sábado, 19 de setembro de 2015

Disritmia

Eu tenho escrito muito nesses últimos tempos. E tem sido muito bom, porque, apesar de eu não mostrar pra ninguém (ou quase ninguém), escrever tem me ajudado a me entender melhor. E eu também tenho tentado te entender melhor, apesar de isso ser meio impossível. Na real, isso nem importa. O que importa sou eu, não você, e é isso o que eu digo pra mim mesma quando começo a pirar.

Eu fico pensando em quem vem aqui ler, já que deixei essa bagaça aberta pro mundo. Você não vem, eu tenho quase certeza. Como eu te disse esses dias, apesar do pouco tempo no muito tempo, eu te conheço um pouquinho. E, olha que loucura, gosto mesmo assim. Mulher de malandro é uma lástima. Mas eu não sou a trouxa que acredita que você é bonzinho, que cai no seu conto. Eu sei como você é, mas eu entendo. Talvez eu até gostasse de ser um pouco assim.

Quando eu era criança, ouvia o Martinho da Vila cantando "vem logo, vem curar teu nego que chegou de porre lá da boemia" e achava um absurdo. A pequena feminista que existia em mim já naquela época achava uó, como assim, o cara saiu, bebeu todas, vai saber com quem ficou, e ela ainda vai cuidar dele??? É. Pois é. Não posso falar nada. Já curei teu porre depois da boemia. Já aceitei coisas inaceitáveis aos olhos dos outros, e nem brava fiquei. De novo, mulher de malandro é uma merda.

Mas a gente tem que aceitar quem a gente é. Ou, pelo menos, saber. Eu sei.

Eu sei de muita coisa, agora mais ainda, agora também sobre mim. Sei que agora eu entendo a porra dessa música, e acho a coisa mais linda esse lance de "Eu quero me esconder debaixo dessa sua saia pra fugir do mundo / pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos / preciso transfundir teu sangue pro meu coração, que é tão vagabundo". Entendo, e acho bonito. Tó, tá aqui minha saia pra você se esconder do mundo. Tó, o emaranhado dos meus cabelos tá aqui, e também o meu sangue, pro teu coração tão vagabundo. Que o meu não deve ser muito melhor, pra te aceitar.

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