Hoje eu me reencontrei com esse texto que escrevi há quase um ano e meio. Eu tô aqui precisando comer, mas sem fome nenhuma. Precisando sair, mas sem companhia nenhuma. Precisando de tantas coisas, mas num inferno astral do caralho em que nada vem. Daí coloquei The Great Gig In The Sky no último, no repeat, porque aquelas minas gritando são tudo o que a minha alma tá fazendo hoje, tá fazendo há tempos. E me reencontrei com esse texto.
Pois é, no fundo ele era só um bosta. Mas pelo menos me fazia escrever.
Entreguei esse texto pra ele, com essa imagem, em mãos, no último dia que a gente se viu. Acho que foi uma boa maneira de terminar tudo, de parar a palhaçada. Gosto quando a última palavra é minha.
Era só isso que eu queria da vida. Só tudo isso. Que pegasse
na minha mão e viesse ver o mundo explodir lá embaixo, comigo. Deixar
desmoronar, cair, ruir. Tudo. O que é certo, o que é errado, as convenções, a
etiqueta, a moral e os bons costumes, as regras da sociedade, a família
tradicional brasileira, o “normal”, o estranho. Deixa ruir, desmoronar, cair.
Dá aqui essa porra dessa mão e vamos ver juntos que bonita que é a fumaça que
sobe quando tudo se destrói. Vem, que o que eu tenho pra te dar é muito e ao
mesmo tempo é nada, a soma do que aprendi menos tudo aquilo que eu tive e tenho
que destruir pra tentar chegar na essência do que eu sou. Que o que você tem
pra me dar é nada e ao mesmo tempo é quase tudo, os resultados das divisões e
multiplicações que você fez na sua vida e que resultaram nesse caos lindo que é
você, esse caos que me fascina e pelo qual eu tenho a mesma atração respeitosa
que sinto pelos trilhos do metrô. Mas não. Porque existem as malditas regras.
Que eu vou seguindo, mesmo sem saber quem fez. Eu gosto de jogar, você sabe,
todo mundo sabe. E eu não trapaceio. Mas questiono essas merdas dessas regras
bizarras. Questiono, mas sigo. Sigo, mas questiono. Porque isso não faz o menor
sentido, quem inventou esse jogo idiota que eu ainda estou aqui sentada
jogando, há horas, dias, meses, anos. Eu penso em bater no tabuleiro e jogar
tudo pro alto, deixa as peças caírem lá embaixo, vamos arremessar essa porra
desse tabuleiro lá embaixo, levanta dessa cadeira, dá a volta nessa mesa e vem
pegar na minha mão pra gente ver tudo ruir, cair, desmoronar. Seria tão
incrível. Mas não. Então eu cumpro a rodada de castigo. Uma rodada sem jogar.
Talvez eu não seja tão Marla assim. Mas eu sou. Mistura de Marla com Clementine
(do Brilho Eterno) com Capitu, mais mulher do que Bentinho jamais foi homem. E
talvez você não seja tão Tyler Durden quanto eu acho que você seja.Talvez você
seja só um bosta.
16/11/15
(O que você faria se recebesse um texto desses como término de uma história? Conta pra tia, conta.)
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