quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Annoying

Na terça-feira tirei a tarde do trabalho pra fazer várias coisas que eu tava precisando fazer. Só não sabia que ia passar a raiva que passei. Merda, como pequenas coisas do cotidiano podem irritar a gente... Vai vendo.

Exame médico. De rotina. Um simples ecocardiograma. Primeiro que pra chegar na pôrra da clínica tem que dar uma volta do caralho. E o trânsito aquela beleza. Tá, cheguei. Sala de espera. Tiro quilos de trabalho da sacola, vamos trabalhar. Corrigindo trabalhos. Juliana? Sou eu.

- Você não tem cadastro na clínica, né?

(Não... só estou aqui porque é a única merda de lugar que fazia este exame de tarde...)

- Não, não tenho.

Milhares de perguntas depois...

- Peso?
- Não sei.
- Mais ou menos.
- Não faço nem ideia, há milênios que não me peso.
- Mas eu preciso colocar alguma coisa... Você não tem uma estimativa?
- Não.
- 60? 70?
- Amor, não faço a mínima ideia.

A coitada nunca tinha visto isso, uma pessoa que não faz ideia do seu peso. E não podia conceber essa situação. E agora? O que ela podia fazer? Não a ensinaram a lidar com essa situação imprevista, absurda. Uma pessoa que não sabe seu peso? Ela estava obviamente desesperada.

E eu estava irritada pra cacete.

Não sei meu peso, pôrra. Não estou feliz com ele, então nem quero saber qual é. Não me peso há muito tempo, não faço ideia mesmo, pôrra, me deixa, é meu direito!

Mas não dava pra explicar isso pra anta, na salinha de espera lotada de velhinhas.

- Mas o que eu ponho? Uns 65?
- Vocês não têm balança aqui?
- Não...
- Essa informação é importante pro exame?
- É...
- Bom, se essa informação é importante pro exame, o mínimo que vocês deveriam fazer era ter uma balança aqui!
- Mas é que é muito difícil alguém não saber o peso, todo mundo sabe.
- Pois é, mas EU NÃO SEI!!

Ela calou a boca e pôs 65. Claro que não é 65. Mas foda-se.

O exame foi normal. Tava tudo normal, apesar dos cigarros todos e da vida sedentária. Tudo bem, obrigada.

Agora tem que pagar a merda do boleto do seguro, porque a anta aqui esqueceu no dia. Esqueci bem esquecidinho. Daí não dá mais pra ser em caixa eletrônico. Tem que ser numa agencia do Bradesco. Puta que pariu... Bora lá. Onde tem um Bradesco mais perto daqui? Hum... o da Silva Telles. Beleza, brigada. Pode mesmo ser uma boa. No Cambuí, vai ter lugar pra estacionar. A essa hora, plena terça-feira, quase 3 e meia da tarde, quem é que vai ao banco?

Um bando de filhadaputa. Porque não tinha sequer uma vagazinha na frente da merda do banco. Toca eu parar o carro no estacionamento, o qual só vi depois que já tinha passado. Dei uma ré mal dada e manobrei pra entrar, enquanto dois caras na rua ficavam olhando e comentando. Juro que se quando eu sair esses comédias ainda estiverem aí vão ouvir...

Moço, tem convênio com o Bradesco? A bicha do estacionamento me diz que não, que o Bradesco é pão duro. E eu que pago o pato. O pato e a pôrra do estacionamento. Foda-se, deixa eu pagar logo essa merda que já tô bufando de puro ódio.

Entro no banco. Pelo menos a merdinha da porta giratória não apitou dessa vez. Moço, onde são os caixas? Ah, não tem caixa? Só caixa eletrônico? Ah, que ótimo, que maravilha... Não, eu não tenho cartão, graças a Deus não tenho conta nesse banco de bosta.

A bicha do estacionamento me cobrou “só” 2 reais pela minha parada de 4 minutos. E me disse que tinha outra agência na Coronel Quirino. Aguenta de novo o trânsito do Cambuí. Quem disse que tinha vaga naquela merda? Claaaro que não. Enfiei o carro num espaço de uma moto, todo de lado. Foda-se. Um cara com uma caixa de papelão me ajudou, fazendo sinais. Quando desço do carro, ele me mostra a caixa cheia de paçoquinhas e solta a pérola: moça, compra uma paçoquinha pra eu almoçar? Tô com fome. Caralho. No sábado eu fui na feira hippie e esse mesmo cara veio com essa mesma frase pra mim... Eu não gosto de paçoca. E já eram 4 da tarde quase, ele não tinha almoçado ainda? Desde sábado?

