e encenado pro
público, é das técnicas e das táticas. Ser sincera não me leva a grandes
coisas. Quem consegue atenção é quem faz papel, quem decora texto, quem cria
ceninha e dispara clichês. Clichês anti-clichês, vamos ser exatos. Você mostra
seu sangue, sua realidade nua e crua, esperando que alguém ache graça nas
feridas, encante-se com seu jeito verdadeiro, ache beleza nas suas falhas e na
sua “realidade”, mas o que encanta as pessoas é o jeitinho fabricado. E o pior,
elas não percebem o teatro, e compram a ideia como sendo real. São bobas,
tolas, deixam-se enganar. Iansã chega chegando, puta, raiva, suando,
descabelada por causa da batalha, mas linda ainda assim, linda porque real. Mas
Oxum é que encanta, com a mecha de cabelo milimetricamente posicionada para
parecer acidental, com o sorriso ensaiado e as frases prontas de efeito. E
todos caem a seus pés. Tolos, tolos. Ou talvez a tonta seja eu. Eu comecei
dizendo que sou uma idealista burra, e talvez essa seja a verdade.
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