sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Bebe. Bebe.
Duas e meia da manhã e eu chego em casa com um vazio na boca do estômago. Não é fome. É bebedeira misturada com outra coisa. Caguei de rir com o ZéTi e o Paulinho e a Letícia, que eu conheci hoje e que bebe cachaça. Eu não bebo cachaça. Nem preciso. Fico louca mesmo sem. Dancei até, dancei até rockabilly, cantei no palco com a Yeda (ah, Yeda, obrigada, flor, por tudo, flor), fumei quem nem uma vaca velha, bebi cerveja gelada, cerveja morna e cerveja quente. Xixi, fiz também. Deixei de falar coisas que eu queria, mas não ia adiantar mesmo, a merda tava feita, e fui eu que fiz. No sentido figurado, tá? Não caguei na balada, que eu não sou dessas. Voltando pra casa, pensei em acidentes de carro ou quase isso no Tapetão, tocou Céu no meu carro e eu quase morri, lembrei de uma festa no DCE há mil vidas atrás, eu estava magra e cantava e namorava um merda e um moço loiro lindo vinha falar comigo e uma galera cospia fogo de cima dos telhados do DCE. Sabe que o moço loiro está ainda mais bonito uns 4 anos depois, mas o que é que eu posso fazer se estou bêbada, e mesmo que estivesse sóbria eu nada faria. Vamos dormir que amanhã eu tenho tipo umas 800 questões pra corrigir no mínimo. Um sono breve. Mas que pelo menos eu sonhe. Sonhe que estou longe daqui, que trabalho em outro país, que moro em outro país e não conheço ninguém, que sou feliz, ou pelo menos que tento, sonhe que eu tenho sapatos azuis. Mas eu tenho mesmo. Sonhe que esse vazio na boca do estômago já passou, sonhe que há 4 anos atrás eu era outra, sonhe que acidentes não acontecem à toa, sonhe com loiros. Ou um só. Aquele de 4 anos atrás. E que eu nuca seja tonta no sonho como sempre sou na vida de verdade. E que esse vazio no meu estômago seja preenchido. Seja ele bebedeira ou o que for. Boa noite.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Sleepless na Capitar
E então eu não consigo dormir. São 5h34 e eu não consigo dormir. Será que o dia vai amanhecer e eu vou ver? Eu não quero. Eu queria deitar e dormir, dormir e sonhar, sonhar coisas bonitas. Mas nem adianta deitar, não tenho sono nenhum.
Tudo bem que eu acordei uma da tarde hoje. Mas mesmo assim. Se eu tivesse acordado 8 horas, agora seria meia-noite, e eu já teria sono. Mas nada disso. Fuck. Fuck. Fuck.
Fumo mil cigarros, ouço mil músicas, penso em mil coisas, tenho vergonha de coisas que eu fiz e queria poder fazer diferente, mas agora já foi. E não tem uma viva alma pra conversar. Já são 5h40 e eu aqui, de olhos espetados.
Daí penso que eu devo me importar demais, mesmo, e isso faz com que eu não seja tão interessante. Conheço uma galera mucho doida que faz as maiores abobrinhas e não fica encanada com isso. Nem aí. Nem confiança. E essa atitude faz com que elas pareçam mais legais. Mas eu, não. Qualquer escorregadinha, qualquer pisadinha de leve na jaca, pronto: caos total na minha mente. Fico pensando, relembrando, rio de mim mesma morrendo de vergonha do que fiz, lembro detalhes e penso "ai, caralho...". E não era pra ser assim. Não era. Não era mesmo. Nem fiz nada demais. Mas poderia ter sido tão melhor. Mas não foi, e, ao invés de eu pensar "foda-se", eu fico me martirizando. Daí, quando já são 5h52 e eu não consigo dormir, eu fico lembrando das merdas que fiz (nem foram merdas, eu nem tive culpa), e aí é que não dá pra dormir, mesmo.
Eu penso na merda do último capítulo da novela que eu nem via, mas vi hoje o último capítulo, aquela cena ridícula de casamento, todo mundo com parzinho, todo mundo de casal, como se ninguém pudesse ser feliz sozinho. Tom Jobim que vá tomar no cu com esse lance de "é impossível ser feliz sozinho". Os autores de novela que se fodam. Quem disse que é impossível?
Eu ouço Maysa começando a tocar no ITunes e não tenho força pra mudar de som. E, quando percebo, tô aqui chorando sem saber por que e fumando mais um cigarro. Tô olhando pela janela pra ver se o dia clareia logo. 5h57 da manhã. Tem tanta coisa que eu queria mudar e não consigo. Tem tanta coisa que me falta, tem tanta coisa que me sobra, e eu precisava tanto resolver. Precisava esquecer de muita coisa, precisava lembrar de outras coisas. Mas agora, nada. Agora, é silêncio. A cidade de São Paulo nunca esteve tão silenciosa. Parece que eu tô na roça, não tem barulho de carro, de ambulância, de nada, só o motor da geladeira e a Maysa cantando, e as teclas do note do Du trabalhando fervorosamente, o Du dorme lá em cima, o Dan dorme lá em cima, as pessoas dormem pela cidade, pelo país, é sábado de manhã já e eu aqui ainda na sexta.
Será que foi o vinho do porto? Não, né? Deveria me ajudar a relaxar. Nada. Fico lembrando de mim mesma no metrô hoje, com medo de tanta coisa, com medo de me empurrarem da plataforma, com medo de pegar o trem pro lado errado, com medo de levarem minha bolsa, com medo de encontrar com gente que eu não quero, com medo de ser mais feia do que eu penso que sou, com medo daquela curiosidade mórbida que dá de saber como é dentro do vão do trem. Com medo de ser só mais uma formiguinha nessa massa de formiguinhas. São Paulo me faz mal, acho. Essa sensação de vazio, de solidão, aumenta aqui. Agora eu acho que sou a pessoa mais solitária do mundo. As pessoas dormem. As pessoas voltam de baladas. As pessoas acordam pra correr e fazer exercício. Eu sei que deve ter um monte de gente acordada também, mas não tem ninguém aqui perto, aqui do meu lado pra dizer "eu também não consigo dormir, eu também fico pensando um monte de merda, eu também tenho muito medo, eu também queria parar de fumar, eu também tô vendo o céu clarear, eu também acho que estou sozinho".
Amanhã vou estar um caco. Todo mundo dormiu. Eu não. E daqui a pouco o dia começa e eu preciso estar feliz. 6h11 da manhã. Bom dia.
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