Fila no caixa. Óbvio. Claro. Uma nega fazendo supermercado no banco. Sete horas e meia praticamente no caixa. Daí ela diz pra mãe: mãe, fica no caixa que eu vou tirar um cheque lá no caixa eletrônico e já volto. A veia fica, empatando mais a fila. Olho pra nega, de costas. Magrinha, filhadaputa, deve saber o peso de cor e salteado, e dizer com orgulho. Com uma calça jeans atolada no rabo e uma blusinha colada. Quando ela vira de frente, Jesus, que susto! A mulher parecia ter uns 184 anos. Com corpinho de 18 (e roupinha de 15). Sai pra lá, exu!

Pago a merda da conta, fazendo uma nota mental pra nunca mais esquecer essa droga. Separo um real em moedas pro cara da pôrra da paçoca, pra me retratar com ele. Na saída, entrego. Tó, moço. Ele me olha com uma cara de ué. Eu só solto essa, antes de entrar bufando no carro: eu não quero paçoca, eu odeio paçoca.

Ainda tenho que ir no sindicato dos professores, pedir a restituição de 60% da contribuição sindical... puta trampo. Mas tá valendo, qualquer real a mais na minha conta faz diferença. Até que foi tranquilo lá. O foda é o trânsito do Cambuí. As madames que não têm pôrra nenhuma pra fazer, a não ser levar a vagabunda da filha na aula de ballet na Juliana Omatti às 4 da tarde de uma terça-feira, e parar o trânsito do bairro inteiro pra descer a donzela na frente da escola. Põe essa vagabundinha pra trabalhar, põe! Pra ela aprender que a rua não é dela! Vai você pra casa, lavar uma louça, sua vadia! Vai estragar um pouco essas unhas, desarrumar esse cabelo de laquê, sua vaca veia! E me deixa passar que eu tenho muito o que fazer!!!

Respira.

Tudo bem.

Sindicato dos professores, chá com bolo. Pedido de restituição feito. Mais trânsito e casa. Arrumar malinha e me mandar pro flamenco. Socar o pé no chão no curso do Pol Vaquero, pra desestressar. Suar, pra ver se perco peso e finalmente crio coragem de subir na balança, pra da próxima vez responder pra secretina meu peso na ponta da língua.

Melhor não. Ela que se foda.

7 comentários:

Paulinha disse...

Pôxa...eu adoro paçoquinha...da próxima vez que cruzar com o bendito moço, traz pra mim ! haaaaaaahahahahahaha - cólicas de riso !

Srta.T disse...

Eu acho que perguntar peso é muito mais grosseiro que perguntar idade, não entendo porque não rola tabu. Aí o seguinte diálogo me vem à cabeça:

-Quanto você pesa?

-Você gosta de dar a bunda?

-QUÊ?!?!?!

-Ué, você me fez uma pergunta indiscreta; devolvi!


Aí eu quero ver.

Eduardo de Santhiago disse...

Ooommmmmmm....

Helena... disse...

hahahahah Jupinha, vc acredita que terça feira eu tbm estava nessa... meu fui em 5 bancos pagar contas atrasadas, entrei em todos, não é que no ultimo a porta nãoi deixava eu entrar por nada!! aff MAIOR mau humor... hahahaha e realmente acaba com o dia, coisas pequenas que nos tram do sério mesmo... eu hein... agora, PAÇOQUINHA?!?!?! AHHHHH AÍ JÁ É DEMAIS, não dá não.....

saudade de vc, criatura! bora tomar umas sabadão fim do dia???

bj

Maíra Colombrini disse...

Se vc tiver precisando a gente manda um armário de baia pra vc fechar a porta e mandar o stress pra puta que pariu.

Ninguém merece um dia desses, hein?

Bjs

Carlos disse...

Esse texto ficou lindo... ah... o ódio !!!

Luli disse...

Afe Maria, esposinha! Quanto ódio nesse coraçãozinho... Sai pra lá Exu!