Eu queria que você pudesse se ver como eu te vejo. Queria
que você pudesse ver a você mesmo através dos meus olhos. Queria que você
soubesse como eu te vejo, o que eu penso sobre você. Sei lá, eu gosto de saber
o que as pessoas pensam sobre mim, então acho que talvez você também gostaria
de saber. É que eu acho que você não faz ideia. Mas talvez você faça, então eu
não falo nada.
Eu também não falo nada porque eu sou louca. Você não sabe,
mas eu sou. Eu sou assim, eu me semi-interesso pelas pessoas, mas não sou capaz
de falar. Fico mandando sinais sutis (e idiotas), esperando que, se for a
pessoa certa, ela vai entender, e vai saber o que fazer. Mas os meus sinais são
pistas tão fracas que eu acabo confundindo a pessoa. É que pra mim eles são
óbvios, tão óbvios que eu até tenho vergonha de mandá-los. Mas eu já aprendi
que as pessoas não podem estar dentro da minha cabeça e pensar como eu penso,
nem ver a si mesmas como eu as vejo. Então eu deveria falar. Apesar de já ter
aprendido isso, eu simplesmente não consigo pôr em prática. Eu ainda acredito
que “O Cara Certo” vai saber entender.
Tem algumas coisas sobre você que eu queria saber. Eu tenho
mais ou menos umas três perguntas diretas pra te fazer, e elas são bem bobas.
Uma é sobre um detalhe. Outra é sobre um estilo de vida. A terceira é um certo
ciuminho, que eu nem tenho direito de sentir, mas foda-se. Três perguntas. O
resto é consequência. O resto eu queria descobrir, numa mesa de bar, numa sala
de cinema, numa conversa de madrugada. Mas fazer o mais simples, que seria te
chamar pra tomar uma cerveja, ah, isso eu não consigo fazer. Eu nunca consigo quando
é importante.
Eu também queria saber como você me vê. Eu acho que eu sei,
e eu não gosto do que eu imagino. Eu queria que fosse diferente. Mas, pra isso,
você teria que me conhecer de verdade. Mais ainda, você teria que querer me
conhecer. E eu não sei se você quer. Eu não sei se você quer saber de verdade
como eu sou louca, como eu olho os seus detalhes, as mil e quarenta e nove
coisas que estou pensando quando olho pra você, e as trinta mil e seiscentas
que eu penso quando estou longe de você. Não sei se você iria querer saber de
fato que eu sou essa maluca que se semi-interessa pelas pessoas e não consegue
fazer nada de concreto pra demonstrar esse semi-interesse, e fica mandando
pistas sutis e idiotas, e depois fica revoltada quando a pessoa não entende, e daí
fica com raiva e pega bronca, porque a pessoa não cabe no modelinho criado pela
minha cabeça doida, e daí se desinteressa completamente. Pronto: eu queria, não
te contei, você não entendeu, claro, então não deu resposta, daí eu te odiei, e
você nem vai ficar sabendo. É triste, né?
Mas eu ainda não te odeio. Não completamente
(porque tem a fase da raiva completa). Na verdade, ainda não odeio nada. Ainda
quero te fazer as três perguntas, ainda quero entender você, ainda quero que
você saiba como eu te vejo, e ainda quero saber como você me vê. Mas,
sinceramente, eu não me vejo fazendo nada de concreto pra que isso aconteça.
Perceba, a raiva que eu deveria ter era de mim, não de você.
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