sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Herpes?

Um dia um cara deixou uma ferida na minha boca. Devia ser herpes. Ficou uma feridinha maldita, que começou coçando, incomodando. E daí virou uma metáfora. Coçava, me deixava feia. Incomodava, eu não conseguia esquecer. O malditinho me marcou. Ficou aqui na minha boca, e daí eu não podia deixar de pensar por muito tempo. Eu esquecia, e ria, daí esticava o lábio e doía, daí eu lembrava, e doía. Eu esquecia, daí olhava no espelho e via, e lembrava, e me irritava. Eu esquecia, daí alguém perguntava, daí eu lembrava, e me machucava. A pele saía no banho quente, mas voltava, formou casca, formou ferida. Mas eis a metáfora: a gente sabe que nenhuma ferida dura para sempre, seja externa ou interna. E, a cada dia, a marca ficava menor, fora e dentro. Eu já ria sem doer, já passava batom sem doer, beijei e nem doeu (palmas ao moço de coragem que me beijou primeiro e perguntou depois). Eu olhava no espelho e pensava "tá sumindo, vai sumir". 

Sumiu, quase que por completo. Daqui a pouquíssimo tempo não vai ter nem marca nem lembrança. E, pela metáfora, vamos combinar: muito stress e muito drama por uma herpezinha de nada, vai... 

:)

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